Ou vice versa
Ou Se correr o bicho pega, se ficar
o bicho come
Ou EsconDIRIJO
Crônica Político – Musical Dançante
Embalada por
Nos teclados:
Josias de Souza
Carlos Chagas
Merval Pereira
Nas Caixas Sonoras:
Elis Regina
Maria Bethânia
Rita Lee
MUSA
Música
e política são os temas centrais deste livro bem realizado pelo sociólogo
Waldenyr Caldas. Percorrendo a história política do nosso país, usando a música
popular como contraponto para suas análises, ele nos traz algumas revelações do
quadro sociopolítico brasileiro retiradas com extrema precisão e pertinência da
canção popular.
NA IMPRENSA
O
Estado de S. Paulo / Data: 8/2/2006
Caminhando e cantando
Livro
investiga a força da música na trajetória política do País, desde o Brasil
colônia até o início dos anos 80, passando pelos festivais e pelas canções de
protesto
Adriana Del Ré
Expresso
Semanário Portugal EDIÇÃO DE 19 DE MARÇO DE 2016
Política
Ninguém fica bem na foto
Na semana em que arranca o processo
de destituição de Dilma, o país está mais dividido que nunca.
Josias de Souza
19/03/2016 19:40
Mesmo
quem não entende nada de política é capaz de enxergar uma politicagem. É o que
indica pesquisa Datafolha divulgada
neste sábado. Nada menos que 73% dos entrevistados disseram que Dilma agiu mal
ao converter Lula em ministro. Para 68% das pessoas ouvidas, Lula só aceitou o
cargo para fugir dos rigores da caneta do juiz Sérgio Moro, escondendo-se atrás
do foro privilegiado de ministro.
Tomados
pelos números do instituto, Dilma e Lula protagonizaram um clássico abraço de
afogados. A taxa de reprovação de Dilma bateu em 69%, roçando os 71% anotados
em agosto de 2015, o mais alto já captado pelo Datafolha em 27 anos. O índice
de rejeição de Lula atingiu 57%, um recorde —a
pior marca havia sido registrada em setembro de 1994, quando 40% do eleitorado
dizia que jamais votaria no morubixaba do PT.
Ao
associar sua presidência às investigações que rondam Lula, Dilma deu as costas
para o asfalto. No domingo passado, as ruas roncaram pelo impeachment, pela
prisão de Lula e pela canonização do juiz da Lava Jato. Em resposta, Dilma
trancou-se em seus rancores, trouxe o investigado para dentro do Planalto e
declarou guerra ao magistrado da “República de Curitiba”. Quer dizer: comprou
briga com o meio-fio.
O
Datafolha inventariou os prejuízos: desde fevereiro, o apoio ao impeachment de
Dilma cresceu oito pontos percentuais —foi de 60% para 68%. Subiu sete pontos,
de 58% para 65%, a quantidade de brasileiros favoráveis à renúncia de Dilma.
Suspensa
pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, a nomeação de Lula para a chefia da Casa
Civil ainda depende de um julgamento que ocorrerá no plenário da Suprema Corte.
A essa altura, porém, o veredicto pouco importa. Dilma já associou sua
combalida imagem às suspeitas que rondam Lula. No imaginário da plateia, restou
a convicção de que, em política, nada se perde e nada se transforma. Tudo se
corrompe.
Josias de Souza
19/03/2016 06:31
Quando
Dilma aceitou levar Lula de volta para o Planalto, os brasileiros ficaram
autorizados a concluir que ela se deu conta da sua própria ineficiência e
decidiu devolver o poder a um verdadeiro chefe de Estado. O PT e seus satélites
no sindicalismo e nos movimentos sociais viram a retomada da Presidência por
Lula como as coisas finalmente voltando aos seus devidos lugares.
A
presidência acidental de Lula ainda está sub judice. Mas o morubixaba do
PT ofereceu na noite passada um gostinho do que será o Brasil se ele não for preso
e se o STF autorizar o início do seu terceiro mandato. As coisas ficaram claras
com o discurso feito por Lula na manifestação contra o impeachment, na Avenida
Paulista.
