domingo, 11 de setembro de 2022

TE RECUERDO AMANDA

O Chile já me deu régua e compasso Chile com LE *** *** Poesia | Pablo Neruda - Saudade ****************************************************** *** Te Recuerdo Amanda Victor Jara ************************************* *** Música | Chile: Golpe Militar 11/9/1973. Quilapayun - Que dira el Santo Padre, Te recuerdo Amanda ***********************************
*** domingo, 11 de setembro de 2022 Pedro S. Malan* - É assustador 3 O Estado de S. Paulo Brasil precisa superar este quadriênio, sem acreditar que existe outro tipo de messianismo salvacionista Escrevo este artigo sob vívida lembrança do 7 de setembro de 2021 e de seu importante day after, no qual Bolsonaro fez um recuo tático, sem abandonar sua estratégia. O recente 7 de setembro foi, como o anterior, cuidadosamente preparado. Com uma diferença chave: agora estávamos a 25 dias do dia da eleição. E o presidente conseguiu transformar o que deveria ser uma cerimônia cívica, data festiva para todos os brasileiros, em ato de campanha política. Um grande e inusitado comício no exercício do cargo, para captar imagens e mostrar ao Brasil e ao mundo quão popular é Bolsonaro junto de seu “povo”. “É possível enganar algumas pessoas todo o tempo; é também possível enganar todas as pessoas por algum tempo; o que não é possível é enganar todas as pessoas todo o tempo.” A piada construída sobre a famosa frase de Abraham Lincoln não é menos relevante; um candidato à Presidência dos EUA teria dito: “Mas eu não preciso enganar a todos, bastam-me metade mais um dos votos válidos no dia das eleições. Depois, deixe comigo (leave it to me)”. A estratégia do atual presidente parece clara. Suponha o leitor que a eleição não seja decidida no primeiro turno. Quanto menor a diferença de votos entre Lula e Bolsonaro, supondo que a favor do primeiro, maior a probabilidade de questionamentos sobre o resultado das urnas. A senha vem sendo dada há muito tempo: Bolsonaro respeitará o resultado das eleições, “desde que estas sejam limpas e transparentes”. No dia 8 foi mais explícito: “Alguém acredita que numa eleição limpa o Lula ganha?”. Assustadora polarização. Trump foi mais longe: reconheceria o resultado, “se eu ganhar”. Hoje são conhecidos, graças à séria investigação do Congresso norte-americano, os esforços desesperados do ex-presidente dos EUA – com Steve Bannon, o modelo inspirador do núcleo duro de Bolsonaro – para fazer vingar a tese de que as eleições de 2020 nos EUA haviam sido fraudadas. Mais da metade dos republicanos até hoje acredita nisso. Moisés Naim (citei em artigo neste espaço – Quadriênios: Trump e Bolsonaro) assim expressou sua perplexidade a propósito da votação de Trump em 2020, 10 milhões acima daquela com que havia derrotado Hillary Clinton quatro anos antes: “São 74 milhões que não se importaram em votar num presidente que mente de forma compulsiva, constante e facilmente verificável. Que não acreditam que Trump seja um mentiroso, ou que não se importam com isso, ou têm necessidades e esperanças mais importantes”. Como escreveu Max Weber, “a entrega ao carisma do profeta, do caudilho na guerra ou do grande demagogo não ocorre porque a mande o costume ou a norma legal, mas porque os homens creem nele”. Isaiah Berlin notou que essa “entrega ao carisma” se dá porque os seres humanos precisam acreditar que “em algum lugar, no passado ou no futuro, em revelação divina ou na mente de um pensador individual, nos pronunciamentos da História ou da ciência, há uma solução final”. Uma quimera que alguns sempre buscarão, à “esquerda” e/ou à “direita”. Nessa busca, muitos se entregam a lideranças carismáticas que, todas – o profeta, o caudilho ou o demagogo –, têm predisposição autoritária ou autocratizante; que sempre definem com clareza “o inimigo” e