domingo, 10 de abril de 2016

- Ex-presidente ou ex-presidenta?

- Excelentíssima, excelentíssima, excelentíssima...

Intervém aos berros a hiperbólica Deputada Maria do Rosário do mesmo partido de Pimenta.

José Dias, o agregado, não usaria seus superlativos, em mais alto bom som, por Bentinho de Capitu do Machado de Assis.

- Profeta Paulo Pimenta!

Em ato falho, petista defende 'ex-presidente' Dilma

Deputado do PT chama Dilma de "ex-presidente" e oposição vibra!

- “Eu não estou aqui...” Epitáfio de Mário Quintana.


Na mesma comissão, Paulo Pimenta (RS – PT) já socorrera a deputada Jandira Feghali (RJ - PCdoB), sua liderada, quando ela, ausente do plenário, não ouvira o discurso de um colega pegando-a em contradições de conduta na história recente do país envolvendo crimes, impeachment e argumentos de supostos golpes. Ora acusando, ora defendendo os mesmos crimes.


Jandira é citada e zoada na Comissão de Impeachment


“Não foi por mera coincidência que o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) cometeu o ato falho de chamar Dilma Rousseff de “ex-presidente”. Ele já sabe que a causa está perdida.” Carlos Newton





Lei, tradição do idioma e visão de mundo entram em conflito na definição do termo a ser usado para referir-se a Dilma Rousseff
Luiz Costa Pereira Junior


"Presidenta" acentuaria o papel feminino, mas conteria a vião (sic) de "durona" e "implacável"





Academia Brasileira de Letras

José Sarney




HISTÓRIA

O Continente I.

“Os federalistas tinham tomado a cidade havia quase uma semana, mas Licurgo Cambará, o intendente e chefe político republicano do município, encastelara-se em sua casa com toda a família e um grupo de correligionários, e de lá ainda oferecia resistência.

Enquanto o Sobrado não capitulasse, os revolucionários não poderiam considerar-se senhores de Santa Fé, pois os atiradores da água-furtada praticamente dominavam a praça e as ruas em derredor.”
VERISSIMO, Erico. São Paulo: Globo, 1997.

NO ANO PASSADO...

“Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado. Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova.”
Mario Quintana: Porta Giratória. São Paulo, Ed Globo, 3ª edição, 1997.

UM PAÍS LEILOADO

“Surgem conflitos até entre amigos e familiares: paira na manada inquieta uma sensação de iminente estouro. A quem vamos esmagar? Quem vamos salvar? Sombrias perspectivas diante do desesperado apego ao poder a qualquer preço, qualquer cargo, qualquer defesa. Tudo isso formando uma balbúrdia de frases, gestos, caras, ameaças, mentiras que antes nem se imaginaria. Nós nos indagamos: onde vamos parar? Que direção será tomada pelos responsáveis? Onde estão os decentes, confiáveis, serenos, competentes, para romper essa voragem? Fala-se nisso, e sobre isso se escreve interminavelmente, numa voz perpassada de susto e rumor.”
LYA LUFT Veja Editora ABRIL edição 2473 – ano 49 n.º 15 de 13 de abril de 2016



Em promoção da RBS TV, durante sete semanas, os gaúchos foram convocados a votar nos principais personagens do Rio Grande do Sul que marcaram este século. Foram espalhadas pelo Estado 360 urnas, que ficaram abertas até o último dia 16. As 1.776.997 cédulas depositadas foram escrutinadas por detentos do Presídio Central de Porto Alegre. A lista dos eleitos foi divulgada ontem no Jornal do Almoço.

O público elegeu os 20 Gaúchos que Marcaram o Século XX votando nos cupons publicados diariamente em Zero Hora. As cédulas também foram distribuídas nas lojas e pontos de venda dos patrocinadores (em Porto Alegre, Panvel, Arca Consórcio, Unisc e Confiança Seguros).

Os eleitores eram auxiliados por uma lista de 45 nomes indicados pela RBS a partir de uma seleção prévia realizada pelos historiadores Luiza Kliemann, Luiz Roberto Lopez e Moacyr Flores, além do jornalista Carlos Urbim. Quem votava podia indicar o número de candidatos e também nomes que não constassem da lista.

