quarta-feira, 27 de abril de 2016

A ética na política

26 DE ABRIL DE 2016





Pedro Simon é testemunha dos fatos mais relevantes da história recente do país (Foto: Divulgação)
Com a experiência de 58 anos de vida pública, o ex-senador Pedro Simon (PMDB-RS) analisará a atual conjuntura brasileira na palestra “A ética na política e o momento político” na próxima sexta-feira, dia 29, às 20h, no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
O político, que exerceu seu último mandato até fevereiro de 2015, é testemunha dos fatos mais revelantes da história recente do país. A partir de um panorama histórico, Simon descreverá a situação política do Brasil desde o primeiro governo Getúlio Vargas, nos anos 1930, até a presidência de Dilma Roussef, passando pelas administrações de Jânio Quadros, João Goulart, todas as fases do Regime Militar, sua participação nas “Diretas Já” e no Governo José Sarney, no impeachment de Fernando Collor e como líder do Governo Itamar Franco.
Neste ponto, devido à proximidade com o ex-presidente juiz-forano, Simon falará da robustez ética e da eficiência administrativa de Itamar na condução do país durante o período de crise.
Promovida pelo Instituto Itamar Franco em parceria com o Memorial da República e com o Mamm, a palestra de Pedro Simon é a primeira de um projeto que pretende trazer importantes personalidades do país para discutir política e temas afins, a cada pelo menos dois meses.
As palestras são abertas ao público e têm entrada franca.
História política 
Filho de imigrantes libaneses, o advogado e professor Pedro Simon nasceu em Caxias do Sul (RS) em 31 de janeiro de 1930. Hoje com 86 anos – e  quase 60 de vida pública ininterrupta -, Pedro Simon começou sua atuação política no movimento estudantil, como dirigente de grêmios acadêmicos e presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Elegeu-se pela primeira vez em 1958 para vereador de sua cidade, exerceu quatro mandatos de deputado estadual (1962-1978) e foi eleito senador da República pelo PMDB em 1978.
Pedro Simon também foi ministro da Agricultura em 1985, no Governo Sarney, por indicação de Tancredo Neves, e governador do Rio Grande do Sul (1986-1990), sendo o único governador a reduzir a dívida do estado. Em 1989, foi novamente eleito senador, cumprindo quatro mandatos consecutivos até 31 de janeiro de 2015.
Entre suas realizações políticas destacam-se a organização do movimento de oposição ao Regime Militar; a coordenação da campanha das “Diretas Já”, a luta pela anistia e a implantação do III Polo Petroquímico do Rio Grande do Sul. Como ministro, lançou o projeto de criação de cisternas para erradicar a seca crônica do Nordeste. Também foi articulador da aprovação do Plano Real.
O Mamm fica localizado na rua Benjamin Constant 790, no Centro da cidade.




O ex-político diz que a situação de Itamar era muito diferente da vivida por Temer




Reuters
POLÍTICA ENTREVISTA09: 11 - 24/04/16POR NOTÍCIAS AO MINUTO
O ex-senador gaúcho e um dos fundadores do PMDB Pedro Simon afirmou em entrevista ao jornal 'Folha de S. Paulo' estar "chocado" com a articulação do vice-presidente Michel Temer para organizar um eventual governo antes da concretização do impeachment de Dilma Rousseff.
PUB
"Isso que o Temer que está fazendo, de já querer organizar o governo, soa mal. Tinha que ser mais sigiloso, sem estar no jornal. Não é simpático. Ele está meio isolado", reflete. "Fico chocado quando vejo o coitado do Temer falando com A, B ou com C, acho que não era por aí. Mas também não vejo outra saída", continua.
Simon diz ainda que Temer está em uma posição complicada. "(O PT) Está deixando o Temer em uma situação muito difícil porque o PT, já sentindo que não vai ganhar [a votação no Senado], vai fazer de tudo para destruir o governo que vem depois. Esquece da desgraça que pode acontecer com o país com essa hecatombe", comenta.
Sobre as diferenças entre Itamar Franco (vice de Collor) e Temer, o ex-político diz que a situação naquela época era muito diferente. "Ele conseguiu fazer um entendimento, fez [a transição] com tranquilidade, sem ódio nem rancor. O Itamar não fez acordo com nenhum partido e chegou a uma situação de fazer um baita de um governo. O Temer tem que dar um sentido maior. Tem que ter um pouco de grandeza", pondera.
Simon defende que sejam feitas novas eleições e apoiou Marina Silva em 2014. Ainda segundo o jornal, naquela época Simon previu que a presidente não permaneceria quatro anos no cargo se vencesse a disputa.
O ex-senador disse ainda que a OAB e a CNBB devem agir como mediadores da crise porque "o Congresso não tem gente de muita tradição ou biografia".





