Antes deles, avistaram apenas
montes
No
dia 22 de Abril de 1500, chegavam ao Brasil
as treze caravelas portuguesas, lideradas por Pedro Alvares Cabral,
que vinham com o objetivo de colonizar esta porção de terra, da qual eles não
tinham noção da dimensão.
Ao
avistarem o primeiro ponto de terra, acreditaram se tratar de um monte, e por
este motivo deram-lhe o nome de Monte Pascoal (monte da Páscoa), pois
estes desembaraçaram no Brasil durante a época da Páscoa. No dia 26 de
Abril de 1500 foi celebrada, pois, a primeira missa no
Brasil.
O
local foi habitado pelos índios Tupinambás e em seguida pelos Pataxós, os quais
sobreviviam do artesanato, da caça e da pesca. É um monte de 586m de altura,
que está localizado em Itamaraju, no estado da Bahia, a 62 km de Porto Seguro.
Em
29 de novembro de 1961, foi oficialmente criado o
Parque Nacional do Monte Pascoal, o qual ainda hoje possui
uma reserva indígena que abriga os índios Pataxós de cerca de 8.600 hectares. A
área total do parque é de 22.500 hectares de terra cobertos pela mata
Atlântica.
O
relevo do terreno é caracterizado pela presença de bancos de recifes, depósitos
de praia, planícies, colinas e pequenas serras de rochas cristalinas, tendo
como vegetação predominante a Floresta Tropical Pluvial. Possui uma fauna
diversificada, com espécies como a ariranha e o veado-campeiro, animais
ameaçados de extinção, além de outros também raros como a preguiça de coleira,
o guariba, a suçuarana, a onça, etc. Possui ainda aves como o urubu-rei, o
macuco e o mutum. Do topo do monte pode-se avistar, de um lado, o oceano
atlântico, e do outro a Serra do Itamaraju. O clima é tropical, apresentando
uma temperatura média de 21ºC.
O
principal acesso ao parque, que está aberto à visitação, se dá pela cidade de
Itamaraju. As visitas podem acontecer das 7h às 18h, e é cobrada uma taxa para
entrar. Além das trilhas que podem ser percorridas no parque, há a opção de
conhecer a história do descobrimento do Brasil na ida ao centro de visitantes.
O
objetivo do parque é conservar o ecossistema, os recursos, as espécies de
animais e vegetais, além de proteger o patrimônio histórico que é o Monte
Pascoal.
Fontes:
http://br.viarural.com/servicos/turismo/parques-nacionais/do-monte-pascoal/default.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Monte_Pascoal
http://ecoviagem.uol.com.br/brasil/bahia/parque-nacional/monte-pascoal/
http://tvturismo.terra.com.br/monte_pascoal/monte_pascoal.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Monte_Pascoal
http://ecoviagem.uol.com.br/brasil/bahia/parque-nacional/monte-pascoal/
http://tvturismo.terra.com.br/monte_pascoal/monte_pascoal.htm
O Monte
Pascoal é um pequeno monte localizado no município de
Itamaraju no estado da Bahia. Segundo os registros históricos, o
Monte Pascoal teria sido a primeira porção de terra avistada por Pedro Álvares
Cabral e sua tripulação no dia 22 de Abril de 1500, data do primeiro
contato entre os portugueses o os índios que habitavam o Brasil. O
acidente geográfico recebeu este nome justamente porque o desembarque ocorreu
na época da Páscoa do ano de 1500.
Blaise Pascal
FILOSOFIA
“O
coração tem razões que a própria razão desconhece”.
Um
gênio assustador! Precoce, Pascal demonstrou suas habilidades quando, aos 18
anos de idade, inventou a calculadora. Como matemático e físico, ele se
converteu ao Jansenismo e se retirou para Port-Royal. Denunciou em
“Les Provinciales” a moral liberal dos Jesuítas.
Mas
foi em “Os Pensamentos” que fez sua defesa da religião cristã, destinada a
tocar os libertinos (pessoas que negam toda religião revelada, a qual se deve
demonstrar) e os céticos (que colocam tudo em dúvida). Segundo Pascal, o homem
é um ser miserável, um “nada do ponto de vista do infinito universo, um tudo do
ponto de vista do nada, isto é, um meio-termo entre o nada e o tudo”. Ele é
incapaz de atingir a verdade, pois a razão humana é constantemente enganada
pela imaginação ou outras “potências enganadoras”. Sua única esperança é Deus:
ele tem tudo a ganhar apostando na existência Dele. É o famoso argumento da aposta.
