segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Cerco a Deltan prenuncia novos velhos tempos

 


 

 

 

 


Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

Josias de Souza

Colunista do UOL

17/08/2020 06h06

 

Deltan Dallagnol está na berlinda. Nesta terça-feira (18), o Conselho Nacional do Ministério Público julgará três ações contra o procurador. A menos que algum conselheiro formule um pedido de vista ou o Supremo suspenda o julgamento, Deltan corre o risco de ser afastado do comando da Lava Jato no Paraná. Os argumentos são frágeis. Mas a articulação da banda do escalpo é portentosa.

 

A torcida para que a cabeça de Deltan vá à bandeja é numerosa e eclética. Reúne de Jair Bolsonaro ao procurador-geral Augusto Aras; dos encrencados do centrão aos enrolados do petismo; dos advogados da oligarquia empresarial pilhada com a mão no erário à banda da Suprema Corte adepta da política de celas abertas.

 

Chama-se Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho o relator dos processos contra Deltan. Ele ocupa no CNMP a cadeira de representante do Senado. Foi alçado ao posto por indicação do ex-presidente da Casa, o multi-investigado Renan Calheiros. Bandeira, como é conhecido, trabalhou como chefe de gabinete de Renan entre 2013 e 2014. Foi nomeado por ele secretário-geral da mesa diretora do Senado, cargo que ocupa até hoje.

 

Por uma dessas trapaças do destino, Renan é autor de uma das representações formuladas contra Deltan no CNMP. O senador acusa o procurador de ter quebrado o decoro do cargo ao defender nas redes sociais o voto aberto na última eleição para presidente do Senado. Avaliou que a recondução de Renan ao cargo prejudicaria o esforço anticorrupção.

 

Renan perdeu a disputa para Davi Alcolumbre. Pela lógica, o conselheiro Bandeira, ex-subordinado de Renan deveria declarar-se suspeito, afastando-se da relatoria. No ano passado, o plenário do CNMP já havia rejeitado o pedido do morubixaba do Senado para que os posts de Deltan fossem classificados como atividade político-partidária.

 

Lula é o autor de outro pedido de punição de Deltan. Reclama da célebre entrevista do powerpoint. Acusa o procurador de ter usado a estrutura e os recursos do Ministério Público Federal para manifestar "posicionamentos políticos ou jurídicos" alheios às suas atribuições.

 

Não é a primeira vez que Lula utiliza o episódio do powerpoint contra Deltan. Ele havia tentado arrancar do procurador indenização judicial de R$ 1 milhão. Alegou ter sofrido danos morais. Acusou o chefe da Lava Jato de agir de forma abusiva e ilegal, expondo-o numa representação gráfica como chefe de uma quadrilha.

 

Em dezembro de 2017, o juiz Carlo Mazza Britto Melfi, da 5ª vara Cível de São Bernardo do Campo, negou o pedido de Lula. Seus advogados recorreram ao Tribunal de Justiça de São Paulo. Em setembro de 2018, a 8ª Câmara de Direito Privado do TJ-SP indeferiu o recurso em decisão unânime.

 

Relator da ação, o desembargador Salles Rossi anotou em seu voto que "não se vislumbra ocorrência de dano moral indenizável". Realçou que a entrevista de Deltan foi realizada para prestar contas de denúncia formulada contra Lula. Concluiu que o procurador "agiu no exercício de suas atribuições."

 

"Na referida entrevista - concedida após o oferecimento da denúncia e não antes dela - foram expostos os fatos que a embasaram, que eram objetivo de investigação há muito amplamente divulgados pela mídia nacional e internacional", escreveu Rossi. O voto foi seguido pelos desembargadores Pedro de Alcântara da Silva Leme Filho e Silvério da Silva.

 

A senadora Kátia Abreu é signatária do terceiro pedido de enquadramento de Deltan no CNMP. Ela sustenta que o procurador deve ser afastado do comando da força-tarefa de Curitiba em nome do interesse público. Sustenta, por exemplo, que ele usou o cargo para se promover, lucrando com palestras.

 

Kátia também cita a tentativa da força-tarefa de Curitiba de abrir uma fundação privada anticorrupção com R$ 2,5 bilhões provenientes de uma punição aplicada pelo governo dos Estados Unidos contra a Petrobras.

 

Em relação às palestras, embora tenham gerado controvérsia, o CNMP já decidiu que elas são legais. Quanto à fundação, uma espécie de disparo de míssil contra o pé dos procuradores que celebraram o acordo, a própria procuradora da República de então, Raquel Dodge, contestou o acordo junto à Suprema Corte. A fundação foi desfeita. E a verba recuperada foi redirecionada para cobrir despesas da União.

