quinta-feira, 8 de setembro de 2022

PREVER E COMPREENDER

- Nem uma coisa nem outra Fernando Pessoa ***
*** "... Com um pisão e um beliscão, eles começam um relacionamento e nasce Leonardo filho ..." MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS - NILC Leonardo, 'o "herói" de Memórias, nasce no início do século XIX, fruto da relação entre Leonardo Pataca, um alfaiate reles de Lisboa e Maria Hortaliça, ...' ********************************************************************************** *** Portela 1966 Portela (rj) - Samba Enredo 1966 - Memórias de um Sargento de Milícias "Este samba de Paulinho da Viola é típico das décadas de 50 e 60. Grande e detalhista, procura exaurir o tema e parece que não esqueceu nada do romance de Manuel Antônio de Almeida. A melodia do samba é seu destaque. Criativa, ela tem frases que adornam a letra com delicadeza e certo humor. Algumas vezes parece mesmo comentar a letra, ampliando-lhe o significado. O samba foi gravado também por Martinho da Vila. Em 1966 apresentou na quadra, para o carnaval. A música foi escolhida para ser o samba enredo da Portela naquele ano. A escola foi campeã do carnaval e o samba de Paulinho recebeu dos jurados a nota máxima. Foi gravado por Martinho da Vila no ano de 1971." ****************************************************** *** quinta-feira, 8 de setembro de 2022 Vinicius Torres Freire – A massa de Bolsonaro na rua Folha de S. Paulo Presidente corrompeu 7 de Setembro, mas é o único político que reúne multidões O olhômetro é precário, mas a avenida Paulista do 7 de Setembro bolsonarista de 2022 parecia ter pelo menos tanta gente quanto o comício golpista de 2021. Era gente do povo, com cara de metrô lotado às seis da tarde, um tanto diferente daquela que pedia a cabeça de Dilma Rousseff em 2016. Jair Bolsonaro corrompeu a coisa pública a fim de se apropriar da data nacional, levar multidões às ruas, ocupar quase sozinho o tempo de cobertura jornalística e fazer vídeos de campanha. Teve sucesso. Bolsonaro poderia, pois, ser objeto de vários processos de crime eleitoral, se houvesse Procuradoria-Geral. Provavelmente não dariam em nada, como tem sido o caso nestes últimos quatro anos, dos pedidos de impeachment que apodrecem no Congresso aos inquéritos que mofam no Supremo. A delinquência de Bolsonaro faz parte da paisagem política. Um sucesso. O candidato do PL, o partido nacional-mensalista, começou o dia dizendo que 1964 pode se repetir. Fez campanha por meio da TV estatal, aquela que prometera fechar em 2018. Em mais um ato de apropriação indébita, sequestrou a parada do 7 de Setembro em Brasília para fazer comício sobre um trio elétrico (quem pagou?), cumprindo a mera formalidade de não usar o palanque oficial ao lado. Na parada de Brasília e nas piruetas aeronavais do Rio, militares eram coniventes com a corrupção institucional. No desfile brasiliense, houve ainda desfiles de escolas militares e até uma ala de "homeschooling". Como o estado de depravação social e política tornou-se natural, as classes falantes e políticos oficiais diziam que os discursos foram moderados. Foram o parlapatório iletrado e cafajeste de costume, com ameaças golpistas nas entrelinhas. Na história dos discursos políticos do país, haverá a falação de um castrado mental a se jactar de ser "imbrochável" e a pedir que o eleitor compare as "primeira-damas" (essa ideia tola e antirrepublicana), dando preferência a uma "princesa" "de Deus". Como em uma alegoria medieval, personificações da política das trevas acompanhavam Bolsonaro nos comícios: o empresário ultradireitista, o líder do partido pentecostal brucutu, o militar de catadura medonha, o agro ogro de chapéu. Isto posto, Bolsonaro ora tem 32% dos votos no primeiro turno e 42% dos votos válidos em um segundo turno contra Lula da Silva (PT). É o único político e o único programa que levam multidão para as ruas. Parte do movimento é financiado por empresários e associações empresariais. Parte é de comitês da "sociedade civil", como se via e ouvia na avenida Paulista. Muitas famílias, muita criança, com a cara sofrida da maioria pobre ou menos do que remediada do país, passeavam por lá como em um domingo no parque, ameno. Os fanáticos se aglomeravam em