Tocado
pela cura miraculosa de sua sobrinha, em 24 de março de 1656, Pascal engajou-se
em uma reflexão sobre a significação dos milagres, iniciando pela luta dos
jansenistas contra os jesuítas e, em seguida, no debate entre cristãos e ateus.
Pouco a pouco, formou-se o projeto de uma apologia da religião cristã que, em
seu primeiro momento, visava apresentar os milagres como fundamento da
religião. O filósofo renuncia, pois, esta argumentação no ano seguinte para
trabalhar em um projeto que funda a religião sobre a Sagrada Escritura e sua
interpretação simbólica. As grandes linhas desse projeto são apresentadas em
uma conferência em Port-Royal em 1658. Nessa data, numerosos fragmentos foram
já redigidos. Gravemente doente a partir de 1659, Pascal retomou seu trabalho
apenas no outono de 1660.
Basta
abrir os olhos para constatar que o comportamento dos homens é quase sempre
incoerente. Nosso julgamento é inconstante, o exercício de nossa razão é
perturbado pela imaginação, nós vivemos no passado e no futuro, jamais no
presente e nossas mais belas ações têm por causa motivos irrisórios. O mais
espantoso dessa constatação é que ela seja realizada por tão poucas pessoas. Há
incoerência em nossos desejos e em nossa forma de julgar o que é o bom ou o mau
para nós. Não podemos gozar de um bem até que sua perda nos torne infelizes.
Nós buscamos a satisfação por meios falsos, por exemplo, querendo ser
obedecidos porque nós somos belos (vaidade)! Nós somos tão incapazes de
determinar o justo e o injusto que nossa sabedoria aceita a lei e os costumes
de um país, em tudo o que ela tem de arbitrário.
A
ideia geral do Jansenismo é a de que o homem não pode salvar a si próprio. Após
o pecado original, ele pode somente esperar a graça de Deus, concedida a um
pequeno número de eleitos, dom absolutamente gratuito como prova da soberana
liberdade divina. Ela se opõe, assim, às ideias desenvolvidas pela Companhia de
Jesus, inspiradas no teólogo espanhol Molina, segundo as quais o homem poderia
realizar sua salvação no mundo, pois a assistência de Deus é concedida a cada
um no momento da tentação. Essa concepção teológica permitiria, na vida moral,
numerosos acomodamentos com os preceitos religiosos. Ela conciliaria, em todo
caso, vida profana e vida religiosa. Ao contrário, os jansenistas são
partidários do rigor, da austeridade, da retirada das armadilhas ilusórias e
dos falsos pretextos do século.
Dessa
forma, conforme Pascal, os filósofos que se contentam em denunciar a miséria do
homem – os céticos ou pirrônicos – estão enganados; o homem possui também uma
grandeza, e seria somente por isso que ele reconheceria a sua miséria e que há
uma ideia de verdade. Se nossa razão é impotente para compreender os dois
extremos (tudo ou nada) ela pode conhecer o meio, algumas verdades no domínio
científico; nisto ela é ajudada pelo coração, que nos dá as intuições
fundamentais sobre as quais ela constrói, em seguida, suas demonstrações. Não
se trata de certezas inabaláveis. Também só ela não pode nos dar a fé em Deus.
Somente aqueles a quem Deus deu a religião por sentimento do coração que são
bem-aventurados e legitimamente persuadidos, mas aqueles que não o têm, nós não
podemos dá-lo, senão pela razão. O que significa dar a fé pela razão? Conduzir
o homem a tomar consciência de sua contradição e da impotência das filosofias,
já que nelas se afirma e se nega de tudo, e admitir que somente a religião pode
fornecer respostas satisfatórias para nossos anseios. Mas o princípio sobre o
qual repousa estas respostas – o pecado original – é incompreensível pela
razão. É preciso aceitar como um mistério inacessível. “O coração tem razões
que a própria razão desconhece”.
Por
João Francisco P. Cabral
Colaborador
Brasil Escola
Graduado
em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU
Mestrando
em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Filósofo francês
Blaise
Pascal (1623-1662) foi um físico, matemático, filósofo e teólogo francês.
Pascal
teve uma boa educação, baseada em sólidos princípios morais, concomitante ao
ensino da história e filosofia. Órfão de mãe desde cedo, teve a sua educação
aos cuidados do pai. Prodígio, aos 11 anos escreveu um tratado sobre os sons,
baseado nas suas experiências. Aos 17, inventou a “máquina aritmética”, que
evoluiria para a máquina de calcular.