 

Deltan não foi o único signatário do acordo que previa a criação da fundação. O documento foi rubricado por outros 12 procuradores da Lava Jato. Punir com a perda da função apenas um dos patrocinadores de uma iniciativa em que o interesse público já foi restabelecido pela decisão do Supremo parece desarrazoado.

 

O CNMP é composto por 14 membros. Para que Deltan seja apeado da coordenação da Lava Jato seriam necessários oito votos —maioria absoluta. Entretanto, há três cadeiras vazias no colegiado, duas das quais deveriam ser ocupadas por representantes do Ministério Público. Com 11 membros, a destituição de Deltan seria obtida com seis votos.

 

As indicações de membros do CNMP precisam ser aprovadas pelo Senado. No ano passado, a maioria dos senadores rejeitou a recondução de dois representantes do Ministério Público que se notabilizaram por votar a favor de Deltan em ações disciplinares formuladas por investigados e seus aliados.

 

Não se exclui a hipótese de algum conselheiro pedir vista do processo no julgamento desta terça. De resto, Deltan requereu no Supremo a suspensão do julgamento. O pedido está nas mãos do ministro Celso de Mello.

 

Ao longo dos seus seis anos de existência, a Lava Jato obteve condenações em série de figurões da oligarquia político-empresarial. O impeachment de Dilma e a prisão de Lula deram a Sergio Moro e aos rapazes de Curitiba uma sensação de invulnerabilidade.

 

Os saqueadores dos cofres esperavam pelos erros de seus algozes e pelo dia em que a faxina, por rotineira, viraria um assunto chato. Ao aceitar o cargo de ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Moro forneceu matéria-prima para os adversários. Ideias como a de destinar verbas da União para uma fundação privada reforçaram o arsenal.

 

Hoje, Moro é ex-ministro e Bolsonaro aliou-se à banda podre do Legislativo. Ao indicar Augusto Aras para chefe do Ministério Público Federal, o capitão colocou a Procuradoria da República para brigar consigo mesma. Os procuradores avaliam que Aras está a serviço de Bolsonaro. E a cúpula da Procuradoria olha para Curitiba como se a força-tarefa fosse uma unidade a serviço dos interesses eleitorais de Moro. Contra esse pano de fundo, o cerco promovido contra Deltan no Conselho Nacional do Ministério Público é um prenúncio da consolidação dos novos velhos tempos. O prazo de validade da força-tarefa de Curitiba vence agora, em setembro. A continuidade do grupo depende da aprovação de Aras. Que faz mistério de sua decisão.

https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/08/17/cerco-a-deltan-prenuncia-novos-velhos-tempos.htm

 

 

 

 

 

Ernesto Nazareth

 

 

 

 

“Fiquei com vontade de ouvir mais Ernesto Nazareth”

Giuliana Morronne

Bom Dia Brasil - Edição de segunda-feira, 17/08/2020

http://redeglobo.globo.com/videos/v/bom-dia-brasil-edicao-de-segunda-feira-17082020/8782009/

 

 

 

Apanhei-te, Cavaquinho! - Versão 1

Ernesto Nazareth

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um cavaquinho, cabecinha pequenina, no formato d'um oitinho,
De boquinha redondinha, de pescoço compridinho, orelhinha cravelhinha
De madeira o terninho, gravatinha de cordinha, falou:
Sou miudinho, tenho quatro "cordazinha", mas dou vida ao chorinho,
Sou o molho do sambinha! "Seu" pandeiro, cuidadinho!
Tome tento, ó flautinha!... "Seu" piano, diga ao pinho:
Cavaquinho já chegou!
Ó cavaquinho malcriado, deu o brado, indignado, o piano:
Seu mesclado, sem teclado, vilão!
Ó cavaquinho, te arrebento, seu rebento de instrumento, ruge o pinho.
Seu safado, mascarado, não!
A dona flauta, com a prata mais vermelha que centelha,
Num trinado, engasgado, disse apenas: bufão!
"Seu" pandeiro, vibra o guizo ao cavaco
Facão, eu te bato, eu te piso, seu tustão!
O cavaquinho envergonhado deu no pé, pé, pé, aprendeu a lição, ão, ão.
Que não se brinca em seresta, nem se ofende ninguém!...
Que não se zomba do mais velho, também!
Mas cavaquinho arrependido voltou lá, lá, lá,
E pediu pra ficar, ar, ar, e, humilde, aprendeu, eu, eu,
A respeitar os do lugar! Ah!

https://www.letras.mus.br/ernesto-nazareth/apanhei-te-cavaquinho-versao-1/

 

 

 

 


NARA LEÃO APANHEI-TE CAVAQUINHO

 

https://www.youtube.com/watch?v=boKMwoFpVs8

 

 

 

 


Apanhei-te Cavaquinho! Com Arthur Moreira Lima, na ECO 92.

