sexta-feira,
6 de maio de 2016
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Os 11 ministros referendaram decisão de Teori Zavascki de afastar deputado da
presidência da Câmara e também suspender seu mandato
Gustavo
Aguiar e Isadora Peron - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA
- O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou nesta quinta-feira, 5, por
unanimidade, a decisão do ministro Teori Zavascki de afastar o deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara e também suspender seu mandato
eletivo. Todos os 11 ministros participaram do julgamento.
A
decisão da Corte partiu de um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, feito em dezembro de 2015. Para Janot, o peemedebista usava o cargo para
atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato e a análise do processo de
cassação de seu mandato no Conselho de Ética da Câmara.
Os
ministros destacaram em seus votos que essa decisão se tratava de uma situação
excepcional, não uma interferência do Supremo no funcionamento do Poder
Legislativo.
"Afastar
Cunha é uma decisão drástica, para lá de incomum. Esta decisão trata-se de uma
excepcionalidade, não é um instrumento de valoração de um Poder sobre outro”,
defendeu Dias Toffoli.
A
ministra Cármen Lúcia também destacou que a situação era
"excepcionalíssima" e que essa decisão não poderia se popularizar.
“Não havia outra solução”, disse.
Gilmar
Mendes disse que decisões como essa não poderiam se tornar “matéria do
cotidiano”, mas aproveitou o seu voto para criticar Cunha. "O que marca o
Estado de Direito é que justamente não existem soberanos", afirmou.
Em
um voto breve, Luís Roberto Barroso elogiou a decisão de Teori sobre o caso e
afirmou: "Eu não quero viver em outro País, eu quero viver em outro
Brasil".
Após
a maioria dos ministros votarem pelo afastamento de Cunha, uma queima de fogos
na área da Praça dos Três Poderes pode ser ouvida pelo plenário do Supremo.
Demora. Diante
das críticas de que o Supremo demorou para analisar o caso, Teori justificou a
demora para tomar uma decisão ao fato de a Procuradoria-Geral da República ter
enviado o pedido de afastamento às vésperas do recesso do Judiciário, quando os
ministros saíram de férias. O ministro também argumentou que muitos fatos
contra Cunha só foram revelados depois do pedido feito por Janot.
A
pressão sobre os ministros do Supremo aumentou diante da possibilidade de Cunha
passar a ser o primeiro na linha sucessória da Presidência da República com a
confirmação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado.
Diante
da inércia da Corte, a Rede Sustentabilidade entrou com uma ação no Supremo
para pedir o afastamento de Cunha, alegando que alguém que já é réu numa ação
penal na Corte não poderia assumir o mais alto cargo do País.
A
ação, relatada pelo ministro Marco Aurélio Mello, foi pautada para esta quinta.
Mas
Teori se antecipou e resolveu deferir a liminar afastando Cunha. Segundo
assessores, o ministro tinha receio de o plenário optar por uma solução mais
branda, que só proibisse o peemedebista de integrar a linha sucessória.
O
presidente do STF, Ricardo Lewandowski, defendeu o tempo que a Corte levou para
analisar o caso. “O tempo do Tribunal não é o tempo da política, nem é o tempo
da mídia. Nós temos ritos e prazos que temos que observar”, disse.
Teori. Em
sua decisão, Teori defendeu que a permanência Cunha na presidência da Câmara e
exercendo a função de deputado representaria risco às investigações em curso
contra ele no STF. "Está claro, pelos elementos trazidos, que há indícios
de que o requerido, na sua condição de parlamentar e, mais ainda, de Presidente
da Câmara dos Deputados, tem meios e é capaz de efetivamente obstruir a
investigação, a colheita de provas, intimidar testemunhas e impedir, ainda que
indiretamente, o regular trâmite da ação penal em curso no Supremo Tribunal
Federal, assim como das diversas investigações existentes nos inquéritos
regularmente instaurados", afirmou Teori.
O
ministro também argumentou que alguém que já é réu no STF não pode permanecer
na linha sucessória da Presidência da República. "Não há a menor dúvida de
que o investigado não possui condições pessoais mínimas para exercer, neste
momento, na sua plenitude, as responsabilidades do cargo de Presidente da
Câmara dos Deputados, pois ele não se qualifica para o encargo de substituição
da Presidência da República, já que figura na condição de réu.”
