sexta-feira, 15 de abril de 2016

Dançando antes, bailando depois

Ou vice versa

Ou Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come

Ou EsconDIRIJO

Crônica Político – Musical Dançante

Embalada por

Nos teclados:

Josias de Souza
Carlos Chagas
Merval Pereira

Nas Caixas Sonoras:

Elis Regina
Maria Bethânia
Rita Lee

MUSA


Música e política são os temas centrais deste livro bem realizado pelo sociólogo Waldenyr Caldas. Percorrendo a história política do nosso país, usando a música popular como contraponto para suas análises, ele nos traz algumas revelações do quadro sociopolítico brasileiro retiradas com extrema precisão e pertinência da canção popular.





NA IMPRENSA

O Estado de S. Paulo / Data: 8/2/2006

Caminhando e cantando

Livro investiga a força da música na trajetória política do País, desde o Brasil colônia até o início dos anos 80, passando pelos festivais e pelas canções de protesto

Adriana Del Ré




Expresso Semanário Portugal EDIÇÃO DE 19 DE MARÇO DE 2016

Política


Ninguém fica bem na foto

Na semana em que arranca o processo de destituição de Dilma, o país está mais dividido que nunca.


Josias de Souza

19/03/2016 19:40





Mesmo quem não entende nada de política é capaz de enxergar uma politicagem. É o que indica pesquisa Datafolha divulgada neste sábado. Nada menos que 73% dos entrevistados disseram que Dilma agiu mal ao converter Lula em ministro. Para 68% das pessoas ouvidas, Lula só aceitou o cargo para fugir dos rigores da caneta do juiz Sérgio Moro, escondendo-se atrás do foro privilegiado de ministro.

Tomados pelos números do instituto, Dilma e Lula protagonizaram um clássico abraço de afogados. A taxa de reprovação de Dilma bateu em 69%, roçando os 71% anotados em agosto de 2015, o mais alto já captado pelo Datafolha em 27 anos. O índice de rejeição de Lula atingiu 57%, um recorde —a pior marca havia sido registrada em setembro de 1994, quando 40% do eleitorado dizia que jamais votaria no morubixaba do PT.

Ao associar sua presidência às investigações que rondam Lula, Dilma deu as costas para o asfalto. No domingo passado, as ruas roncaram pelo impeachment, pela prisão de Lula e pela canonização do juiz da Lava Jato. Em resposta, Dilma trancou-se em seus rancores, trouxe o investigado para dentro do Planalto e declarou guerra ao magistrado da “República de Curitiba”. Quer dizer: comprou briga com o meio-fio.

O Datafolha inventariou os prejuízos: desde fevereiro, o apoio ao impeachment de Dilma cresceu oito pontos percentuais —foi de 60% para 68%. Subiu sete pontos, de 58% para 65%, a quantidade de brasileiros favoráveis à renúncia de Dilma.

Suspensa pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, a nomeação de Lula para a chefia da Casa Civil ainda depende de um julgamento que ocorrerá no plenário da Suprema Corte. A essa altura, porém, o veredicto pouco importa. Dilma já associou sua combalida imagem às suspeitas que rondam Lula. No imaginário da plateia, restou a convicção de que, em política, nada se perde e nada se transforma. Tudo se corrompe.





Josias de Souza

19/03/2016 06:31

Quando Dilma aceitou levar Lula de volta para o Planalto, os brasileiros ficaram autorizados a concluir que ela se deu conta da sua própria ineficiência e decidiu devolver o poder a um verdadeiro chefe de Estado. O PT e seus satélites no sindicalismo e nos movimentos sociais viram a retomada da Presidência por Lula como as coisas finalmente voltando aos seus devidos lugares.

A presidência acidental de Lula ainda está sub judice. Mas o morubixaba do PT ofereceu na noite passada um gostinho do que será o Brasil se ele não for preso e se o STF autorizar o início do seu terceiro mandato. As coisas ficaram claras com o discurso feito por Lula na manifestação contra o impeachment, na Avenida Paulista.

“Eu não vou lá para brigar”, bradou Lula. Seu plano de governo consiste em ajudar a fazer as coisas que precisam ser feitas. “Não vou lá achando que aqueles que não gostam de nós são menos brasileiros do que nós”, afirmou, antes de realçar as características que fazem de “nós” algo bem melhor do que “eles”.

“Eles vestem roupa amarela e verde para dizer que são mais brasileiros do que nós. Corte uma veia deles para ver se o sangue deles é verde e amarelo. É vermelho que nem o nosso, é vermelho como se fosse o sangue de Jesus Cristo.”

Lula prosseguiu: “Eles não são mais brasileiros do que nós, porque, na verdade, eles são um tipo de brasileiro que gostaria de ir para Miami fazer compra todo dia. E nós compramos na 25 de Março. Nós compramos na cidade que a gente mora. E a gente compra fiado. A gente não reclama que o dólar suba, porque fica caro viajar para Miami. Eu viajo para Garanhuns, para o Rio Grande do Norte, para a Bahia…”

“Precisamos recuperar o humor desse país, precisamos recuperar o orgulho de ser brasileiro, precisamos recuperar a auto-estima”, disse Lula a alturas tantas. O orgulho e a auto-estima não serão recuperados facilmente. Mas o humor está de volta.