https://www.youtube.com/watch?v=jeJODZtdhGs

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Ernesto Nazareth Apanhei te cavaquinho Arthur Moreira Lima

 

Projeto Um Piano pela Estrada Arthur Moreira Lima: piano Portal da Amazônia Belém do Grão-Pará, Pará, Amazônia

https://www.youtube.com/watch?v=5ePet_bvgbY

 

 

 

 

Apanhei-te, Cavaquinho

Ernesto Nazareth

Por Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB – 1940 -)

 http://redeglobo.globo.com/videos/v/bom-dia-brasil-edicao-de-segunda-feira-17082020/8782009/

 

 

 


APANHEI-TE CAVAQUINHO - Conjunto época de Ouro

 

Composta inicialmente como polca, foi a melodia mais executada e gravada de Ernesto Nazareth, perdendo apenas para "Odeon"; em 1930 foi gravada em disco pelo autor, como "choro", passando a ter grande valor musical e documental. "Apanhei-te cavaquinho" recebeu várias letras, sendo a mais famosa a de Darci de Oliveira com participação de Benedito Lacerda, tendo sido gravada em 1943 por Ademilde Fonseca, constituindo-se no primeiro sucesso dessa grande cantora que especializou-se em "choros". Conjunto Época de Ouro (1997) : Bandolim - Ronaldo do Bandolim Violão 7 cordas - Dino 7 Cordas Violão 6 cordas - César Faria Pandeiro - Jorginho do Pandeiro Cavaquinho - Jorge Filho Violão 6 cordas - Toni ___________________________ Arquivo: Raíssa Amaral - Piracicaba / SP – Brasil

https://www.youtube.com/watch?v=ILPyYzou08s

 

 

 

 


https://www.youtube.com/watch?v=s1nQ2RS7C1Q

 

O grupo apresenta diversidade rítmica e formação pouco usual, pois além da flauta, do violão sete cordas e do pandeiro, são utilizados vários instrumentos de percussão. Em seus shows, apresentam o choro e outros ritmos musicais como samba, baião, forró, valsa, ciranda de forma descontraída, alegre, prazerosa, incentivando a participação do público. Formação: Marta Ozzetti - flauta Rosana Bergamasco - violão Cássia Maria - percussão Gênero: Choro Show que ocorreu no Teatro Anchieta do Sesc Consolação dia 25/03/2013

https://www.youtube.com/watch?v=s1nQ2RS7C1Q

 

 

 

 

Ernesto Nazareth

Ernesto Júlio de Nazareth
 20/3/1863 Rio de Janeiro, RJ
 4/2/1934 Rio de Janeiro, RJ

 

 

