quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Tatuagem do tempo

QUEM ESTÁ AO PÉ DELE ESTÁ SÓ AO PÉ DELE *** *** velhas árvores - olavo bilac - declamação antoninho biscaro 2.328 visualizações 22 de jun. de 2018 "música, prosa e verso" - soneto velhas árvores do poeta olavo bilac, interpretação de antoninho biscaro. *** Velhas Árvores Olha estas velhas árvores, mais belas Do que as árvores moças, mais amigas, Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procelas... O homem, a fera e o inseto, à sombra delas Vivem, livres da fome e de fadigas: E em seus galhos abrigam-se as cantigas E os amores das aves tagarelas. Não choremos, amigo, a mocidade! Envelheçamos rindo. Envelheçamos Como as árvores fortes envelhecem, Na glória de alegria e da bondade, Agasalhando os pássaros nos ramos, Dando sombra e consolo aos que padecem! Olavo Bilac *** "ninguém ousou arrostar o bando" *** TREM DAS ESTAÇÕES *** *** Mundo Bita - Trem das Estações ft. Milton Nascimento 264.618.910 visualizações 1 de set. de 2017 TREM DAS ESTAÇÕES As cores do outono, inverno, primavera e verão brilham na tela, assim como brilha o Bituca, personagem do cantor Milton Nascimento, que tem participação super especial neste clipe. A locomotiva puxa os vagões e a criançada embarca junto na aventura. O Mundo Bita é feito de músicas, cores, aprendizado e alegria. Tudo com muito carinho para que pequenos e adultos brinquem e cresçam juntos. Divirtam-se com a serie musical “Bita e a Natureza” e conheça também: "Bita e os Animais", "Bita e as Brincadeiras", "Bita e o Nosso Dia" e “Bita e o Corpo Humano”. Letra da Música – TREM DAS ESTAÇÕES Quando Primavera for, você verá que toda flor irá se desabrochar Um jardim encantador, a vasta cabeleira verde que nasceu no pomar Sombra para refrescar, o perfume pelo ar Caixa de lápis de cor pra colorir a primavera com amor Nos vagões do trem do tempo vão as quatro estações Cada qual tem seu momento pra cantar suas canções Quando chegar o verão, a gente vira marinheiro no balanço do mar Pode pôr o pé no chão. O Sol amanheceu mais cedo, vem comigo brincar Muita roupa no varal, corre-corre no quintal Sai um suco de limão pra esfriar a cuca quente do verão Nos vagões do trem do tempo vão as quatro estações Cada qual tem seu momento pra cantar suas canções Quando outono vier, pode pegar o guarda-chuva para não se molhar A vovó mexe a colher, no fim da tarde gostosuras para saborear Folha que no vento cai, logo cedo o Sol se vai Fruta para quem quiser e tudo mais que o outono nos trouxer Nos vagões do trem do tempo vão as quatro estações Cada qual tem seu momento pra cantar suas canções Quando inverno aparecer, o frio vem pela janela, toma todo o lugar Cobertor pra aquecer, prepara um balde de pipoca pra família lanchar A preguiça que bateu, colo que vovô me deu Chocolate pra beber, pra todo gelo do inverno derreter Nos vagões do trem do tempo vão as quatro estações Cada qual tem seu momento pra cantar suas canções ****************** https://www.youtube.com/watch?v=k7rcvY17W6c *********************************************** Cântico das árvores, poesia de Olavo Bilac, no Dia da Árvore 21 09 2015 ***
*** Plantar, Britta Barlow, GoodHousekeeping1927-05Ilustração de Britta Barlow, Revista Good Housekeeping, maio de 1927. Cântico das árvores Olavo Bilac Quem planta uma árvore enriquece A terra, mãe piedosa e boa: E a terra aos homens agradece, A mãe os filhos abençoa. A árvore, alçando o colo, cheio De seiva forte e de esplendor Deixa cair do verde seio, A flor e o fruto, a sombra e o amor. Crescei, crescei na grande festa Da luz, de aroma e da bondade, Árvores, glória da floresta! Árvores vida da cidade! Crescei, crescei sobre os caminhos, Árvores belas, maternais, Dando morada aos passarinhos, Dando alimento aos animais! Outros verão os vossos pomos: Se hoje sois fracas e crianças, Nós, esperanças também somos Plantamos outras esperanças! Para o futuro trabalhamos: Pois, no porvir, novos irmãos, Hão de cantar sob estes ramos, E bendizer as nossas mãos! -x- Este poema foi musicado pelo maestro Francisco Braga. Em: Apologia da árvore, Leonam de Azeredo Penna, Rio de Janeiro, IBDF: 1973, p. 137. https://peregrinacultural.wordpress.com/2015/09/21/cantico-das-arvores-poesia-de-olavo-bilac-no-dia-da-arvore/ ************** “Ninguém é apenas bom ou mal, ninguém é integralmente autêntico, somos todos construções de imagens.” (MORAES, 2008: 116) *** Fale mal... mas fale de mim Ataulfo Alves e Marino Pinto - 1939 Fale mal Mas fale de mim Não faz mal Quero mesmo assim Você faz cartaz pra mim O desfeito teu Me põe no apogeu Minha diretriz ainda é tratar Do meu lado sem no entanto Atrasar o de ninguém E razão você não tem Para ser meu inimigo De outra feita Venha aprender comigo Meu conselho É um espelho pra você, amigo Ná Ozzetti - Voz Swami Jr. - Violão e Baixo Fretless Milton Mori - Cavaquinho Nailor Proveta - Clarineta Douglas Alonso - Surdo e Tamborim Guilherme Kastrup - Surdo com vassoura,Cuíca e Pandeiro Arranjo - Swami Jr. https://www.gruporumo.com.br/index.php?mpg=08.00.00&nfo=98&leta=F *********************************************************************** *** terça-feira, 20 de setembro de 2022 Poesia | Ciência & Letras - João Cabral de Melo Neto, uma fala só lâmina ********************************************************************************
*** 'Numa crônica intitulada Semiótica dos Ritos Fúnebres, publicada no livro Banalogias (Objetiva), o filósofo carioca Francisco Bosco tece considerações muito interessantes sobre a morte e os velórios. Segundo ele, qualquer cadáver encerra em si toda a dinâmica do sublime: não é “ser” nem “ente”, nem “sujeito” nem “objeto”. Bosco explica: “O cadáver já não é vida, mas tampouco é a morte em sua condição de certeza encoberta ou fatalidade abstrata. O cadáver é a morte viva. Ora, a morte viva, diante de nós vivos, é precisamente a experiência do sublime”.' terça-feira, 20 de setembro de 2022 Luiz Carlos Azedo - O custo-benefício do funeral de Elizabeth II para Bolsonaro Correio Braziliense Ela parecia eterna, principalmente depois de milhões de memes nas redes sociais exaltando sua longevidade. Entretanto, a morte sempre é um fato com grande poder de irradiação https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/09/luiz-carlos-azedo-o-custo-beneficio-do.html ************************************************************************************ *** O Tejo | Poema de Fernando Pessoa com narração de Mundo Dos Poemas 5.041 visualizações 4 de jan. de 2021 Poesia e poema de autor português. Fernando António Nogueira Pessoa (1888 — 1935) foi um poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português. Um dos maiores génios poéticos de toda a nossa Literatura e um dos poucos escritores portugueses mundialmente conhecidos. A sua poesia acabou por ser decisiva na evolução de toda a produção poética portuguesa do século XX. Se nele é ainda notória a herança simbolista, Pessoa foi mais longe, não só quanto à criação (e invenção) de novas tentativas artísticas e literárias, mas também no que respeita ao esforço de teorização e de crítica literária. É um poeta universal, na medida em que nos foi dando, mesmo com contradições, uma visão simultaneamente múltipla e unitária da Vida. É precisamente nesta tentativa de olhar o mundo duma forma múltipla (com um forte substrato de filosofia racionalista e mesmo de influência oriental) que reside uma explicação plausível para ter criado os célebres heterónimos - Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, sem contarmos ainda com o semi-heterónimo Bernardo Soares. Apoie este canal para obter acesso aos seguintes benefícios: https://www.youtube.com/channel/UC2Y0... Partilhamos consigo a emoção das palavras. Junte a sua paixão à nossa. Os poetas fazem falta ao mundo, ajude-nos a manter a paixão pela Poesia Mundo Dos Poemas - Um Canal Inspirado Em Emoções. Todos os dias um novo poema. **********************************
*** Nas entrelinhas: O “melhor país do mundo” não é o de Bolsonaro Publicado em 21/09/2022 - 05:41 Luiz Carlos AzedoPolítica O discurso na ONU foi uma tentativa de se apropriar do sentimento de brasilidade, da mesma forma como fez com a Bandeira brasileira e as comemorações do Bicentenário da Independência O presidente Jair Bolsonaro discursou, ontem, na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos, como é de praxe no cerimonial do órgão, desde a sua criação no imediato pós-II Guerra Mundial, embora não exista nada escrito que o Brasil deva ter essa honraria no seu regimento. Descreveu um país que não é exatamente aquele no qual estamos vivendo, com o claro propósito de aproveitar a oportunidade para se apresentar aos eleitores como um estadista reconhecido internacionalmente e, ao mundo, como um governante generoso e bem-sucedido. A abertura, porém, foi esvaziada pela ausência do presidente dos EUA, Joe Biden, que mudou a agenda e só falará hoje. O discurso de Bolsonaro foi mais um gesto para se apropriar do nosso sentimento de brasilidade, da mesma forma como fez com a bandeira brasileira e as comemorações do Bicentenário da Independência, no 7 de Setembro, que descreveu no discurso como “a maior demonstração cívica da História do país”. Descendente de italianos, Bolsonaro é um “oriundi” traduzido, no conceito antropológico do termo, como acontece com a maioria dos brasileiros descendentes de europeus, que não renegam a cultura de seus povos de origem nem assumem uma condição “chauvinista”, colocando-a acima da nossa cultura popular. A dificuldade de Bolsonaro está em não compreender plenamente o conceito de “brasilidade”, a qualidade de quem é brasileiro, que está profundamente associado à nossa diversidade étnica e cultural. O “ser brasileiro” não é uma invenção das antigas elites escravocratas nem das escolas militares, mas uma construção multidimensional, por meio da arte, da dança, dos ritos, da música, da culinária, dos símbolos e, principalmente, da nossa literatura, que fez a crítica dos nossos hábitos e costumes, papel hoje exercido pela nossa teledramaturgia. Num país continental, não poderia ser diferente. Quando um brasileiro acredita que somos “o melhor país do mundo”, não está se referindo a um governo ou à conjuntura, mas aos vínculos culturais mais profundos, tecidos ao longo de gerações. Iniciado após a Independência, em 1822, o processo de constituição da identidade nacional somente consolidou-se a partir da década de 1930, após Getúlio Vargas chegar ao poder. Está ligado à constituição de um Estado nacional moderno e à língua portuguesa, falada em todo o território nacional. Daí a importância da nossa literatura, hoje tão desprezada. As obras de José de Alencar, autor de O Guarani, por exemplo, foram fundamentais para associar nossa identidade às belezas naturais do território e à presença indígena na formação da nação brasileira. Na contramão Os Sermões, de Padre Vieira; Inocência, de Visconde de Taunay; O Cortiço, de Aluísio de Azevedo; Dom Casmurro, de Machado de Assis; Macunaíma, de Mário de Andrade; Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa; Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto; Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato; Vidas Secas, de Graciliano Ramos; Jubiabá e Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado; Navalha na Carne, de Plínio Marcos, por exemplo, construíram um mosaico cultural cujo influência na música, na dramaturgia e nas artes plásticas perdura hoje. Artistas como Tarsila do Amaral, Chiquinha Gonzaga e Ivone Lara, Cartola e Paulinho da Viola, Chico Buarque e Tom Jobim, Caetano e Gil, Cazuza e Renato Russo, cada qual à sua época, foram intérpretes desse sentimento profundo de brasilidade. O “melhor país do mundo” está no imaginário popular, não estava no discurso que Bolsonaro fez ontem na ONU, onde afirmou que 80% da Floresta Amazônica permanecem intocados: “Dois terços de todo o território brasileiro permanecem com vegetação nativa, que se encontra exatamente como estava quando o Brasil foi descoberto, em 1500”. No mesmo dia, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou que o número de queimadas registradas na Amazônia, até ontem, já superou o total registrado em todo o ano de 2021. Em nove meses incompletos (261 dias), foram 76.587 focos de incêndio na região. No ano passado inteiro, foram 75.090. Bolsonaro é o principal responsável pelo aumento do desmatamento da Amazônia, ao desmantelar órgãos como o Ibama e o Instituto Chico Mendes, além de estimular garimpeiros, pecuaristas e madeireiros a avançar floresta a dentro. A Amazônia Legal, com 59% do território brasileiro, ocupa nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e uma parte do Maranhão. Na semana passada, por causa das queimadas, a fuligem e o cheiro das queimadas foram sentidos de São Paulo ao Rio Grande do Sul. A política ambiental de Bolsonaro está na contramão da política ambiental preconizada pela ONU e, hoje, é um dos principais fatores do nosso isolamento internacional. Compartilhe: *******************
*** O rato do campo e o rato da cidade (Fábula), de Monteiro Lobato *** *** O rato da cidade e o rato do campo (Fábula), de Monteiro Lobato *** O rato do campo e o rato da cidade Certo ratinho da cidade resolveu banquetear um compadre que morava no mato. E convidou-o para um festim, marcando hora e lugar. Veio o rato da roça, e logo de entrada muito admirou do luxo de seu amigo. A mesa era um tapete oriental, e os manjares eram coisa papa-fina: queijo do reino, presunto, pão de ló, mãe-benta. Tudo isso dentro de um salão cheio de quadros, estatuetas e grandes espelhos de moldura dourada. Puseram-se a comer. No melhor da festa, porém, ouviu-se um rumor na porta. Incontinente, o rato da cidade fugiu para o seu buraco, deixando o convidado de boca aberta. Não era nada, e o rato fujão voltou e prosseguiu o jantar. Mas ressabiado, de orelha em pé, atento aos mínimos rumores da casa. Daí a pouco, novo barulhinho na porta e nova fugida do ratinho. O compadre da roça franziu o nariz. Sabe do que mais? Vou-me embora. Isto aqui é muito bom e bonito, mas não me serve. Muito melhor roer o meu grão de milho no sossego da minha toca do que me fartar de gulodices caras com o coração aos pinotes. Até logo. E foi-se. ---- Fonte: Do livro "Fábulas e Histórias diversas" Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2018) http://www.poeteiro.com/2018/11/o-rato-do-campo-e-o-rato-da-cidade.html **************************************************************************** *** Miraí - Meus tempos de criança - Ataulfo alves 73.640 visualizações 17 de set. de 2009 Não nasci aqui mas meus pais e avós, tios e primos, minha família tão querida! Estar em Miraí é reviver época tão maravilhosa da minha meninice Música MÚSICA Miraí ARTISTA Ataulfo Alves https://www.youtube.com/watch?v=Wrj4_SikWBM ************************************************* UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM LINGUÍSTICA