torno dos caminhões dos golpistas, mas eram minoritários. É um Brasil novo ou com novo poder, feito de uma gente largada por décadas na periferia, que inventou uma religião nova, um cristianismo sem Novo Testamento, que teme drogas; de homens com medo e/ou raiva da diversidade humana. Feito do mundo do agro, de tanto empresário do interior ou do pequeno negócio e dos políticos religiosos insatisfeitos com o Estado e o naco de poder que tinham até agora. Em parte, feito de gente cansada de não ver, na prática, muita diferença entre partidos ou governos. Foi um Brasil que se formou enquanto elites culturais de São Paulo e Rio fantasiavam seu país de acordo com a moda intelectual alienada do momento, quando não pura besteira ideológica. Bolsonaro foi o cavalo e catalisador dessa reação. Passou encilhado, o povo montou e vai aos montes para a rua. ******************************************************************************************** "Magnífico" *** *** Museu do Ipiranga | Jazz Sinfônica homenageia o Bicentenário da Independência 18.203 visualizações 31 de mai. de 2022 O nosso museu está quase pronto, a previsão de reabertura é que seja no feriado nacional de 7 de Setembro, como principal marco do bicentenário da Independência do Brasil. #CulturaSP #MuseuDoIpiranga Vale a pena ver de novo! Dura 4 minutos. Mas tem de ser visto. Eu chorei com as ferramentas misturadas à orquestra. Maravilha pura! https://youtu.be/MG_dHIHdz98 ***************************************
*** Felipe Nunes @felipnunes 1/ Saiu hoje pesquisa Genial/Quaest para o estado de São Paulo! O presidente Bolsonaro voltou a oscilar positivamente (de 35% para 37%) e ultrapassou numericamente pela primeira vez o ex-presidente Lula (oscilou de 37% para 36%). Os outros candidatos somam 17%. Segue o fio… 🧵 https://twitter.com/felipnunes/status/1567815886714638337?s=24&t=jQR8ktmHnQlxQrQRSNzSSg ********************************************************************************************** Felipe Nunes @felipnunes 1/ Hoje foi dia de monitorar a entrevista de Tebet no JN. Os dados da @quaestpesquisa revelam que, na média, 780 mil pessoas foram impactadas com postagens sobre a entrevista durante sua exibição. ***
************************************************************************************************ O CONCEITO DE "COMPREENSÃO" NA FÍSICA MODERNA ***
*** 1920-1922 ***********************************
**** "Passei meus primeiros dois anos na Universidade de Munique em dois mundos bem distintos: com meus amigos do Movimento da Juventude e no domínio racional e abstrato da física teórica. Eram tantas as atividades em ambos os mundos que, muitas vezes, eu ficava em estado de grande agitação. Era difícil transitar entre os dois. (...) As conversas com Wolfgang Pauli eram a parte mais importante de meus estudos nos seminários de Summerfield. Mas o estilo de vida de Wolfgang era quase diametralmente oposto ao meu. Enquanto eu amava a luz do dia e passava o máximo de meu tempo praticando montanhismo, nadando ou preparando refeições simples à margem de um dos nossos lagos bávaros, Wolfagang era um notívago típico. Preferia a cidade, gostava de passar a noite em velhos bares ou cafés e, depois disso, trabalhava em sua física durante boa parte da madrugada, com grande concentração e sucesso. (...) O intenso interesse comum pela física foi capaz de nos fazer superar com facilidade nossas diferenças de interesse em outros campos." CONTRAPONTO A PARTE E O TODO HEISENBERG ************************* Sessão Solene do Congresso Nacional COMEMORAÇÃO DO BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA *** *** TV Senado - Ao vivo 979 assistindo agora Transmissão iniciada há 3 horas A TV Senado está ao vivo no YouTube de segunda à sexta-feira, das 8h às 21h. Por aqui você acompanha os debates e as votações do Senado e do Congresso Nacional e assiste à cobertura jornalística completa das atividades legislativas, além de entrevistas, documentários e programas especiais. ******************************************* BOLSONARO SEGUIU CARTILHA DE BANNON E CONSEGUIU O QUE QUERIA NO 7 DE SETEMBRO Presidente conseguiu fazer os comícios mais assistidos da história das campanhas eleitorais brasileiras travestidos de atos cívicos