domingo, 26 de julho de 2020

O PATRIOTA








P)MDB, entre a resistência e o poder

Acervo O Globo





“[...] Significo o reconhecimento do partido a Barbosa Lima Sobrinho, por ter acudido a seu empenhado apelo.
Temporariamente deixou sua biblioteca e apartou-se da imprensa, trincheiras do seu talento e de seu patriotismo, para exercer perante o povo o magistério das franquias públicas, das garantias individuais e do nacionalismo.
Sua vida e sua obra podem ser erigidas em doutrina de nossa pregação [...]”




“Navegar é preciso, mas não sei por que estou navegando” Carlos Heitor Cony




“[...] Por fim, a imperiosidade do resgate da enorme injustiça que vitimou, sem defesa, tantos brasileiros paladinos do bem público e da causa democrática. Essa justiça é pacto de honra de nosso partido e seu nome é anistia.
Srs. Convencionais, a caravela vai partir. As velas estão pandas de sonho, aladas de esperanças. O ideal está ao leme e o desconhecido se desata à frente.
No cais alvoroçado, nossos opositores, como o Velho do Restelo de todas as epopeias, com sua voz de Cassandra e seu olhar derrotista, sussurram as excelências do imobilismo e a invencibilidade do establishment. Conjuram que é hora de ficar e não de aventurar.
Mas, no episódio, nossa carta de marear não é de Camões e sim de Fernando Pessoa ao recordar o brado:

“Navegar é preciso. Viver não é preciso”.

Posto hoje no alto da gávea, espero em Deus que em breve possa gritar ao povo brasileiro: Alvíssaras, meu capitão. Terra à vista!
Sem sombra, medo e pesadelo, à vista a terra limpa e abençoada da liberdade. [...]”







“NAVEGAR É PRECISO.
VIVER NÃO É PRECISO”






Gisela João - navegar é preciso viver não é preciso
https://www.youtube.com/watch?v=P0vKUqnAiwM




‘Mas, no episódio, nossa carta de marear não é de Camões e sim de Fernando Pessoa ao recordar o brado:

“Navegar é preciso.
Viver não é preciso”.

Posto hoje no alto da gávea, espero em Deus que em breve possa gritar ao povo brasileiro: Alvíssaras, meu capitão. Terra à vista!

Sem sombra, medo e pesadelo, à vista a terra limpa e abençoada da liberdade.’

Fonte: Biblioteca da Câmara dos Deputados
file:///C:/Users/User/Downloads/ulysses_guimaraes.pdf





Navegar é preciso.





"Navegar é Preciso" - Fernando Pessoa
https://www.youtube.com/watch?v=41UPRrRYQnM








Os Argonautas
Caetano Veloso
https://www.letras.mus.br/caetano-veloso/44761/




“Os marinheiros se recusaram a empunhar remos, a desdobrar velas. Foi então que Pompeu, sem saber que fazia uma frase, disse que navegar é preciso.”




“(...) em nome de um estado de direito que se pretende democrático.”? 





Quem será o primeiro a cruzar o Riacho Rubicão?




‘(...) ode de Horácio dedicada a Virgílio: "Navis quae tibi creditum").’


Quid nos ? quibus te vita sit superstite. Jucunda , si contra gravis. Horat.





O PATRIOTA,

JORNAL LITTERARIO,
POLITICO, MERCANTIL, &CC,

DO
RIO DE JANEIRO.

Eu desta gloria so fico contente,
Que a minha terra amei, e a minha gente.
Ferreira.

N. 4.º
ABRIL.

RIO DE JANEIRO.
NA IMPRESSÃO REGIA.
1813.
Com Licença.

Vende-se na Loja de Paulo Martins, filho,
na Rua da Quitanda, n.º 34, por 800 reis.







Com magoa ouvi que partes Borges (1)
Mande-me alguma poezia descriptiva das terras de Cabral.




O que nós temos? para quem a vida resta dela. Agradável, se a sepultura. Horat.



Domingos Borges de Barros. Thebaida 14 de Agosto de 1$10. Quid nos ? quibus te vita sit superstite. Jucunda , si contra gravis. Horat. COM magoa ouvi que ...










O que nós temos? para quem a vida é agradável, se sobreviver à sepultura Herat.



Fonte:
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/opatriota/patriota_1813_1_n4.pdf




