sábado, 4 de julho de 2020

É uma lereia?







Da transcendência que não se realiza




Lamento das coisas




Decotelli era o Eça de Bolsonaro; Que era o Bolsonaro de Queiroz; Que era o Queiroz do Anjo; Que era o Anjo dos Anjos; Que eram os Anjos do Augusto; Que era o Augusto do Nada.






Bruno Rossi | Versos Íntimos | Augusto dos Anjos
https://www.youtube.com/watch?v=RmR515JkMpA&feature=youtu.be




sábado, 4 de julho de 2020
Sérgio Augusto - Dedo podre

- O Estado de S.Paulo

Só deixei de torcer pelo ministro Porcina (aquele que foi sem nunca ter sido) ao ver entrevista

Circunscrito a um reduzido círculo de conhecimentos (infestado de ineptos, inaptos e bandidos) e à mercê das preferências de dois grupos de pressão superficialmente conflitantes – os militares e os olavistas – Bolsonaro continua fazendo as escolhas mais calamitosas inimagináveis. Além do dedo podre, repito, não tem quadros.

A cada ministro ou secretário demitido, ninguém mais se pergunta “quem será o sucessor?”, mas “que outro estupor ele irá convidar?”. Um estrupício caitituado pela militância ou sugerido pela milicância, favorecido pela ala ideológica ou pela ala verde-oliva? Essa distinção em alas, aliás, é uma lereia. Por que só alas e não facções e grupelhos? Ala, só a das baianas; mais respeito com elas e o carnaval.

Deveria ter soado alvissareira a escolha do professor Carlos Alberto Decotelli. Não fora indicado pelos apparatchiks da ultradireita da Virginia, parecia homem sério, preparado e equilibrado, um antípoda do Weintraub. A negritude, até então apenas representada no governo por Hélio Negão, um Lothar sem Mandrake, noves fora o défroqué noir Sérgio Camargo, também contava a seu favor. Afinal seria o primeiro afrodescendente alçado a ministro da Educação desde a criação do ministério na República Nova. Acabou sendo, coitado, o único ministro da Educação demitido antes de tomar posse.

Mesmo convicto de que qualquer pessoa se desmoraliza ao aceitar integrar o atual governo, torci para Decotelli conseguir provar os doutorados e distinções que dizia ter.

É que sua figura me trouxe à lembrança um professor de Latim do Colégio Pedro II, José Pompílio da Hora, sujeito preparadíssimo, também mestre em grego, filosofia e história, formado em direito pela Universidade de Nápoles, daí o leve sotaque italianado que nunca perdeu e lhe conferia um ar meio solene, quase pedante.

Pompílio da Hora era negro e por duas vezes no início da década de 1950 teve sua entrada no Itamaraty frustrada pelo que então chamavam de “preconceito de cor”. Não guardou rancor, nem se entregou à autocomiseração. Esse episódio de racismo marcou minha adolescência, de maneira indelével, como se pode notar.

Prof. Pompílio protegia descaradamente as meninas da turma, descascava os rapazes, e me fez decorar e traduzir, de castigo, os primeiros versos da Eneida (“Arma virumque cano...”, canto as armas e o varão), enquanto lubrificava a garganta com pastilhas Valda, seu único vício público. Pensei nele, no racismo do Itamaraty e só fui deixar de torcer pelo ministro Porcina (aquele que foi sem nunca ter sido) ao assistir àquela fatídica entrevista que ele deu à Globo News no início da semana.

Achei-o antipático, presunçoso, pernóstico e enrolador. Cheguei a desconfiar que a mídia o estivesse tratando com mais rigor que o dispensado aos cascateiros brancos do governo (Ricardo “Yale” Salles, Damares, o próprio Weintraub), com seus turbinados currículos acadêmicos, mas, em vez de ficar ruminando sobre um eventual viés racista da imprensa (e da Fundação Getúlio Vargas) em relação a Decotelli, preferi assuntar a presença dos negros na carreira diplomática e o comportamento deplorável de antigos ministros da Educação.

Nosso primeiro embaixador negro, Raimundo Sousa Dantas, foi uma ousada invenção de Jânio Quadros. Sua nomeação para representar o Brasil em Gana (África), em 1961, gerou resistência entre diplomatas e intelectuais brasileiros. Se hoje ainda só temos 5% de negros na carrière, assim mesmo graças a uma política de cotas e bolsas de estudos relativamente recente, imagine 60 anos atrás. Hoje Pompílio da Hora seria até embaixador, como Jackson Luiz Lima Oliveira, que já nos representou em Zâmbia e na Nigéria, e conhece a fundo a influência do racismo estrutural no Itamaraty.

Como teria sido Decotelli à frente da Educação é curiosidade que jamais será satisfeita. Pior do que seus dois antecessores (Ricardo Vélez Rodriguez e Abraham Weintraub) não seria, mas não consigo imaginá-lo ao nível do que Ney Braga e Eduardo Portella, sobretudo o segundo, conseguiram ser no governo Geisel.