FABIANA CASTRO CARVALHO INTERDISCURSO, CENAS DE ENUNCIAÇÃO E ETHOS DISCURSIVO EM CANÇÕES DE ATAULFO ALVES VITÓRIA-ES 2010 RESUMO Esta dissertação trata da constituição do ethos discursivo, relacionado às cenas enunciativas e ao interdiscurso, em quatro canções de Ataulfo Alves que apresentam em comum o tema da infância e a saudade da cidade natal. Tomamos a Análise do Discurso de linha francesa em suas novas tendências, a partir da abordagem de Maingueneau (1989, 1996, 2008), como suporte teóricometodológico, visto que, conforme esse autor, essa metodologia se propõe a estudar a linguagem levando em conta sua exterioridade. Nossos objetivos foram: examinar o modo de constituição do ethos discursivo; aprofundar-nos nos estudos em AD; pesquisar o papel do samba no Brasil; conhecer a vida e a obra de Ataulfo Alves levando em conta sua importância na MPB; analisar quatro de suas canções tendo por base três noções: interdiscurso, cenas enunciativas e ethos discursivo, nas perspectivas apontadas por Maingueneau para a AD. As análises privilegiaram a letra da música como objeto de estudo, mas foram considerados aspectos musicais, quando eles se mostraram relevantes à constituição do ethos. O que se pretendeu mostrar é que o sujeito enunciador fala a partir do lugar que ocupa na relação de forças que constitui a sociedade. Após a análise de cada canção, efetivada a partir dos temas “infância” e “terra natal”, os resultados apontaram para a construção de uma imagem de si projetada no discurso nos moldes do discurso dominante, visto que o sujeito enunciador não questiona os Aparelhos Ideológicos do Estado, mas adéqua seu discurso a eles. Através dos rastros interdiscursivos pudemos notar que as canções foram tecidas a partir do reconhecimento do Outro, inclusive de sua anexação. Além disso, a construção da cenografia como um espaço do desejo e do passado conferiu ao discurso um tom de sofrimento que colaborou para a construção de um enunciador melancólico, resignado com o presente e saudosista. Palavras-chave: Análise do Discurso. Gênero canção. Interdiscurso. Cenas enunciativas. Ethos discursivo. Ataulfo Alves. ABSTRACT This dissertation deals with the constitution of the discursive ethos, related to enunciatory scenes and interdiscourse, which are studied in four Ataulfo Alves’ songs that presented in common: The childhood’s and The hometown’s miss themes. We follow the French Discourse Analysis line in their new trends, from Maingueneau’s approach (1989, 1996, 2008) as a theoretical and methodological support, since, as this author, this theory purpose is the language studying, taking into account its externality. Our objectives were: to examine how the discursive ethos is formed, to make a deeper study on AD, to search for the samba’s role in Brazil, to know the life and the work of Ataulfo Alves taking into account its importance in MPB; to analyse four of his songs based on three notions: interdiscourse, enunciative scenes and discursive ethos, in the prospects outlined by Maingueneau for the AD. The analysis concentrated on the lyrics as an object of study, but the musical aspects were considered when they show themselves to be relevant to the ethos’s constitution. It was intended to demonstrate is that the enunciating person speaks from its place where he occupies in relation to the power that constitutes the society. After the analysis of each song, realized from the childhood and hometown themes, the results pointed to the construction of an image of himself projected into the discourse along the lines of the dominant discourse, as the enunciating person does not question the state’s ideological devices, but adjust his speech according to them. Through the interdiscursive traces we could realize that the songs were woven from the recognition of the Other, including its attachment. In addition, the construction of the scenography as a desire’s and past’s space gave to the discourse a tone of suffering that helped to build a melancholy and nostalgic ethos, resigned to the present and missing. Keywords: Discourse Analysis. Genre song. Interdiscourse. Scenes enunciation. Ethos discourse. Ataulfo Alves. INTRODUÇÃO Ataulfo Alves1 , citado por Toledo (2008: 45), dizia que “A nossa música é uma das mais belas do mundo, uma maravilha de ritmo”. Sou da mesma opinião de Ataulfo, pois a música brasileira também me encantou e me acompanhou desde os “meus tempos de criança”. Com três anos, bem antes de aprender a ler e a escrever, eu já cantava acompanhada pelo som dos acordes do violão e do teclado do meu pai. Ela esteve comigo durante toda a minha vida, inclusive na escola. As inúmeras apresentações de trabalhos no ensino fundamental e médio – quando eu levava o violão ou o teclado para a sala de aula, a fim de cantar com meus colegas uma canção sobre o tema apresentado, normalmente nas aulas de Português e Literatura – exemplificam essa relação antiga com as notas musicais. No entanto, ela não é apenas uma recordação da minha vida escolar durante minha infância e/ou adolescência. Pelo contrário, a música me acompanhou no curso de graduação em Letras, quando se transformou em objeto de estudo para algumas pesquisas e trabalhos, chegando a compor meu corpus na monografia de conclusão de curso, em que analisei a construção da identidade do “mito da Amélia”, sob a ótica da Análise Crítica do Discurso, a partir da canção Ai, que saudades da Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago. Quando fiz minha especialização em Ensino de Língua Portuguesa, a música também me acompanhou, pois foi a partir da canção Inútil, composta por Roger Moreira e interpretada pelo grupo Ultraje A Rigor, que vi despertar em mim o interesse por estudar a silepse em produções textuais de alunos do Ensino Médio. Agora a música me acompanha também no mestrado, uma vez que integra esta dissertação, trabalho de pesquisa que pretendeu analisar algumas canções de Ataulfo Alves – desta vez considerando apenas canções que ele compôs sozinho, sem parceria – a partir dos conceitos interdiscurso, cena enunciativa e ethos discursivo, tendo como suporte teórico-metodológico a Análise do Discurso de linha francesa. 1 Sabemos que seu nome de registro é Ataulpho Alves (cf. TOLEDO, 2008), no entanto optamos por utilizar Ataulfo Alves, por ser este o seu nome artístico. A escolha do corpus deveu-se, principalmente a dois motivos: o primeiro é o fato de Ataulfo Alves ser nascido e criado em Miraí-MG, minha terra natal. Por sermos conterrâneos, ouvir, ler e cantar suas canções são hábitos cotidianos desde os meus primeiros anos. O segundo representa a consciência da importância da música popular brasileira (MPB) na construção da identidade nacional. Além disso, vale salientar que 2009, ano de desenvolvimento da presente dissertação, foi também o ano de comemoração do centenário de nascimento do referido cantor e compositor. Tomar suas canções como amostra para nossa análise é, portanto, uma forma de homenagear este artista que se tornou um marco para a MPB ao criar obras que pertencem à antologia do samba urbano-carioca, mas que possuem melodia triste e ritmo lento, peculiaridades de sua mineiridade. Queremos, assim, resgatar a vida e a obra de Ataulfo, analisando as letras de canções que emergiram das gerais de Minas para o Brasil. Ataulpho Alves de Souza nasceu em Miraí, em 1909. Cresceu na Fazenda Cachoeira, onde morava com a família, e desde novo era capaz de fazer versos, uma