São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996 FOLHSA DE S.PAUO Ilustrada
Navegar é preciso, mas não sei por que estou navegando
CARLOS HEITOR CONY
DO CONSELHO EDITORIAL
Não muito longe daqui, deste ponto do Mediterrâneo que agora atravesso sem saber bem por que nem para que, Pompeu se antecipou a Fernando Pessoa, Ulysses Guimarães e Caetano Veloso: disse que navegar é preciso.
Havia precisão de fato: Roma estava sem pão, Pompeu dividia o poder com César, foi buscar trigo nas províncias ao norte da África. Com os porões abarrotados de grãos que matariam a fome de um império, enfrentou a tentativa de motim de seus marinheiros.
O tempo -ao contrário de agora, que está calmo, céu e mar azulados pela boa luz do sol mediterrâneo- anunciava tempestades e naufrágios. Os marinheiros se recusaram a empunhar remos, a desdobrar velas. Foi então que Pompeu, sem saber que fazia uma frase, disse que navegar é preciso.
Não adiantou muito a sua biografia. Pouco depois, César voltaria com seus exércitos vitoriosos e, contrariando a lei que garantia a república, atravessou o Rubicão. Nenhum general poderia entrar em Roma com suas tropas, era o princípio legal que impediria o golpe de Estado, o Rubicão não chegava a ser um limite geográfico (na verdade, é um riacho insignificante), era apenas um limite moral.
César fez outra frase (os romanos gostavam de fazer frases e, como falavam latim, as frases já vinham prontas para serem repetidas através dos tempos: "allea jacta est").
O resto é sabido: César perseguiu Pompeu, que esboçou uma reação, mas não tinha o carisma nem a circunstância de estar regressando vitorioso de uma grande campanha. Não foi o primeiro nem seria o último golpe militar da história. Mas foi, talvez, o mais famoso, pois, além da frase, criou o cesarismo.
Mais tarde, ao ser apunhalado nos idos de março, envolto em sua toga manchada de sangue, César teria dito (não disse, mas Shakespeare disse por ele): "Quantas vezes essa cena será repetida?" (estou citando de memória, a 10 mil quilômetros da Lagoa e dos meus livros, valho-me dessa erudição de almanaque Capivarol para iniciar este artigo, a bordo de um navio que, segundo Luiz Caversan, "zarpou" de Gênova anteontem, fez escalas em Nápoles e Catânia e agora se dirige a Creta -águas e terras que fizeram história e me fizeram pegar uma gripe danada, há muito vento nesta época do ano e dei sopa lá em cima, pensando em meus problemas enquanto lembrava a emoção com que recitava aquela ode de Horácio dedicada a Virgílio: "Navis quae tibi creditum").
Como todo mundo sabe, Virgílio veio para estas mesmas terras e águas a fim de escrever sua Eneida. Ao despedir-se do amigo Horácio, recebeu dele a famosa ode que canta a amizade entre os homens: foi chamado de "metade de minha alma", ao mesmo tempo em que teve invocados a seu favor todos os deuses, "sic te diva potens Chipri, sic frates Helenae lucida siderum".
Seria assim que eu gostaria de atravessar essas águas, protegido pelos deuses e tendo alguém a me considerar metade de sua alma. Já que o destino obrou em contrário, em represália não me sinto obrigado porra nenhuma a escrever um poema como a Eneida, nem mesmo um artigo decente como os leitores merecem.
Estou gripado e tive problemas com o "notebook": não consegui instalar o fax-modem -apetrechos que Virgílio e Horácio desprezariam, tanto como eu, mas deles não teriam servidão, o que não é o meu caso. Preciso cada vez mais dessas coisas complicadas e de um descongestionante nasal que me faça melhor respirar essas águas onde deslizam sereias desde os tempos de Homero.
Olho profundamente as ondas, não vejo sereias nem ouço seus cânticos enfeitiçados. O alto-falante de bordo, mais prosaico e globalizado como os tempos que atravessamos, manda que adiante o relógio de uma hora. Para quê? Aparentemente, uma hora a mais ou a menos não altera nem a marcha no navio, nem a marcha do tempo -que continua azul. Antes de Gagarin descobrir que a Terra era azul, Saint-Exupéry, perdido em seu pequenino avião de caça, viu uma poça azul no horizonte e se orientou por ela: era o Mediterrâneo.
Não devo estar perdido. Confio estupidamente no comandante Massimo Persival, que deve saber para onde está me levando, mas sinto que estou mergulhado nessa "poça azul" que orientou e salvou a vida do escritor-piloto. Bem verdade que ele se perdeu, mais tarde, evaporando-se no ar como uma bolha de sabão. De qualquer forma, sinto-me bem sabendo que estou em terra firme, embora esteja sobre as águas que formam a poça azul.
Daqui a pouco, passarei pelo templo de Posseidon, aquele templo muito branco e de muito mármore, dedicado ao deus das águas que os latinos chamavam de Netuno e os gregos de Posseidon mesmo. Os marinheiros não se aventuravam no mar largo sem antes invocarem o deus que dominava ondas e monstros marinhos, monstros que Horácio, no poema acima citado, chamou de "infames".
Não sou marinheiro, não sou metade da alma de ninguém, nem sei como nem para que estou metido nessa -mas vou avante. E como não se dá chute em despacho de macumba, invocarei Posseidon e enfrentarei a meu modo as infâmias todas.
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/11/08/ilustrada/43.html




OPINIÃO
"Lava jato" e Executivo são irmãos siameses no projeto de poder
21 de julho de 2020, 20h00
Por Antônio Carlos de Almeida Castro - Kakay
O Delta estava meio sumido, acuado. Desculpe chamar assim, mas "Delta" é como o subprocurador Aras o chamou para alertar que o que ele fazia era ilegal, era crime, mas ele desprezou, pois afinal era o subchefe da poderosa "lava jato". Convenhamos que, depois que o chefe da "lava jato", o candidato Sergio Moro, saiu, o Delta ficou meio perdido. Também são muitos os escândalos, os questionamentos e as investigações que os membros da operação estão sofrendo. 