“Eu
não vou lá para brigar”, bradou Lula. Seu plano de governo consiste em ajudar a
fazer as coisas que precisam ser feitas. “Não vou lá achando que aqueles que
não gostam de nós são menos brasileiros do que nós”, afirmou, antes de realçar
as características que fazem de “nós” algo bem melhor do que “eles”.
“Eles
vestem roupa amarela e verde para dizer que são mais brasileiros do que nós.
Corte uma veia deles para ver se o sangue deles é verde e amarelo. É vermelho
que nem o nosso, é vermelho como se fosse o sangue de Jesus Cristo.”
Lula
prosseguiu: “Eles não são mais brasileiros do que nós, porque, na verdade, eles
são um tipo de brasileiro que gostaria de ir para Miami fazer compra todo dia.
E nós compramos na 25 de Março. Nós compramos na cidade que a gente mora. E a
gente compra fiado. A gente não reclama que o dólar suba, porque fica caro
viajar para Miami. Eu viajo para Garanhuns, para o Rio Grande do Norte, para a
Bahia…”
“Precisamos
recuperar o humor desse país, precisamos recuperar o orgulho de ser brasileiro,
precisamos recuperar a auto-estima”, disse Lula a alturas tantas. O orgulho e a
auto-estima não serão recuperados facilmente. Mas o humor está de volta.
Deve-se
louvar o esforço retórico que o sucessor de Dilma realiza para reaproximar o PT
dos brasileiros mais humildes. Não é fácil para Lula esbravejar contra a elite
endinheirada. Uma voz incômoda deve soar nos fundões de sua consciência:
“Farsante”.
Palestrante
milionário, amigo de poderosos que reformam à sua revelia os imóveis que
frequenta, Lula deve se divertir sozinho ao verificar, na hora de escovar os
dentes toda manhã, que a elite agora mora no espelho da cobertura de São
Bernardo.
Uma
das caractererísticas fundamentais da deficiência de julgamento de um povo é
ter que ouvir uma pessoa durante vários anos para chegar à conclusão de que ela
não tem nada dizer. Lula atingiu esse estágio. Seu discurso tornou-se um
latifúndio improdutivo. Apenas os devotos que o seguem desejam compartilhar.
Lula
já não exibe a pele de jararaca que vestira em 4 de março, quando a Polícia
Federal o levou para prestar depoimento, sob vara. “Ao aceitar ir para o
governo, veja o que aconteceu comigo: eu virei outra vez o Lulinha Paz e Amor”,
disse ele, no miolo de um discurso recheado de ataques.
“Não
quero que quem votou no Aécio vote em mim, não quero que ele exija que quem
votou na Dilma vote nele. O que eu quero é que a gente aprenda a conviver de
forma civilizada com as nossas diferenças.” Civilizadamente, Lula bateu nos
rivais: “Faz um ano e três meses que eles estão atrapalhando a presidenta Dilma
a governar esse país.”
Habituado
a superestimar seus talentos, Lula subestima as deficiências de Dilma. Madame
se desgovernou sozinha, sem o auxílio da oposição. Por sorte, Lula, que vinha
sendo o poder de fato no Brasil desde que deixou a Presidência, em 2010,
aceitou reassumir o trono.
O
discurso de Lula na Paulista introduz no cenário político um clima de novidade
burlesca. Percebe-se nas entrelinhas que Lula virou a página. Para trás!
Blog
do Josias de Souza
Josias de Souza
19/03/2016 01:56
Ao
discursar para a multidão que foi à Avenida Paulista protestar contra o
impeachment, Lula disse que, na próxima terça-feira, estaria na Casa Civil da
Presidência “servindo à companheira Dilma”. Não estará. Ao suspender sua
nomeação, o ministro Gilmar Mendes, do STF, colocou Lula ao alcance de Sérgio
Moro pelo menos até o início de abril. Só o plenário do Supremo pode revogar a
decisão de Gilmar, que tem caráter liminar. E os ministros da Suprema Corte se
autoconcederam um recesso branco na Semana Santa.