Malu Gaspar – O Globo, 08/09/22 ***
*** quinta-feira, 8 de setembro de 2022 Malu Gaspar - Bolsonaro conseguiu o que queria O Globo Presidente conseguiu fazer os comícios mais assistidos da história das campanhas eleitorais brasileiras travestidos de atos cívicos Em fevereiro de 2018, numa entrevista ao jornalista americano Michael Lewis, o guru da extrema-direita Steve Bannon explicitou, com surpreendente sinceridade, sua estratégia para multiplicar a mensagem do trumpismo: “Os democratas não importam”, disse Bannon. “A oposição real é a mídia. E a forma de lidar com eles é inundá-los com nossas merdas”. A finalidade dessa tática, segundo outra frase de Bannon que ficou famosa, nunca é esclarecer ou impor a verdade: “Não se trata de persuadir, e sim de desorientar”. O que se viu neste 7 de Setembro foi a execução perfeita do método Bannon por Jair Bolsonaro, num momento crítico da campanha eleitoral. Desde que começou a planejar a comemoração oficial dos 200 anos da Independência e os atos no Rio e em Brasília, o presidente sabia que precisaria deles para demonstrar força. Também sabia que teria de dominar a atenção do país durante todo o dia para que seus atos não fossem vistos como um fracasso na comparação com os do ano passado, quando ele colocou o Brasil em suspenso com a ameaça golpista mais descarada que já se viu após a redemocratização. O que seria dito ou feito neste 7 de Setembro dependeria, obviamente, do cenário político e eleitoral. E eis que a conjuntura combinou uma estável e folgada liderança de Lula nas pesquisas com altas taxas de rejeição a ele, Bolsonaro, além do surgimento de novas informações sobre a compra de imóveis em dinheiro vivo por integrantes da família presidencial. Alexandre de Moraes, que no ano passado foi chamado de canalha de cima de um palanque, neste ano autorizou busca e apreensão sobre empresários bolsonaristas, visando a encontrar indícios de financiamento de atos antidemocráticos. No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o mesmo Moraes chamou para conversar o ministro da Defesa, sugerindo que poderia ceder em alguma das reivindicações dos militares sobre as urnas eletrônicas. Nesse contexto, Bolsonaro não tinha nem cartas para bancar um blefe de golpe, como fez em 2021. Mais do que um presidente autoritário, ele é, no momento, um candidato em dificuldades numa campanha eleitoral disputada. Para poder voltar ao golpismo que está em sua essência, precisa, primeiro, garantir a presença no segundo turno. Foi o próprio presidente quem disse, nos discursos de ontem: “Esperem uma reeleição para vocês verem se todos não vão jogar dentro das quatro linhas da Constituição”. Por enquanto, o que ele podia fazer era convocar as Forças Armadas para dar efeito simbólico a seus atos políticos e deixar no ar o medo de tumultos e de um golpe de última hora. O golpismo nas faixas dos manifestantes e nas imagens de generais engalanados sobre o palanque era, afinal, um espantalho destinado a atrair atenção. Garantido o barulho, Bolsonaro partiu para seu real objetivo — galvanizar a própria base, antecipando para já a disputa de rejeições que costuma caracterizar os segundos turnos. Jogando pesado para reavivar a memória dos escândalos de corrupção da era petista, chamou Lula de ladrão e de “quadrilheiro de nove dedos”. Disse que o voto nesta eleição não deveria servir apenas para impedi-lo de “voltar à cena do crime”. Esse tipo de gente tem que ser “extirpado da vida pública”, afirmou, dando instruções a seus seguidores: “Eu peço a vocês que não tentem convencer um esquerdista. Façam o contrário. Falem para [ele] convencer você a ser esquerdista. E depois que ele tentar te convencer, fale para ele onde ele está errado, porque eu sou presidente da República de 215 milhões de brasileiros”. No final do dia, ministros, aliados e mesmo lideranças políticas que andavam meio afastadas de Bolsonaro para não ser contaminados com sua rejeição manifestavam incontida satisfação com o resultado deste 7 de Setembro. A um deles, ponderei que a fala do presidente ao lado de Michelle, puxando um coro de “imbrochável”, tinha sido ridícula. E esse mesmo aliado, que já me relatou como Bolsonaro faz sucesso entre os minions quando bate no