Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sábado, 12 de dezembro de 2020
Os infortúnios ocultos
"A vida é um ciclo
que termina com a morte.
Meu pai se foi
deixando saudades,
assim como minhas irmãs.
a vida silencia
na presença
da morte"
André luiz Gama MINHA HISTÓRIA Uma filosofia para a vida
4. Nas grandes calamidades, a caridade se emociona e observam-se
impulsos generosos, no sentido de reparar os desastres. No entanto, a par
desses desastres gerais, há milhares de desastres particulares, que passam
despercebidos: os dos que jazem sobre um grabato sem se queixarem. Esses
infortúnios discretos e ocultos são os que a verdadeira generosidade sabe
descobrir, sem esperar que peçam assistência.
Quem é esta mulher de ar distinto, de traje tão simples, embora
bem cuidado, e que traz em sua companhia uma mocinha tão modestamente vestida? Entra numa casa de sórdida aparência, onde sem dúvida é
conhecida, pois que à entrada a saúdam respeitosamente. Aonde vai ela?
Sobe até a mansarda, onde jaz uma mãe de família cercada de crianças.
À sua chegada, refulge a alegria naqueles rostos emagrecidos. É que ela
vai acalmar ali todas as dores. Traz o de que necessitam, condimentado
de meigas e consoladoras palavras, que fazem que os seus protegidos, que não são profissionais da mendicância, aceitem o benefício, sem corar. O
pai está no hospital e, enquanto lá permanece, a mãe não consegue com
o seu trabalho prover as necessidades da família. Graças à boa senhora,
aquelas pobres crianças não mais sentirão frio, nem fome; irão à escola agasalhadas e, para as menorzinhas, o leite não secará no seio que as
amamenta. Se entre elas alguma adoece, não lhe repugnarão a ela, à boa
dama, os cuidados materiais de que essa necessite. Dali vai ao hospital
levar ao pai algum reconforto e tranquilizá-lo sobre a sorte da família. No
canto da rua, uma carruagem a espera, verdadeiro armazém de tudo o que
destina aos seus protegidos, que lhe recebem sucessivamente a visita. Não
lhes pergunta qual a crença que professam, nem quais suas opiniões, pois
considera como seus irmãos e filhos de Deus todos os homens. Terminado
o seu giro, diz de si para consigo: Comecei bem o meu dia. Qual o seu
nome? Onde mora? Ninguém o sabe. Para os infelizes, é um nome que
nada indica; mas é o anjo da consolação. À noite, um concerto de bênçãos
se eleva em seu favor ao Pai celestial: católicos, judeus, protestantes, todos
a bendizem.
Por que tão singelo traje? Para não insultar a miséria com o seu
luxo. Por que se faz acompanhar da filha? Para que aprenda como se deve
praticar a beneficência. A mocinha também quer fazer a caridade. A mãe,
porém, lhe diz: “Que podes dar, minha filha, quando nada tens de teu?
Se eu te passar às mãos alguma coisa para que dês a outrem, qual será o
teu mérito? Nesse caso, em realidade, serei eu quem faz a caridade; que
merecimento terias nisso? Não é justo. Quando visitamos os doentes, tu
me ajudas a tratá-los. Ora, dispensar cuidados é dar alguma coisa. Não
te parece bastante isso? Nada mais simples. Aprende a fazer obras úteis e
confeccionarás roupas para essas criancinhas. Desse modo, darás alguma
coisa que vem de ti.” É assim que aquela mãe verdadeiramente cristã prepara a filha para a prática das virtudes que o Cristo ensinou. É espírita ela?
Que importa!
Em casa, é a mulher do mundo, porque a sua posição o exige. Ignoram,
porém, o que faz, porque ela não deseja outra aprovação, além da de Deus e
da sua consciência. Certo dia, no entanto, imprevista circunstância leva-lhe
à casa uma de suas protegidas, que andava a vender trabalhos executados por
suas mãos. Esta última, ao vê-la, reconheceu nela a sua benfeitora. “Silêncio!”
— ordena-lhe a senhora — “não o digas a ninguém.” — Falava assim Jesus.
NÃO SAIBA A VOSSA MÃO ESQUERDA O QUE DÊ A VOSSA DIREITA . Amai os vossos inimigos. O Evangelho Segundo o Espiritismo. ALLAN KARDEC. FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Rio - Brasil 1944. Tradução de Guillon Ribeiro da 3ª edição francesa revista, corrigida e modificada pelo autor em 1866
A porta
“Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade vos digo
que eu sou a porta das ovelhas.”
(João, 10:7)
Não basta alcançar as qualidades da ovelha, quanto à mansidão e ternura, para atingir o Reino Divino. É necessário que a ovelha reconheça a porta da redenção, com o
discernimento imprescindível, e lhe guarde o rumo, despreocupando-se dos apelos
de ordem inferior, a eclodirem das margens do caminho. Daí concluirmos que a cordura, para ser vitoriosa, não dispensa a cautela na
orientação a seguir.
Nem sempre a perda do rebanho decorre do ataque de feras, mas sim
porque as ovelhas imprevidentes transpõem barreiras naturais, surdas à voz do
pastor, ou cegas quanto às saídas justas, em demanda das pastagens que lhes
competem. Quantas são acometidas, de inesperado, pelo lobo terrível, porque,
fascinadas pela verdura de pastos vizinhos, se desviam da estrada que lhes é própria, quebrando obstáculos para atender a destrutivos impulsos?
Assim acontece com os homens no curso da experiência. Quantos espíritos nobres hão perdido oportunidades preciosas pela própria
imprudência?
-
Senhores de admiráveis patrimônios, revelam-se, por vezes, arbitrários e
caprichosos. Na maioria das situações, copiam a ovelha virtuosa e útil que, após a
conquista de vários títulos enobrecedores, esquece a porta a ser atingida e quebra as
disciplinas benéficas e necessárias, para entregar-se ao lobo devorador.
115 Mar alto Pão Nosso FEB COLEÇÃO FONTE VIVA 1950 30ª edição - 4ª impressão - 8/2017
Não se irrite se as coisas não saem como você quer.
O seu coração fica feliz quando você o trata bem.
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