Deve-se louvar o esforço retórico que o sucessor de Dilma realiza para reaproximar o PT dos brasileiros mais humildes. Não é fácil para Lula esbravejar contra a elite endinheirada. Uma voz incômoda deve soar nos fundões de sua consciência: “Farsante”.

Palestrante milionário, amigo de poderosos que reformam à sua revelia os imóveis que frequenta, Lula deve se divertir sozinho ao verificar, na hora de escovar os dentes toda manhã, que a elite agora mora no espelho da cobertura de São Bernardo.

Uma das caractererísticas fundamentais da deficiência de julgamento de um povo é ter que ouvir uma pessoa durante vários anos para chegar à conclusão de que ela não tem nada dizer. Lula atingiu esse estágio. Seu discurso tornou-se um latifúndio improdutivo. Apenas os devotos que o seguem desejam compartilhar.

Lula já não exibe a pele de jararaca que vestira em 4 de março, quando a Polícia Federal o levou para prestar depoimento, sob vara. “Ao aceitar ir para o governo, veja o que aconteceu comigo: eu virei outra vez o Lulinha Paz e Amor”, disse ele, no miolo de um discurso recheado de ataques.

“Não quero que quem votou no Aécio vote em mim, não quero que ele exija que quem votou na Dilma vote nele. O que eu quero é que a gente aprenda a conviver de forma civilizada com as nossas diferenças.” Civilizadamente, Lula bateu nos rivais: “Faz um ano e três meses que eles estão atrapalhando a presidenta Dilma a governar esse país.”

Habituado a superestimar seus talentos, Lula subestima as deficiências de Dilma. Madame se desgovernou sozinha, sem o auxílio da oposição. Por sorte, Lula, que vinha sendo o poder de fato no Brasil desde que deixou a Presidência, em 2010, aceitou reassumir o trono.

O discurso de Lula na Paulista introduz no cenário político um clima de novidade burlesca. Percebe-se nas entrelinhas que Lula virou a página. Para trás!




Blog do Josias de Souza


Josias de Souza

19/03/2016 01:56



Ao discursar para a multidão que foi à Avenida Paulista protestar contra o impeachment, Lula disse que, na próxima terça-feira, estaria na Casa Civil da Presidência “servindo à companheira Dilma”. Não estará. Ao suspender sua nomeação, o ministro Gilmar Mendes, do STF, colocou Lula ao alcance de Sérgio Moro pelo menos até o início de abril. Só o plenário do Supremo pode revogar a decisão de Gilmar, que tem caráter liminar. E os ministros da Suprema Corte se autoconcederam um recesso branco na Semana Santa.

Gilmar Mendes não pretende esperar por um recurso da Advocacia-Geral da União para levar o caso ao plenário do Supremo. Ele já prepara o voto que submeterá aos colegas no julgamento do mérito da causa. No entanto, o plenário do STF só voltará a funcionar em 30 de março. E ainda será necessário requisitar uma manifestação da Presidência e, provavelmente, da Procuradoria-Geral da República. Depois, será preciso encaixar a encrenca na pauta.

Ou seja, de nada adiantou a pressa do governo para prover a Lula o escudo do foro privilegiado. Em ritmo de toque de caixa, Dilma mandara rodar uma edição extraordinária do Diário Oficial para formalizar a nomeação do investigado. Programada inicialmente para a próxima terça-feira (22), a posse de Lula foi antecipada em cinco dias. Tudo para livrá-lo da caneta do juiz da Lava Jato.

Havia nos subterrâneos do petismo e do governo um receio de que Moro estivesse tramando a prisão de Lula. Com seu despacho, Gilmar Mendes como que condenou o novo “subordinado'' de Dilma a padecer de ‘morofobia’ por mais tempo do que gostaria.




CARLOS CHAGAS


Supondo-se que até o final da semana venha a ser resolvida essa ridícula questão da posse do ex-presidente Lula na chefia da Casa Civil da presidente Dilma, passa-se  ao principal: para que o antecessor foi convocado? Para inaugurar um novo governo, entrando no  palácio do Planalto com plano de ação e até uma  listinha de  novos ministros? Não  como capitão de time, mas marechal do exército atualmente em retirada?

Ou subordinado fiel e obediente cumpridor das ordens da comandante? Quanto baterem de frente, pois nessas situações  são mais do que naturais as divergências, para que lado marchará a tropa?

Há quem conclua por antecipação que Madame incorreu em grave erro ao convocar o antecessor para o  seu  time. Serão dois anos e oito meses de tensões permanentes, situação demonstrativa da conclusão de que o PT ia perdendo  a guerra. As manifestações de domingo passado não deixam dúvidas sobre terem sido bem superiores às da recente sexta-feira.

Acontecerá o que, caso batam de frente Dilma e Lula? Não se duvida da hipótese de que alguns ministros venham a insurgir-se contra orientações do novo chefe da Casa Civil? A quem Madame dará preferência?