Supremo ou ataca jornalistas, apenas respondeu: “Vocês não entendem mesmo a extrema direita”. Então me lembrei de Bannon e capitulei. Brandindo seu golpismo sem dentes, Bolsonaro conseguiu fazer os comícios mais assistidos da história das campanhas eleitorais brasileiras — travestidos de atos cívicos e transmitidos ao longo de um dia inteiro por todos os canais a cabo, no YouTube e nas redes sociais. Ele pouco se importa se cometeu crime eleitoral, porque sabe que não sofrerá consequências significativas. O que importa mesmo é que “inundou o ambiente”. Agora, espera que a desorientação garanta o resto. https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/09/malu-gaspar-bolsonaro-conseguiu-o-que.html ************************************************************************************** "Batata incandescente na mão da justiça eleitoral." *** *** Dora Kramer: “Abuso de poder político de Bolsonaro no 7 de setembro é evidente” 18.124 visualizações 8 de set. de 2022 https://www.youtube.com/watch?v=CwbyAslB6L4 *************************************************
quinta-feira, 8 de setembro de 2022 Merval Pereira - Sem noção O Globo Bolsonaro feriu o decoro presidencial e deveria ser punido. Usou o 7 de setembro para fazer campanha https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/09/merval-pereira-sem-nocao.html ************************************************************************
*** quinta-feira, 8 de setembro de 2022 Míriam Leitão - O dia da infâmia de Jair Bolsonaro O Globo Bolsonaro abusou do poder de chefe de Estado, usou recursos públicos para campanha, dividiu o país e, sim, ameaçou com golpe de Estado https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/09/miriam-leitao-o-dia-da-infamia-de-jair.html ************************************************************************************
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*** Steve Bannon in Rome, Italy, on March 25, 2019. In an earlier interview with the journalist Michael Lewis, Bannon said, “The Democrats don’t matter, The real opposition is the media. And the way to deal with them is to flood the zone with shit.” Alessandra Benedetti/Corbis/Getty Images “Flood the zone with shit”: How misinformation overwhelmed our democracy The impeachment trial didn’t change any minds. Here’s why. By Sean Illing@seanillingsean.illing@vox.com Updated Feb 6, 2020, 9:27am EST On Wednesday, the Senate voted to acquit President Trump of charges of abuse of power and obstruction of justice. Despite all the incontrovertible facts at the center of this story, it was always inevitable that this process would change very few minds. No matter how clear a case the Democrats made, it was always highly likely that no single version of the truth was ever going to be accepted. This fact underscores a serious problem for our democratic culture. No amount of evidence, on virtually any topic, is likely to move public opinion one way or the other. We can attribute some of this to rank partisanship — some people simply refuse to acknowledge inconvenient facts about their own side. But there’s another, equally vexing problem. We live in a media ecosystem that overwhelms people with information. Some of that information is accurate, some of it is bogus, and much of it is intentionally misleading. The result is a polity that has increasingly given up on finding out the truth. As Sabrina Tavernise and Aidan Gardiner put it in a New York Times piece, “people are numb and disoriented, struggling to discern what is real in a sea of slant, fake, and fact.” This is partly why an earth-shattering historical event like a president’s impeachment did very little to move public opinion. The core challenge we’re facing today is information saturation and a hackable media system. If you follow politics at all, you know how exhausting the environment is. The sheer volume of content, the dizzying number of narratives and counternarratives, and the pace of the news cycle are too much for anyone to process. https://www.vox.com/policy-and-politics/2020/1/16/20991816/impeachment-trial-trump-bannon-misinformation *********************************************************************************************************