Dados Artísticos

Um dos compositores de maior importância para a cultura brasileira, deixou obra essencialmente instrumental, particularmente dedicada ao piano. Suas composições, apesar de extremamente pianísticas, por muitas vezes retrataram o ambiente musical das serestas e choros, expressando através do instrumento a musicalidade típica do violão, da flauta, do cavaquinho, instrumental característico do choro, fazendo-o revelador da alma brasileira, ou, mais especificamente, carioca. A esse respeito, diz o musicólogo Mozart de Araújo: "As características da música nacional foram de tal forma fixadas por ele e de tal modo ele se identificou com o jeito brasileiro de sentir a música, que a sua obra, perdendo embora a sua funcionalidade coreográfica imediata, se revalorizou, transformando-se hoje no mais rico repositório de fórmulas e constâncias rítmico-melódicas, jamais devidas, em qualquer tempo, a qualquer compositor de sua categoria". Na produção musical do compositor, destacam-se numericamente os tangos (em torno de 90 peças), as valsas (cerca de 40) e as polcas (cerca de 20), destinando-se o restante a gêneros variados como mazurcas, schottisches, marchas carnavalescas etc. É sabido  que o compositor rejeitava a denominação de maxixe a seus tangos, distinguindo-se daquele fundamentalmente pelo caráter pouco coreográfico e predominantemente instrumental de sua obra. Deve-se ainda ressaltar em sua produção a influência de compositores europeus, notadamente de Chopin, compositor  cuja obra se dedicou a estudar meticulosamente e cuja inspiração se reflete, sobretudo, na elaboração melódica  de  suas valsas. Em 1877, aos 14 anos de idade, fez sua primeira composição, a polca lundu "Você bem sabe", que foi editada no ano seguinte pela Casa Artur Napoleão.
Em 1879, escreveu a polca "Cruz perigo" (na verdade seu primeiro tango). Em 1880, com 17 anos de idade, fez sua primeira apresentação pública, pelo menos que se tenha registro, no Clube Mozart. No ano seguinte, compôs a polca "Não caio n'outra", seu primeiro grande sucesso, com diversas reedições. Em 1885, apresentou-se em concertos em diferentes clubes do Rio de Janeiro. Em 1890, teve publicado o tango "Cruz perigo", pela Casa Viúva Canongia, situada na Rua do Ouvidor. Neste mesmo ano, publicou uma nova polca, "Atraente", que, como a anterior, obteve grande sucesso no Rio de Janeiro. Em 1893, a Casa Vieira Machado lançou uma nova composição sua, o tango "Brejeiro", com o qual alcançou sucesso nacional e até mesmo internacional, na medida em que a Banda da Guarda Republicana de Paris passou a incluí-la em seu repertório, chegando até mesmo a gravá-la.
Seu primeiro concerto como pianista realizou-se em 1898, no Salão Nobre da Intendência da Guerra, iniciativa do Clube de São Cristóvão. No ano seguinte foi feita a primeira edição do tango "Turuna". Em 1904, conheceu o pianista norte americano Ernest Schelling que levou inúmeras obras suas para seu país. Em 1905, teve sua primeira obra gravada, o tango "Brejeiro", na Odeon, pelo cantor Mário Pinheiro com o título de "O sertanejo enamorado", com letra de Catulo da Paixão Cearense. No mesmo período, a Banda da Casa Edson gravou seu tango "Escovado", que fez bastante sucesso, e, a Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro gravou os tangos "Brejeiro" e "Turuna". Provavelemnte no ano seguinte, o pianista Artur Camilo gravou na Odeon, ao piano, os tangos "Favorito" e "Escovado". Em 1908, começou a trabalhar como pianista na Casa Mozart. No ano seguinte, participou de recital realizado no Instituto Naciona de Música, interpretando a gavotta "Corbeille de fleurs" e o tango "Batuque". Na mesma ocasião, acompanhou o maestro Villa-Lobos na obra "Le cygne", de Saint-Saens. Em 1910, começou a se apresentar na sala de espera do Cine Odeon em homenagem ao qual compôs o tango "Odeon". Em 1912, a Banda Escudero gravou na Odeon sua polca "Os teus olhos cativam". Por essa época, o cantor Mário Pinheiro gravou, também na Odeon, o tango "Favorito", com letra de Catulo da Paixão Cearense. Ainda em 1912, gravou na Odeon uma série de 4 discos tocando piano, com Pedro de Alcântara na flauta, interpretando as polcas "Choro e poesia", de Pedro de Alcântara, e "Linguagem do coração", de Joaquim Antônio da Silva Calado, e os tangos "Favorito" e "Odeon", de sua autoria. Por essa época, a Banda da Casa Fauhaber e Cia gravou, na Favorite Records, a valsa "Ouro sobre azul".