Os 20 primeiros colocados serão motivo de programas exibidos na RBS TV. Amanhã, logo depois do Jornal do Almoço, estréia o primeiro número, enfocando a vida e a contribuição do personagem que recebeu a maior quantidade de votos durante a promoção. A eleição dos gaúchos mais influentes do último século do milênio mobilizou a população rio-grandense. Comunidades inteiras realizaram campanhas em favor de seus representantes.


JOSÉ MARIANO DA ROCHA
Líder estudantil na juventude, José Mariano da Rocha Filho acabou se tronando fundador e reitor de uma universidade. Nascido em Santa Maria em 1915, José Mariano formou-se em Medicina e foi presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Porto Alegre (Feupa). Lecionou Microbiologia na Faculdade de Farmácia de Santa Maria. Em 1945 assumiu a direção da entidade e começou a conduzir o processo de fundação da UFSM, concretizada em 1967.


ERICO VERISSIMO

A saga da trilogia O Tempo e o Vento já seria suficiente para inscrever o nome de Erico Verissimo (1905 - 1975) no panteão dos grandes escritores universais. Mas sua obra foi além da composição do grande épico gaúcho com reverberação universal. Erico, nascido em Cruz Alta, tinha uma compreensão global da existência humana e suas complexidades. Seus personagens, que incluíam tipos emblemáticos e criaturas contraditórias, garantem a eternidade de sua obra.


MARIO QUINTANA

Não há dúvidas de que nenhum poeta gaúcho deste século conquistou notoriedade igual. Seu lirismo brincalhão arrebatou o carinho de leitores mundo afora. Nascido em 30 de julho de 1906, em Alegrete, adotou Porto Alegre, cujas ruas, praças e mulheres cantou em versos. Muito tempo depois de conquistar respeito e fama, foi derrotado em duas tentativas de ingressar na Academia Brasileira de Letras. O autor de o Caderno H morreu em 5 de maio de 1994.


GETÚLIO VARGAS
Convicto de sua contribuição marcante, o presidente Getúlio Vargas escreveu em sua carta-testamento que deixava a vida para entrar na História. Não era exatamente uma previsão. Em 24 de agosto de 1954, quando se suicidou, este gaúcho de São Borja já tinha méritos para juntar-se aos grandes nomes dos forjadores da nação brasileira deste século. Com revoluções, ditadura e eleições diretas, Getúlio representou uma síntese do poder político da primeira metade deste século no Brasil.


LUPICÍNIO RODRIGUES
Este é o nome da boemia porto-alegrense que foi exportada para o resto do Brasil amante da boa música popular. Lupicínio Rodrigues nasceu em 16 de setembro de 1914, onde hoje é o bairro Cidade Baixa. Suas composições ganharam versões de vozes famosas, como as de Jamelão, Francisco Alves, Linda Batista, Caetano Veloso e Gal Costa. Tinha apenas 12 anos quando criou suas primeiras canções, mas só em 1951, com Vingança, começou a ganhar direitos autorais. Morreu em 1974.


FRANCISCO BASTOS
O engenheiro Francisco Martins Bastos foi convidado, em 1938, a assumir a superintendência técnica da recém instalada Refinaria Ipiranga, em Rio Grande. Era o começo de uma bem sucedida aventura empresarial. Bastos acertou em cheio, por exemplo, ao convocar o experiente engenheiro Estebán Polanski para resolver problemas técnicos e comerciais, elevando a Ipiranga a um lugar entre as importantes empresas do setor petrolífero do país.


ELIS REGINA
Ela morreu em 19 de janeiro de 1982, deixando uma falha irreparável na plêiade da Música Popular Brasileira. A menina irrequieta nascida no bairro IAPI, em Porto Alegre, havia conquistado seu lugar no céu das estrelas da MPB e ainda provoca saudade em seus fãs. Elis, apelidada de Pimentinha, era irrefreável quando se indispunha com alguém. Protagonizou brigas gigantescas, mas também apadrinhou carreiras incipientes, levando à fama gente como Milton Nascimento.


DOM VICENTE SCHERER
O cardeal Alfredo Vicente Scherer, durante o período – 34 anos – em que dirigiu a Arquidiocese de Porto Alegre foi um homem conhecido por suas posições resolutas. Mas nem seus adversários poderiam duvidar da sua vocação para defender a fé que abraçou. Depois de deixar o posto de arcebispo foi eleito Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, função que ocupou até a morte, em 1995. Nasceu em Bom Princípio, dia 5 de fevereiro de 1903.


