domingo, 8 de maio de 2016

De Portugal ao Brasil

Isabel Portuguesa na Vila de Noel Brasileiro

Passeio Musical pelas calçadas de pedras portuguesas da Vila brasileira de Noel Rosa





Rainha Santa Isabel na entrada da Universidade de Coimbra

Em Portugal, a calçada portuguesa sofreu um grande impulso após o Renascimento e, sobretudo, com a reconstrução de Lisboa, após o terramoto de 1755. A calçada portuguesa constitui uma forma tradicional de tratamento do espaço urbano que, assumindo valor estetico genuino, nao pode deixar de ser considerada como uma verdadeira manifestação da cultura nacional.
A calçada portuguesa ou mosaico é o nome consagrado de um determinado tipo de pavimentação de passeios e dos espaços públicos de uma forma geral. Este tipo de passeio é muito utilizado em países, regiões, estados ou cidades com o conjunto de identidades culturais da língua portuguesa como Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e por diversas pessoas e comunidades em todo o mundo.
A calçada portuguesa resulta do calcetamento com pedras de formato irregular, geralmente de calcário e basalto, que podem ser usadas para formar padrões decorativos pelo contraste entre as pedras de distintas cores. As cores mais tradicionais são o preto e o branco, embora sejam populares também o castanho e o vermelho. Em certas regiões brasileiras, porém, é possível encontrar pedras em azul e verde. Nos Açores, onde o basalto predomina, criando um mosaico do mais puro negro brilhante.
A calçada portuguesa, conforme a conhecemos, foi empregada pela primeira vez em Lisboa no ano de 1842. O trabalho foi realizado por presidiários, chamados “grilhetas”, a mando do Governador de Armas do Castelo de São Jorge, Tenente-General Eusébio Cândido Furtado. O desenho utilizado nesse pavimento foi de um traçado simples (tipo zig-zag) mas, para a época, a obra foi de certa forma insólita que motivou versos satíricos dos cronistas portugueses e levou o escritor Almeida Garrett a mencioná-la no romance O Arco de Sant’Anna.
Após este primeiro acontecimento, foram concedidas verbas a Eusébio Furtado para que os seus homens pavimentassem toda a área da Praça do Rossio, uma das zonas mais conhecidas e mais centrais de Lisboa – numa extensão de 8.712 metros quadrados. A calçada portuguesa rapidamente se espalhou por todo o país e colônias, subjacente a um ideal de moda e de bom gosto, tendo-se apurado o sentido artístico, que foi aliado a um conceito de funcionalidade, originando autênticas obras-primas para a (re)qualificação dos espaços públicos,. A preferência pelas pedras confere uma espécie de alternativa aos seixos, que eram de uso comum nos átrios das casas, dos conventos e palácios. As jazidas estavam disponíveis nos maciços na periferia da capital portuguesa composta por pedras de formato irregular, talhadas em forma cúbica, assentes em areia e dispostas em padrões decorativos, tirando partido do contraste entre as pedras de distintas cores.
Em Portugal, os trabalhadores especializados na colocação desse tipo de calçada são os mestres calceteiros. No Brasil, foi um dos mais populares materiais utilizados pelo paisagismo do século XX, devido à sua flexibilidade de montagem e de composição plástica. A sua aplicação pode ser aferida em projetos como o do famoso calçadão da Praia de Copacabana (de Roberto Burle Marx) ou nos espaços da antiga Avenida Central, no Rio de Janeiro, e na Avenida Paulista, em São Paulo.
Atualmente tornou-se um padrão de pavimentação de zonas pedonais, um pouco espalhada por todo o mundo de onde encontramo-la também em todos os Países de Língua Oficial Portuguesa (as antigas colônias), como reminiscência cultural lusitana.
Em 1986, foi criada a Escola de Calceteiros da Câmara Municipal de Lisboa, situada na Quinta Conde dos Arcos. Da autoria de Sérgio Stichini, em Dezembro de 2006, foi inaugurado também um monumento ao calceteiro, na Rua da Vitória, entre as Rua da Prata e Rua dos Douradores, em Lisboa.






Das sarjetas brasileiras da Vila de Isabel para as calçadas portuguesas da Vila de Noel




A VILA NÃO QUER ABAFAR NINGUÉM, SÓ QUER MOSTRAR QUE FAZ CALÇADAS TAMBÉM
FEITIÇO DA VILA


João Batista Vianna Drumond, o Barão de Drumond, natural de Minas Gerais, entrou para a história do Brasil por ter criado o jogo do bicho, uma contravenção centenária que se espalhou por todo o território nacional, a partir do Rio de Janeiro, onde o aristocrata do Império morou a maior parte de sua vida. Mas o jogo do bicho não nasceu como contravenção. Muito ao contrário, o Barão foi o responsável pela formação do primeiro Jardim Zoológico da cidade e, para estimular a visitação ao local onde foi instalado, criou uma loteria premiando quem havia comprado ingresso para ver os bichos. O que fizeram depois com isso é outra história.