Em
março, o STF aceitou uma denúncia e transformou o peemedebista em réu uma ação
da Lava Jato. Cunha também responde a outra denúncia além de três inquéritos.
Há ainda três outros pedidos de investigação contra o peemedebista que esperam
a autorização do Supremo para serem iniciados. Em um deles, Cunha é apontado
como um dos líderes de uma célula criminosa que atuava em Furnas, num esquema
semelhante ao que está sendo investigado na Petrobrás.
A
decisão do STF suspende as atividades parlamentares de Cunha, mas não retira as
prerrogativas que o peemedebista tem como deputado. Deste modo, Cunha continua
com foro privilegiado, ou seja, com a prerrogativa de ser investigado e
processado criminalmente pelo Supremo e não pela justiça de primeiro grau. Ao
final do julgamento, Lewandowski afirmou que a cassação do mandato de Cunha é
uma decisão que caberá à Câmara dos Deputados.
Apesar
de já ter decidido afastar Cunha, os ministros ainda terão de discutir uma ação
proposta pela Rede Sustentabilidade. A medida fala em uma tese geral de proibir
tanto o presidente da Câmara quanto do Senado a permanecer na linha sucessória
caso se torne réu no STF. Os ministros, no entanto, decidiram adiar o
julgamento sobre essa questão.
sexta-feira,
6 de maio de 2016
•
Em breve entrevista após julgamento do STF que determinou, por unanimidade, sua
suspensão, o presidente da Câmara afastado afirmou ainda que estranha e vai
contestar decisão
Julia Lindner e Valmar Hupsel Filho
- O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA
- O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sugeriu que a
decisão de suspensão de seu mandato, aprovada de forma unânime na noite desta
quinta-feira, 5, entre os ministros do Supremo Tribunal Federal, foi uma
retaliação a sua condução no processo que considerou a admissibilidade do
pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "É óbvio que é uma
perseguição política do PT que gosta de buscar companhia no banco dos
réus", disse ele em entrevista concedida na residência oficial da
presidência da Câmara, logo após a definição no Supremo. Segundo o
peemedebista, essa reação já era mais que esperada.
Para
Cunha, a decisão é uma intervenção "clara e nítida" do Judiciário no
Legislativo. "Isso faz parte de uma intervenção clara e nítida que foi
feita no Poder Legislativo, a tal ponto que no próprio voto do ministro Teori
diz que não tem previsão na Constituição para o afastamento do presidente da
Câmara e para a suspensão de mandato. Ele realça isso ao final do seu voto, ele
mesmo diz que foi feita uma construção. Repare que há pouco tempo o senador
Delcídio Amaral (sem partido-MS) teve a sua prisão decretada e não foi suspenso
o mandato. Ficou preso por obstrução da Justiça e no exercício do
mandato", disse.
Cunha
disse que respeita e vai cumprir a decisão, mas também não vai deixar de
"estranhar" e contestá-la. O peemedebista afirmou considerar
"estranho" que a ação cautelar tenha caráter de urgência, mas só foi
julgada seis meses depois de ajuizada, após a votação do impeachment na Câmara.
"Tratou-se de uma ação cautelar ingressada em dezembro. Estranhamente só
seis meses depois a ação cautelar é apreciada numa madrugada e tem julgamento
no mesmo dia".
O
parlamentar disse ainda que a ação só foi proposta pelo Procurador-Geral da República,
Rodrigo Janot, com quem ele disse ter "uma desavença pública", após o
acolhimento do pedido de impeachment, assim como foi a ordem de busca e
apreensão na Câmara.
Para
Cunha, não houve tempo nem se quer para os ministros analisarem o voto de Teori.
"Não havia mais a urgência. Se houvesse urgência porque levou seis meses
para apreciar a liminar?", questionou.
"Estranhamente
ela foi protocolada pelo procurador-geral da República, o qual é sabido que há
uma desavença grande de contendas públicas entre nós e eles, por diversos atos
anormais." Segundo Cunha, logo depois da aceitação da abertura do processo
de impeachment, o procurador fez uma ação de busca e apreensão na Câmara e
ajuizou a ação cautelar. "E estranhamente essa ação cautelar está sendo
analisada depois que o impeachment foi votado."
O
deputado disse ainda que os fatos elencados na ação, que foram assimilados pelo
ministro-relator, são "absolutamente contestáveis e o mérito de
contestação não foi devidamente debatido com todo o respeito ao
contraditório".