ALBERTO PASQUALINI
Nascido em 23 de setembro de 1901, em Ivorá, município de Júlio de Castilhos, Alberto Pasqualini se tornaria um dos mais importantes políticos da história do Estado do Rio Grande do Sul. Como parlamentar e administrador, destacou-se sobretudo por suas atividades no setor doutrinário. Membro do PTB, cunhou uma leitura do trabalhismo marcada por sua formação católica, que o afastava de correntes mais inclinadas para a esquerda. Morreu em junho de 1960.


JOÃO GOULART
O presidente deposto pelo golpe militar de 30 de março de 1964 foi um dos personagens mais lembrados pelos votantes. Vitorioso na campanha da Legalidade, não conseguiu manter-se no poder. Símbolo da democracia esmagada pela força dos quartéis, Jango, como era chamado, também representou outra mancha na história brasileira. Obrigado a deixar o país, ele morreu em 6 de setembro de 1976, em Montevidéu, sendo o primeiro presidente brasileiro a perecer no exílio.


Bacharel em Direito, jornalista, publicitário, compositor, folclorista, historiador e ficcionista, Barbosa Lessa começou a mostrar seus dotes literários ainda no Colégio Gonzaga, em Pelotas. Nascido em Piratini, em 1929 fundou, com Paixão Côrtes, o Centro de Tradições Gaúchas 35, dando início ao movimento tradicionalista no Estado. Entre os cargos públicos que ocupou está o de titular da Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo.


PADRE LANDELL DE MOURA
Roberto Landell de Moura, nascido em Porto Alegre em janeiro de 1861, amealhou conhecimentos científicos graças à Igreja Católica. Graduou-se em Física e Química na Universidade Gregoriana em Roma. Sua formação foi fundamental para a realização de experiências revolucionárias. Landell de Moura inventou o transmissor de ondas, o telégrafo e o telefone sem fio, mas foi considerado louco por seus conterrâneos. Morreu em 30 de junho de 1928.


LYA LUFT
Aos 61 anos, Lya Luft está entre os mais prestigiados autores contemporâneos da literatura brasileira. Natural de Santa Cruz, há muito tempo mora em Porto Alegre. Formada em Letras e Pedagogia, desistiu do magistério em favor da poesia e da ficção, estreando com a coletânea de poemas Canções de Limiar, em 1963. Com romances como A Asa Esquerda do Anjo, Reunião de Família e O Quarto Fechado conquistou seu lugar entre os principais ficcionistas brasileiros da atualidade.


RUBEM BERTA
Rubem Maria Berta era um jovem cuja ambição não se limitava a ganhar dinheiro quando foi escolhido, em 1941, pelo empresário alemão Otto Ernst Meyer, para ser o primeiro funcionário da Viação Aérea Rio-grandense, a Varig. Depois da morte de Meyer, Berta tornou-se presidente da empresa e a comandou por 25 anos. Empreendedor, o administrador remodelou os planos de rotas e deu início às linhas internacionais da Varig, situando-a entre as grandes do setor no mundo.


PAIXÃO CÔRTES
Quem chega a Porto Alegre pelo Norte, depara com uma estátua que é o símbolo da cidade. O viajante incauto pode desconhecer, mas são poucos os moradores da cidade que ignoram quem serviu de modelo para O Laçador, do escultor Antônio Caringi. Foi o bigodudo João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes, comunicador e folclorista. Ele começou a se destacar como personagem deste século em 1947. Como estudante do Julinho, integrou o grupo que fundou o 35 CTG.


ASSIS BRASIL
Em 29 de julho de 1857, Joaquim Francisco de Assis Brasil nasceu na estância de São Gonçalo, em São Gabriel. Depois de uma notável trajetória como líder político, morreu na Granja de Pedras Altas, em Pinheiro Machado, no dia 24 de dezembro de 1938. Adversário de Júlio de Castilhos, assumiu seu papel na oposição concorrendo contra Borges de Medeiros antes da Revolução de 1923, em que foi o chefe civil dos rebelados.


OSVALDO ARANHA
Oswaldo Euclydes de Souza Aranha nasceu em 15 de fevereiro de 1894, em Alegrete. Advogado, professor, estadista e diplomata, destacou-se na função pública como um dos principais aliados de Getúlio Vargas. Foi um dos líderes da Revolução de 30. Ocupou os ministérios da Justiça e da Fazenda, foi parlamentar constituinte e embaixador nos Estados Unidos. Eleito para presidir duas assembléias da ONU, comandou a votação que decidiu a criação do Estado de Israel, em 1947.