vez que ouvia sempre o som da viola, além dos versos improvisados, do gemido da sanfona e das toadas cantadas pelos viajantes que por lá passavam. Filho de Severino de Souza e Matilde de Jesus, Ataulfo assumiu a responsabilidade de ajudar no sustento da casa com apenas 11 anos, devido à morte de seu pai. Com menos de 20 anos, ele se mudou para o Rio de Janeiro, onde teve contato com as rodas de samba, fato que indubitavelmente colaborou para que sua vocação musical renascesse e ele começasse a compor, ofício que só foi interrompido em 1969, por ocasião de sua morte (cf. CABRAL, 2009). A noção de ethos, conceito proposto para análise neste trabalho, vem da retórica como sendo uma imagem de si projetada pelo locutor através de seu discurso. Optamos por analisar tal categoria nas canções de Ataulfo Alves porque acreditamos que tal noção se liga à questão da construção da identidade, uma vez que implica em considerar as representações que locutor e alocutário fazem um do outro e as estratégias que orientam o discurso do locutor a fim de sugerir certa identidade. O enunciador, responsável pelo que é dito no discurso, fala de um lugar social e se relaciona com os estereótipos dos sujeitos do grupo social no qual o discurso é produzido. Devido ao fato de o discurso construir uma representação de sua enunciação, optamos por analisar o ethos discursivo relacionando-o aos conceitos de cena enunciativa e interdiscurso, pois acreditamos que são elementos indissociáveis que constroem e legitimam o discurso. As cenas de enunciação são tripartidas em cena englobante, cena genérica e cenografia. Esta última, que confere credibilidade à enunciação, possibilitou o reconhecimento do enunciador. O interdiscurso, conjunto de discursos que mantém uma relação discursiva entre si, tripartido em universo discursivo, campo discursivo e espaço discursivo, possibilitou relacionar a memória coletiva à análise das canções. Através da presente dissertação, analisamos as canções de Ataulfo Alves pelo viés da Análise do Discurso (doravante AD) por considerar que tal proposta resgata a importância desse cantor e compositor, além de levar a uma reflexão sobre o momento histórico em que ele viveu para que seja feita uma leitura sobre as condições de produção do discurso cantado em seus sambas, que tinham como principal rede de distribuição musical o rádio – meio de comunicação que atingia os vários segmentos sociais daquele tempo. A AD é uma disciplina que estuda a relação entre linguagem, sentido e ideologia. Vale ressaltar que todo discurso está situado historicamente e esta teoria nos possibilita a recorrência à História para que sejam verificadas as condições de produção das canções selecionadas a fim de que produzam sentido. Nesse contexto, a AD, nas perspectivas apontadas por Maingueneau (1989, 1996, 2008), aparece como o referencial teórico que melhor contribui para a análise aqui proposta, uma vez que, por meio dela, são abarcados outros conceitos que estão relacionados ao ethos discursivo, tais como: sujeito, interdiscursividade, cenas de enunciação, condições de produção, memória discursiva, dentre outros. Nessa teoria, o discurso é uma organização situada para além da frase; é orientado no sentido do ponto de vista do locutor e da linearidade temporal (possui um propósito e um lugar de circulação social); é interativo e não existe fora de um contexto. A AD toma o discurso como produto de um contexto social, permeado pela ideologia, e alia o linguístico ao extralinguístico, pois não há neutralidade nem mesmo no uso mais cotidiano dos signos. Aliás, a palavra é o lugar privilegiado para a manifestação da ideologia. A AD funciona, portanto, de maneira eficaz como instrumental teórico para essa pesquisa, visto que se propõe a estudar a linguagem relacionada à sua exterioridade, isto é, leva em conta o homem na sua história, os processos e as condições de produção da linguagem por meio da análise da relação da língua com os sujeitos que a falam e, para tal, considera o papel crucial das condições de produção. Como foi dito acima, o objetivo geral deste trabalho foi analisar canções de Ataulfo Alves tendo por base os conceitos de interdiscurso e cena enunciativa a fim de apreender como se constitui o ethos discursivo. Os objetivos específicos foram aprofundar os estudos em Análise do Discurso, principalmente no que tange ao conceito de ethos discursivo; pesquisar o papel do samba de 1930 a 1970, no Brasil; conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra do cantor e compositor Ataulfo Alves; e analisar quatro de suas canções que fazem referência à infância na cidade de Miraí: Meus tempos de criança, Minha infância, Miraí (Cidade Miraiense...) e Miraí (Meu Miraí que eu não me esqueço...) tendo por base os conceitos de interdiscursivo, cena enunciativa e ethos discursivo. É importante destacar, desde o início, que privilegiamos a letra da canção e o discurso como objeto de estudo, apesar de reconhecermos a interdependência existente entre a linguagem verbal (letra) e a linguagem musical (melodia e ritmo) no gênero canção. Desse modo, o foco desta pesquisa será a linguagem verbal, embora alguns aspectos da linguagem musical sejam citados, mas não aprofundados. O problema que motivou a realização desta pesquisa foi observar como se revela o ethos no discurso das letras das canções selecionadas, como ele se constitui na cena enunciativa e qual a sua relação com o interdiscurso. Esta é uma pesquisa relevante porque, ao atribuir um valor científico às letras de canções de Ataulfo Alves aqui selecionadas, pretendemos valorizá-las e mostrar que também nelas o sujeito fala a partir do lugar que ocupa na relação de forças da qual a sociedade é constituída. Não se trata do sujeito físico, mas da projeção de sua imagem no discurso que, muitas vezes, concretiza-se em estereótipos. Nessa introdução, foram apresentados os principais pontos deste trabalho: foram estabelecidas motivações e justificativas para o desenvolvimento da pesquisa e do corpus escolhido, além da identificação do tema, a definição dos objetivos e a especificidade dos suportes teóricos e metodológicos para a efetivação das análises. Nos capítulos que seguem, são desenvolvidos os pontos citados: • Capítulo I – Considerações sobre a Análise do Discurso – este capítulo trata do arcabouço teórico adotado na pesquisa. Falamos sobre o itinerário da Análise do Discurso, a inserção de Dominique Maingueneau nessa teoria, a abordagem de ethos discursivo por ele proposta. Este capítulo versa ainda sobre o gênero canção, concebido como um gênero de caráter intersemiótico que une a linguagem verbal e a não-verbal. Além disso, é apresentada a metodologia seguida no trabalho. • Capítulo II – Contextualização histórica das canções selecionadas para análise – neste capítulo apresentamos a amostra escolhida e falamos sobre o papel do samba na MPB; além disso fazemos um inventário sobre aspectos da vida e da obra do cantor e compositor Ataulfo Alves, bem como uma contextualização histórica de sua produção discursiva. • Capítulo III – Interdiscurso, cena enunciativa e ethos discursivo em canções de Ataulfo Alves – versa sobre nossas análises, que apontaram para a construção de uma imagem nostálgica e saudosista do sujeito enunciador, um ethos projetado no discurso nos moldes do discurso dominante, pois o enunciador adéqua seu discurso aos Aparelhos Ideológicos do Estado. • A guisa de conclusão é a parte que sintetiza os