Sua
trajetória na ciência se deu, em boa parte, nos estudos do cálculo e das
ciências. Ampliou a teoria de Torricelli sobre a pressão atmosférica, criou
ramos da matemática como a geometria projetiva e a teoria probabilística e
desenvolveu estudos sobre o cálculo infinitesimal. Aos 30 anos, Pascal passou a
se interessar por questões religiosas, principalmente ligadas aos milagres,
depois da cura da sua sobrinha de uma doença considerada incurável.
Pascal
envolveu-se com o jansenismo, uma corrente de pensamento que difundia a idéia
de que a razão era a “mãe das heresias”. Passou a ter uma vida reclusa,
cultivando sempre a contemplação religiosa.
Obras
importantes de Pascal: “Dedicatória a Monsenhor Chanceler Acerca da Nova
Máquina Inventada pelo Senhor Blaise Pascal “(1645), “Novas Experiências Sobre
o Vácuo” (1647), “Generatio Conisectionum” (1648),” Primeira Carta Circular
Relativa à Ciclóide” (1658) e “Oração para o Bom Uso das Doenças" (1659).
Morreu
aos 39 anos de idade, mas teve uma vida intelectual fértil no pouco tempo que
viveu.
Blaise Pascal - Filme Completo
Hermeto Pascoal
Pensamento
Positivo - Hermeto Pascoal e grupo
Hermeto Pascoal - Quebrando Tudo
Hermeto
Pascoal - Slaves Mass (1977)
22/6/1936 Lagoa
da Canoa, AL
Compositor.
Instrumentista. Toca acordeão, flauta, garrafa, piano, bacia, saxofone e
sintetizador, entre outros instrumentos musicais.
Nascido
na cidadezinha de Lagoa da Canoa, município de Arapiraca, em Alagoas, não foi
trabalhar na roça porque não podia pegar sol. Ia para a roça em um carro de boi
com seu pai e ficava deitado em uma árvore, ouvindo passarinhos.
Autodidata,
aprendeu a tocar praticamente sozinho.
Começou
a tocar acordeon aos 10 anos de idade. Aprendeu junto com o irmão José Neto,
tocando na harmônica de oito baixos do pai, que a deixava em casa para ir
trabalhar. Os dois passaram a revezar-se tocando acordeão em festas de
casamentos, batizados e bailes ao ar livre, debaixo de árvores, os chamados
bailes de pé-de-pau, comuns no Nordeste e no Norte. O pai chegou a vender duas
vacas para poder pagar um acordeão de 32 baixos para os filhos. Em 1950, sua
família mudou-se para o Recife.
Entrevista. Hermeto
Pascoal
Músico
vem a São Paulo para fazer dois shows; ele recebeu o 'Estado' em sua casa, no
bairro de Bangu, zona Oeste do Rio
JULIO
MARIA / BANGU (RJ) - O ESTADO DE S.PAULO
18
Março 2016 | 06h 00 - Atualizado:18 Março 2016 | 07h 54
Antes
da música, eram apenas sons. Não havia piano nem violões, rádios nem cantoria.
A infância de Hermeto Pascoal vivida no final dos anos 30 em Lagoa da Canoa,
antigo município de Arapiraca, interior de Alagoas, seria no mais profundo
silêncio se o bruxinho albino não tivesse vindo ao mundo de ouvidos bem mais
abertos do que os olhos. A música de Hermeto estava na fala dos adultos, no
metal batido do avô ferreiro, no ritmo das gotas da chuva e na melodia dos
pássaros. Quando a mãe viu seu menino tocando algo parecido com Asa Branca em
peças de ferro amarradas a um varal, correu para pedir socorro ao avô: “Venha,
pelo amor de Deus, o menino ficou louco.”
Hermeto
em sua casa, no bairro de Bangu, zona oeste do Rio
A
mãe tinha razão. Quase oitenta anos se passaram e Hermeto continua louco. Miles
Davis o chamou de “crazy albino” depois de gravar com ele duas músicas,
chamá-lo para integrar seu grupo e ouvir um “não” que o desconcertou para
sempre.
Músicos
não entenderam sua linguagem e professores se recusaram a tê-lo como aluno.
Chick Corea, Stan Getz, John McLaughlin, ninguém dormia muito bem depois de
dividir um palco e ou um estúdio com ele.
Hermeto
completa 80 anos no próximo dia 22 de junho. Vai fazer shows e exposições pelo
Rio de Janeiro para mostrar suas centenas de músicas escritas em objetos como
chapéus, bandejas de restaurante, revistas de bordo e guardanapos. As mostras,
por enquanto, estão confirmadas apenas para Bangu, Jacarepaguá e Madureira.