É possível entender as razões do estado deplorável do ensino, e não só do ensino, no Brasil pela trajetória dos que assumiram o ministério da Educação desde sua criação em 1930. Seu primeiro ocupante, Francisco Campos, foi quem redigiu, em 1937, a Constituição do Estado Novo e, em 1964, os dois primeiros atos institucionais da ditadura militar.

Em 20 anos de ditadura, tivemos 10 ministros da Educação e dois interinos, nenhum naturalizado (como o colombiano Vélez), nem palhaço (como Weintraub), uns mais, outros menos afinados com os “ideais revolucionários” do regime. Os quatro primeiros (Luiz Antônio da Gama e Silva, Flávio Suplicy de Lacerda, Moniz de Aragão e Tarso Dutra) foram de lascar.

Gama e Silva ganhou o cargo pela limpeza ideológica que fizera, quando reitor da USP, banindo de seu corpo docente os professores Florestan Fernandes, Mario Schenberg, Octavio Ianni, Paul Singer, Fernando Henrique Cardoso e outros “esquerdistas”. Quatro anos depois poria sua sapiência jurídica a serviço da redação do AI-5.

Suplicy de Lacerda notabilizou-se por um acordo de cooperação do MEC com a Agência de Desenvolvimento dos EUA (Usaid), que visava transformar o ensino brasileiro num projeto tecnocrático e foi levado adiante por Tarso Dutra, que pegou pela proa as revoltas estudantis de 1967-69, motor e flecha da Passeata dos 100 Mil e outras decisivas manifestações de repúdio à ditadura. Por ser jurista, como Gama e Silva, encarregaram-no de revisar o texto do AI-5.

Não podia dar muito certo um ministério historicamente mais preocupado com a repressão do que com a educação.
https://gilvanmelo.blogspot.com/2020/07/sergio-augusto-dedo-podre.html#more









AUGUSTO DOS ANJOS




Nasceu a 20 Abril 1884
(Cruz do Espírito Santo, Paraíba, Brasil)
Morreu em 12 Novembro 1914
(Leopoldina, Minas Gerais, Brasil)
Augusto dos Anjos foi poeta brasileiro. Sua obra é extremamente original. É considerado um dos poetas mais críticos de sua época.


ETERNA MÁGOA



O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!

Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.

Sabe que sofre, mas o que não sabe
E que essa mágoa infinda assim não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda

Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!
https://www.escritas.org/pt/t/10884/eterna-magoa









André Morais | Lamento das Coisas | Poesia de Augusto dos Anjos

André Morais recita poema Lamento das Coisas do livro 'Eu e outras Poesias' de Augusto dos Anjos
Série Poética Eu Lírico | Um Poema por Semana | Se inscreva no canal e acompanhe.

Triste, a escutar, pancada por pancada,
A sucessividade dos segundos,
Ouço, em sons subterrâneos, do Orbe oriundos,
O choro da energia abandonada!

É a dor da Força desaproveitada,
- O cantochão dos dínamos proofundos,
Que, podendo mover milhões de mundos,
Jazem ainda na estática do Nada!

É o soluço da forma ainda imprecisa...
Da transcendência que não se realiza...
Da luz que não chegou a ser lampejo...

E é em suma, o subconsciente aí formidando
Da natureza que parou, chorando,
No rudementarismo do Desejo!

Direção, Iluminação, Montagem e Finalização Audiovisual: André Morais
https://www.youtube.com/watch?v=Y5gowIYCcZ0




Hesitante, Bolsonaro flerta com erro na Educação







Josias de Souza
Colunista do UOL
03/07/2020 19h44


A máquina bolsonarista de moer reputações foi acionada contra Renato Feder, primeiro nome na fila de opções de Jair Bolsonaro para o posto de ministro da Educação. A mão que aciona o moedor é a de Olavo de Carvalho, o hipotético filósofo que a família Bolsonaro trata como guru. O professor enfrenta resistências também do bolsonarismo evangélico.

Em meio à trituração, Bolsonaro balança. E Feder foge dos holofotes. Costuma-se dizer que o lado bom dos erros é que eles trazem ensinamentos. Bolsonaro se comporta como se tivesse tomado gosto pelo processo. Aprende tanto com seus erros que está sempre disposto a cometer mais alguns. No Ministério da Educação, essa opção preferencial pelo erro chegou ao limite.

Confirmando-se a escolha, Feder será o quarto ministro da Educação em um ano e meio de gestão Bolsonaro. Não se sabe se dará certo. Mas, na pior hipótese, iria à poltrona como um erro diferente. O que representaria um avanço extraordinário no atual cenário.

O novo ministro, seja quem for, terá de executar rapidamente duas tarefas. A primeira é retirar o MEC da sarjeta ideológica. Nesse ponto, basta se comportar como um anti-Weintraub. E se preparar para resistir aos açoites de uma ala ideológica que se caracteriza pela ausência de ideias.