resultados das análises da amostra. Aproveitamos para tecer considerações sobre o percurso desenvolvido nessa pesquisa, suas dificuldades e suas contribuições em relação a outras pesquisas desenvolvidas nessa área. À GUISA DE CONCLUSÃO De caráter intersemiótico, conjugando a linguagem verbal e a linguagem musical, o gênero canção, tomado como amostra em nossa pesquisa a partir das letras de quatro canções de Ataulfo Alves selecionadas para análise, mostra que a MPB é, de fato, uma espécie de catalisador do pensamento brasileiro. A MPB é fator que constitui a cultura brasileira, pois carrega histórias do povo, transmitidas de geração em geração. Através das canções tomadas enquanto discurso foi possível perceber como se revela o ethos discursivo, como ele se constitui na cena enunciativa e sua relação com o interdiscurso. A temática da cidade natal e da infância, trabalhada de modo específico em cada canção, levou-nos a observar a construção de uma imagem de si projetada no discurso nos moldes do discurso dominante no contexto histórico em questão. O sujeito enunciador não questiona os Aparelhos Ideológicos do Estado, antes adéqua seu discurso a eles. Desse modo, foi possível observar a construção de um ethos pequeno-burguês resignado com o presente, marcado pelo tom saudosista, melancólico, nostálgico. O interdiscurso constituiu-se, nas análises, como um diálogo entre os diferentes discursos. As canções foram tecidas a partir do reconhecimento do Outro e até mesmo de sua incorporação. Foi possível comprovar, através dos rastros interdiscursivos, que todo discurso traz no bojo o Outro, pois o dialogismo é inerente à linguagem. As cenas de enunciação ocuparam espaço marcante na análise. A cena englobante referia-se ao discurso lítero-musical; a cena genérica tratava do gênero canção; a cenografia correspondeu ao contexto que cada canção implicou. Por recordar momentos passados, resignando-se com o presente, o enunciador se apresentou como sofredor. A cenografia era, então, um espaço do desejo, característica romântica. Sua escolha não se deu sem propósitos, visto que o discurso se desenvolveu a partir dela, a fim de conquistar a adesão do coenunciador com a instituição da cena enunciativa que o legitimou. Nossos objetivos foram alcançados, pois examinamos a constituição do ethos discursivo nas cenas enunciativas em relação com o interdiscurso tendo em vista as quatro canções selecionadas, aprofundamos os estudos em AD, pesquisamos o papel do samba no Brasil, inventariamos aspectos da vida e da obra de Ataulfo Alves e analisamos as quatro canções selecionadas para compor a amostra, identificando as imagens de si projetadas no discurso. Como nosso propósito era verificar fatores identitários e culturais ligados à tríade “interdiscurso, cenas enunciativas e ethos discursivo”, a AD, em suas novas tendências, mostrou-se um importante e adequado arcabouço teórico-metodológico de base para a análise empreendida nessa dissertação, graças ao olhar intersemiótico e discursivo proposto por Maingueneau (1989, 1996, 2008), uma vez que os três elementos atuam conjuntamente na produção de sentidos. Quanto ao sujeito empírico Ataulfo Alves, vemos o mesmo como um resultante do processo histórico-social do qual participou, evidentemente. Contudo, por ter sido eleito para representar a grande massa dos negros brasileiros e ter sido convidado a se colocar do lado do poder, como a figura que dizia do momento de renovação social e política do país, ele garantiu seu lugar na história, aproveitou bem os espaços a ele atribuídos e soube contornar as adversidades. Quarenta anos depois da morte desse cantor e compositor, ele ainda é figura viva na memória popular, destacando-se como personalidade, como também, o que mais nos impressiona, é sempre lembrado pela atualidade dos seus discursos, já que a ideologia dominante, à qual ele adere, ainda é a mesma. É só nos lembrarmos de Ai, que saudades da Amélia, por exemplo. Ataulfo Alves é considerado um dos pilares sobre os quais se ergueu a MPB. Cem anos após seu nascimento e quarenta anos após sua morte, sua obra permanece viva, pois o samba continua sendo uma marca cultural do Brasil. A ele nossas saudações miraienses, já que por ele Miraí ocupa destaque no cenário nacional. *** *** 3.2 Análise da canção 1: Meus Tempos de Criança (Ataulfo Alves – 1956) 1. Eu daria tudo que eu tivesse 2. Pra voltar aos dias de criança 3. Eu não sei pra quê que a gente cresce 4. Se não sai da gente essa lembrança 5. Aos domingos, missa na matriz 6. Da cidadezinha onde eu nasci 7. Ai, meu Deus, eu era tão feliz 8. No meu pequenino Miraí 9. Que saudade da professorinha 10. Que me ensinou o beabá 11. Onde andará Mariazinha 12. Meu primeiro amor, onde andará? 13. Eu igual a toda meninada 14. Quanta travessura que eu fazia 15. Jogo de botões sobre a calçada 16. Eu era feliz e não sabia Auxiliados pela História, verificamos que a infância do sujeito empírico Ataulfo Alves não foi um “mar de rosas”, pois o menino teve uma infância pobre e de trabalho para ajudar no sustento da família, no município de Miraí, MG. Na juventude, mudou-se para o Rio de Janeiro e lá também teve vários empregos: entregador de recados, ajudante de lanterneiro, lavador de vidros, prático de farmácia. Sua vocação musical é fruto do contato com as rodas de samba, depois do expediente. Relacionando o sujeito empírico e o sujeito enunciador do discurso, percebemos que a canção Meus tempos de criança, produzida em 1956, parece colocar em prática o senso comum moral de que “devemos pautar a nossa vida como se toda a gente a olhasse” (MORAES, 2008:114). Talvez por isso, sejam citados apenas aspectos positivos dos seus tempos de criança na pequena cidade miraiense, apesar da infância difícil do sujeito empírico. O enunciador rememora sua vida, seu modo de ser, organizando suas lembranças no fio da escrita e buscando o efeito de autenticidade, explicitando apenas experiências que merecem ser recordadas, porque são boas de se viver. O enunciador revela, no discurso, a dor da saudade (da infância, da professorinha, de seu primeiro amor); apresenta-se como um narrador-personagem, que fala da sua história. Em princípio, podemos dizer que a canção, cujo tema já se apresenta no título Meus tempos de criança, é uma forma de registrar momentos marcantes vividos pelo sujeito em sua infância. Sua lástima se centra no fato de não ser mais criança, pois era feliz na infância, uma vez que podia, entre outras coisas, fazer travessuras e jogar botões pela calçada. Subentende-se aí a infelicidade do presente, provavelmente relacionada às pressões da vida adulta, às coerções sociais e às regras que o mundo adulto impõe em oposição à felicidade do passado de liberdade. Quanto aos aspectos formais, já na leitura da primeira estrofe da letra da canção, pode-se perceber o tom de melancolia da enunciação: nos versos 1 e 2 o sujeito afirma que daria tudo para voltar à infância e nos versos 3 e 4 ele questiona a necessidade de crescer, tornar-se adulto, uma vez que as lembranças dos tempos de outrora permanecem em sua memória. Devido à impossibilidade de voltar ao passado, ele lamenta o crescimento e centra sua recordação ao “eu” menino. O enunciador diz que “daria” tudo que “tivesse”, mas poderia ter dito que “dá tudo que tem”. Ao fazer essa escolha lexical, o enunciador mostra que tem consciência de não poder voltar ao passado. Na segunda estrofe o enunciador se desloca do presente para rememorar