Antes de tudo, faz em São Paulo, no Sesc Vila Mariana, duas apresentações,
amanhã (19) e domingo (20), dedicadas ao seu leal saxofonista Vinicius Dorim,
morto em janeiro.
Ele
vive há seis meses no apartamento do filho percussionista Fábio Pascoal, em um
conjunto residencial de Bangu, na zona oeste do Rio. Vida nova para quem passou
os últimos 12 anos em Curitiba casado com a cantora Aline Morena, 43 anos mais
jovem. A separação foi amigável. “Ela vai estar no show com a gente, segue se
apresentando com o grupo”. Sentado em sua sala, cheio de vitalidade e ainda
capaz de se apaixonar pelo som dos disparos da máquina fotográfica da
reportagem, Hermeto recebeu o Estado para esta conversa.
Quantas
músicas já escreveu, Hermeto?
Mais
de sete mil, umas sete mil e setecentas. Ou mais Quando pego um avião, por
exemplo, e não tenho nada para fazer, uso as partes em branco das revistas para
criar alguma música. Estou agora mesmo terminando uma que comecei em uma viagem
dessas.
Mas
toca tudo o que compõe?
Não,
eu apenas dou para as pessoas tocarem. Meu prazer é escrever. Eu já pensei para
que estou fazendo isso se não vou escutar nem 100 dessas músicas. Não sei. Deus
não fez o mundo para os outros? Escrever música é minha primeira e segunda
necessidades.
O
senhor aprendeu música na escola?
Os
professores não quiseram me ensinar porque eu sempre quis sentir antes de
saber. Eles querem saber primeiro, mas o sentir está na frente do saber. Por
que você vai duvidar do seu sentir? Quando faz isso, não dá liberdade para sua
própria criatividade. Muitas pessoas duvidavam de mim, não acreditavam que eu
havia feito as músicas que eu mostrava para elas. Até que um dia em que, anos
depois, minha mulher Ilza, que já partiu desse mundo, me disse assim: “Loro,
pense: a sua música, o seu maestro e o seu professor são o seu dom. Foi Deus
quem deu a você.” Ela me acendeu de um jeito... Eu sempre me lembro de Ilza
dizendo isso. Quem duvida de você no jornalismo não são os próprios
jornalistas? Pois é, quem duvidava de mim eram os próprios músicos. “Esse cara
doido que toca chaleira”, diziam. Sim, eu toco, mas toco uma chaleira bem
afinadinha.
A
saída, então, foi aprender sozinho?
Sim,
mas é triste não ter na vida um guia, um mestre. Então, eu usei a própria
música, ela mesmo passou a tirar minhas dúvidas. E então, ninguém acreditava
também que eu não tinha professor. Quando era jovem, morando em São Paulo,
tocava muito em orquestras sem saber ler, só improvisava. Certo dia fui tocar
em um aniversário de casamento e lá veio uma velhinha com a partitura nas mãos
me pedindo uma valsa. O trombonista amigo meu cantou a música no meu ouvido e
eu saí tocando com meus acordes. No final, o maestro perguntou a ela o que
havia achado, e ela disse: “Eu gostei, mas achei meio estranho, sabe maestro?”
O
senhor parece muito bem de saúde.
Sim,
agora aos 80 eu vou começar a contar os dias para viver, mais uns 400 anos está
bom. Eu só escrevo partitura grande porque não enxergo muito bem, meus olhos
ficam se mexendo para os lados. Mas veja a vantagem: quando estou sentado ao
lado de uma mulher de saias, ela não sabe que um dos olhos está vendo suas
pernas. Olha que maravilha.
O
senhor parece ter uma relação religiosa com sua música...
Eu
sinto a presença de pessoas que já foram quando estou no palco, para mim é
normal. Eu nem digo mais. A turma chega mesmo. Não sou vidente, nada disso,
apenas sinto, vejo. Às vezes, estou em um palco e chega o Tom Jobim, chega o
Sivuca, o Dominguinhos. É algo natural para mim, mas não é coisa de religião.
Minha religião é a música.
E
como a música chega para você?
A
música, para mim, está em todos os lugares. Eu transformo qualquer coisa em
música.
Quando
perguntamos aos artistas quem mais influenciaram suas vidas, eles costumam
dizer nomes de músicos como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Miles Davis. O senhor
diz que foi o seu avô ferreiro, os pássaros, os peixes. O fato de o som ter
chegado antes da música pode explicar sua forma diferente de pensar harmonias e
melodias?