A segunda tarefa é levar à vitrine algo que se pareça com uma política educacional. Isso inclui uma agenda emergencial e outra estrutural. A emergência passa por um entendimento com o Congresso, para renovar o Fundeb, principal fundo de financiamento da educação. Inclui também a negociação com estados e municípios para planejar a reposição do ensino que a pandemia impediu que os alunos tivessem neste ano.

A queda-relâmpago de Carlos Decotelli, penúltimo fiasco de Bolsonaro no MEC, recomenda que a escolha de Renato Feder seja mantida no condicional até sua efetivação no cargo. Mas vale realçar algumas curiosidades.

Primeiro, Feder seria um troco nos militares do Planalto, que avalizaram o currículo fake de Decotelli. Os generais palacianos preferiam agora Anderson Correia, atual reitor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).

A segunda curiosidade é o esforço de Bolsonaro para mimar o centrão, que adorou a presumível escolha de Feder. Resta saber se Bolsonaro concederá a si mesmo a chance de errar diferente.
https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/07/03/hesitante-bolsonaro-flerta-com-erro-na-educacao.htm




Câmara suspende por 90 dias mandato de Lereia
MARIANA HAUBERT
DE BRASÍLIA
23/04/2014  19h50 - Atualizado às 21h14
O plenário da Câmara aprovou na noite desta quarta-feira (23) a suspensão do mandato do deputado Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO) por 90 dias devido ao seu envolvimento com o empresário Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar um esquema de corrupção. A decisão foi aprovada por 353 deputados, sendo que 26 votaram contrariamente, em votação aberta.
Lereia é o primeiro deputado a receber uma sanção alternativa. Anteriormente, o regimento da Câmara previa apenas a cassação do mandato. Agora, um deputado investigado pode receber sanções que vão desde uma advertência formal até a perda do cargo. A punição é decidida pelo Conselho de Ética.
O relatório votado pelos deputados foi aprovado pelo colegiado em setembro do ano passado. Inicialmente, o parecer enviado ao colegiado pela Mesa Diretora da Casa pedia a cassação do mandato. Por isso, se os deputados rejeitassem o parecer pela suspensão, eles teriam que votar em seguida o relatório da Mesa Diretora. Durante a discussão da matéria, alguns deputados chegaram a defender a rejeição da proposta de suspensão para que fosse possível votar o pedido de cassação.






Sérgio Lima/Folhapress
O deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), durante a votação da suspensão de seu mandato



Durante a sessão, Lereia discursou na tribuna e afirmou que nunca negou ser amigo de Cachoeira. "Jamais omiti ou menti sobre essa relação", disse. Para ele, o fato de Cachoeira ser dono de laboratórios, que necessitam de diversas aprovações do poder público, demonstravam que ele era uma pessoa séria.
Após a proclamação do resultado, Lereia apresentou um pedido de licença para tratar de assuntos particulares por 40 dias a serem contados a partir do fim da suspensão. Dessa forma, o suplente da coligação será convocado.
Trata-se de Valdivino José de Oliveira, do PSDB de Goiás. Desde 2011, ele já assumiu o mandato de deputado por 7 vezes.
No período de afastamento, Lereia não receberá salário e benefícios e terá que abrir mão da verba de gabinete paga a todos os deputados. Ele também terá que demitir os funcionários do seu gabinete, que poderão ser recontratados quando ele voltar ao mandato.
No ano passado, os deputados do Conselho de Ética aprovaram o relatório do deputado Sérgio Brito (PSD-BA) que considerou censurável a "estreita relação de amizade" entre Lereia e Cachoeira. Na avaliação do relator, as diversas gravações telefônicas entre o deputado, Cachoeira e pessoas ligadas a ele, colocaram em dúvidas seus atos e a seriedade do próprio Parlamento. 
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/04/1444525-camara-suspende-por-90-dias-mandato-de-lereia.shtml







Referências




https://youtu.be/RmR515JkMpA
https://www.youtube.com/watch?v=RmR515JkMpA&feature=youtu.be
https://gilvanmelo.blogspot.com/2020/07/sergio-augusto-dedo-podre.html#more
https://www.escritas.org/autores/augusto-dos-anjos.jpg
https://www.escritas.org/pt/t/10884/eterna-magoa
https://youtu.be/Y5gowIYCcZ0
https://www.youtube.com/watch?v=Y5gowIYCcZ0
https://conteudo.imguol.com.br/c/parceiros/49/2020/07/03/renato-feder-cotado-para-assumir-o-ministeacuterio-da-educaccedilatildeo-do-governo-bolsonaro-1593783052223_v2_900x506.jpg
https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/07/03/hesitante-bolsonaro-flerta-com-erro-na-educacao.htm
http://f.i.uol.com.br/folha/poder/images/14113747.jpeg
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/04/1444525-camara-suspende-por-90-dias-mandato-de-lereia.shtml

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