Antonio Carlos de Almeida Castro
Wilson Dias/Agência Brasil
https://www.conjur.com.br/2020-jul-21/kakay-lava-jato-executivo-sao-irmaos-siameses-projeto-poder

'[...] E, até mesmo, isto é o mais grave, imagino, os valorosos companheiros da imprensa, que tanto fizeram, agora chegam —  que absurdo — a fazer questionamentos. É, Deltan, você deveria ler Augusto dos Anjos:
"Acostuma-te à lama que te espera!
.....
O beijo, amigo, é a véspera do escarro
A mão que afaga é a mesma que apedreja".
Mas nada como a certeza de que o CNMP é um órgão pronto a acolher e proteger os procuradores. Pouco importa a quantidade de queixas apresentadas. Em 2 de março, a imprensa falava em 17 queixas contra o Delta. Mas devemos nos lembrar do grito de júbilo do Delta, com os seus: "Aha, uhu, o Fachin é nosso!"
Se no caso do ministro Fachin podia ser só bazófia de um irresponsável, no caso do CNMP é uma realidade: "AHA  UHU O CNMP É MEU!!!"
A maneira atrevida e até insolente com que o subchefe da força tarefa, o Delta, trata o presidente do Supremo, ao questionar hoje uma decisão do ministro Toffoli, demonstra o poder que esse grupo ainda julga ter. Nada como confrontar esse grupo com os abusos que eles patrocinaram. Foram nestes abusos que eles forjaram essa prepotência argumentativa. 
O projeto de poder desse grupo passa por afrontar o Supremo, o Legislativo. O Executivo não, pois o atual Executivo é cria dos abusos deste grupo. Este Executivo autoritário foi gestado nos abusos da operação "lava jato". São irmãos siameses. Estão momentaneamente em crise, criador e criatura, mas é só uma briga de poder. 
Volto a poesia, Pessoa na pessoa de Pessoa: "Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo".  
Vamos colocar esse grupo em seu devido lugar, em nome de um estado de direito que se pretende democrático. Com a palavra o CNMP.
Antônio Carlos de Almeida Castro - Kakay é advogado criminalista.
Revista Consultor Jurídico, 21 de julho de 2020, 20h00
COMENTÁRIOS DE LEITORES
1 comentário
"IRMÃOS SIAMESES
Valmira de Paula (Advogado Autônomo - Trabalhista)
22 de julho de 2020, 11h28
O Delta, vulgo DD como é chamado por Zucoloto nos acordos de delações, se acha poder absoluto, sem deveres algum, só autoridade máxima. Convenhamos, é um sujeito que tem que ser exonerado do MPF e pague pelos seus crimes, junto com Moro, a sociedade agradece.
https://www.conjur.com.br/2020-jul-21/kakay-lava-jato-executivo-sao-irmaos-siameses-projeto-poder