Gilmar
Mendes não pretende esperar por um recurso da Advocacia-Geral da União para
levar o caso ao plenário do Supremo. Ele já prepara o voto que submeterá aos
colegas no julgamento do mérito da causa. No entanto, o plenário do STF só
voltará a funcionar em 30 de março. E ainda será necessário requisitar uma
manifestação da Presidência e, provavelmente, da Procuradoria-Geral da
República. Depois, será preciso encaixar a encrenca na pauta.
Ou
seja, de nada adiantou a pressa do governo para prover a Lula o escudo do foro
privilegiado. Em ritmo de toque de caixa, Dilma mandara rodar uma edição
extraordinária do Diário Oficial para formalizar a nomeação do investigado.
Programada inicialmente para a próxima terça-feira (22), a posse de Lula foi
antecipada em cinco dias. Tudo para livrá-lo da caneta do juiz da Lava Jato.
Havia
nos subterrâneos do petismo e do governo um receio de que Moro estivesse
tramando a prisão de Lula. Com seu despacho, Gilmar Mendes como que condenou o
novo “subordinado'' de Dilma a padecer de ‘morofobia’ por mais tempo do que
gostaria.
CARLOS CHAGAS
Supondo-se
que até o final da semana venha a ser resolvida essa ridícula questão da posse
do ex-presidente Lula na chefia da Casa Civil da presidente Dilma,
passa-se ao principal: para que o antecessor foi convocado? Para
inaugurar um novo governo, entrando no palácio do Planalto com plano de
ação e até uma listinha de novos ministros? Não como capitão
de time, mas marechal do exército atualmente em retirada?
Ou
subordinado fiel e obediente cumpridor das ordens da comandante? Quanto baterem
de frente, pois nessas situações são mais do que naturais as
divergências, para que lado marchará a tropa?
Há
quem conclua por antecipação que Madame incorreu em grave erro ao convocar o
antecessor para o seu time. Serão dois anos e oito meses de tensões
permanentes, situação demonstrativa da conclusão de que o PT ia perdendo
a guerra. As manifestações de domingo passado não deixam dúvidas sobre terem
sido bem superiores às da recente sexta-feira.
Acontecerá
o que, caso batam de frente Dilma e Lula? Não se duvida da hipótese de que
alguns ministros venham a insurgir-se contra orientações do novo chefe da Casa
Civil? A quem Madame dará preferência?
Lula
enfrentará outro tipo de problemas. A família abrirá mão de confortável
residência em São Paulo, mesmo sem características de triplex, ou de um
sítio próximo e ameno, para vir morar no cerrado? Mesmo com mansões a seu
dispor, hesitará em trazer para Brasília toda a tralha levada
para a Paulicéia. Ficar na ponte aérea equivalerá a um retrocesso,
mas morar separado da mulher e dos filhos, pior ainda.
Como
será cuidado o Instituto Lula? Paulo Okamoto ficará lá ou aqui? Admite-se
um chefe da Casa Civil afastado da sede do governo? E durante as sucessivas
viagens pelo país, quem ocupará as instalações presidenciais? Claro
que Dilma, mas o constrangimento estará presente todos os dias.
Sempre
que o Lula receber convites para palestras no exterior, em
que condição será recebido pelas autoridades lá de fora?
Ex-presidente da República ou chefe da Casa Civil? Em que conta bancária será
depositado seu cachê?
Para
cada lado que o ex-presidente se volte encontrará problemas. Será que nos
momentos de reflexão não lhe passará pela cabeça concluir haver praticado uma
imensa besteira?
Comportamento rasteiro
- Merval Pereira
-
O Globo
Grampo
revela um Lula sexista e autoritário. O Lula que as gravações liberadas pela
Operação Lava- Jato revelam é um político autoritário, com uma visão nada
republicana do país, que exige lealdade e gratidão daqueles que nomeou, e trata
com desdém os adversários e as instituições públicas, e um homem sexista, que
faz piadas de profundo mau gosto e referências grosseiras a militantes
femininas de seu entorno.