suas vivências infantis. Lá ele cita a “missa na matriz” nos dias de domingo, verso que insere o sujeito na comunidade discursiva católica, pois aparecem marcas linguísticas do discurso religioso. De fato o enunciador cita tais reuniões católicas como uma de suas lembranças. Destacamos o verso 7, que apresenta uma mudança no coenunciador da enunciação: aqui, o enunciado é destinado a Deus “Ai, meu Deus, eu era tão feliz”. Ressaltamos que a relação entre o discurso líteromusical e o discurso religioso é fecunda na MPB. Podemos citar essa ocorrência em outros sambas de Ataulfo Alves, como Ai, que saudades da Amélia, canção na qual aparecem os versos “Ai, meu Deus, que saudades da Amélia/ Aquilo sim é que era mulher”. Na terceira estrofe ele faz alusão ao universo escolar, revelando a saudade que sente da professora, e manifesta a falta de informações quanto ao paradeiro de Mariazinha, seu primeiro amor. São explicitadas as marcas do discurso escolar, quando o enunciador cita a professora alfabetizadora, ou seja, a “professorinha” que lhe ensinou o “beabá”. Por fim, na quarta estrofe, a liberdade, a travessura, os jogos que o faziam felizes são contrapostos ao presente. Há polifonia no último verso, pois ao dizer “Eu era feliz e não sabia”, no passado, podemos perceber outra voz que diz, no presente, “Não sou feliz, hoje sei”. A negação encena o choque entre duas atitudes antagônicas, de dois enunciadores diferentes: um enunciador assume o ponto de vista rejeitado e o outro assume a rejeição deste ponto de vista. Para Maingueneau (1989: 81), “a noção de negação é ambígua”, havendo dois tipos: a negação descritiva, em que o locutor descreve um estado de coisas; e negação polêmica, que se opõe a uma afirmação anterior (a AD mantém laços privilegiados com a negação polêmica, como é o caso da canção supracitada). Se, de um lado, temos a paz, a harmonia, a inocência, a ingenuidade, a magia, a espontaneidade e a liberdade próprias da infância; por outro lado, temos o pensamento, a cultura, a sociedade, o desencantamento, a inserção de um novo meio ou novo mundo social, a racionalidade, as restrições, as regras e a estranheza que o mundo adulto suscita. Essa lembrança sonhadora do passado é muito comum na MPB e na Literatura, onde se encontram letras de canções e poemas em que paira a nostalgia de um passado perdido e idealizado. Nesse sentido, existe um confronto de julgamentos entre o ontem e o hoje, sendo o ontem idealizado e pleno de felicidade, enquanto no hoje se encontra a dureza da realidade infeliz. Com linguagem simples e coloquial, em Meus tempos de criança, o enunciador se posiciona como sujeito de sua própria história, o que se comprova explicitamente a partir das marcas linguísticas da subjetividade no discurso (eu, a gente, me, meu, meus etc.). O texto é singular, de estilo próprio, caracterizado por versos com métrica regular (nove sílabas métricas); rimas padronizadas (o primeiro verso de cada estrofe rima com o terceiro e o segundo rima com o quarto), etc. Por estar no tempo presente da enunciação recordando um tempo passado, aparecem verbos em diversos tempos. O futuro do pretérito (daria), o imperfeito do subjuntivo (tivesse) e o infinitivo (voltar) criam uma atmosfera de nostalgia, como se pode notar nos dois primeiros versos: “Eu daria tudo que tivesse/ Pra voltar aos dias de criança”. O pretérito perfeito (ensinou) e o pretérito imperfeito (era, fazia, sabia) explicitam o deslocamento do presente para a recordação do passado. O presente (cresce, sai) da primeira estrofe é utilizado para exprimir sua situação atual, que é de descontentamento, de infelicidade, como vemos no terceiro e no quarto versos: “Eu não sei pra quê que a gente cresce/ Se não sai da gente essa lembrança”. Já o futuro do presente (andará) é utilizado para revelar a incerteza do paradeiro, como se verifica em “Onde andará Mariazinha?/ Meu primeiro amor, onde andará?” Quanto ao vocabulário, ressaltamos que a palavra não constitui unidade de análise em si. No entanto, os campos semânticos relacionados nessa canção colaboram com a constituição da imagem que o enunciador permite que o coenunciador crie de si no discurso. Ao falar da infância, temos, por exemplo, palavras como “criança, meninada, travessuras, jogo de botões”; ao tratar da religião, marcadamente católica, aparecem as palavras “domingos, missa, matriz, Deus”; quando o assunto é a vida escolar, o léxico é “professorinha, ensinou, beabá”. De fato, as palavras são empregadas devido às suas virtualidades de sentido na língua. Além do valor semântico, elas adquirem estatuto de signos de pertencimento a uma formação discursiva e o enunciador escolhe unidades lexicais que marcam sua posição no campo discursivo. Na última estrofe, o enunciador se iguala aos demais meninos com os quais convivia. É interessante notar o uso do substantivo “meninada” para designar um conjunto de meninos e/ou meninas que se reuniam para fazer travessuras. Considerando o caráter intersemiótico do gênero canção, podemos dizer que Meus tempos de criança segue uma métrica musical, com acentuação clara do tempo forte do compasso (2/4), sem subverter o português, utilizando a acentuação usual das palavras, sem erro de prosódia. Tal construção parece favorecer a construção da imagem do sujeito como alguém com competência de conjugar as linguagens verbal e musical. Vale lembrar que as letras de canções equivalem à poesia devido à utilização de recursos semelhantes aos da criação poética (métrica, rima, ritmo, sonoridade). Pela memória discursiva, podemos relacionar Meus tempos de criança ao poema Pobre velha música, de Fernando Pessoa (1888-1935), considerado o poeta mais significativo do Modernismo de Portugal, pois neste texto aparece também o desejo de voltar a uma infância apresentada como um momento de felicidade efêmero e eternamente recuperável nos momentos da fraqueza do presente. Além do mais, os últimos versos, questionando a existência da felicidade, parecem dialogar entre si. “Pobre velha música! Não sei porque agrado, Enche-se de lágrimas Meu olhar parado. Recordo outro ouvir-te. Não sei se te ouvi Nessa minha infância Que me lembra em ti. Com que ânsia tão raiva Quero aquele outrora! E eu era feliz? Não sei: Fui-o outrora agora.” (PESSOA, 2009) Contrapondo-se o verso “Eu era feliz e não sabia” aos versos “E eu era feliz? Não sei: / Fui-o outrora agora”, os sujeitos enunciam o sentimento de felicidade dos tempos vividos percebido somente no presente. Ambos reencontram a felicidade, ao recordar os tempos infantis. Desse modo, confirma-se a hipótese do primado do interdiscurso, defendido por Maingueneau em sua abordagem, pois um discurso não existe sozinho, mas dialogando com outros. Definido como um conjunto de discursos que mantém entre si uma relação discursiva, o interdiscurso está relacionado à memória coletiva onde acontece o funcionamento do discurso em que os sujeitos estão inscritos. Além disso, podemos relacionar a canção Meus tempos de criança ao poema Infância, de Carlos Drummond de Andrade. Tal como Ataulfo Alves (nascido em 1909 em Miraí-MG), o poeta Drummond (nascido em 1902 em Itabira-MG) pertenceu à década em que ocorreu a crise da arte que resultou no Modernismo, movimento literário de expressiva contribuição para a criação de uma identidade brasileira. Sobre a essa identidade, Toledo (2008: 97) afirma: “A identidade nacional brasileira começou a ser melhor definida a partir do Modernismo. Antes, havia