“NAVEGAR É PRECISO. VIVER NÃO É PRECISO”
22/09/2016 - 11:03
  
No dia 22 de
setembro de 1973, há exatos 43 anos, Ulysses Guimarães proferiu o seu histórico
discurso “Navegar é preciso. Viver não é preciso” na Convenção do MDB, em
Brasília, lançando-se como ‘anticandidato’ à presidência da República e
começando a abrir o caminho para a redemocratização do Brasil.
Confira o discurso
na íntegra: 
O paradoxo é o signo da presente sucessão presidencial brasileira.
Na situação, o anunciado como candidato em verdade é o presidente, não aguarda
a eleição e sim a posse.
Na oposição, também não há candidato, pois não pode haver
candidato a lugar de antemão provido. A 15 de janeiro próximo, com o apelido de
“eleição”, o Congresso Nacional será palco de cerimônia de diplomação na qual
senadores, deputados federais e estaduais da agremiação
majoritária certificarão investidura outorgada com
anterioridade.
O Movimento Democrático Brasileiro não alimenta ilusões quanto
à homologação cega e inevitável, imperativo da identificação do voto ostensivo
e da fatalidade da perda do mandato parlamentar, obra farisaica de pretenso
Colégio Eleitoral em que a independência foi desalojada pela fidelidade
partidária.
A inviabilidade da candidatura oposicionista testemunhará
perante a nação e perante o mundo que o sistema não é democrático, de vez que
tanto quanto dure este, a atual situação sempre será governo, perenidade
impossível quando o poder é consentido pelo escrutínio direto, universal e
secreto, em que a alternatividade de partidos é a regra, consoante ocorre nos
países civilizados.
Não é o candidato que vai recorrer o país. É o
anticandidato, para denunciar a antieleição, imposta pela anticonstituição que
homizia o AI-5, submete o Legislativo e o Judiciário ao Executivo, possibilita
prisões desamparadas pelo habeas
corpus e
condenações sem defesa, profana a indevassabilidade dos lares e das empresas
pela escuta clandestina, torna inaudíveis as vozes discordantes, porque
ensurdece a nação pela censura à imprensa, ao rádio, à televisão, ao teatro e
ao cinema.
No que concerne ao primeiro cargo da União e dos estados,
dura e triste tarefa esta de pregar numa república que
não consulta os cidadãos e numa democracia que
silenciou a voz das urnas.
Eis um tema para o teatro do absurdo de Bertolt Brecht, que,
em peça fulgurante, escarnece da insânia do arbítrio prepotente ao aconselhar
que, se o povo perde a confiança do governo, o governo deve dissolver o povo e
eleger um outro.
Não como campanha, pois isto equivaleria a tola viagem rumo
ao impossível, a peregrinação da oposição pelo país perseguirá tríplice
objetivo:
I – Exercer sem temor e sem provocação sua função
institucional de crítica e fiscalização ao governo e ao sistema, clamando pela
eliminação dos instrumentos e da legislação discricionários, com prioridade
urgente e absoluta a revogação do AI-5 e a reforma da Carta Constitucional em vigor.
II – Doutrinar com o programa partidário, unanimemente
aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, conscientizando o povo sobre seu
conteúdo político, social, econômico, educacional, nacionalista,
desenvolvimentista com liberdade e justiça social, o qual será realidade assim que o Movimento Democrático Brasileiro for governo, pelo
sufrágio livre e sem intermediários do povo.
III – Concitar os eleitores, frustrados pela interdição, a
15 de janeiro de 1974, de eleger o presidente e o vice-presidente da República,
para que a 15 de novembro do mesmo ano elejam senadores, deputados federais e
estaduais da oposição, etapa fundamental para atuação e decisões parlamentares
que conquistarão a normalidade democrática, inclusive número para propor
emendas e reforma da Carta Constitucional de 1969 e a instalação de comissões
parlamentares de inquérito, de cuja ação investigatória e moralizadora a
presente legislatura se encontra jejuna e a atual administração imune, pela
facciosa intolerância da maioria,situacionista.
Hoje e aqui serei breve.
Somos todos cruzados da mesma cruzada. Dispensável, assim,
pretender convencer o convicto, converter o cristão, predicar a virtude da
liberdade a liberais, que pela fé republicana pagam o preço de riscos e
sofrimentos.
Serei mais explícito e minudencioso ao longo da jornada,
quando falarei também a nossos irmãos postados no outro lado do rio da
democracia.
Aos que aí se situaram por opção ou conveniência, apostasia
política mas rebelde à redenção.
Prioritariamente, aos que foram marginalizados pelo
ceticismo e pela indiferença, notadamente os jovens e os trabalhadores,
intoxicados por maciça e diuturna propaganda e compelidos a tão prolongada e
implacável dieta de informações.
Quando a oposição clama pela reformulação das estruturas
político-sociais e pela incolumidade dos direitos dos cidadãos, sua reiteração
aflige os corifeus dos poderosos do dia.
Faltos de razão e argumentos, acoimam-na de fastidiosa
repetição. Condenável é repetir o erro e não sua crítica. Saibam que a
persistência dos abusos terá como resposta a pertinácia das denúncias.
Ressaltarei nesta convenção a liberdade de expressão, que é
apanágio da condição humana e socorre as demais liberdades ameaçadas, feridas
ou banidas.
Ressaltarei nesta convenção a liberdade de expressão, que é
apanágio da condição humana e socorre as demais liberdades ameaçadas, feridas
ou banidas.
É inócua a prerrogativa que faculta falar em Brasília, não
podendo ser escutado no Brasil, porquanto a censura à imprensa, ao rádio e à
televisão venda os olhos e tapa os ouvidos do povo. O drama dos censores é que
se fazem mais furiosos quanto mais acreditam nas verdades que censuram. E seu
engano fatal é presumir que a censura, como a mentira, pode exterminar os
fatos, eliminar os acontecimentos, decretar o desaparecimento das ocorrência
indesejáveis.
A verdade poderá ser temporariamente ocultada, nunca
destruída. O futuro e a História são incensuráveis.
A informação, que abrange a crítica, é inarredável requisito
de acerto para os governos verdadeiramente fortes e bem-intencionados, que
buscam o bem público e não a popularidade. Quem, senão ela, poderá dizer ao
chefe de Estado o que realmente se passa, às vezes de suma gravidade, na
intimidade dos ministérios e dos múltiplos e superpovoados órgãos
descentralizados?
Quem, senão ela, investigará e contestará os conselhos
ineptos dos ministros, as falsas prioridades dos técnicos, o planejamento
defasado dos assessores? Essa a sabedoria e o dimensionamento da prática com
que o gênio político britânico enriqueceu o direito público: oposição do
governo de Sua Majestade, ao governo de Sua Majestade.
A burocracia pode ser preguiçosa, descortês, incapaz e até
corrupta. Não é exclusivamente na Dinamarca, em qualquer reino sempre há algo
de podre. Rematada insânia tornar impublicáveis lacunas, faltas ou crimes, pois
contamina a responsabilidade do governante que a ordena ou tolera.
Eis por que o poder absoluto, erigido em infalível pela
censura, corrompe e fracassa absolutamente.
É axiomático, para finalizar, que sem liberdade de