ERNESTO NAZAREH

APANHEI-TE CAVAQUINHO



A visão empresarial do Barão exibe seu descortino a partir de 1871, quando manifesta interesse na exploração da Fazenda do Macaco, uma área que Dom Pedro I presenteara a sua segunda esposa, a Imperatriz Amélia de Leuchtenberg, uma princesa bávara, neta da Imperatriz Josefina, mulher de Napoleão. Logo, o Barão obteve concessão para instalar uma linha de ferro carril ligando o centro da cidade do Rio de Janeiro às terras da fazenda. Conseguida a concessão, foi ainda mais longe: propôs à Corte a compra da fazenda com a intenção de fazer ali um bairro novo – a Vila Isabel –, nome escolhido em homenagem à filha do Imperador Dom Pedro II.

Uma companhia urbanizadora foi criada pelo Barão, que decidiu fazer da Vila um bairro de linhas modernas semelhantes às de Paris. Um grande eixo foi traçado em forma de avenida, arborizada no centro. Assim nasceu o Boulevard 28 de Setembro – Boulevard por ser uma avenida de estilo francês e 28 de Setembro por ser o dia em que a Princesa Isabel assinou a lei do Ventre Livre, que tornava livres todos os filhos de escravos nascidos a partir daquela data.

ARY BARROSO

AQUARELA DO BRASIL

Deve-se ao arquiteto Orlando Madalena a idéia genial, lançada em 1964, de construir em Vila Isabel, berço do samba, as chamadas “calçadas musicais", a pretexto de continuar as comemorações do quarto centenário da cidade do Rio de Janeiro.

Era uma idéia simples, mas de uma originalidade sem limites: desenhar com pedras portuguesas, nas calçadas do bairro, as pautas musicais dos autores que marcaram época na música popular brasileira até então, a começar por Chiquinha Gonzaga e com destaque especial para Noel Rosa, o grande compositor da Vila.
ORESTES BARBOSA

CHÃO DE ESTRELAS
O que não faz uma idéia! E pensar que tudo começou quando o arquiteto apresentou a proposta em uma reunião do Lions Clube de Vila Isabel e ela foi logo aprovada por unanimidade. Logo se formou uma comissão de trabalho, que deu ao compositor "Almirante" a incumbência de selecionar as músicas, ao maestro "Carioca" a missão de simplificar as partituras e ao arquiteto Hugo Ribeiro a elaboração do projeto decorativo das calçadas. Depois, foi só procurar a  Prefeitura carioca, que assumiu o projeto e entrou com as pedras e os calceteiros – esses ilustres anônimos que tanto deram de seu esforço e talento para moldar nas calçadas brasileiras as melhores páginas da arte musiva nacional.

Vale uma visita ao local, que é um espaço riquíssimo e de grata memória do Rio antigo. E relembrar Chiquinha Gonzaga: “Ó abre-alas, que eu quero passar”.

JURA

SINHÔ




ter·ra·mo·to |ó|
(latim terrae motus, movimento de terra)
substantivo masculino
1. [Geologia]  Libertação súbita de energia que provoca movimentos da superfície terrestre. = ABALO SÍSMICO, SISMO, TREMOR DE TERRA
2. Grande perturbação.

Sinônimo Geral: TERREMOTO
Palavras relacionadas: 
.

"terramoto", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/terramoto [consultado em 08-05-2016].

cal·ce·tei·ro 
substantivo masculino
1. Aquele que trabalha no empedramento de estradas, ruas, etc.
2. [Antigo]  Fabricante de calças.
Palavras relacionadas: 
.

"calceteiro", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/calceteiro [consultado em 08-05-2016].

cal·ce·ta·men·to 
substantivo masculino
.Ato ou efeito de calcetar.
Palavras relacionadas: 
.

cal·ce·tar - Conjugar
verbo transitivo
1. Calçar.
2. Empedrar.
Palavras relacionadas: 
.

"calcetamento", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/calcetamento [consultado em 08-05-2016].

pe·do·nal
(latim medieval pedo, -onis, que tem pés grandes, que vai a pé + -al)
adjetivo de dois gêneros
1. Relativo a pedestre.
2. Que só pode ser percorrido a pé. = PEDESTRE
Palavras relacionadas: 
.
2
Parecidas
Palavras vizinhas

"pedonal", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/pedonal [consultado em 08-05-2016].





Nenhum comentário:

Postar um comentário