Dilma.
Ele também rebateu as críticas da presidente Dilma Rousseff, que disse que a
suspensão do mandato ocorreu "antes tarde do que nunca". "Isso
vai acabar na quarta-feira que vem, se for da vontade de Deus, com o
afastamento da presidente da República e consequentemente depois o seu
julgamento definitivo, para que o Brasil possa se livrar dessa era do PT, que
tanto fez mal ao nosso País, e que os crimes de responsabilidade cometidos pela
presidente possam ser punidos. É isso que nesse momento eu espero",
declarou Cunha.
Mais
cedo, a presidente Dilma Rousseff lamentou que Cunha tenha liderado o processo
de impedimento. "Eu soube, quando ainda estava em Brasília, que o Supremo
Tribunal Federal havia afastado o Eduardo Cunha. Deixa eu dizer que antes tarde
do nunca", disse. "A única coisa que lamento é que ele infelizmente
conseguiu votar o impedimento e vocês assistiram a ele presidindo, com a maior
cara de pau, o processo na Câmara."
Cunha virou entulho na porta da
gestão Temer
Josias de Souza
06/05/2016 04:00
Um
auxiliar do vice-presidente Michel Temer comparou Eduardo Cunha a um
eletrodoméstico velho. Foi muito útil para passar Dilma Rousseff no triturador
do impeachment. Mas agora incomoda pela pouca serventia e pelo excesso de
barulho. Depois que o STF o afastou do exercício do mandato, o ideal para Temer
seria desligar Cunha da tomada. Mas ainda não foi encontrada uma maneira de
fazer isso sem transformá-lo num curto-circuito.
Longe
dos refletores, um aliado de Cunha, o deputado ‘petroleiro’ Arthur Lira (PP-AL),
sugeriu ao amigo que renunciasse à presidência da Câmara em troca de um acordo
suprapartidário que preservasse o seu mandato. A oferta foi refugada, relatou
Lira a outros integrantes da infantaria parlamentar de Cunha. As legendas de
oposição decidiram esticar a corda. PSDB, DEM, PPS e PSB propuseram que a
Câmara simplesmente declare vago o cargo de presidente, marcando a eleição do
substituto de Cunha para dali a cinco sessões legislativas.
Na
noite desta quinta-feira, os líderes oposicionistas expuseram a proposta da
vacância numa reunião com lideranças de legendas vinculadas a Cunha. Entre elas
PMDB, PP, PR, PTB e Solidariedade. A fórmula não foi bem recebida. Um dos que
se manifestaram contra foi Leonardo Picciani, líder do PMDB, partido de Cunha.
Ele defendeu que seja mantido no comando da Câmara o número 2 de Cunha, o
vice-presidente Waldir Maranhão, do PP maranhense.
O
deputado Rubens Bueno, líder do PPS, interveio para recordar a Picciani que o
governo que se instalará nas pegadas do afastamento de Dilma Rousserff é do
PMDB. Disse que Temer terá de lidar com as crises econômica e política.
Certamente submeterá à apreciação do Congresso propostas que exigirão aprovação
rápida. Convém desintoxicar a Câmara. Bueno foi ecoado por Antonio Imbassahy (PSDB)
e Paudernei Avelino (DEM). O grupo ficou de se reunir novamente na noite de
segunda-feira.
Num
primeiro momento, a notícia sobre o afastamento do presidente da Câmara
instilou uma sensação de alívio no ambiente do Palácio do Jaburu, trincheira de
Temer. Com o passar das horas, o desafogo foi cedendo lugar à apreensão.
Percebeu-se que o Supremo acomodara um entulho na porta de entrada da virtual
gestão Temer. E a remoção exigirá uma costura política que, se for mal
executada, pode infeccionar ainda mais a Câmara.
Cunha
recebeu a notificação sobre a liminar que interrompeu o seu mandato no
alvorecer da quinta-feira. Estava na residência oficial da Câmara. Hesitou em
rubricar o documento. Na noite anterior, ele fazia barulho no Jaburu.
Esforçava-se para enfiar apaniguados dentro do futuro governo. Parecia à
vontade no papel de credor político do substituto constitucional de Dilma.
Súbito, tornou-se, ele próprio, personagem de uma espécie de impeachment
judicial.