comunicação não há, em sua inteireza, oposição, muito menos partido de
oposição.
Como o desenvolvimento é o desafio da atual geração, pois ou
o Brasil se desenvolve ou desaparecerá, o Movimento Democrático Brasileiro, em
seu programa, define sua filosofia e seu compromisso com a inadiável ruptura da
maldita estrutura da miséria, da doença, do analfabetismo, do atraso tecnológico e político.
A liberdade e a justiça social não são meras consequências
do desenvolvimento. Integram a condição insubstituível de sua procura, o
pré-requisito de sua formulação, a humanidade de sua destinação.
A liberdade e a justiça social conformam a face mais bela,
generosa e providencial do desenvolvimento, aquela que olha para os
despossuídos, os subassalariados, os desempregados, os ocupados em ínfimo
ganhapão ocasional e incerto, enfim, para a imensa maioria dos que precisam
para sobreviver, em lugar da escassa minoria dos que têm para esbanjar.
A liberdade e a justiça social conformam a face mais bela,
generosa e providencial do desenvolvimento, aquela que olha para os
despossuídos, os subassalariados, os desempregados, os ocupados em ínfimo
ganhapão ocasional e incerto, enfim, para a imensa maioria dos que precisam
para sobreviver, em lugar da escassa minoria dos que têm para esbanjar.
Desenvolvimento sem liberdade e justiça social não tem esse
nome. É crescimento ou inchação, é empilhamento de coisas e valores, é
estocagem de serviços, utilidades e divisas, estranha ao homem e a seus
problemas.
Enfatize-se que desenvolvimento não é silo monumental e
desumano, montado para guardar e exibir a mitologia ou o folclore do Produto
Interno Bruto, inacessível tesouro no fundo do mar, inatingível pelas
reivindicações populares.
É intolerável mistificar uma nação a pretexto de
desenvolvê-la, rebaixá-la em armazém de riquezas, tendo como clientela
privilegiada, senão exclusiva, o governo para custeio de tantas obras
faraônicas e o poder econômico, particular ou empresarial, destacadamente o
estrangeiro, desnacionalizando a indústria e dragando para o exterior lucros indevidos.
É equívoco, fadado à catástrofe, o Estado absorver o homem e
a nação. A grandeza do homem é mais importante do que a grandeza do Estado,
porque a felicidade do homem é a obra-prima do Estado.
O Estado é o agente político da nação. Além disso e mais do
que isso, a nação é a língua, a tradição, a família, a religião, os costumes, a
memória dos que morreram, a luta dos que vivem, a esperança dos que nascerão.
Liberdade sem ordem e segurança é o caos. Em contraposição,
ordem e segurança sem liberdade é a permissividade das penitenciárias. As
penitenciárias modernas são minicidades, com trabalho remunerado, restaurante,
biblioteca, escola, futebol, cinema, jornais, rádio e televisão.
Os infelizes que as povoam têm quase tudo, mas não têm nada,
porque não têm a liberdade. Delas fogem, expondo a vida ou aguardam aflitos a
hora da libertação.
Do alto desta convenção, falo ao general Ernesto Geisel,
futuro chefe da nação.
As Forças Armadas têm como patrono Caxias e como exemplo
Eurico Gaspar Dutra, cidadãos que glorificaram suas espadas na defesa da lei e
na proteção à liberdade. O general Ernesto Geisel a elas pertence,
dignificou-as com sua honradez, delas sai para o supremo comando político e militar do Brasil.
A História assinalou-lhe talvez a última oportunidade para
ser instituído no Brasil, pela evolução, o governo da ordem com liberdade, do
desenvolvimento com justiça social, do povo como origem e finalidade do poder e
não seu objeto passivo e vítima inerme.
Difícil empresa, sem dúvida. Carregada de riscos, talvez.
Mas o perigo participa do destino dos verdadeiros soldados.
A estátua dos estadistas não é forjada pelo varejo da rotina
ou pela fisiologia do cotidiano.
Não é somente para entrar no céu que a porta é estreita,
conforme previne o evangelista São Mateus, no capítulo XXIII, versículo 24.
Por igual, é angustiosa a porta do dever e do bem, quando
deles depende a redenção de um povo. Esperemos que o presidente Ernesto Geisel
a transponha.
A oposição dará à próxima administração a mais alta, leal e
eficiente das colaborações: a crítica e a fiscalização.
Sabe, com humildade, que não é dona da verdade. A verdade
não tem proprietário exclusivo e infalível.
Porém sabe, também, que está mais vizinha dela e em melhores
condições para revelá-la aos transitórios detentores do poder, dela tantas
vezes desviados ou iludidos pelos tecnocratas presunçosos, que amaldiçoam e
exorcisam os opositores, pelos serviçais de todos os governos,
pelos que vitaliciamente apoiam e votam para agradar ao
príncipe.
A oposição oferece ao governo o único caminho que conduz à
verdade: a controvérsia, o diálogo, o debate, a independência para dizer sim ao bem e a coragem para dizer não ao mal, a democracia em uma
palavra.
Srs. Convencionais, do fundo do coração, digo-lhes que não
agradeço a indicação que consagra minha vida pública. Missão não se pede.
Aceita-se, para cumprir, com sacrifício e não proveito.
Como presidente nacional do Movimento Democrático
Brasileiro, agradeço-lhes, aí sim, o destemor e a determinação com que, ao sol,
aos ventos e desafiando ameaças, desfilam pela pátria o lábaro da liberdade.
Minha memória guardará as palavras amigas aqui proferidas,
permitindo-me reportar às da lavra dos grandes líderes senador Nélson Carneiro
e deputado Aldo Fagundes, parlamentares que têm os nomes perpetuados nos anais
e na admiração do Congresso Nacional.
Significo o reconhecimento do partido a Barbosa Lima
Sobrinho, por ter acudido a seu empenhado apelo.
Temporariamente deixou sua biblioteca e apartou-se da imprensa,
trincheiras do seu talento e de seu patriotismo, para exercer perante o povo o
magistério das franquias públicas, das garantias individuais e do nacionalismo.
Sua vida e sua obra podem ser erigidas em doutrina de nossa
pregação. Por fim, a imperiosidade do resgate da enorme injustiça que vitimou,
sem defesa, tantos brasileiros paladinos do bem público e da causa democrática.
Essa justiça é pacto de honra de nosso partido e seu nome é anistia.
Srs. Convencionais, a caravela vai partir. As velas estão
pandas de sonho, aladas de esperanças. O ideal está ao leme e o desconhecido se
desata à frente.
No cais alvoroçado, nossos opositores, como o Velho do
Restelo de todas as epopeias, com sua voz de Cassandra e seu olhar derrotista,
sussurram as excelências do imobilismo e a invencibilidade do establishment. Conjuram que é hora de ficar e
não de aventurar.
Mas, no episódio, nossa carta de marear não é de Camões e
sim de Fernando Pessoa ao recordar o brado:
“Navegar
é preciso.
Viver
não é preciso”.
Posto hoje no alto da gávea, espero em Deus que em breve
possa gritar ao povo brasileiro: Alvíssaras, meu capitão. Terra à vista! Sem
sombra, medo e pesadelo, à vista a terra limpa e abençoada da liberdade.
Fonte: Fundação Ulysses Guimarães
https://www.fundacaoulysses.org.br/blog/noticias/%E2%80%9Cnavegar-e-preciso-viver-nao-e-preciso%E2%80%9D/
file:///C:/Users/User/Downloads/ulysses_guimaraes.pdf