*** quinta-feira, 8 de setembro de 2022 Luiz Carlos Azedo - Para não dizer que não falei do Imbrochável Correio Braziliense Bolsonaro não fez ataques diretos ao Supremo e se esforçou para seduzir o eleitorado feminino, que está inviabilizando a sua reeleição. Mas quando falou das mulheres, foi um desastre Espirituoso, zombeteiro, gracejador, como o próprio apelido diz, o português Francisco Gomes da Silva desembarcou no Rio de Janeiro em 1808, como um dos 15 mil integrantes da Corte que acompanharam a fuga de D. João VI de Portugal. Era filho bastardo de Francisco José Rufino de Sousa Lobato, Visconde de Vila Nova da Rainha, e de sua empregada doméstica Maria da Conceição Alves, uma moça pobre, que foi mandada para a África, enquanto Antonio Gomes da Silva, protegido de Lobato, registrava o menino como filho legítimo. O pai biológico não abandonou o filho, que estudou no seminário de Santarém, onde aprendeu francês, inglês, italiano e espanhol. Em 1807, acabou expulso pelo reitor e veio com a família real para o Brasil, onde acabou faxineiro do Palácio São Cristóvão. Chalaça e uma dama da Corte foram flagrados nus num dos quartos do Palácio pelo próprio D. João VI. Expulso de São Cristóvão, onde era visto como espião pela rainha Carlota Joaquina, abriu uma barbearia na rua do Piolho (atual rua da Carioca), mas logo voltou ao serviço da Corte, após o retorno da família real para Portugal, porque era amigo de D. Pedro I. Sua influência na Corte foi muito maior do que aparentava. Na qualidade de oficial maior da Secretaria de Estado, inseriu na Carta Constitucional do Império do Brasil de 1824 a sua assinatura com a rubrica: “Francisco Gomes da Silva, a fez”. Por ter redigido a Carta, foi condecorado por Pedro I com a comenda da Torre e Espada. Para os brasileiros, era corrompido e corruptor: pagava jornais, disseminava calúnias e panfletos anônimos para insultarem os políticos liberais. Sem escrúpulos, era visto como recadeiro, insolente, trapaceiro e antipático ao Brasil e aos brasileiros. Nas lutas de bastidor após a Independência, conseguiu ser mais influente do que José Bonifácio, mas acabou traído pelo Marques de Barbacena, que negociou o casamento de D. Pedro I com a princesa D. Amélia de Leuchtenberg. Nomeado embaixador plenipotenciário do Império para o Reino das Duas Sicílias, cuja capital era Nápoles, Chalaça recusou o cargo e foi para Londres, onde realizou um levantamento dos gastos de Barbacena, que acabou demitido do Ministério da Fazenda por D. Pedro I em razão dessa devassa. Havia muita tensão política no Brasil por causa da inflação e da escassez de carne seca. A oposição acusava D. Pedro I de ser “absolutista”. Os “áulicos” portugueses que cercavam o monarca, principalmente Chalaça, eram responsabilizados pelas ações autocráticas do imperador e da falta de diálogo com a Câmara dos Deputados. O amigo alcoviteiro, mulherengo, boêmio e divertido de D. Pedro I jamais voltou ao Brasil. Mas foi chamado a Portugal pelo imperador, em 1833, para ser secretário de Estado da Casa de Bragança. Em 1834, Pedro morreu e deixou viúva, Dona Amélia, sua segunda esposa, de quem Chalaça se tornaria amante. Na tarde de 30 de dezembro de 1852, morreria em Lisboa, no Hotel Bragança. Isolamento Chalaça foi a face mais picaresca e, ao mesmo tempo, obscura do reinado de Pedro I, com quem tinha uma relação de estreita confiança. Lembrei-me do Chalaça porque protagonizou um estilo de fazer política de baixíssima qualidade que marcou o Primeiro Império. Talvez seja o ambiente mais parecido com o que estamos vivendo, com o presidente Jair Bolsonaro (PL) cercado de áulicos. Mas o que houve, ontem, nas comemorações do Bicentenário da Independência, em termos de qualidade da política, era inimaginável. Não foram apenas a transformação de uma data magna num ato eleitoral, nem o constrangimento ao qual foram submetidas as Forças Armadas. Os ritos da Presidência foram todos desrespeitados. No lugar dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux — que evitaram o vexame —, no palanque oficial pontificava o empresário Luciano Hang, o Velho da Havan, ao lado de um constrangido presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que parecia não acreditar no que estava