cobram lealdade absoluta de seus seguidores; que os mantêm permanentemente mobilizados – no mundo moderno, por meio do uso competente de suas redes sociais. Marcus André Melo chamou a atenção para o paradoxo: “Um chefe do Estado populista irá se deparar com um sistema institucional que imporá limites à sua discricionariedade. E o apoio do bloco só existirá se o presidente for popular”. Política, afinal, é expectativa de poder, de preservação de espaços ocupados e de expectativas de espaços por ocupar. Depois que Bolsonaro teve de se render ao poder do “centrão”, em meados de 2020, o Congresso Nacional aumentou consideravelmente seu poder político e o controle sobre fatias crescentes do Orçamento. Não é coisa pouca. As emendas parlamentares de 2020 a 2022 somam R$ 82,3 bilhões. Para 2023, representam 32% do total de emendas e demais gastos discricionários (R$ 38/118 bilhões) – em 2022 devem ser 24%. O próximo governo, qualquer que ele seja, terá de enfrentar pesadas heranças, inclusive na área de finanças públicas, que será preciso equacionar com credibilidade, para que o Brasil possa voltar a crescer de forma sustentável. Este é o terceiro artigo publicado neste espaço em 2022 sob o mesmo título. O segundo, de abril, terminava citando Anne Applebaum: “Os freios, filtros e contrapesos das democracias constitucionais ocidentais jamais garantiram estabilidade. Eles sempre exigiram certa tolerância pela cacofonia e pelo caos, assim como certa disposição em reagir às pessoas que criam cacofonia e caos”. Concluía afirmando que as eleições de 2022 constituem teste especialmente relevante para a capacidade e a disposição de nossa democracia constitucional para reagir à cacofonia e ao caos. Faltou adicionar: bem como a táticas e estratégias destinadas a solapá-la. O Brasil precisa superar este quadriênio, sem acreditar que existe outro tipo de messianismo salvacionista. Seria assustador. *Economista, foi ministro da Fazenda no governo FHC. *******************************************************************
*** chilli *** O Chile já me deu régua e compasso Chile com LE *** *** Bahia Com H João Gilberto Letra Favoritar Cifra Dá licença, dá licença, meu senhor Dá licença, dá licença, pra iôiô Eu sou amante da gostosa Bahia, porém Pra saber seu segredo serei baiano também Dá licença, de gostar um pouquinho só A Bahia eu não vou roubar, tem dó! E já disse um poeta Que terra mais linda não há Isso é velho e do tempo Em que já se escrevia Bahia com H! Deixa ver, com os meus olhos de amante saudoso A Bahia do meu coração Deixa ver, Baixa do Sapateiro, Charriou, Barroquinha, Calçada, Tabuão! Sou um amigo que volta feliz Pra teus braços abertos, Bahia! Sou poeta e não quero ficar Assim longe da tua magia! Deixa ver, teus sobrados, igrejas, teus santos Ladeiras, e montes tal qual um postal Dá licença de rezar pro Senhor do Bonfim Salve a Santa Bahia imortal Bahia dos sonhos mil! Eu fico contente da vida Em saber que a Bahia é Brasil! Composição: Denis Brean https://www.cifraclub.com.br/joao-gilberto/bahia-com-h/letra/ ****************************************************************
*** A lição chilena Os chilenos mandaram para o arquivo o projeto de Constituição votado por uma assembleia que havia incorporado quase todos os temas da agenda de centro-esquerda do século XXI. Em outro referendo, em 1988, os mesmos chilenos mostraram a porta de saída à ditadura do general Augusto Pinochet. Os plebiscitos chilenos resolveram pacificamente as divergências da sociedade. Em 1973, outra grande divergência foi resolvida pela força das armas e desembocou numa sangrenta ditadura. O presidente Gabriel Boric absorveu a derrota, reconhecendo a expressão da vontade popular e reorientou seu governo. É sempre bom lembrar que em dezembro do ano passado, no primeiro turno da