Eu
fiquei na minha terra até os 14 anos, mas parece que eu fiquei mais de 100
anos. E lá não tinha luz. Minha vida era no campo. Eu escutava os animais e os
vendedores que são lindos, que precisam saber cantar para vender. Meu avô era
um ferreiro maravilhoso e eu adorava os sons que ele fazia. Quando ele
trabalhava, eu pegava os ferrinhos que sobravam e os colocava em um saquinho
escondido. Fui juntando. Um dia peguei escondido da minha mãe um cordão de
varal, estiquei e coloquei as peças penduradas. Minha mãe escutou e pensou que
eu estava doido. Saiu correndo chorando e foi falar com meu avô: “Vai lá ver o
menino que ele ficou doido”.
E
então, um dia, os instrumentos chegaram...
Sim,
primeiro foi a sanfona de oito baixos que eu passei a tocar com meu irmão, mas
nós que escolhemos. Hoje os pais colocam os filhos para aprender música sem
deixar que eles escolham seu instrumento. É a pior coisa que podem fazer. Não
deixar a criança sentir antes de aprender é a pior gafe de um pai. Eu não tive
chance de ter instrumento em casa, mas eu inventava para tocar com os
passarinhos, com os bois, com as vacas.
O
senhor ganhou destaque na Era dos Festivais, tocou com o Quarteto Novo. Mas,
enquanto todos tinham a canção com letra e música, falando uma mesma língua,
você não se sentia sozinho com o som que fazia?
Eu
não tive nem tenho a divulgação que eles têm porque muita gente pensa que o
povo não gosta da música que eu faço. Coitado do povo, ele paga sem merecer.
Eles é que não alcançam o que eu faço e impõem isso. Imagine você, não tem um
lugar que eu toque que não fique lotado, sem anúncio nenhum. Shows para cinco,
oito, dez mil pessoas. Estão anunciando há um mês Cauby Peixoto e Angela Maria,
que vão tocar no Teatro Municipal aqui do Rio. Deus me livre se me anunciarem
todo dia, iriam fechar o Brasil para o povo todo me ver. Pena que tem gente que
não sabe disso.
Janaína Paschoal
Livre
Docente e Doutora em Direito Penal pela Universidade de São Paulo. Professora
Associada de Direito Penal na Universidade de São Paulo; advogada, sócia da
Paschoal Advogados. Autora, dentre outros trabalhos, do livro Constituição,
Criminalização e Direito Penal Mínimo, publicado pela Revista dos Tribunais, em
2003; bem como do livro Ingerência Indevida: Os crimes comissivos por omissão e
o controle pela punição do não fazer, publicado pela Fabris, em 2011.
(Texto
informado pelo autor)
Última
atualização do currículo em 23/12/2015
INTEGRA:
Professora Janaina explica o pedido de impeachment na câmara xvid
Jefferson
Puff - @_jeffersonpuffDa BBC Brasil no Rio de Janeiro
28
março 2016
Me
apresentaram ao Hélio Bicudo dias depois e ele foi o primeiro a realmente
acreditar em mim. Quando penso neste dia tenho vontade de chorar, porque os
outros me olhavam como se eu fosse louca, mas com ele foi um encontro de almas.
Miguel Reale Jr. já tinha feito pareceres a respeito, havia sido meu orientador
na USP, e também nos ajudou.
Sobre
o meu nome, não sei. De verdade eu não sei. A história pertence aos homens, e o
meu compromisso é com Deus, apesar de não ter uma religião específica. O meu
compromisso é com o que eu acho que é justo. Como a história vai escrever, se é
que vai escrever, não me pertence.
Janaína
Paschoal
Resumo
Há
duas décadas, quando o presidente do Centro Acadêmico “XI de Agosto” me
destacou para falar algumas palavras para recepcionar Lindbergh Farias, pouco
antes de sairmos em passeata pela derrubada de Collor, eu peguei o microfone e
disse: “Nós vamos a essa passeata porque a causa é justa, mas sua cara bonita
não me engana”.
Por
pouco não fui destituída do cargo. Creio que meus colegas de chapa nunca me
perdoaram.
Há
alguns anos, durante uma cerimônia em que todos reverenciavam o então ministro
da justiça, Márcio Tomaz Bastos, eu o questionei sobre a quebra do sigilo do
caseiro Francenildo.
Cortaram-me
a palavra e, até hoje, há quem não me cumprimente direito pela absurda falta de
sensibilidade e educação.
Eu,
por amar todos os meus alunos, os que concordam e os que não concordam comigo,
estou bastante preocupada com essas forças ocultas, que manipulam nossos jovens
marxistas de twitter.
Quando
digo isso, costumo ouvir, mais uma vez, que estou fora da realidade, que é o PT
que está na berlinda.