Lula enfrentará outro tipo de problemas. A família  abrirá mão de confortável residência  em São Paulo, mesmo sem características de triplex, ou de um sítio próximo e ameno, para vir morar no cerrado?  Mesmo com mansões a seu dispor, hesitará em trazer  para Brasília toda  a tralha  levada para a Paulicéia.  Ficar na ponte aérea equivalerá a um  retrocesso, mas morar separado da mulher e dos filhos, pior ainda.

Como será  cuidado o Instituto Lula? Paulo Okamoto ficará lá ou aqui? Admite-se um chefe da Casa Civil afastado da sede do governo? E durante as sucessivas viagens  pelo país, quem ocupará as instalações presidenciais?  Claro que Dilma, mas o constrangimento  estará presente todos os dias.

Sempre que o Lula receber convites para palestras no exterior,  em que   condição será recebido pelas autoridades lá de fora? Ex-presidente da República ou chefe da Casa Civil? Em que conta bancária será depositado seu cachê?

Para cada lado que o ex-presidente se volte encontrará problemas. Será que nos momentos de reflexão não lhe passará pela cabeça concluir haver praticado uma imensa besteira?



sexta-feira, 18 de março de 2016

Comportamento rasteiro - Merval Pereira

- O Globo

Grampo revela um Lula sexista e autoritário. O Lula que as gravações liberadas pela Operação Lava- Jato revelam é um político autoritário, com uma visão nada republicana do país, que exige lealdade e gratidão daqueles que nomeou, e trata com desdém os adversários e as instituições públicas, e um homem sexista, que faz piadas de profundo mau gosto e referências grosseiras a militantes femininas de seu entorno.

O ex-presidente Lula revela ainda um tremendo desprezo pela democracia que diz respeitar, instruindo seus seguidores a agirem com violência contra adversários, para que estes sintam receio de se oporem aos petistas. Diz a seu irmão Vavá, por exemplo, que os “coxinhas” que chegarem perto de sua casa vão levar uma surra dos sindicalistas que estão de guarda.

Uma dessas conversas mais reveladoras do caráter de Lula é justamente com a presidente Dilma, onde diz que “temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado. Temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido, não sei quantos parlamentares ameaçados. Fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre.”

Coube ao decano do STF, ministro Celso de Mello, dar uma resposta à altura, pois o presidente atual, Ricardo Lewandowski, não iria falar, embora tenha sido citado diversas vezes. Tanto que iniciou a sessão de ontem lendo a pauta e chamando o primeiro processo, como se nada estivesse acontecendo no país. Celso de Mello pediu a palavra e externou o sentimento majoritário da mais alta Corte de Justiça do país:

“Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte desta Corte Suprema, traduz, no presente contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões da República, reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e independentes, que tanto honram a magistratura brasileira e que não hesitarão, observados os grandes princípios consagrados pelo regime democrático e respeitada a garantia constitucional do devido processo legal, em fazer recair sobre aqueles considerados culpados, em regular processo judicial, todo o peso e toda a autoridade das leis criminais de nosso País”.

Em outra conversa, Lula faz uma piada sexista sobre sua assessora Clara Ant, que provoca gargalhadas em Dilma: “Entraram cinco homens na casa dela, ela pensou que fosse um presente de Deus, mas era a Polícia Federal”. Em outra conversa, com Jaques Wagner, os dois gozam os problemas que a senadora Marta Suplicy teve nas manifestações: “A Marta teve que se trancar na Fiesp. Foi chamada de puta, vagabunda, vira- casaca”, diz Lula, ao que Wagner responde: “É bom para nega aprender.”

Tanto quando fala com Wagner para que Dilma pressione a ministra Rosa Weber, quanto com o ex-ministro Vannuchi, Lula trata as mulheres de maneira, no mínimo, grosseira. “Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o que os homens não fizeram”, diz sobre a ministra. E, ao falar sobre a necessidade de mobilizar as mulheres do partido para assediar um juiz de Rondônia acusado de maltratar a mulher, Lula pergunta: “Cadê as mulheres de grelo duro do PT?”.

O ex-presidente Lula mostra bem seu “republicanismo” quando manda o ministro da Fazenda Nelson Barbosa ver o que a Receita Federal está fazendo no Instituto Lula. Cobra de Rodrigo Janot, o procurador geral da República, gratidão por ter sido nomeado, e recebeu de troco o comentário de que ministério não blinda ninguém, e que não deve a Lula gratidão nenhuma.

Com o deputado petista Wadih Damous, que já foi presidente nacional da OAB e está no Congresso graças a uma manobra de Lula, pois era suplente do PT, o ex- presidente mostra toda a sua visão “democrática”, quando fala sobre o juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava- Jato: “Bicho, eles têm que ter medo. Eles têm que ter preocupação...”.

Enfim, para quem é tido como um grande articulador político, Lula queimou todas as pontes e revelou-se um desqualificado, com um padrão moral rasteiro.




Dois Pra Lá, Dois Pra Cá

Elis Regina









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