vendo. Com o discurso modulado por marqueteiros, Bolsonaro não fez ataques diretos ao Supremo Tribunal federal (STF) e se esforçou para seduzir o eleitorado feminino, que está inviabilizando a sua reeleição. Mas quando falou das mulheres, foi um desastre. Depois de elogiar a primeira-dama, Michelle Bolsonaro (“uma mulher ativa na minha vida, não é ao meu lado, não; muitas vezes ela está é na minha frente”), Bolsonaro saiu-se com esta: “E eu tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de ser infelizes. Procure uma mulher, uma princesa, se casem com ela, para serem mais felizes ainda”. Na sequência, beijou a primeira-dama e puxou o coro: “Imbrochável, imbrochável, imbrochável!”. Nem nos tempos do Chalaça se viu uma coisa dessas. *********************************************** Quem foi o Chalaça, amigo e companheiro de noitadas de D. Pedro 1º Evanildo da Silveira Desde Vera Cruz (RS) para BBC News Brasil 20 abril 2022 ***
*** Pintura com busto de Francisco Gomes da Silva, o Chalaça CRÉDITO,REPRODUÇÃO GOOGLE ARTS & CULTURE Legenda da foto, Pintura com busto de Francisco Gomes da Silva, o Chalaça A palavra "chalaça", dizem os dicionários, significa espirituoso, zombeteiro, gracejador. Por isso, foi com ela que seus amigos e conhecidos - e inimigos - na corte de D. João 6º, no Rio de Janeiro, apelidaram o português Francisco Gomes da Silva, um dos 15 mil integrantes da comitiva real que desembarcou no Brasil, em 1808. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-61155049 ****************************************************
*** quinta-feira, 8 de setembro de 2022 William Waack - Ofensiva no limite O Estado de S. Paulo Bolsonaro usou todas as armas, mas não conseguiu ainda virar o jogo No jargão militar a palavra “culminar” significa atingir o ponto máximo, mas sem ter alcançado o objetivo. Nesse sentido, o que aconteceu no 7 de Setembro foi um sinal de que a atual ofensiva de Jair Bolsonaro culminou. A demonstração de força gerou as pretendidas imagens de nutrido apoio. E a sensação, entre apoiadores de Bolsonaro, de que as pesquisas “mentem”. Como não acreditar que está com a reeleição garantida, se foi capaz de colocar tanta gente na rua? Manifestações dessa magnitude ajudariam, teoricamente, a virar um jogo eleitoral até aqui desfavorável para Bolsonaro. O problema é a distância em que ele se encontra de um ponto de inflexão em relação a Lula. Essa distância está bastante clara em dois números. O primeiro é a taxa de rejeição. Nunca antes neste país alguém se elegeu com uma taxa de rejeição como a de Bolsonaro (a de Lula é mais baixa). E que teima em permanecer alta. Seus apoiadores podem se perguntar como é possível, olhando em volta, acreditar numa taxa de rejeição tão alta. O problema para eles é que, olhando em volta, só enxergam outros apoiadores. O segundo número é igualmente eloquente. É pequena a distância que separa a intenção de voto estimulada da intenção de voto espontânea, tanto para Lula como para Bolsonaro. Séries históricas confiáveis demonstram que ambos estão bem próximos de seus respectivos “tetos” de votos. O “teto” é atingido quando é pequena a distância entre o voto espontâneo e o estimulado. Ou seja, chegaram até onde dava, e não existe muito espaço para Lula e Bolsonaro alterarem o que as pesquisas dizem que eles possuem hoje. Ocorre que é grande a vantagem do “teto” de Lula em relação ao “teto” de Bolsonaro. Essa vantagem tem variado (nos últimos tempos em favor de Bolsonaro), mas se manteve sólida nos últimos 12 meses. Portanto, para ser o “evento decisivo” numa corrida eleitoral, a mobilização do 7 de Setembro em favor de Bolsonaro teria de conseguir alterar o quadro mais geral. É a persistente liderança de Lula nas camadas mais pobres, inclusive no Sul e Sudeste. Dependendo da base de dados que se utiliza, essa faixa supera a metade do eleitorado – e é justamente a faixa menos envolvida ou “arrebatada” nos embates político-eleitorais. E a mais suscetível ao custo de vida e bondades do governo, algo que até aqui não funcionou (pelo menos não na proporção esperada) em favor de Bolsonaro. As ferramentas da ofensiva já foram todas colocadas em campo: ajuda emergencial, uso da máquina pública, maciça barragem de artilharia