É
verdade, mas tem alguém, que dialoga muito bem com as massas, que precisa de um
argumento palatável para voltar em 2014.
Não
é a oposição que Dilma deve temer. A oposição simplesmente não existe. Apenas
as cobras que cria no próprio Palácio, ou das quais não pode se livrar, é que,
no futuro próximo, têm condições de picá-la.
Algumas
pessoas me perguntam como posso ser liberal em alguns aspectos e conservadora
em outros.
terça-feira,
18 de junho de 2013
Janaína Paschoal
Íntegra
Neste
País de analfabetos funcionais e de ignorantes fundamentais, é fantástico
descobrir-se que existem algumas mentes iluminadas, como a de Janaína Conceição
Paschoal, professora de Direito Penal da USP (Universidade de São Paulo). Leiam
este artigo abaixo escrito por ela, e que serve para compreender o que alguns
chamam de momento de "mal estar na cultura" no Brasil. "Desde
que ingressei na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 1992,
intriga-me ouvir que a USP e, por conseguinte, o Largo, constitui território
livre. Sempre tentei compreender o que essa liberdade significaria. Ao compor a
diretoria do Centro Acadêmico “XI de Agosto”, já comecei a questionar esse tal
território livre, buscando modificar o trote, muitas vezes, humilhante e até
perigoso, como ocorria nas Carruagens de Fogo (“brincadeira” em que o calouro
era obrigado a beber continuamente e a correr no chão molhado, ao som da música
clássica de idêntico nome). Também me voltei contra o “Pendura”. Eu, que nunca
fui comunista, nem lulista nem petista, confesso, não me conformava com o fato
de jovens, majoritariamente de classe média, se sentirem no direito de entrar
em um restaurante e dizer ao dono, com muita naturalidade, que simplesmente não
iriam pagar. E ai da autoridade que lhes dissesse o contrário! Cheguei a
participar do tal “Pendura”, mas, imediatamente, senti que aquilo não era
direito. Em 1997, quando iniciei o doutoramento e comecei a auxiliar os
professores na graduação, já conversava com os alunos sobre o sentido da
“Peruada”. Por que, afinal, eles não podiam fazer seu Carnaval sem beber até
cair? À resposta pronta de que se tratava de tradição, instintivamente, passei
a responder que tradição também se modifica. Até hoje, meus alunos não
acreditam que nunca participei da “Peruada” e, às vezes, me “acusam” de ser
evangélica. Já professora concursada, nas últimas aulas do curso, normalmente,
dedico um tempo perguntando aos alunos o que eles querem para as suas vidas.
Nessa era dos textos curtos, das mensagens cifradas, da informação fácil, é
muito difícil conseguir que eles leiam um artigo de dez páginas, em português.
Há algumas semanas, quando uma de minhas turmas não leu um projeto de lei de
três páginas, eu os avisei sobre o perigo de serem manipulados, pois quem não
lê, quem não conhece, acredita apenas no mensageiro. Costumo dizer aos meus
alunos que o estudante que realmente crê estar em um território livre será o
promotor que acredita que pode denunciar o outro por dirigir embriagado, mas
ele próprio está autorizado a beber e baixar um aplicativo da internet para
saber onde estão os bloqueios policiais. Esse aluno será o juiz que acredita
que ganha pouco e tem direito de viajar para o Nordeste sob o patrocínio de
empresas cujas causas julga, e assim por diante. Quando alguns alunos invadiram
e depredaram a Reitoria, e grande parte dos professores achou natural aquele
espetáculo de liberdade de expressão, eu escrevi para a Folha de S. Paulo o
texto intitulado “Quem é elitista”, apontando que esse tipo de comportamento é
decorrente da certeza de que, realmente, a universidade constitui um território
livre e que apenas os pobres, que precisam trabalhar e estudar à noite e que
têm os seus salários descontados para pagar os estudos do pessoal da USP, podem
ser abordados por estarem fumando maconha na esquina. É interessante. Ao mesmo
tempo em que os intelectuais denunciam que o Direito Penal serve apenas para
punir pobre, contraditoriamente, aceitam que só pobres sejam penalizados. A lei
não diz respeito a eles próprios. Coincidência ou não, os atuais protestos se
iniciaram após a rejeição da denúncia referente à invasão da Reitoria da USP.