O
ex-presidente Lula revela ainda um tremendo desprezo pela democracia que diz
respeitar, instruindo seus seguidores a agirem com violência contra
adversários, para que estes sintam receio de se oporem aos petistas. Diz a seu
irmão Vavá, por exemplo, que os “coxinhas” que chegarem perto de sua casa vão
levar uma surra dos sindicalistas que estão de guarda.
Uma
dessas conversas mais reveladoras do caráter de Lula é justamente com a
presidente Dilma, onde diz que “temos uma Suprema Corte totalmente acovardada,
um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente
acovardado. Temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado
fodido, não sei quantos parlamentares ameaçados. Fica todo mundo no compasso de
que vai acontecer um milagre.”
Coube
ao decano do STF, ministro Celso de Mello, dar uma resposta à altura, pois o
presidente atual, Ricardo Lewandowski, não iria falar, embora tenha sido citado
diversas vezes. Tanto que iniciou a sessão de ontem lendo a pauta e chamando o
primeiro processo, como se nada estivesse acontecendo no país. Celso de Mello
pediu a palavra e externou o sentimento majoritário da mais alta Corte de
Justiça do país:
“Esse
insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da
mais veemente repulsa por parte desta Corte Suprema, traduz, no presente
contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões da República,
reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não
conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e
irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela
atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e independentes, que
tanto honram a magistratura brasileira e que não hesitarão, observados os
grandes princípios consagrados pelo regime democrático e respeitada a garantia
constitucional do devido processo legal, em fazer recair sobre aqueles
considerados culpados, em regular processo judicial, todo o peso e toda a
autoridade das leis criminais de nosso País”.
Em
outra conversa, Lula faz uma piada sexista sobre sua assessora Clara Ant, que
provoca gargalhadas em Dilma: “Entraram cinco homens na casa dela, ela pensou
que fosse um presente de Deus, mas era a Polícia Federal”. Em outra conversa,
com Jaques Wagner, os dois gozam os problemas que a senadora Marta Suplicy teve
nas manifestações: “A Marta teve que se trancar na Fiesp. Foi chamada de puta,
vagabunda, vira- casaca”, diz Lula, ao que Wagner responde: “É bom para nega
aprender.”
Tanto
quando fala com Wagner para que Dilma pressione a ministra Rosa Weber, quanto
com o ex-ministro Vannuchi, Lula trata as mulheres de maneira, no mínimo,
grosseira. “Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o
que os homens não fizeram”, diz sobre a ministra. E, ao falar sobre a
necessidade de mobilizar as mulheres do partido para assediar um juiz de
Rondônia acusado de maltratar a mulher, Lula pergunta: “Cadê as mulheres de
grelo duro do PT?”.
O
ex-presidente Lula mostra bem seu “republicanismo” quando manda o ministro da
Fazenda Nelson Barbosa ver o que a Receita Federal está fazendo no Instituto
Lula. Cobra de Rodrigo Janot, o procurador geral da República, gratidão por ter
sido nomeado, e recebeu de troco o comentário de que ministério não blinda
ninguém, e que não deve a Lula gratidão nenhuma.
Com
o deputado petista Wadih Damous, que já foi presidente nacional da OAB e está
no Congresso graças a uma manobra de Lula, pois era suplente do PT, o ex-
presidente mostra toda a sua visão “democrática”, quando fala sobre o juiz
Sérgio Moro e os procuradores da Lava- Jato: “Bicho, eles têm que ter medo.
Eles têm que ter preocupação...”.
Enfim,
para quem é tido como um grande articulador político, Lula queimou todas as
pontes e revelou-se um desqualificado, com um padrão moral rasteiro.
Dois Pra Lá, Dois Pra Cá
Elis Regina
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