Vitor Matheus Teixeira foi o artista mais popular da história da música gaúcha. Gravou 65 discos e teve 766 canções próprias registradas em vinil. Seu sucesso ampliou-se para o resto do país e o Exterior. Teixeirinha nasceu em 1926 em Rolante, então distrito de Taquara, e morreu em 1985, em Porto Alegre. Sua infância trágica inspirou-o, como na música Coração de Luto. Destacou-se também no cinema, protagonizando mais de uma dezena de filmes.


A.J. RENNER
Neto de imigrantes alemães, Antônio Jacó Renner foi o fundador, em 1912, da maior rede varejista gaúcha do vestuário, as Casas Renner. Ele nasceu em Feliz e começou suas atividades em São Sebastião do Caí, investindo um capital de 100 contos de réis na fabricação de capas para chuva. Em 1914 mudou-se para Porto Alegre e, em 1920, lançou o traje esporte. Três anos depois passou a confeccionar tecidos. Morreu em dezembro de 1966.


IEDA MARIA VARGAS
Em 25 de julho de 1963, a gauchinha de Porto Alegre Ieda Maria Vargas, de 18 anos, realizou um sonho: foi eleita, em Miami, Miss Universo. Repetir o feito que a pelotense Yolanda Pereira concretizara em 1930 levou a moça à glória, com direito a ser recepcionada como uma Seleção campeã mundial. Na época, chegou a ser convidada para trabalhar no cinema. Ieda recusou. Seu destino era mais comum. Casou-se em 1968 com José Carlos Athanázio, com quem tem dois filhos.





Encerramento: 20 Gaúchos que Marcaram o Século XX (1999)


Que os deputados Paulo Pimenta e Maria do Rosário se inspirem nessas vinte personalidades do estado da federação que representam na câmara dos deputados. Pelo menos 1.776.997 de votantes conterrâneos sufragaram esses vinte escolhidos pela vontade popular em eleição acima descrita.

Foram considerados os 20 gaúchos do século XX.

Não se sabe se Vossas Excelências tiveram oportunidade de participar dessa eleição. Mas para V. Excelências o século XXI está apenas começando.

Vossas Excelências devem conhecer, por certo,  Incidente em Antares de Erico Veríssimo (1905, 1975), pai de um dos maiores defensores de vosso partido.

Contribuam para que, como espaço da ação, a cidade de Antares não siga tendo efeito metonímico: “trata-se da América Latina, com seu sistema político colonizado e corrupto; do Brasil, que acrescenta a esse sistema o dado ditatorial; e, por fim, do Rio Grande do Sul, que contribui com personagens e ideologia fundamentados em uma tradição local coronelista, patriarcalista e machista.”

“O que os mortos denunciam na praça pública – espaço democrático por excelência – é resultado daquele sistema político colonizado e corrupto, que permite os outros desvios, fazendo com que a metonímia retorne ao seu ponto de partida e complete a alegoria.”




Metonímia é a substituição de uma palavra por outra, quando entre ambas existe uma relação de proximidade de sentidos que permite essa troca. Ex.: O estádio aplaudiu o jogador.

Metonímia é uma figura de linguagem que surge da necessidade do falante ou escritor dar mais ênfase à comunicação.

A substituição de uma palavra por outra se realiza principalmente destes modos:

O autor pela obra: ler Machado de Assis.
A causa pelo efeito, ou vice-versa: viver do trabalho.
O inventor pelo invento: comprar um Ford.
O concreto pelo abstrato, ou vice-versa: ter ótima cabeça (inteligência).
Parte pelo todo, ou vice versa: cinco cabeças de gado.
O gênero pela espécie: a estação das rosas.
O singular pelo plural: as chuvas chegaram.
O determinado pelo indeterminado: fazer mil perguntas.
O indivíduo pela classe: ser o cristo da turma.

A metonímia não deve ser confundida com a metáfora, que se baseia num processo de associação de ideias, de semelhança, de comparação mental. Ex.: Esse homem é uma fera.