eleição, Boric teve 25,8% dos votos. No segundo, prevaleceu com uma maioria de 56%. A Constituição foi rejeitada por 62% da população num pleito em que o voto era obrigatório. A professora Maria Hermínia Tavares disse tudo: “O desfecho do plebiscito mostra que a parcela organizada e politicamente ativa da sociedade não se confunde com as preferências da maioria, tampouco a exprime, mesmo quando se enxerga como a sua tradução mais legítima e generosa.” Agendas políticas são como árvores de Natal. Elas precisam de enfeites, mas se forem sobrecarregadas, caem. Sobrecarregada, a Constituição chilena foi rejeitada. No Brasil, até mesmo alguns dirigentes petistas já reconheceram que a queda da presidente Dilma Rousseff e a ascensão de Jair Bolsonaro deveram-se, em parte, à incorporação de um excesso de temas divisivos à agenda da coligação de centro-esquerda. https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/09/elio-gaspari-inglaterra-de-1952-2022.html#more ****************************
*** domingo, 11 de setembro de 2022 Luiz Carlos Azedo - A pandemia, o passado e a polarização Lula versus Bolsonaro Correio Braziliense A três semanas do dia da votação, 2 de outubro, estamos no lusco-fusco entre o início da propaganda gratuita de rádio e televisão e as duas semanas decisivas da campanha eleitoral É impossível tratar das eleições presidenciais sem se referenciar nas pesquisas, que estão sendo divulgadas quase que um dia sim e o outro também, e mostram pequenas discrepâncias entre si, que podem ser atribuídas a margens de erro ou à diferença de metodologia, mas mantém o sentido geral da disputa, polarizada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). A três semanas do dia da votação, 2 de outubro, estamos no lusco-fusco entre o início da propaganda gratuita de rádio e televisão e as duas semanas decisivas da campanha eleitoral. O quadro pode sofrer alterações nos últimos 15 dias que antecedem o pleito, quando o debate sai do campo da chamada opinião pública, que acompanha a política, e passa a ser protagonizado pelos cidadãos comuns, no transporte coletivo, no supermercado, na fila da padaria etc. Na pesquisa Ipespe/Abrapel (Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais) divulgada ontem, este era o retrato: Lula com 40% de intenções de votos, Bolsonaro com 34% (1 ponto a mais), Ciro Gomes (PDT) com 5% e Simone Tebet (MDB) com 3%, os demais não pontuaram, com 14% de indecisos e 4% dispostos a votar em branco ou nulo, na pesquisa espontânea. Na induzida, Lula segue estacionado com 44%, Bolsonaro com 36% (cresceu 1 ponto), Ciro 8% (perdeu 1 ponto), Simone com 5%, Felipe Dávila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil) com 1%. O número de indecisos cai para 2% e os dispostos a votar nulo ou branco, para 3%. A pesquisa mostrou que o impacto das manifestações de 7 de setembro não extrapolou a bolha bolsonarista, apesar das grandes mobilizações ocorridas em Brasília, Rio de janeiro e São Paulo. E, também, que os efeitos do pacote de bondades do governo — Auxílio Brasil, vale gás, benefícios para caminhoneiros e taxistas, redução do preço dos combustíveis — não foram suficientes para reverter a grande vantagem de Lula no primeiro turno, na velocidade que Bolsonaro necessitaria. Há uma força de inércia resultante de dois anos de pandemia, que ainda não foi mitigada por essas medidas, apesar da redução da inflação, da retomada do crescimento e da queda da taxa de desemprego. Sem falar no fato de que a covid-19 enlutou 685 mil famílias, muitas das quais se desestruturaram por causa disso. Outra variável a se considerar é a força do passado nesta eleição. A campanha de Lula foi alicerçada nas realizações de seu governo, nos dois mandatos, de 2003 a 2010. Até agora, essas realizações não foram contaminadas pelo