“Navegar é preciso. Viver não é preciso.”1

VI Convenção Nacional do MDB, em 21/9/1973, Brasília, DF.

Discurso de Ulysses, como presidente nacional do MDB, quando da aceitação de sua candidatura a presidente da República.

O paradoxo é o signo da presente sucessão presidencial brasileira.
Na situação, o anunciado como candidato em verdade é o presidente, não aguarda a eleição e sim a posse.
Na oposição, também não há candidato, pois não pode haver candidato a lugar de antemão provido. A 15 de janeiro próximo, com o apelido de “eleição”, o Congresso Nacional será palco de cerimônia de diplomação na qual senadores, deputados federais e estaduais da agremiação majoritária certificarão investidura outorgada com anterioridade.
O Movimento Democrático Brasileiro não alimenta ilusões quanto à homologação cega e inevitável, imperativo da identificação do voto ostensivo e da fatalidade da perda do mandato parlamentar, obra farisaica de pretenso Colégio Eleitoral em que a independência foi desalojada pela fidelidade partidária.
A inviabilidade da candidatura oposicionista testemunhará perante a nação e perante o mundo que o sistema não é democrático, de vez que tanto quanto dure este, a atual situação sempre será governo, perenidade impossível quando o poder é consentido pelo escrutínio direto, universal e secreto, em que a alternatividade de partidos é a regra, consoante ocorre nos países civilizados.
Não é o candidato que vai recorrer o país. É o anticandidato, para denunciar a antieleição, imposta pela anticonstituição que homizia o AI-5, submete o Legislativo e o Judiciário ao Executivo, possibilita prisões desamparadas pelo habeas corpus e condenações sem defesa, profana a indevassabilidade dos lares e das empresas pela escuta clandestina, torna inaudíveis as vozes discordantes, porque ensurdece a nação pela censura à imprensa, ao rádio, à televisão, ao teatro e ao cinema.

1 Luiz Gutemberg analisa o momento político em que foi pronunciado este discurso em “O grito de guerra: Pompeu, Pessoa ou Caetano Veloso?”, reproduzido no Anexo desta publicação.