Em 1913, o Grupo dos Sustenidos gravou o tango "Bambino", o Quarteto Luiz de Souza, a polca choro "Correta", e a Orquestra da Casa Edson, o tango "Atrevido", todos na Odeon. Em 1914, teve publicada a polca "Apanhei-te cavaquinho", que obteve grande sucesso. Em 1915, a polca "Apanhei-te cavaquinho" foi gravada na Odeon pelo grupo O Passos no Choro, e pela Orquestra Odeon. Em 1917, retornou ao Cine Odeon de onde havia saído quatro anos antes, agora, regente uma pequena orquestra da qual acredita-se fazia parte o maestro Villa-Lobos, tocando violoncelo. Por essa mesma época, o compositor francês Darius Milhaud, que esteve durante algum tempo no Brasil, publicou na França  artigo, em que assim analisava a produção musical brasileira então vigente: "É de lamentar que os trabalhos de compositores brasileiros desde as obras sinfônicas ou de música de câmara, dos srs. Nepomuceno e Oswald, às sonatas impressionistas do sr. Guerra  ou às obras de orquestra do sr. Villa-Lobos (um jovem de temperamento robusto, cheio de ousadias), sejam um reflexo das diferentes fases que se sucederam na Europa, de Brahms a Debussy, e que o elemento nacional não seja expresso de uma maneira mais viva e mais original. A influência do folclore brasileiro, tão rico de ritmos e de uma linha melódica tão particular, se faz raramente sentir nas obras dos compositores cariocas. Quando um tema popular ou o ritmo de uma dança é utilizado numa obra musical, este elemento indígena é deformado porque o autor o vê através das lunetas de Wagner ou de Saint-Saens, se ele tiver sessenta anos, ou através das de Debussy, se não tiver mais de trinta. Seria de desejar que os músicos brasileiros compreendessem a importância dos compositores de tangos, de maxixes, de sambas e de cateretês, como Tupinambá ou o genial Nazareth. A riqueza rítmica, a fantasia indefinidamente renovada, a verve, 'o entrain', a invenção  melódica de uma inspiração prodigiosa destes dois mestres, fazem destes últimos a glória e o mimo da arte brasileira."
Em 1919, empregou-se na Casa Carlos Gomes - mais tarde Carlos Wehrs - fundada por Eduardo Souto e Roberto Donati, com a função de  executar músicas para serem vendidas (das 12 às 18 hs), na época  a  maneira mais  corrente de tomar contato com as novidades musicais. Não havia rádio, os discos eram raros, e o cinema, mudo. Em 1921, a Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro gravou na Odeon os tangos "Sarambeque" e "Menino de ouro", e, a valsa "Henriette". No mesmo ano, o maestro Villa-Lobos dedicou-lhe o "Choro nº 1" para violão. Sua entrada no ambiente musical "erudito" deu-se em 1922, quando, a convite do compositor Luciano Gallet, participou de um recital no Instituto Nacional de Música, onde executou os tangos "Brejeiro", "Nenê", "Bambino" e "Turuna".  Esta iniciativa encontrou muita resistência, tendo sido surpreendentemente necessária a intervenção policial para garantir a realização do concerto. Em 1926, a Cultura Artística de São Paulo preparou uma homenagem ao compositor, que ainda deu recitais no Teatro Municipal e  no Conservatório Dramático e Musical de Campinas. No mesmo ano, o escritor Mário de Andrade proferiu conferência sobre o compositor na Sociedade de Cultura artística de São Paulo, na qual afirmou: "Por todos esses caracteres e excelências, a riqueza rítmica, a falta de vocalidade, a celularidade, o pianístico muito feita de execução difícil, a obra de Ernesto Nazaré se distancia da produção geral congênere. É mais artística do que a gente imagina pelo destino que teve, e deveria estar no repertório dos nossos recitalistas. Posso lhes garantir que não estou fazendo nenhuma afirmativa sentimental não. É a convicção dessassombrada de quem desde muito observa a obra dele. Se alguma vez a prolixidade encomprida certos tangos, muitas das composições deste mestre de dança brasileira são criações magistrais, em que a força conceptica, a boniteza da invenção melódica, a qualidade expressiva, estão dignificadas por uma perfeição de forma e equilíbrio surpreendentes". Em 1927, o compositor retornou ao Rio de Janeiro.
Foi um dos primeiros artistas da Rádio Sociedade (Rádio MEC do Rio de Janeiro), fundada por Roquette-Pinto. Em 1930, concluiu sua última composição, a valsa "Resignação". No mesmo ano, gravou ao piano, na Odeon, a convite do diretor artístico Eduardo Souto, a polca "Apanhei-te cavaquinho", lançada no selo como choro, e, o tango brasileiro "Escovado", de sua autoria. Em 1932, apresentou pela primeira vez um recital só com músicas de sua autoria, realizado no Estúdio Nicolas, em um concerto precedido por uma conferência de Gastão Penalva. Neste mesmo ano, realizou uma turnê pelo sul do país, a convite de admiradores gaúchos.
Em 1943, "Apanhei-te cavaquinho" recebeu letra de Darci de Oliveira, e foi gravado por Ademilde Fonseca. No mesmo ano, teve a valsa "Gotas de ouro" e o choro "Bambino" gravadas por Custódio Mesquita e sua Orquestra. Em 1945, sua valsa "Turbilhão de beijos" e seu choro "Odeon" foram gravados por Fon-Fon e sua orquestra na gravadora Odeon. Em 1946, o então iniciante sanfoneiro Luiz Gonzaga gravou, na Victor, o choro "Brejeiro". Em 1947, seus choros "Nenê" e "Tenebroso" foram gravados na Odeon por Carioca e sua orquestra. Em 1950, Pixinguina e Benedito Lacerda gravaram o choro "Matuto", na RCA Victor. Em 1951, o violonista Garoto gravou ao bandolim o choro "Famoso", pela Odeon.
Em 1952, a RCA Victor lançou o LP "Jacob revive músicas de Ernesto Nazareth", no qual o músico Jacob do Bandolim interpretou os tangos "Atlântico", "Nenê", "Odeon" e "Tenebroso", e as valsas "Saudade", "Confidências", "Faceira" e "Turbilhão de beijos". Em 1953, a pianista Carolina Cardoso de Menezes regravou "Brejeiro" pela Sinter. No mesmo ano, o maestro Radamés Gnattali gravou, pela Continental, ao piano uma série de três discos com as valsas "Expansiva" e "Confidências", os tangos "Tenebroso" e "Fon-fon", o tango característico "Batuque" e a polca choro "Apanhei-te cavaquinho". Radamés Gnatalli ainda o homenageou em um dos quatro movimentos de sua suíte "Retratros", feita para bandolins e orquestra de cordas (e dedicada a Jacob do Bandolim).