Pois bem, quando começaram as manifestações, e os discursos dos líderes
surgiram, imediatamente, identifiquei o dogma do território livre. Foram muitas
as notícias de violências e abusos, e eu tive relatos de pessoas que estavam,
por exemplo, no Shopping Paulista e foram surpreendidas por rapazes
encapuzados, que exigiam o fechamento das lojas, sob o brado de que estavam
“tocando o terror”. Chamou minha atenção o fato de uma das pessoas que fizeram
tais relatos ter dito que logo percebeu que não seriam criminosos, pois eram
pessoas bem vestidas. Para alguém que estuda Direito Penal, há anos, esse tipo
de frase dói, pois é a confirmação de que a sociedade não quer mesmo punir
atos, mas estereótipos. Se a garotada da periferia tivesse tomado a Paulista,
ninguém acharia exagero a Polícia Militar tomar providências. Percebe-se que
mesmo quem estava indignado contemporizava, pois, afinal, amanhã, pode ser seu
filho. De novo, o dogma do território livre. Na véspera do protesto em que a
Polícia Militar reagiu, conversei com uma senhora, que julgo esclarecida, e
fiquei surpresa com seu encantamento frente ao brilho do neto, que aderira às
manifestações a fim de lutar pelos mais necessitados. Ontem, durante uma
reunião com amigos, quando todos cobravam apoio ao movimento, tomei a liberdade
de dizer que não acredito ser esse o melhor caminho. Apesar de destacar estar
convencida de que houve excessos da polícia, sobretudo no caso do tiro mirado
no olho da jovem jornalista, situação que caracteriza lesão corporal dolosa, de
natureza grave, ponderei que devemos ser cautelosos, pois nem toda prisão foi
descabida, e os manifestantes podem estar servindo de massa de manobra. A
reação dos colegas foi surpreendente. Alguns, lembrando a importância dos
jovens em todas as mudanças sociais, destacando sua própria luta contra a
ditadura, chegaram a se emocionar, falando de seus próprios filhos como grandes
políticos, verdadeiros heróis, pessoas esclarecidas, apesar dos vinte e poucos
anos. Sendo uma criatura insuportavelmente crítica, sobretudo comigo, passei a
noite pensando se não teria sido injusta com os manifestantes e insensível com
os colegas. Afinal, se todos estão tocados com a beleza deste momento, parece
razoável que os pais estejam orgulhosos da lucidez de suas crias. Mas essa
experiência, sofrida, de magoar os colegas, aos quais, nesta oportunidade, peço
desculpas, foi muito importante para eu poder ver algo que ainda não estava
claro. As gerações passadas também tinham esse sentimento arraigado de
território livre, de que a lei vale apenas para os outros e não para os
iluminados da USP. No entanto, no passado, havia o contraponto de pais que
impunham limites; pais que diziam mais NÃOs do que SIMs; pais que ensinavam os
deveres antes de falar sobre os direitos. O fenômeno que nos toma de assalto é
preocupante. Une-se o dogma do território livre com a geração “construtivismo”.
Chegam à idade adulta os garotos que nunca ouviram um NÃO, os garotos que
sempre puderam se expressar, ainda que agredindo o coleguinha, ou chutando a
perna de um adulto em uma loja. Chegam à idade adulta os garotos cujos pais vão
à escola questionar por quais motivos os professores não valorizam a
genialidade de seus filhos. Pais que realmente acreditam que seus filhos, aos
vinte anos, são verdadeiras sumidades e têm futuro por possuírem vários
seguidores no Twitter. Nossos iluminados já avisaram que, se a tarifa de ônibus
não baixar, vão continuar a parar São Paulo. Quem vai lhes dizer não? A Polícia
não pode, nem quando estão queimando carros e constrangendo pessoas. Os
professores, salvo raras exceções, incentivam, em um saudosismo irresponsável,
para dizer o mínimo. E os pais, entorpecidos pela necessidade de constatar o
sucesso da educação conferida, acham tudo muito lindo e vão às ruas acompanhar
a prole, pedindo algo indefinido e impalpável. Nestes tempos em que falar em
Deus é crime, peço a Deus que eu esteja errada e que, realmente, não tenha
alcance para perceber a importância e a beleza deste momento histórico. Há duas
décadas, quando o presidente do Centro Acadêmico “XI de Agosto” me destacou
para falar algumas palavras para recepcionar Lindbergh Farias, pouco antes de
sairmos em passeata pela derrubada de Collor, eu peguei o microfone e disse:
“Nós vamos a essa passeata porque a causa é justa, mas sua cara bonita não me
engana”. Por pouco não fui destituída do cargo. Creio que meus colegas de chapa
nunca me perdoaram. Há alguns anos, durante uma cerimônia em que todos
reverenciavam o então ministro da justiça, Márcio Tomaz Bastos, eu o questionei