Assim, espera-se que:

O PT leia Machado de Assis.
O PT viva do seu trabalho.
O PT não se deixe vender para os que exploram os trabalhadores.
Cinco cabeças de PT pensem mais o Brasil e menos PT, ex-presidente e ex-presidenta.
A estação da democracia vigore no PT.
As verdades continuem transparecendo com o devido respeito ao estado democrático de direito, apesar do PT.
O PT faça mil perguntas verdadeiras e cale um milhão de falsas respostas.
O PT não finja ser o cristo da turma.
O PT cresça e assuma-se como adulto na democracia, sem medo de ser feliz.




Morre-se e se renasce com Mário Quintana...

Rubem Alves
Não seria possível que toda aula - de física, química, história ou matemática - fosse iniciada com um poema?



Epitáfio é uma frase que se grava numa lápide, contando algo sobre o enterrado. Já escolhi a minha. Não é original. É a mesma de Robert Frost: "Ele teve um caso de amor com a vida..."

Mário Quintana, sabendo que a morte o esperava em alguma esquina, escolheu a sua: "Eu não estou aqui..." Já imaginaram? Caminhando pelo cemitério, as lápides se sucedendo graves e fúnebres. "Aqui jaz...", "Aqui jaz..." De repente os olhos batem na frase "Eu não estou aqui", que é o mesmo que "Aqui não jaz..." É possível evitar o riso? É possível evitar amar quem assim brincou com a própria morte?

Mário Quintana era um menino que brincava com coisas graves. Sofreu. "Da primeira vez que me assassinaram perdi um jeito de sorrir que eu tinha. Depois, a cada vez que me mataram, foram levando qualquer coisa de minha." Mas passado o sofrimento, primeiro ele se vingou: "Todos esses que aí estão atravancando o meu caminho, eles passarão... Eu passarinho..." Ler Mário Quintana é pular de galho em galho, como passarinho.


Pois eu ia pulando de galho em galho como passarinho. E quanto mais alegre eu ficava, mais triste eu ficava. É que eu estava lendo sozinho. E a alegria na solidão é triste. Eu queria mesmo era estar numa roda de gente, professores e alunos, compartilhando alegria.

Aí eu pensei uma idéia doida: "Não seria possível que toda aula, de física, química, história, matemática, fosse iniciada com um poema ou um curto texto literário?" Por que não? Esses cursos de reciclagem... Pressupõe-se que um professor mais bem informado ensina melhor. Tenho minhas dúvidas. Conheço enciclopédias ambulantes que não conseguem ensinar coisa alguma. Que tal, então, seminários de literatura e poesia para professores que não são professores de português? Como isso iria fazer bem para a sua saúde! Começar pelo Mário Quintana passarinho, que escreve curtinho e faz rir. Depois, e eu juro, mas juro mesmo, que um professor que leia o livro do escritor moçambicano Mia Couto, Na Berma de Nenhuma Estrada ("berma", beirada de estrada), vai ser contagiado pelo vírus da "gripe literária" e vai sair por aí, contagiando outros. Na próxima vou falar sobre o Mia Couto, pra contagiar vocês...

Veio-me então uma idéia original: aos professores se oferecem freqüentemente cursos de atualização e reciclagem, nas matérias de sua especialidade. A idéia é que eles serão melhores professores se tiverem mais informações! Duvido...  A minha idéia original é que houvesse para todos os professores cursos... Não! Poesia e literatura não se aprendem em cursos - "samba não se aprende no colégio", disse Noel Rosa.  Não sei que nome dar: experiências coletivas com a literatura, que só acontecem quando há prazer, espanto, deslumbramento, susto, beleza, riso.

Primeiro, para os professores ficassem mais ricos por dentro. Segundo, para que as aulas de todas as matérias se iniciassem com dez minutos de poesia. Aí os alunos aprenderiam que literatura não é algo que acontece em certas horas de certos dias. Ela é como o ar; está misturada com a vida toda. Quem lê o Mário Quintana aprende isso.

Rubem Alves é educador e escritor



A agregada dos superlativos do PT, Maria do Rosário, superou-se nos desvairados excelentíssima. Uma muleta eficaz para dar vida à ex, ce lentíssima, não tivesse sido a paralítica reação do companheiro, e também gaúcho, Paulo Pimenta aos deputados da comissão do impeachment.

“Eu me lembrara da definição que José Dias dera a eles – deixa ver teus olhos, Capitu! – ‘olhos de cigana oblíqua e dissimulada’. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada eu sabia.”:




Saudações democráticas!

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