Em 1963, foi comemorado o centenário de nascimento do compositor. A pianista Eudóxia de Barros gravou  a obra do compositor no LP "Ouro sobre azul", lançado pela gravadora Chantecler. No mesmo ano, seu clássico tango "Odeon" foi gravado pelo maestro Portinho no LP "Toca a banda maestro - Portinho e sua banda" da gravadora RCA Candem. Em meados dos anos 1970, o pianista Arhur Moreira Lima revisitou sua obra em dois LPs duplos lançados pelo selo Marcus Pereira. Entre seus choros mais conhecidos destacam-se "Apanhei-te cavaquinho" e "Ödeon". Este último recebeu letra de Vinícius de Moraes, na década de 1960, a pedido de Nara Leão, que o gravou em LP para a Philips. Esta gravação foi tema de abertura da telenovela "A sucessora", realizada pela Rede Globo, em 1978, a partir do romance homônimo de Carolina Nabuco. Em 1994, foi homenageado pelo grupo Regional de Seresteiros no CD "Zequinha de Abreu e Ernesto Nazareth". No mesmo, foram interpretadas suas obras "Apanhei-te cavaquinho"; "Atlântico"; "Brejeiro"; "Turbilhão de beijos"; "Beija flor" e "Guerreiro". Em 1996, o pianista Marcelo Verzoni defendeu na Universidade do Rio de  Janeiro - Uni-Rio, a tese de mestrado intitulada  "Ernesto  Nazareth e o tango brasileiro", onde, além da análise musical do repertório  de tangos do compositor, elabora uma discussão bibliográfica em torno da inserção do compositor  na historiografia da música  brasileira, capítulo intitulado "Crônica de um preconceito", seguido de um esboço biográfico. Em 1997, a pianista Maria Teresa Madeira e o  bandolinista Pedro Amorim gravaram o CD "Sempre Nazareth", lançado pela gravadora Kuarup.  Neste mesmo ano  foi lançado o CD-ROM "Ernesto Nazareth o rei do choro" (selo CD'Arte).
Recebeu de Mário de Andrade um grande elogio. Ao referir-se a ele o ilustre escritor e musicólogo afirmou:  "compositor brasileiro dotado de uma extraordinária originalidade, porque transita com fôlego entre a música popular e erudita, fazendo-lhe a ponte, a união, o enlace". Ainda segundo Mário de Andrade, teria sido o fixador do maxixe.
Em 2000, foi homenageado no show "Do choro ao samba" que integra a série "MPB - a história de um século", quatro espetáculos encenados no CCBB, onde foi executado pela pianista Maria Tereza Madeira e pelo saxofonista Paulo Sergio Santos. O espetáculo - bem como os 3 outros - foram criados e dirigidos por Ricardo Cravo Albin. Em 2001, foi homenageado pelo pianista Orlando Massiére com o show "Crises em pencas", na Casa de Cultura Laura Alvim no Rio de Janeiro. O show recebeu o mesmo título de um samba carnavalesco composto pelo compositor em 1930 e que permaneceu inédito. Participaram da homenagem a pianista japonesa Yuka Shimizu e o percussionista Di Lutgardes. Na ocasião, foram expostos partituras e objetos pessoais do artista. Sua obra é executada com alguma frequência em salas internacionais. Em 2003, por ocasião dos 140 anos de seu nascimento a pianista Maria Teresa Madeira gravou dois CDs com 29 obras do compositor, entre as quais "Confidências", "Odeon", "Fon Fon", "Ameno Resedá" e "Apanhei-te cavaquinho". Ainda em 2003, foi concluído um livro sobre sua vida e obra de autoria do pesquisador Luis Antônio de Almeida, herdeiro familiar e guardador de todo seu acervo. Em 2004, por ocasião dos 70 anos da morte do compositor, a STV em parceria com a produtora paulistana We Do Comunicação apresentou o documentário "Ernesto Nazareth", com direção de Dimas de Oliveira Junior e Felipe Harazim, refazendo a trajetória artística do compositor desde seu primeiro sucesso, "Você bem que sabe", de 1877, quando tinha 14 anos. Estão presentes no ducumentário declarações das pianistas Eudóxia de Barros e Maria Tereza Madeira, do compositor Oswaldo Lacerda, e do biógrafo e compositor Luiz Antonio de Almeida, entre outros. O documentário narra ainda fatos marcantes dos últimos dias de vida do compositor como a morte da esposa e as conseqüências de um tombo que lhe causou a perda contínua da audição. Tais fatos, contribuíram juntamente com a sífilis, mal sofrido por ele, segundo seu biógrafo Luiz Antonio de Almeida, acabariam resultando no enlouquecimento do músico. Em 2005, foi homenageado com a publicação de sua biografia de autoria do pesquisador Haroldo Costa, e com a edição de um disco com suas obras interpretadas pelo Quinteto Villa-Lobos. Nesse disco estão presentes composições como "Odeon", "Apanhei-te cavaquinho", "Brejeiro", "Tenebroso" e outras. No mesmo ano, seu acervo foi adquirido pelo Instituto Moreira Sales passando a ser catalogado e digitalizado. Desse material fazem parte anotações pessoais do músico além de inúmeras partituras. Em 2009, foi lançado pelo selo Biscoito Fino o CD "Luciano Alves interpreta Ernesto Nazareth" no qual foram interpretados seus clássicos "Odeon", "Brejeiro", "Apanhei-te Cavaquinho", "Coração que Sente", "Escorregando", "Escovando", "Fon-fon", "Eponina", "Cavaquinho Porque Choras?", "Sustenta a Nota", "Favorito" e "Pipocando".