Senador Pedro Simon
14 de janeiro de 2015 



É PRECISO IR PARA AS RUAS
O senador, que se aposenta no mês que vem, diz que o novo governo começa melancólico e sem rumo e que só a pressão popular pode produzir as mudanças de que o Brasil precisa
Por Adriano Ceolin
No mês passado, a tribuna do Senado foi palco pela última vez da oratória inflamada do senador Pedro Simon (PMDB-RS). Depois de quase sessenta anos na política, 32 deles no Senado, o gaúcho de Caxias do Sul se despediu do Congresso com um discurso de quatro horas, ao fim do qual chorou e foi aplaudido de pé por seus pares. Fundador do MDB e um dos líderes da campanha pela volta das eleições diretas, em 1984, ele apoiou a candidatura de Lula à Presidência e, no primeiro mandato de Dilma Rousseff, chegou a montar um bloco de parlamentares que daria suporte às medidas saneadoras da presidente no campo ético. Hoje, afirma que o petista foi "a maior decepção" de sua carreira e que Dilma se vergou ao toma lá dá cá e ficou "igual aos outros". Em entrevista a VEJA, Simon diz por que considera que a política brasileira vive "um momento dramático" e o que, na sua opinião, poderá mudar essa situação.
O senhor está se aposentando depois de quase sessenta anos na política. Nessa área, o país está melhor hoje do que no passado?
- Nunca vi um momento tão dramático como este que o país vive hoje. Estamos diante de um dos maiores escândalos de corrupção do mundo, o petrolão. Eu era menino quando Getúlio Vargas se matou. Mais tarde, vi Jânio Quadros renunciar com sete meses de mandato. Tivemos crise para tudo o que é gosto. Mas nunca vi uma situação tão complicada quanto a de agora.
Por quê?
- Vimos o fim de um governo melancólico e agora assistimos ao começo de outro governo igualmente melancólico. Acabamos de ter uma eleição democrática. O povo se manifestou. Um candidato ganhou e o outro perdeu, mas há uma interrogação no ar. A presidente da República teve dificuldades até para montar o ministério porque estava na expectativa do término da Operação Lava-Jato. E se o ministro fulano estiver na lista de envolvidos na operação? E se beltrano estiver também? Uma situação que nunca havia acontecido. Acabamos o ano com dois ministros da Fazenda. Saiu a notícia de que a presidente da Petrobras pediu demissão, mas a presidente da República não a deixa sair. Parece que a Dilma não tem quem colocar no lugar. É muita desgraça. A presidente acaba de ser eleita e a impressão que dá é a de que não tem comando.
O senhor chegou a apoiá-la no início do primeiro mandato.
- Lula soube vender tão bem a imagem da Dilma que eu acreditei na capacidade dela. E o começo do seu primeiro mandato de fato impressionou. Ela mandou embora seis ministros em seis meses, porque haviam sido citados em casos de corrupção. Eu fiquei solidário a ela. Cheguei a articular um bloco de parlamentares com os quais ela pudesse contar, para que não ficasse à mercê de chantagens no Congresso. Mas, principalmente após as manifestações de junho, ela se entregou e voltou a fazer de novo o troca-troca por cargos. Ficou igual aos outros.
Dos presidentes que o senhor conheceu, algum surpreendeu?
- O (José) Sarney é uma força da natureza, nasceu para estar no poder. Sempre esteve e sempre vai estar, mesmo fora do Senado. Talvez só dom Pedro II tenha ficado mais tempo no poder do que ele. Com o (Fernando) Collor tive uma passagem curiosa. Fomos eleitos para o cargo de governador no mesmo ano, em 1986, ele por Alagoas e eu pelo Rio Grande do Sul. Logo em seguida, ele me procurou, propôs que eu saísse do PMDB para criar um partido e disputar a Presidência da República. Achei-o louco. Itamar Franco era muito humilde, tímido até, mas sabia dizer não. Na verdade, gostava muito de dizer não. Fernando Henrique era o contrário. Não sabia dizer não e achava que era a melhor cópia de Deus na Terra. Já o Lula foi a maior decepção de toda a minha carreira.
Por quê?
- Porque ele tinha uma bandeira, tinha uma história, e agora está morrendo abraçado ao José Dirceu. Aos mensaleiros e aos ladrões da Petrobras. Quando ele apareceu, todos ficamos encantados com sua liderança no sindicato dos metalúrgicos e, em seguida, na criação do PT. Depois de perder três eleições, chegou lá, fez um governo com ações importantes, especialmente na área social. Ele era a grande esperança do povo brasileiro. Mas, infelizmente, fechou os olhos para a corrupção. Deixou acontecer mensalão, petrolão. Todos esses escândalos têm uma origem — que é ele, por ação ou omissão. Se não tivéssemos tido tudo isso. Se tivéssemos feito um governo austero, o Brasil hoje seria diferente, muito melhor. Por tudo isso, Lula é a grande decepção da minha vida pública.
O governo recentemente atropelou o Congresso impondo um novo cálculo do superávit fiscal. Como o senhor avalia a relação do Congresso com a presidente Dilma?
- A manobra fiscal foi um ato absurdamente irresponsável. Dilma conseguiu fazer isso, e ainda obter a aprovação pelo Congresso, porque mantém vivo o troca-troca por cargos, por emendas. É lamentável esse tipo de relação. E o governo ainda teve a audácia de condicionar a aprovação da meta ao aumento de 700 000 reais no valor das emendas parlamentares. Isso foi quase que oficializar a corrupção. Infelizmente, não há perspectiva de melhora. Nenhum dos últimos três presidentes teve uma relação republicana com o Parlamento. Tudo ficou na base do toma lá dá cá. Dilma manteve isso agora, ao montar seu ministério. Ela, que havia sido apresentada como uma técnica competente, dividiu seu governo entre partidos, pois sabe que vai precisar do Congresso neste ano, quando veremos o aprofundamento das investigações da Petrobras.