No que concerne ao primeiro cargo da União e dos estados, dura e triste tarefa esta de pregar numa república que não consulta os cidadãos e numa democracia que silenciou a voz das urnas.
Eis um tema para o teatro do absurdo de Bertolt Brecht, que, em peça fulgurante, escarnece da insânia do arbítrio prepotente ao aconselhar que, se o povo perde a confiança do governo, o governo deve dissolver o povo e eleger um outro.
Não como campanha, pois isto equivaleria a tola viagem rumo ao impossível, a peregrinação da oposição pelo país perseguirá tríplice objetivo:
I – Exercer sem temor e sem provocação sua função institucional de crítica e fiscalização ao governo e ao sistema, clamando pela eliminação dos instrumentos e da legislação discricionários, com prioridade urgente e absoluta a revogação do AI-5 e a reforma da Carta Constitucional em vigor.
II – Doutrinar com o programa partidário, unanimemente aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, conscientizando o povo sobre seu conteúdo político, social, econômico, educacional, nacionalista, desenvolvimentista com liberdade e justiça social, o qual será realidade assim que o Movimento Democrático Brasileiro for governo, pelo sufrágio livre e sem intermediários do povo.
III – Concitar os eleitores, frustrados pela interdição, a 15 de janeiro de 1974, de eleger o presidente e o vice-presidente da República, para que a 15 de novembro do mesmo ano elejam senadores, deputados federais e estaduais da oposição, etapa fundamental para atuação e decisões parlamentares que conquistarão a normalidade democrática, inclusive número para propor emendas e reforma da Carta Constitucional de 1969 e a instalação de comissões parlamentares de inquérito, de cuja ação investigatória e moralizadora a presente legislatura se encontra jejuna e a atual administração imune, pela facciosa intolerância da maioria situacionista.
Hoje e aqui serei breve.
Somos todos cruzados da mesma cruzada. Dispensável, assim, pretender convencer o convicto, converter o cristão, predicar a virtude da liberdade a liberais, que pela fé republicana pagam o preço de riscos e sofrimentos.
Serei mais explícito e minudencioso ao longo da jornada, quando falarei também a nossos irmãos postados no outro lado do rio da democracia.
Aos que aí se situaram por opção ou conveniência, apostasia política mas rebelde à redenção.
Prioritariamente, aos que foram marginalizados pelo ceticismo e pela indiferença, notadamente os jovens e os trabalhadores, intoxicados por maciça e diuturna propaganda e compelidos a tão prolongada e implacável dieta de informações.
Quando a oposição clama pela reformulação das estruturas político-sociais e pela incolumidade dos direitos dos cidadãos, sua reiteração aflige os corifeus dos poderosos do dia.
Faltos de razão e argumentos, acoimam-na de fastidiosa repetição. Condenável é repetir o erro e não sua crítica. Saibam que a persistência dos abusos terá como resposta a pertinácia das denúncias.
Ressaltarei nesta convenção a liberdade de expressão, que é apanágio da condição humana e socorre as demais liberdades ameaçadas, feridas ou banidas.
A oposição reputa inseparáveis o direito de falar e o direito de ser ouvido.
É inócua a prerrogativa que faculta falar em Brasília, não podendo ser escutado no Brasil, porquanto a censura à imprensa, ao rádio e à televisão venda os olhos e tapa os ouvidos do povo. O drama dos censores é que se fazem mais furiosos quanto mais acreditam nas verdades que censuram. E seu engano fatal é presumir que a censura, como a mentira, pode exterminar os fatos, eliminar os acontecimentos, decretar o desaparecimento das ocorrência indesejáveis.
A verdade poderá ser temporariamente ocultada, nunca destruída. O futuro e a História são incensuráveis.
A informação, que abrange a crítica, é inarredável requisito de acerto para os governos verdadeiramente fortes e bem-intencionados, que buscam o bem público e não a popularidade. Quem, senão ela, poderá dizer ao chefe de Estado o que realmente se passa, às vezes de suma gravidade, na intimidade dos ministérios e dos múltiplos e superpovoados órgãos descentralizados?
Quem, senão ela, investigará e contestará os conselhos ineptos dos ministros, as falsas prioridades dos técnicos, o planejamento defasado dos assessores? Essa a sabedoria e o dimensionamento da prática com que o gênio político britânico enriqueceu o direito público: oposição do governo de Sua Majestade, ao governo de Sua Majestade.
A burocracia pode ser preguiçosa, descortês, incapaz e até corrupta. Não é exclusivamente na Dinamarca, em qualquer reino sempre há algo de podre. Rematada insânia tornar impublicáveis lacunas, faltas ou crimes, pois contamina a responsabilidade do governante que a ordena ou tolera.
Eis por que o poder absoluto, erigido em infalível pela censura, corrompe e fracassa absolutamente.
É axiomático, para finalizar, que sem liberdade de comunicação não há, em sua inteireza, oposição, muito menos partido de oposição.
Como o desenvolvimento é o desafio da atual geração, pois ou o Brasil se desenvolve ou desaparecerá, o Movimento Democrático Brasileiro, em seu programa, define sua filosofia e seu compromisso com a inadiável ruptura da maldita estrutura da miséria, da doença, do analfabetismo, do atraso tecnológico e político.
A liberdade e a justiça social não são meras consequências do desenvolvimento. Integram a condição insubstituível de sua procura, o pré-requisito de sua formulação, a humanidade de sua destinação. A liberdade e a justiça social conformam a face mais bela, generosa e providencial do desenvolvimento, aquela que olha para os despossuídos, os subassalariados, os desempregados, os ocupados em ínfimo ganhapão ocasional e incerto, enfim, para a imensa maioria dos que precisam para sobreviver, em lugar da escassa minoria dos que têm para esbanjar.
Este o desenvolvimento vivificado pelas liberdades roosevelteanas, inspiradoras da Carta das Nações Unidas, as que se propõem a libertar o homem do medo e da necessidade. É o perfilhado na encíclica Populorum Progressio, isto é, prosperidade do povo, não do Estado, que lhe é consectária, cunhando seu protótipo na sentença lapidar: o desenvolvimento é o novo nome da paz.
Desenvolvimento sem liberdade e justiça social não tem esse nome. É crescimento ou inchação, é empilhamento de coisas e valores, é estocagem de serviços, utilidades e divisas, estranha ao homem e a seus problemas.
Enfatize-se que desenvolvimento não é silo monumental e desumano, montado para guardar e exibir a mitologia ou o folclore do Produto Interno Bruto, inacessível tesouro no fundo do mar, inatingível pelas reivindicações populares.
É intolerável mistificar uma nação a pretexto de desenvolvê-la, rebaixá-la em armazém de riquezas, tendo como clientela privilegiada, senão exclusiva, o governo para custeio de tantas obras faraônicas e o poder econômico, particular ou empresarial, destacadamente o estrangeiro, desnacionalizando a indústria e dragando para o exterior lucros indevidos.
É equívoco, fadado à catástrofe, o Estado absorver o homem e a nação.
A grandeza do homem é mais importante do que a grandeza do Estado, porque a felicidade do homem é a obra-prima do Estado.
O Estado é o agente político da nação. Além disso e mais do que isso, a nação é a língua, a tradição, a família, a religião, os costumes, a memória dos que morreram, a luta dos que vivem, a esperança dos que nascerão.
Liberdade sem ordem e segurança é o caos. Em contraposição, ordem e segurança sem liberdade é a permissividade das penitenciárias. As penitenciárias modernas são minicidades, com trabalho remunerado, restaurante, biblioteca, escola, futebol, cinema, jornais, rádio e televisão.
Os infelizes que as povoam têm quase tudo, mas não têm nada, porque não têm a liberdade. Delas fogem, expondo a vida ou aguardam aflitos a hora da libertação.
Do alto desta convenção, falo ao general Ernesto Geisel, futuro chefe da nação.
As Forças Armadas têm como patrono Caxias e como exemplo Eurico Gaspar Dutra, cidadãos que glorificaram suas espadas na defesa da lei e na proteção à liberdade. O general Ernesto Geisel a elas pertence, dignificou-as com sua honradez, delas sai para o supremo comando político e militar do Brasil.
A História assinalou-lhe talvez a última oportunidade para ser instituído no Brasil, pela evolução, o governo da ordem com liberdade, do desenvolvimento com justiça social, do povo como origem e finalidade do poder e não seu objeto passivo e vítima inerme.
Difícil empresa, sem dúvida. Carregada de riscos, talvez. Mas o perigo participa do destino dos verdadeiros soldados.
A estátua dos estadistas não é forjada pelo varejo da rotina ou pela fisiologia do cotidiano.
Não é somente para entrar no céu que a porta é estreita, conforme previne o evangelista São Mateus, no capítulo XXIII, versículo 24.
Por igual, é angustiosa a porta do dever e do bem, quando deles depende a redenção de um povo. Esperemos que o presidente Ernesto Geisel a transponha.
A oposição dará à próxima administração a mais alta, leal e eficiente das colaborações: a crítica e a fiscalização.
Sabe, com humildade, que não é dona da verdade.
A verdade não tem proprietário exclusivo e infalível.
Porém sabe, também, que está mais vizinha dela e em melhores condições para revelá-la aos transitórios detentores do poder, dela tantas vezes desviados ou iludidos pelos tecnocratas presunçosos, que amaldiçoam e exorcisam os opositores, pelos serviçais de todos os governos, pelos que vitaliciamente apoiam e votam para agradar ao príncipe.
A oposição oferece ao governo o único caminho que conduz à verdade: a controvérsia, o diálogo, o debate, a independência para dizer sim ao bem e a coragem para dizer não ao mal, a democracia em uma palavra.
Srs. Convencionais, do fundo do coração, digo-lhes que não agradeço a indicação que consagra minha vida pública. Missão não se pede. Aceita-se, para cumprir, com sacrifício e não proveito.
Como presidente nacional do Movimento Democrático Brasileiro, agradeço-lhes, aí sim, o destemor e a determinação com que, ao sol, aos ventos e desafiando ameaças, desfilam pela pátria o lábaro da liberdade.
Minha memória guardará as palavras amigas aqui proferidas, permitindo-me reportar às da lavra dos grandes líderes senador Nélson Carneiro e deputado Aldo Fagundes, parlamentares que têm os nomes perpetuados nos anais e na admiração do Congresso Nacional.
Significo o reconhecimento do partido a Barbosa Lima Sobrinho, por ter acudido a seu empenhado apelo.
Temporariamente deixou sua biblioteca e apartou-se da imprensa, trincheiras do seu talento e de seu patriotismo, para exercer perante o povo o magistério das franquias públicas, das garantias individuais e do nacionalismo.
Sua vida e sua obra podem ser erigidas em doutrina de nossa pregação.
Por fim, a imperiosidade do resgate da enorme injustiça que vitimou, sem defesa, tantos brasileiros paladinos do bem público e da causa democrática. Essa justiça é pacto de honra de nosso partido e seu nome é anistia.
Srs. Convencionais, a caravela vai partir. As velas estão pandas de sonho, aladas de esperanças. O ideal está ao leme e o desconhecido se desata à frente.
No cais alvoroçado, nossos opositores, como o Velho do Restelo de todas as epopeias, com sua voz de Cassandra e seu olhar derrotista, sussurram as excelências do imobilismo e a invencibilidade do establishment. Conjuram que é hora de ficar e não de aventurar.
Mas, no episódio, nossa carta de marear não é de Camões e sim de Fernando Pessoa ao recordar o brado:

“Navegar é preciso. Viver não é preciso”.

Posto hoje no alto da gávea, espero em Deus que em breve possa gritar ao povo brasileiro: Alvíssaras, meu capitão. Terra à vista!
Sem sombra, medo e pesadelo, à vista a terra limpa e abençoada da liberdade.
file:///C:/Users/User/Downloads/ulysses_guimaraes%20(1).pdf






Navegar é preciso - Lula Pena (Os argonautas, de Caetano Veloso )
https://www.youtube.com/watch?v=tlPIf5vCvgc





 Lula é diminutivo de Maria de Lurdes, Pena é nome de família. 
Nascimento: 15 de maio de 1974 (idade 46 anos), Lisboa, Portugal
Gênero: Fado
Fonte: Wikipédia








Fado Tropical
Chico Buarque / Ruy Guerra
https://www.letras.mus.br/chico-buarque/71165/

Ruy Guerra nasceu a 22/08/1931 em Moçambique, colônia africana portuguesa às margens do Oceano Índico.
Fonte: http://www.ruyguerra.com.br/






Referências




https://acervo.oglobo.globo.com/incoming/20243124-f03-1a6/imagemHorizontalFotogaleria/Ulysses.jpg 
https://youtu.be/P0vKUqnAiwM
https://www.youtube.com/watch?v=P0vKUqnAiwM
file:///C:/Users/User/Downloads/ulysses_guimaraes.pdf
https://youtu.be/41UPRrRYQnM
"Navegar é Preciso" - Fernando Pessoa
https://www.youtube.com/watch?v=41UPRrRYQnM
https://youtu.be/1sXg-XcP9wM
https://www.letras.mus.br/caetano-veloso/44761/
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/opatriota/patriota_1813_1_n4.pdf
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/11/08/ilustrada/43.html
https://www.conjur.com.br/2020-jul-21/kakay-lava-jato-executivo-sao-irmaos-siameses-projeto-poder
https://www.conjur.com.br/2020-jul-21/kakay-lava-jato-executivo-sao-irmaos-siameses-projeto-poder
https://www.fundacaoulysses.org.br/blog/noticias/%E2%80%9Cnavegar-e-preciso-viver-nao-e-preciso%E2%80%9D/
file:///C:/Users/User/Downloads/ulysses_guimaraes.pdf
file:///C:/Users/User/Downloads/ulysses_guimaraes%20(1).pdf
https://youtu.be/tlPIf5vCvgc
https://www.youtube.com/watch?v=tlPIf5vCvgc
https://youtu.be/VHQFmBrjLCM
https://www.letras.mus.br/chico-buarque/71165/
http://www.ruyguerra.com.br/

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