A
posição de Cunha é análoga à da presidente petista. Com uma diferença: se Dilma
for afastada pelo Senado, na próxima quarta-feira (11), seu purgatório terá a
duração máxima de seis. É o tempo que a Constiuição oferece aos senadores para
julgar a presidente da acusação de ter cometido crime de responsabilidade
fiscal. No caso de Cunha o afastamento tem duração indefinida. No limite, pode
durar até o julgamento final da ação penal que corre conta ele no STF.
Assim,
continua interditada a sucessão interna na Câmara. Os deputados só poderão
eleger um substituto para Cunha em três hipóteses: mediante renúncia do
presidente afastado, cassação do seu mandato ou morte. Do contrário, a Câmara
terá de conviver com o constrangimento de ser presidida pelo interino Waldir
Maranhão, um personagem precário, acusado de receber mesada do petrolão.
Demorou
algumas horas, mas a ficha dos deputados caiu. Perceberam que o STF não lhes
fez um favor gratuito. Afastou Eduardo Cunha, mas manteve nas mãos dos seus
pares a prerrogativa de cassar-lhe o mandato. A liminar do ministro Teori
Zavascki, referendada por unanimidade no plenário da Corte Suprema, anotou:
“Além
de representar risco para as investigações penais sediadas neste STF, é um
pejorativo que conspira contra a própria dignidade da instituição por ele
liderada. Em situações de excepcionalidade, em que existam indícios concretos a
demonstrar riscos de quebra da respeitabilidade das instituições, é papel do
STF atuar para cessá-los, garantindo que tenhamos uma República para os comuns,
e não uma comuna de intocáveis…”
O
julgamento do Supremo vale por um empurrão. Mas não desobriga os deputados de
providenciarem, agora numa articulação que envolva o Jaburu, a remoção
definitiva do eletrodoméstico obsoleto. Quanto mais demorar, maior será o
constrangimento. O vexame se agigantará na proporção direta do aumento da
exposição do vice Waldir Maranhão na vitrine do plenário. Vêm aí espetáculos
deprimentes.
DIÁRIO
do PODER
ROBERTO
FREIRE
O
termo pode ser considerado forte à primeira vista, mas é precisamente disso que
se trata: segundo o Ministério Público, uma “organização criminosa” atuou no
centro do governo federal com o intuito de delinquir e obter vantagens
políticas em nome de um projeto de poder. A denúncia apresentada pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal
(STF), contra a presidente Dilma Rousseff e seu antecessor Luiz Inácio Lula da
Silva por suspeita de obstrução da Justiça é o mais evidente indicativo de que
o cerco se fechou e, ao que tudo indica, a Operação Lava Jato está perto de
alcançar a cadeia de comando do petrolão.
No
pedido encaminhado à Suprema Corte, a Procuradoria-Geral solicita abertura de
inquérito para investigação de Dilma, Lula e de José Eduardo Cardozo,
ex-ministro da Justiça e que hoje transformou a Advocacia-Geral da União em um
mero órgão de defesa da presidente da República no processo de impeachment em
tramitação no Congresso Nacional. De acordo com Janot, a indicação de Lula para
ocupar a chefia da Casa Civil teve o claro objetivo de lhe garantir o foro
privilegiado e afastá-lo da alçada do juiz Sérgio Moro, da Vara Federal de
Curitiba, responsável pelas investigações da Lava Jato.
Os
indícios de envolvimento direto de Lula no esquema são tão significativos que,
além desta primeira solicitação, a PGR pediu ao Supremo que o nome do
ex-presidente seja incluído no chamado inquérito-mãe do petrolão, batizado de
“quadrilhão”, ao lado de figuras carimbadas do lulopetismo como Jaques Wagner,
Ricardo Berzoini e Edinho Silva, atuais ministros de Dilma, além de José Sérgio
Gabrielli, que comandou a Petrobras.
E
não é só: Janot ofereceu denúncia contra Lula também no inquérito que apura a
compra do silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, com base no
depoimento do senador Delcídio do Amaral, que afirmou ter atuado sob a
delegação do chefe do PT. Ao fim e ao cabo, o que se tem, em suma, são uma
denúncia e dois inquéritos contra o ex-presidente, ao menos um inquérito contra
Dilma e a possível inclusão dos nomes de Wagner, Berzoini e Edinho na
investigação-chave do petrolão.