O senhor concorda com o que dizia Ulysses Guimarães, que um novo Congresso é sempre pior que o último?
- Costumo dizer que não se podem esperar iniciativas do Congresso Nacional. O povo precisa pressionar os parlamentares. O Congresso é um ajuntamento de corporações — sindicatos, empreiteiras, multinacionais. Ninguém ali fala pelo povo. Se deixar tudo calmo, não fazem nada, ou só fazem coisas de interesse de determinados grupos. Por isso, sempre digo: não esperem nada do Congresso. Só tem mudança com povo na rua. Foi assim nas grandes questões.
Como a campanha das diretas já, por exemplo?
- Sim, quando acabamos com a ditadura. O povo foi para as ruas pedir eleições diretas para presidente. Não conseguimos, mas tiramos os militares e elegemos o Tancredo, um democrata, no Colégio Eleitoral. No impeachment foi a mesma coisa. A mocidade foi para a rua, vestiu preto, e o Collor foi cassado. O julgamento do mensalão aconteceu porque o povo debateu, discutiu e pressionou. Teve gente que foi para a frente do Supremo Tribunal Federal. Teve gente que reclamou pela internet, mandou carta para os ministros. E todo mundo acompanhou pela TV, pela imprensa. O resultado foi extraordinário, com a prisão da cúpula do PT — um partido que eu vi nascer tão bonito, cheio de ideias, de gente boa. Eu acreditava muito no PT, achava que poderia ser o que o MDB deixou de ser após chegar ao poder. Mas me enganei. O partido deixou de representar a ética na política. Hoje as pessoas votam no PT porque têm medo de perder o Bolsa Família. É por isso que o Lula não deixa transformar o programa em política de Estado permanente.
O senhor sempre disse que no Brasil "só ladrão de galinha vai para a cadeia". O julgamento do mensalão mudou essa convicção?
- Na verdade, é só o começo. É preciso avançar, e é o povo que tem de fazer acontecer. Tem de ir para a rua, tem de cobrar, tem de usar a internet e as redes sociais. Só com o povo é que faremos as mudanças. Agora, o mensalão parece brincadeira de criança perto do que foi o roubo na Petrobras. Meu Deus do céu! A Petrobras era uma das dez maiores empresas do mundo, um orgulho nacional. E ela acabou sendo usada para fazer o maior escândalo de corrupção que o Brasil já teve. E, se você acompanhar a imprensa internacional, vai ler análises que dizem que se trata do maior escândalo que já aconteceu em qualquer país democrático e desenvolvido. E uma vergonha para nós. E infelizmente o governo do PT ganhou a eleição. Valeu mais o Bolsa Família do que um escândalo desse tamanho.
A oposição tem responsabilidade nisso?
-Sim. O PT, quando estava do outro lado, fez uma oposição brilhante. Não deixava escapar uma vírgula. Já no governo, o PT foi muito pior que o PSDB. Os tucanos não souberam fazer oposição, eles não conseguem.
O senhor estava apoiando Eduardo Campos na última eleição. Tinha esperança de que ele pudesse fazer diferente?
- Em primeiro lugar, eu achava que tinha de quebrar um pouco essa polarização PT-PSDB. O Eduardo mostrava que queria fazer a política de um jeito novo, sem ficar negociando carguinho de quinta categoria com o Congresso. Depois que o partido da Marina (Silva) foi vetado pela Justiça Eleitoral, eu disse a ela que se filiasse ao PSB e formasse uma chapa com ele. Além disso, Eduardo tinha escola, a escola de Miguel Arraes, com quem eu convivi no PMDB. Como gestor, também havia se mostrado competente ao fazer um grande governo em Pernambuco. Então, o Eduardo e a Marina como vice eram a minha grande esperança. Ao fim das atividades do Congresso em 2014, o senhor devolveu 1,4 milhão de reais da sua cota de passagens aéreas, algo incomum no Congresso. Esse dinheiro não era meu. É um dinheiro que eu podia ter usado para exercer minhas atividades como parlamentar. Mas, como não houve necessidade, eu tinha de devolver.
Quando se tornou vereador em Caxias do Sul no ano de 1958, o senhor imaginava que chegaria aonde chegou?
- Jamais. Eu era um professor de direito e atuava no tribunal do júri. Modéstia à parte, eu era bom. Entrei na política por acaso. Nasci em Caxias, mas morava em Porto Alegre. Meu título era de lá. Colocaram-me para ser candidato e eu ganhei. O vereador é o político mais importante que existe, pois fica mais perto do povo. Eu gostava de ser vereador — sobretudo de fazer atividades culturais com debates. Era um sucesso, toda a cidade participava. Em seguida, fui candidato a deputado estadual com pouco mais de 30 anos. Um ano depois veio a ditadura e mudou toda a minha vida. Cassaram e mataram tanta gente no Rio Grande do Sul que praticamente só sobrou a mim para ser o presidente do partido. A partir daí, eu não mais conduzi. Fui conduzido.
Como político, qual é sua principal característica?
- O que me caracteriza é a coerência. Sou o que sou. Para fazer meu discurso de despedida do Senado, usei como esboço meu discurso de formatura na faculdade. As linhas gerais eram as mesmas. Eu não mudei.
Qual o legado que o senhor deixa para a política?
- Não deixo legado. Eu não sou ninguém. Sou apenas velho, com quase 85 anos. Quero continuar fazendo política. Pretendo ir a debates, palestras. Estamos passando por um momento delicadíssimo. Vou procurar a Ordem dos Advogados do Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A gente tem de fazer uma pauta de discussões para levar ao governo. Não preciso de mandato no Congresso para isso.
Vai sentir saudade do Senado?
- Está acontecendo muita coisa no Brasil. O Senado vai ser quente neste ano que está começando. Dá até vontade de adiar a minha saída. Essa história da Petrobras, de empreiteiros presos, de Estados Unidos e Cuba retomando relações... É tanta coisa. Mas vou para casa numa boa.