apenas uma identidade "transplantada". Afirmar uma identidade étnico-cultural é afirmar uma certa originalidade, uma diferença, e, ao mesmo tempo, uma semelhança, já que idêntico é aquele que é perfeitamente igual. Na identidade existe uma relação de igualdade que cimenta um grupo, válida para todos os que a ele pertencem. Porém, a identidade se define em relação a algo que lhe é exterior, diferente.” Ataulfo e Drummond dividiram o mesmo tempo e o mesmo espaço. Podemos estabelecer semelhanças quanto às histórias de vida dos dois, pois ambos deixaram suas cidades de origem e partiram de trem de ferro para novos lugares. Ataulfo mudou-se para o Rio de Janeiro, onde teve várias profissões, destacando-se como prático de farmácia e lá se envolveu com as rodas de samba, desenvolvendo sua musicalidade. Já Drummond mudou-se para Belo Horizonte, onde se formou em Farmácia, embora não se interessasse pela profissão. Como não se adaptou à vida de fazendeiro, Drummond mudou-se para o Rio de Janeiro em 1934 e chegou a ser Ministro da Educação e da Saúde Pública. Apesar disso, sobressaiu-se como poeta. Entretanto, não são as semelhanças observadas quanto à história de vida dos dois sujeitos empíricos, que alcançaram notoriedade na sociedade brasileira (Ataulfo na MPB e Drummond na Literatura Brasileira), que nos interessam de perto, mas sim o pertencimento dos dois textos a um mesmo campo discursivo, bem como o tratamento semântico do tema “saudade da infância”. Eis o poema Infância (DRUMMOND, 2004: 67): “Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo. Meu irmão pequeno dormia. Eu sozinho menino entre mangueiras. lia a história de Robinson Crusoé, comprida história que não acaba mais. No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala – nunca se esqueceu chamava para o café. Café preto que nem a preta velha café gostoso café bom. Minha mãe ficava sentada cosendo olhando para mim: - Psiu... Não acorde o menino. Para o berço onde pousou um mosquito. E dava um suspiro...que fundo! Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda. E eu não sabia que minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé.” O tema tratado no poema refere-se às reminiscências da infância. O enunciador organiza seu discurso a partir das lembranças e impressões guardadas em sua memória. O espaço em que se desenvolve é a fazenda da família, espaço interiorano de tranquilidade e segurança proporcionado pelo núcleo familiar do menino, cujo cotidiano é relatado, quando se enuncia que: o pai ia para o campo montado a cavalo, a mãe cosia e zelava pelo sono do irmão mais novo, o menino lia entre as mangueiras e fazia comparações entre sua história e a história lida. Destacamos a segunda estrofe do poema, em cujos versos é relembrado o momento “brando de luz” do meio-dia em que “a preta velha”, ex-escrava, chamava para o café (preto, gostoso e bom), sinal da hospitalidade mineira. Além disso, é feita a comparação da cor da negra livre com a cor do café e é percebida a analogia da história do sujeito que enuncia com a história de Robinson Crusoé, ambos solitários e isolados do contato humano, embora por motivos diferentes. Crusoé ficou afastado da civilização devido a um naufrágio, enquanto o enunciador do poema se diz só pelo fato de viver no interior ou simplesmente pelo fato de ser criança, como notamos no verso “Eu sozinho menino entre mangueiras”. Os versos “E eu não sabia que minha história/ era mais bonita que a de Robinson Crusoé” finalizam o poema com a ideia de que a felicidade é suficiente para que sua história de vida seja considerada bela. Essa melancólica conclusão se identifica com o verso “Eu era feliz e não sabia”, que finaliza a canção de Ataulfo. Assim, tanto em Infância quanto em Meus tempos de criança, além da revelação da melancolia, das lembranças e da saudade da infância, são registradas confissões dos bons tempos antigos, de uma felicidade que ficou no passado e é recordada pelo “eu” no presente. Conforme Toledo (2008: 107): “Ambos revelam nos versos, em flash-back, flagrantes singulares, compartilhados, cada um a seu modo, em Miraí e em Itabira, buscando restaurar o passado, no presente, com a simplicidade das cenas de um tempo e um espaço, resguardados em suas memórias, e que, aqui, são resgatados em um tempo bem distante, mas com a mesma intensidade com que fora outrora experimentado, revelando peculiaridades do ambiente mineiro.” Em nossa análise, a cena englobante da canção corresponde ao discurso líteromusical; a cena genérica corresponde ao gênero canção e a terceira cena, a cenografia, corresponde ao contexto que a obra implica. Já os primeiros versos de Meus tempos de criança dão corpo à cenografia do texto que se dará através da recordação. A cena é construída pela cronografia que marca a oposição entre a infância, tempo passado que representa a felicidade, e o tempo presente, de ausência de felicidade. A topografia refere-se à cidade de Miraí, relacionada à infância, no passado. Quanto ao lugar onde acontece a fala do presente, o enunciador não a explicita. No entanto, se relacionarmos o enunciador ao sujeito empírico, podemos supor que se trata da então capital do país, Rio de Janeiro, onde o cantor e compositor Ataulfo Alves viveu sua carreira musical. O ethos, imagem de si no discurso, integra a cenografia da recordação e visa a conseguir a adesão do coenunciador. Para que isso aconteça, o modo como o sujeito diz e o que ele diz são de capital importância. A estrutura narrativa que se constrói na letra nos leva a identificar o tom, o caráter, a corporalidade, o mundo ético do fiador, a partir de seu comportamento discursivo. É possível observar no discurso um tom nostálgico e saudosista que idealiza o passado e é com base nesse tom de lastimação e saudade que o enunciador tenta provocar a comoção no coenunciador. O diminutivo de afetividade (cidadezinha, pequenino, professorinha, Mariazinha) quando menciona as lembranças que ficaram em sua memória, a linguagem simples, entre outras características do padrão discursivo utilizado, contribuem para a construção da imagem de si no discurso. O caráter é associado a um feixe de traços psicológicos atribuídos ao enunciador pelo coenunciador. Trata-se de um sujeito sentimentalista, que valoriza as origens, imagem que se constrói em outras canções, nas quais se preza a tradição e condena-se quem despreza sua origem, conforme os versos “Desprezar a origem que tem/ É negar sua própria razão”, encontrados na canção Gente bem, composta por Ataulfo e gravada em 1966. A corporalidade (compleição física) do enunciador é construída na cena que se desenvolve no texto: uma criança indo à missa na matriz, indo à escola estudar, jogando botões sobre a calçada da rua com outras crianças. A subjetividade que se manifesta em seu discurso é concebida como uma voz que não pode ser dissociada do corpo que enuncia. Essa voz dialoga com outras vozes e traz para seu interior crenças e valores (remissões ao discurso religioso e ao discurso escolar) que são carregados de ideologias, pois não existem discursos e sujeitos neutros. Além disso, podemos identificar o mundo ético habitado pelo sujeito que enuncia. Tal texto foi produzido numa prática discursiva que pressupõe a seguinte organização social: quanto à inscrição e ao posicionamento, é o próprio enunciador quem se recorda da infância vivida a partir do lugar social que habita no mundo ético como profissional da música. No presente da enunciação, já