Em 2009, foi homenageado pela cravista Rosana Lanzelotte que lançou um CD interpretando obras do compositor adaptadas para cravo com acompanhamento de percussão além de um violão. Do CD fizeram parte músicas como "Escorregando" e "Lundu". Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA - Instituto Cultural Cravo Albin, a caixa "100 anos de música popular brasileira" com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 1 desses CDs estão incluídos seus tangos "Brejeiro" e "Apanhei-te cavaquinho" na interpretação de Altamiro Carrilho e conjunto. No mesmo ano foi lançada a caixa "Todo Nazareth - Obras completas", dividas  em seis brochuras: Polcas, Tangos I, Tangos II, Tangos III, Valsas e Peças de Concerto e Danças Diversas. A caixa resultou de uma pesquisa de três anos elaborada pelos pesquisadores Cacá Machado e Thiago Cury. Em 2012, foi lançado no Instituto Moreira Salles o site sobre o pianista e compositor visando o sesquicentenário de seu nascimento a ser comemorado em 2013. Por ocasião do lançamento foi feito um show com as obras do artista interpretadas por Marcíulio Lopes, Marcelo Bernardes, Luciana Rabello, Maurício Carrilho e Paulo Aragão. Em 2013, no dia em que se completavam os 150 anos de seu nascimento foi homenageado no Instituto Cultural Cravo Albin com uma palestra realizada pelo seu biógrafo Luiz Antonio de Almeida. Na ocasião, o violonista Genésio Nogueira interpretou duas obras de seu repertório. No mesmo ano, ainda por conta das comemorações de seus 150 anos de nascimento, foi homenageado pelo pianista Luiz Eduardo Domingues que, em seu primeiro CD, "Os pianeiros", gravou seus sambas "Arrojado" e "Comigo é na madeira", a valsa-lenta "Turbilhão de beijos"; a valsa-capricho "Elegantíssima", os tangos "Maly" e "Batuque", e o tango-habanera "Crises em penca". Também em 2013, por conta das comemorações dos seus 150 anos de nascimento foi lançado pelo selo Revivendo o CD "Ernesto Nazareth 150 anos - Volv. 1", no qual foram interpretados os tangos "Brejeiro", "Turuna", "Está chumbado" e "Saranbeque", todos pela Banda do Corpo de Bombeiros, que também aparece no CD com as gravações da valsa "Henriette" e do tango brasileiro "Menino de ouro". Estão presentes ainda no CD os tangos "Favorito", pelo pianista Artur Camilo; "Dengoso", péla Banda Columbia; "Ferramenta", pela Banda do 52º de Caçadores; "Odeon", pelo flautista Pedro de Alcântara; "Atrevido", com a Orquestra da Casa Edison; os tangos brasileiros "Paulicéia como és formosa" e "Quebra cabeças", com Orquestra Pan American; "Cacique", com a Simão Nacional Orchestra, e "Escovado", na interpretação do próprio autor ao piano; os maxixes "Escorregando", pela Jazz Band Sul-Americano, e "Proeminente", com Orquestra Pan American do Cassino Copacabana, e as polcas "Ameno Resedá", com o Grupo do Louro, e "Correcta", na gravação do Grupo do Louro. Ainda em comemoração aos seus 150 de nascimento foi homenageado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro na abertura da temporada 2013 de concertos da Orquestra Sinfônica Brasileira, com a participação especial do violonista Yamandu Costa, encarregado "de dar ritmo a valsas e choros que remetem à trajetória musical de Nazareth", segundo reportagem  da Revista Rio Show", do jornal O Globo. Sobre o espetáculo, assim falou o maestro  da OSB Roberto Mincsuk: "O espetáculo é uma obra para violão e orquestra, dividida em três movimentos. No primeiro, a relação de Nazareth com Darius Milhaud, um dos mais importantes compositores franceses do século XX. No segundo, é relembrada a amizade do homenageado com Heitor Villa-Lobos. Já no terceiro e último movimento, são citadas as inúmeras influências que o mestre legou à música popular brasileira". Deixou um total de 214 composições sendo 90 tangos, 30 polcas e 40 valsas, além de sambas, marchas e quadrilhas. Em 2014, foi homenageado pelo pianista João Carlos Assis Brasil que lançou o CD "Nazareth revisitado" no qual ele interpretou clássicos do compositor como "Brejeiro", "Faceira", "Apanhei-te cavaquinho", e a valsa "Coração que sente". O CD contou ainda com as participações especiais do cantor Carlos Navas interpretando "Bambino", letra de José Miguel Wisnick,  e "Odeon", parceria com Vinícius de Moraes, e da cantora Alaíde Costa cantando "Sertaneja". O CD foi gravado a partir do show realizado pelo pianista no ano anterior em homenagem ao sesquicentenário do nascimento do compositor. Em 2016, foi lançada pela pianista Maria Teresa Madeira a caixa com 12 CDs intitulada "Ernesto Nazareth integral" com 215 composições para piano que ela garimpou em diferentes arquivos a partir da premiação  do Prêmio de Música Brasileira da Funarte. No mesmo ano, foi lançado pela Funarte o livro "O Rio de Ernesto Nazareth" da escritora Beth Ritto, que traça um paralelo entre a vida do compositor e as mudanças pelas quais a cidade do Rio de Janeiro passou no período de vida dele.