Publicado em 3 de Agosto de 2009 por luiscarlosgusmao





 O senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou que só deixa a legenda se for expulso. A declaração é uma resposta à nota divulgada pelo partido, que pediu aos parlamentares que criticam o PMDB, que deixem a base (veja aqui).
No texto, não há citação dos políticos que devem abandonar o partido, mas o gaúcho se sentiu um dos alvos do documento. “Há tempos eles querem a minha saída. Eles gostariam muito que eu saísse. Vou ficar defendendo a memória do velho Movimento Democrático Brasileiro”, contou.
Simon é um dos peemedebistas que usou a tribuna do plenário para pedir, no último dia 14 de julho, a renúncia do colega e presidente da Casa, José Sarney do cargo exercido. Ele promete repetir o discurso amanhã, quando os trabalhos no Senado recomeçam depois de 17 dias de recesso parlamentar.
Além de Simon, outro membro da legenda que defende a saída de Sarney e alega que o PMDB tem se envolvido em corrupção é Jarbas Vasconcellos (PE).
Na nota do partido, o presidente licenciado Michel Temer, e a presidente em exercício Íris de Araújo (GO) afirma que “o PMDB acata com humildade o descontentamento de alguns poucos integrantes que perderam espaço político e apostaram na fama efêmera oriunda de acusações vazias. E faz isso porque acredita piamente na democracia. A estes, o recado: podem deixar a legenda o quanto antes sem risco algum de perder o mandato. Ganharão eles, porque deixarão de pertencer ao partido do qual falam tão mal, e ganhará o PMDB, por tornar-se ainda mais coeso e musculoso”.
Com informações do G1.



Nenhum comentário:

Postar um comentário