Um
dos trechos mais emblemáticos da petição apresentada pelo procurador-geral da
República, que tem a contundência própria de um diligente promotor, aponta que
“essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de
uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o
ex-presidente Lula dela participasse”. Janot vai além: “Os diálogos
interceptados com autorização judicial não deixam dúvidas de que, embora
afastado formalmente do governo, o ex-presidente Lula mantém o controle das
decisões mais relevantes, inclusive no que concerne às articulações espúrias
para influenciar o andamento da Operação Lava Jato”.
A
gravidade das denúncias apresentadas pela PGR escancara o grau de degradação a
que chegou o Poder Executivo sob o comando do aparelho lulopetista. É
necessário aguardar o desfecho das investigações, mas Dilma e Lula já estão
indelevelmente marcados como participantes ou beneficiários do maior esquema de
corrupção da história da República brasileira.
Mais
do que nunca, o Brasil exige um novo rumo, um novo tempo, um novo governo que
não se enxovalhe com a corrupção desenfreada e a sucessão de escândalos que o
país acompanhou nos últimos 13 anos. É fundamental que, na próxima semana, o
Senado vote pela admissibilidade do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, o
que resultará no afastamento imediato da presidente da República e no
encerramento de um triste período de nossa história.
O
desmantelamento da organização criminosa incrustada no Palácio do Planalto é o
primeiro passo para que o país supere a crise econômica e social gerada pela
irresponsabilidade do PT, retome o crescimento, dê alento aos seus mais de 11
milhões de desempregados e comece a construir um futuro mais próspero. O ocaso
da quadrilha que se apoderou do Estado representa o renascimento da nossa
esperança em uma nação mais digna.
Roberto
Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
O
QUE É O CÂNCER?
Ao
desobedecer aos comandos de supressão e de entrar em apoptose, as células
malignas começam a dividir-se excessivamente como se tivessem voltado ao estado
embrionário, mas sem o controle harmonioso que existia naquela fase. O
resultado é a formação de um agrupamento microscópico de células-filhas, clones
da mãe desordenada que lhes deu origem.
Na
medida em que as divisões prosseguem e as novas células se empilham
desordenadamente umas sobre as outras, o acesso à nutrição e ao oxigênio se
transforma em questão de vida ou morte.
Então,
por instinto de sobrevivência, as células malignas começam a fabricar proteínas
capazes de estimular a formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese) e de
atraí-los em sua direção. Em pouco tempo estará formada uma rede de capilares
que irrigarão o tumor ainda microscópico.
Essa
estratégia tem um preço: a irrigação traz para o local anticorpos e os glóbulos
brancos responsáveis pela organização das defesas imunológicas. Lá eles
reconhecem como estranho aquele agrupamento rebelde às leis que regem a divisão
celular e disparam contra ele uma resposta enérgica com a finalidade de
destruí-lo.
Para
resistir ao ataque, as células malignas lançam mão de todos os disfarces possíveis.
Entre outras estratégias, produzem proteínas que bloqueiam a maquinaria de
guerra dos glóbulos brancos, liberam fatores de crescimento para acelerar sua
velocidade de multiplicação ou para bloquear a apoptose, escondem-se em locais
inacessíveis às defesas imunológicas ou permanecem imóveis sem se multiplicar,
para despistar o inimigo.
Apesar
dessas medidas, é possível que acabem destruídas ou incapazes de sobreviver. No
entanto, se não forem eliminadas nessa fase, lançam mão de sua arma mais letal:
a capacidade de desgarrar-se da pequena massa tumoral, esgueirar-se para dentro
dos vasos sanguíneos, cair na circulação e aninhar-se em outros tecidos,
processo conhecido como metástase.
As
células malignas proliferam no início (A), depois invadem estruturas locais e
levam à formação de vasos sanguíneos, onde por fim penetram (B) com
capacidade de se espalhar e atingir órgãos distantes.
É
por isso que a detecção precoce do câncer é tão enfatizada pelos médicos.
Quando o câncer é removido no início, o risco de que ele possa liberar na
circulação células-filhas com capacidade de se espalhar para outros órgãos é
muito menor.
Elas
permanecem nesses tecidos, em silêncio, à espreita do momento propício para
cumprir seu destino: multiplicar-se. Ao contrário das células normais, que não
sobrevivem fora do órgão de origem, as malignas não apenas conseguem permanecer
vivas durante anos, como são capazes de proliferar em qualquer tecido do
organismo. Uma célula pulmonar normal implantada no fígado é eliminada
rapidamente; a maligna sobrevive e forma células-filhas.