sobre a quebra do sigilo do caseiro Francenildo. Cortaram-me a palavra e, até
hoje, há quem não me cumprimente direito pela absurda falta de sensibilidade e
educação. A maior parte dessas pessoas apoia e estimula os atuais protestos e
propala que o Mensalão não passou de uma ficção. Tenho enviado comentários para
a Imprensa, dizendo que os grupos que estão estimulando esses jovens a irem
para as ruas estão torcendo muito para aparecer um cadáver em São Paulo, pois é
só disso que precisam para tentar tomar também o estado. Eu, por amar todos os
meus alunos, os que concordam e os que não concordam comigo, estou bastante
preocupada com essas forças ocultas, que manipulam nossos jovens marxistas de
twitter. Quando digo isso, costumo ouvir, mais uma vez, que estou fora da
realidade, que é o PT que está na berlinda. Afinal, os protestos não estão apenas
em São Paulo, estão no país inteiro. É verdade, mas tem alguém, que dialoga
muito bem com as massas, que precisa de um argumento palatável para voltar em
2014. E, segundo consta, funcionários da Presidência da República, subordinados
a Gilberto Carvalho, foram organizadores e fomentadores do protesto. Não é a
oposição que Dilma deve temer. A oposição simplesmente não existe. Apenas as
cobras que cria no próprio Palácio, ou das quais não pode se livrar, é que, no
futuro próximo, têm condições de picá-la. Algumas pessoas me perguntam como
posso ser liberal em alguns aspectos e conservadora em outros. Em regra, quando
recebo esse tipo de questionamento, procuro compreender o que o interlocutor
entende por “conservador” e por “liberal”. Não sei como etiquetar, mas acredito
que todo educador, seja o de casa, seja o da escola, deve mostrar ao pupilo que
existem direitos e existem deveres. E que ninguém pode tudo. Talvez o que
esteja prejudicando o país seja justamente esse sentimento generalizado de
território livre. Os manifestantes de hoje podem ser os políticos de amanhã. Se
não lhes dissermos “não” agora, como impor limites no futuro? Talvez eu seja
apenas uma canceriana pouco romântica. Talvez esteja velha demais para perceber
a grandeza dessa novidade que invade o país. Tomara! Mas esses 21 de USP e
quase 15 de docência me permitem afirmar que são jovens muito promissores, mas
ainda são garotos de vinte anos, que não estão acostumados a ouvir um “não”. Se
não posso pedir razoabilidade aos pais e aos professores, peço,
encarecidamente, à imprensa que tenha cautela ao estimulá-los, pois não temos
instrumentos para fazê-los parar. Teremos que, pacientemente, aguardar que eles
se cansem do que pode ser uma grande brincadeira".
Roda Viva com Janaína Paschoal e
Hélio Bicudo
Roda
Viva | Hélio Bicudo | 28/09/2015
Josias de Souza
03/04/2016 03:48
O
pedido de impeachment que corre contra Dilma Rousseff na Câmara possui 64
páginas. A íntegra pode ser lida aqui. Nas primeiras
11 folhas, a peça associa a presidente à roubalheira ocorrida na Petrobras. Ao
se defender em público, Dilma menciona apenas as acusações relacionadas às
chamadas pedaladas fiscais. Por conveniência ou falta de argumentos, ignora o
pedaço da denúncia que a vincula ao petrolão.
Subscrito
pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, além da advogada Janaína
Paschoal, o documento sustenta que a Lava Jato já trouxe à luz fatos que
incriminam Dilma. Na semana passada, depois que ministros do STF disseram que
impeachment não é golpe, a presidente refinou seus argumentos. Admitiu o óbvio:
o impeachment é uma ferramenta prevista na Constituição. Mas acrescentou: “sem
crime de responsabilidade é, sim, golpe.”
Pois
bem. Os autores do pedido de impeachment afirmam que o que já foi apurado na
Lava Jato é suficiente para a deflagração do processo que visa afastar Dilma da
Presidência, Sustentam que “a conduta omissa da denunciada [Dilma], relativa
aos desmandos na Petrobras, restou mais do que comprovada, implicando a prática
de crime de responsabilidade nos termos do artigo 9, itens 3 e 7” da lei 1.079/50.
O
artigo 9º da lei é o que enumera “os crimes de responsabilidade contra a
probidade na administração.” O item 3 enquadra como conduta criminosa “não
tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em
delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição.” O item 7
informa que também é crime “proceder de modo incompatível com a dignidade, a
honra e o decoro do cargo.”
Íntegra
do pedido de impeachment subscrito por Hélio Pereira Bicudo, Miguel Reale
Júnior e Janaína Conceição Paschoal pode ser lido AQUI.
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