desastre econômico do governo Dilma Rousseff, que acabou sendo afastada por um impeachment. Sua campanha está sendo bem-sucedida ao descolar a imagem de Lula da sucessora, mas existe o outro lado da moeda: os escândalos do mensalão e, sobretudo, da Petrobras. Mesmo com a anulação das condenações de Lula pelo Supremo Tribunal Federal e a desconstrução da imagem do juiz Sergio Moro e dos procuradores da Operação Lava-Jato, a questão ética vem sendo o principal fator de rejeição de Lula, que não tem como se descolar da imagem do PT. Nesse sentido, Lula parece ter batido no teto no primeiro turno e faz uma campanha de sustentação de imagem até agora. Voto útil Comparando as pesquisas espontânea e estimulada, Ciro, Simone, D’Ávila e Soraya estão levando a eleição para o segundo turno. O que acontece? Da mesma forma que a rejeição de Bolsonaro e de Lula se retroalimentam, mantendo a polarização entre as duas candidaturas, também são a razão de ser da resiliência dos candidatos que disputam o voto “nem nem”. Não será fácil reverter esse quadro, a não ser que ocorra algum fato novo na campanha, que possa alterar esse jogo, provocando um realinhamento eleitoral. Bolsonaro tentou fazer do 7 de Setembro um catalisador dessa mudança, mas as pesquisas mostram que isso não ocorreu. Lula continua jogando parado para manter a vantagem atual, principalmente entre os que ganham até um salário mínimo, as mulheres e o Nordeste, os três segmentos que desequilibram o jogo. De onde poderia surgir um fato novo na eleição. No caso de Bolsonaro, da melhoria do ambiente econômico, que facilita a vida de seus apoiadores, principalmente no Nordeste e entre os evangélicos. Essa variável vem sendo neutralizada pelos erros que o presidente da República comete na campanha, como aquele inacreditável “imbrochável”. No caso de Lula, de uma forte campanha em favor do “voto útil”, principalmente para esvaziar a candidatura de Ciro, que está reagindo a isso fortemente, com ataques ao PT. Até agora essa estratégia não surtiu efeito. A expectativa dos políticos do Centrão de que Bolsonaro passaria Lula no primeiro turno, o que seria uma mudança de cenário, é cada vez mais improvável. Em contrapartida, a cúpula petista ainda acredita que possa vencer no primeiro turno, explorando o fantasma do golpe de direita, disseminado pelos próprios bolsonaristas, embora o presidente da República tenha arrefecido os ataques ao Supremo. Nesse cenário, sem maniqueísmo, os candidatos da chamada terceira via estão bloqueando a vitória de Lula no primeiro turno, mas, ao mesmo tempo, permitem que Lula vá ao segundo mantendo a atual distância de Bolsonaro. Uma campanha forte pelo voto útil, centrada nos ataques a Ciro, pode ser um tiro no pé do PT, reduzindo essa vantagem, o que criará mais dificuldades para o petista no segundo turno. ************* *** Te Recuerdo Amanda Victor Jara Ouça Te Recuerdo Amanda Te recuerdo Amanda La calle mojada Corriendo a la fábrica donde trabajaba Manuel La sonrisa ancha, la lluvia en el pelo No importaba nada Ibas a encontrarte con él Con él, con él, con él, con él Son cinco minutos La vida es eterna En cinco minutos Suena la sirena De vuelta al trabajo Y tu caminando lo iluminas todo Los cinco minutos Te hacen florecer Te recuerdo Amanda La calle mojada Corriendo a la fábrica Donde trabajaba Manuel La sonrisa ancha La lluvia en el pelo No importaba nada Ibas a encontrarte con él Con él, con él, con él, con él Que partió a la sierra Que nunca hizo daño Que partió a la sierra Y en cinco minutos Quedó destrozado Suenan las sirenas De vuelta al trabajo Muchos no volvieron Tampoco Manuel Te recuerdo Amanda La calle mojada Corriendo a la fábrica Donde trabajaba Manuel Ouça Te Recuerdo Amanda Composição: Victor Jara.

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