Numa
metástase óssea, por exemplo, as células que crescem dentro do osso são células
malignas mamárias, prostáticas ou pulmonares, de acordo com o tumor que lhes
deu origem. Na metástase, a célula maligna preserva as características básicas
do tumor primário, ou seja, uma metástase de câncer de mama que se espalhou
para o osso, ao olhar do patologista, não é um tumor do osso, e sim, um tumor
de mama sitiado no osso.
A
capacidade de multiplicação das células malignas não tem limite. Elas se
dividem predatoriamente, a ponto de provocar a morte do próprio organismo que
lhes deu origem. Células normais cultivadas em laboratório nascem, crescem e
morrem obrigatoriamente, como nós. As malignas não; se não lhes faltar
nutrientes no meio de cultura, multiplicam-se sem parar, por décadas e décadas,
até o final dos tempos, pois são imortais.
O
que é o grau de diferenciação do câncer?
Todas
as células do corpo humano se originam de uma única célula, o ovo, a junção
entre o óvulo materno e o espermatozoide paterno. O ovo tem a capacidade de dar
origem aos diversos tipos de células que irão formar o corpo humano, sendo essa
capacidade denominada diferenciação. Assim, as células diferenciadas são
aquelas que se transformaram em células de tecidos e órgãos especializados,
como o cérebro, os músculos, o fígado etc.
As
células do câncer costumam percorrer um caminho inverso, o da indiferenciação,
que consiste na perda das características originais das células dos tecidos ou
órgãos que deram origem ao tumor. Por isso, fala-se que as células do câncer
são mais diferenciadas quando elas são mais parecidas com as do tecido ou órgão
que lhes deu origem, e menos diferenciadas ou indiferenciadas quando existe
menor semelhança entre as células do tumor e as do tecido ou órgão que lhes deu
origem. Tumores mais diferenciados têm um comportamento mais favorável, ao
passo que os tumores mais indiferenciados são mais agressivos.
Enfim,
o que é o câncer?
O
câncer pode ser definido como uma proliferação anormal e descontrolada de
células oriundas de uma célula previamente normal, que sofreu uma ou mais
mutações, e que tem a capacidade de se espalhar pelo organismo.
Como
mostra a figura a seguir, em geral ou a mutação é reparada ou a célula morre
por apoptose. Entretanto, a célula que se torna maligna não morre. Na maioria
das vezes, acumula várias mutações que resultam em proliferação descontrolada e
capacidade de se espalhar pelo corpo.
Note
as células normais em comparação com as células cancerosas que acumulam
mutações e proliferam sem controle.
Publicado
em 30/08/2013
Equipe
Oncoguia
-
Data de cadastro: 16/05/2013 - Data de atualização: 16/05/2013
O
que é câncer metastático?
Tumor
metastático é aquele que se espalhou a partir do lugar onde se iniciou para
outro local do corpo. Um tumor formado por células cancerígenas metastáticas é
denominado tumor metastático ou metástase. O processo pelo qual as células
cancerígenas se espalham para outras partes do corpo é também chamado de
metástase.
O
tumor metastático tem o mesmo nome e o mesmo tipo de células cancerígenas do
tumor primário onde se originou. Por exemplo, o câncer de mama que se dissemina
para o pulmão formando um tumor metastático é o câncer de mama metastático e
não um câncer de pulmão.
Sob
um microscópio, as células cancerígenas metastáticas geralmente têm a mesma
aparência das células do câncer de origem. Além disso, as células metastáticas
e as células do tumor primário geralmente têm algumas características
moleculares em comum, como a expressão de determinadas proteínas ou a presença
de alterações cromossómicas específicas.
Embora
alguns tipos de câncer metastático possam ser curados com os tratamentos
atuais, a maioria não tem cura. No entanto, os tratamentos estão disponíveis
para todos os pacientes com câncer metastático. Em geral, o principal objetivo
destes tratamentos é controlar o desenvolvimento da doença ou aliviar os
sintomas causados pela metástase. Em alguns casos, os tratamentos do câncer
metastático podem ajudar a prolongar a sobrevida. No entanto, a maioria das
pessoas que morrem de câncer é devido à doença metastática.
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