adulto, o sujeito se lembra de suas vivências, ao enunciá-las cantando. O gênero canção colocado em questão nessa nossa análise teve, na época de Ataulfo Alves, o rádio como principal suporte. Suas canções eram divulgadas por esse meio de comunicação, fundamental para aquele tempo. O código de linguagem adotado nas letras de suas músicas é o português coloquial. Seu padrão discursivo adota uma linguagem clara e simples, respeitando as normas gramaticais, no entanto, sem seguir ao extremo o padrão da língua culta. Considerando a prática intersemiótica da canção, vale dizer que, quanto ao ritmo lento e triste da melodia de Meus tempos de criança, eles podem ser considerados como características do estilo próprio do sujeito empírico. A esse respeito encontramos na coleção MPB Compositores: Ataulfo Alves (1996) a afirmação de que os sambas do referido artista parecem um mineiro andando devagar, sem pressa, cheio de ginga e sempre chegando ao lugar certo, ethos facilmente apreendido quando escutamos a canção e analisamos o discurso. A linguagem não-verbal da canção colabora com a construção do ethos, pois, além do andamento lento, a melodia em tom menor favorece a criação de uma atmosfera de tristeza, de calma e reflexão. A voz que canta8 , repleta de pequenos glissandos9 nos finais das frases, bem como o uso do tempo rubato, acelerando e retardando ligeiramente o tempo da peça musical, ou seja, “roubando” um pouco do tempo de algumas notas e compensando-o em outras, cooperam para a construção de uma imagem melancólica do enunciador. Embora o coenunciador possa considerar o discurso sentimentalista e idealista, ele se identifica com o ethos, pois o ser humano geralmente tem o hábito de usar o passado como uma crítica ao presente, como acontece nessa primeira canção analisada, especialmente quando o último verso “Eu era feliz e não sabia” deixa entrever a falta de felicidade do presente. 8 Fazemos referência às gravações nas quais o próprio Ataulfo Alves é o cantor. Se forem ouvidas interpretações de outros cantores para a mesma canção, provavelmente haverá alteração na construção do ethos. 9 Glissando é uma expressão italiana, utilizada na terminologia da música para indicar uma passagem suave de uma altura a outra. Vale ressaltar, ainda, que a posição assumida pelo enunciador em seu discurso nos leva a relacioná-lo com a identidade católico-burguesa, uma vez que, em seu discurso estão presentes dois importantes Aparelhos Ideológicos do Estado (a igreja e a escola) aos quais o sujeito é assujeitado. O discurso da canção funciona como uma estratégia de autorreferencialidade ao apresentar a cenografia da recordação. ****************************************************************************************** *** Tattoo Jordin Sparks Ouça Tattoo Tattoo No matter what you say about love I keep coming back for more Keep my head in the fire, sooner or later I get what I'm asking for No matter what you say about life I learn everytime I bleed The truth is a stranger, Soul is in danger I gotta let my spirit be free To admit that I'm wrong and then change my mind Sorry but I have to move on and leave you behind I can't waste time so give it a moment I realized nothing's broken No need to worry about everything I've done Lived every second like it was my last one Don't look back, got a new direction I loved you once needed protection You're still a part of everything I do You're on my heart just like a tattoo Just like a tattoo I'll always have you I'll always have you Sick of playing all of these games It's not about taking sides When I looked in the mirror, didn't deliver It hurt enough to think I could stop Admit that I'm wrong and then change my mind Sorry but I've gotta be strong and leave you behind I can't waste time so give it a moment I realized nothing's broken No need to worry about everything I've done Lived every second like it was my last one Don't look back got a new direction I loved you once needed protection You're still a part of everything I do You're on my heart just like a tattoo Just like a tattoo I'll always have you I'll always have you If I live every moment Won't change any moment Still a part of me in you I will never regret you Still the memory of you Marks everything I do I can't waste time so give it a moment I realized nothing's broken No need to worry about everything I've done Lived every second like it was my last one Don't look back got a new direction I loved you once needed protection You're still a part of everything I do You're on my heart just like a tattoo Just like a tattoo I can't waste time so give it a moment I realized nothing's broken No need to worry about everything I've done Lived every second like it was my last one Don't look back got a new direction I loved you once needed protection You're still a part of everything I do You're on my heart just like a tattoo Just like a tattoo I'll always have you Tatuagem Não importa o que você diga sobre amor Eu continuo querendo mais Deixo minha mão no fogo, cedo ou tarde Eu consigo o que estou pedindo Não importa o que você diga sobre a vida Eu aprendo toda a vez que eu sangro A verdade é uma estranha, a alma está em perigo Eu tenho que deixar meu espírito ser livre Para admitir que estou errada e então mudar minha mente Desculpe, mas eu tenho que seguir e deixar você para trás Eu não posso perder tempo, então dê um momento Eu percebi que nada está quebrado Não preciso me preocupar com tudo que eu fiz Vivi cada segundo como se fosse o último Não olho para trás, tenho uma nova direção Eu te amei uma vez, precisava de proteção Você ainda é uma parte de tudo que eu faço Você está no meu coração como uma tatuagem Como uma tatuagem Eu sempre terei você Eu sempre terei você Cansada de jogar todos esses jogos Não se trata de tomar partido Quando eu olhei para o espelho, não entreguei Dói o bastante pensar que eu poderia parar Admitir que estou errada e então mudar minha mente Desculpe, mas eu tenho que ser forte e deixar você para trás Eu não posso perder tempo, então dê um momento Eu percebi que nada está quebrado Não preciso me preocupar com tudo que eu fiz Vivi cada segundo como se fosse o último Não olho para trás, tenho uma nova direção Eu te amei uma vez, precisava de proteção Você ainda é uma parte de tudo que eu faço Você está no meu coração como uma tatuagem Como uma tatuagem Eu sempre terei você Eu sempre terei você Se eu viver cada momento Não mudaria nenhum momento Ainda uma parte de mim em você Eu nunca vou me arrepender de você Ainda a sua memória Marca tudo o que eu faço Eu não posso perder tempo, então dê um momento Eu percebi que nada está quebrado Não preciso me preocupar com tudo que eu fiz Vivi cada segundo como se fosse o último Não olho para trás, tenho uma nova direção Eu te amei uma vez, precisava de proteção Você ainda é uma parte de tudo que eu faço Você está no meu coração como uma tatuagem Como uma tatuagem Eu não posso perder tempo, então dê um momento Eu percebi que nada está quebrado Não preciso me preocupar com tudo que eu fiz Vivi cada segundo como se fosse o último Não olho para trás, tenho uma nova direção Eu te amei uma vez, precisava de proteção Você ainda é uma parte de tudo que eu faço Você está no meu coração como uma tatuagem Como uma tatuagem Eu sempre terei você Ouça Tattoo Composição: Mikkel Storleer Eriksen. ***************************************************************

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