http://dicionariompb.com.br/ernesto-nazareth/dados-artisticos





Apanhei-te Cavaquinho

Ademilde Fonseca

 

 

 

 


 

 

 

 

 

Ainda me lembro,
Do meu tempo de criança,
Quando entrava numa dança,
Toda cheia de esperança,
De chinelinho e de trança,
Com Mané e o Zé da França,
Nunca tive na lembrança,
De rever esse chorinho.

E hoje ouvindo,
Neste choro a voz do pinho,
Relembrando o bom tempinho,
Da mamãe e do maninho,
Hoje sou ave sem ninho,
Sem família, sem carinho,
Mas sou bem feliz ouvindo,
O "Apanhei-te Cavaquinho"!

Hoje cantando o "Apanhei-te Cavaquinho",
Fico louca, fico quente,
Fico como um passarinho,
Sinto vontade de cantar a vida inteira,
Esta vida, eu levo de qualquer maneira,
Ouvindo a flauta, o cavaquinho e o violão,
Eu sinto que o meu coração,
Tem a cadência de um pandeiro,
Esqueço tudo e vou cantando com jeitinho,
Este chorinho,
Que é muito Brasileiro !

Hoje cantando o "Apanhei-te Cavaquinho",
Fico louca, fico quente,
Fico como um passarinho,
Sinto vontade de cantar a vida inteira,
Esta vida, eu levo de qualquer maneira,
Ouvindo a flauta, o cavaquinho e o violão,
Eu sinto que o meu coração,
Tem a cadência de um pandeiro,
Esqueço tudo e vou cantando com jeitinho,
Este chorinho,
Que é muito Brasileiro !...
(bis a 1ª e 2ª)

https://www.letras.mus.br/ademilde-fonseca/1730616/

 

 

 

 

 

 

Referências

 

 

 

 

https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/69/2020/06/30/deltan-dallagnol-ao-lado-da-palavra-impunidade-1593504772475_v2_900x506.jpg

https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/08/17/cerco-a-deltan-prenuncia-novos-velhos-tempos.htm

http://redeglobo.globo.com/videos/v/bom-dia-brasil-edicao-de-segunda-feira-17082020/8782009/

https://youtu.be/X5_3mgt4iYc

https://www.letras.mus.br/ernesto-nazareth/apanhei-te-cavaquinho-versao-1/

https://youtu.be/boKMwoFpVs8

https://www.youtube.com/watch?v=boKMwoFpVs8

https://youtu.be/jeJODZtdhGs

https://www.youtube.com/watch?v=jeJODZtdhGs

https://youtu.be/5ePet_bvgbY

https://www.youtube.com/watch?v=5ePet_bvgbY

https://youtu.be/ILPyYzou08s

https://www.youtube.com/watch?v=ILPyYzou08s

https://youtu.be/s1nQ2RS7C1Q

https://www.youtube.com/watch?v=s1nQ2RS7C1Q

https://www.youtube.com/watch?v=s1nQ2RS7C1Q

http://dicionariompb.com.br/ernesto-nazareth/dados-artisticos

https://youtu.be/RuDRsGMsEZg

https://www.letras.mus.br/ademilde-fonseca/1730616/


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