de propaganda e, culminando no 7 de Setembro, a grande mobilização de rua. A esperança agora é o tempo até o segundo turno. ***************************************************
*** quinta-feira, 8 de setembro de 2022 Eliane Cantanhêde - O 7 de Setembro pode virar a ‘facada’ de 2022? O Estado de S. Paulo As manifestações gigantescas que o presidente Jair Bolsonaro proporcionou para o candidato Jair Bolsonaro à custa do 7 de Setembro e do bicentenário da Independência podem se transformar na facada de 2022, criando um “antes e depois” na eleição presidencial. Ou, em outras palavras, agora é ou vai ou racha. Como já escrito neste espaço, Bolsonaro se preparou para o “maior espetáculo da Terra”, enquanto a expectativa dos adversários, principalmente do PT, era de que o dia da Pátria, usado como dia de Bolsonaro, fosse o último cartucho, ou munição, ou bala em busca da reeleição. As próximas pesquisas dirão, mas até lá precisamos nos ater aos fatos: os atos do Rio e de Brasília foram, sim, os maiores já vistos ao longo desta campanha, talvez até de muitas, e cumpriram o objetivo de dar uma baita demonstração de força para uma campanha que vinha cambaleante, ganhando um ponto daqui, outro dali, sem jamais ameaçar o principal candidato, o petista Lula. Isolado no palanque, sem os presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado e da Câmara e esnobando o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, Bolsonaro vai atacar não apenas os adversários, mas as pesquisas, confrontando os índices que elas divulgam com as imagens deste 7 de Setembro. No discurso de Brasília, aliás, ele já contrapôs o Datafolha ao “Datapovo”. Assim como o presidente sempre confundiu militantes bolsonaristas da internet com “o povo” e tomou decisões de governo com base neles, seus assessores militares, ideológicos e de marketing têm certeza de que os que foram às ruas para fingir que saudavam a Pátria, mas para, de fato, participar de comício de campanha são “a grande maioria da população”. É assim que Bolsonaro confirma ser capaz de qualquer coisa pela reeleição. Implodiu a lei eleitoral, o teto de gastos, a responsabilidade fiscal, o 7 de Setembro da Av. Presidente Vargas, o bicentenário da Independência com todos os Poderes. De outro lado, abriu alas para Daniel Silveira, Eduardo Pazuello e Fabrício Queiroz, enquanto provocava o Supremo e trocava beijinhos com a primeira-dama Michelle, “mulher de Deus e da família”, conclamando os homens solteiros a encontrar suas “princesas”. Sei não, mas isso é pregar para convertido. As multidões do 7 de Setembro realmente foram imensas multidões, mas não são maioria, são compatíveis com os menos de 40% que o “mito’ tem nas pesquisas. Pelo menos, tinha antes. Agora, é ver o depois. *****************************************************************************************
*** quinta-feira, 8 de setembro de 2022 Eugênio Bucci* - A pauta ainda pauta O Estado de S. Paulo Os fatos que mais mobilizam a opinião pública no debate eleitoral são aqueles descobertos, verificados e reportado pela imprensa profissional (...) Não se trata de bancar o otimista, mas de olhar a realidade de frente: se a pauta da imprensa de qualidade consegue pautar a campanha eleitoral, ainda pulsa o pulso da razão. *Jornalista, é professor da ECA USP ************************************************************ *** Memórias de Um Sargento de Milícias Martinho da Vila Ouça Memórias de Um Sarg… Era o tempo do rei Quando aqui, chegou Um modesto casal feliz pelo recente amor Leonardo, tornando-se meirinho Deu a Maria Hortaliça um novo lar Um pouco de conforto e de carinho Dessa união, nasceu Um lindo varão Que recebeu o mesmo nome do seu pai Personagem central da história que contamos neste carnaval Mas um dia Maria Fez a Leonardo uma ingratidão Mostrando que não era uma boa companheira Provocou a separação Foi assim que o padrinho passou A ser do menino tutor A quem lhe deu toda dedicação Sofrendo uma grande desilusão Outra figura importante em sua vida Foi a comadre parteira popular Diziam que benziam de quebranto A beata mais famosa do lugar Havia nesse tempo aqui no Rio Tipos que devemos mencionar Chico Juca, era mestre em valentia E por todos se fazia, respeitar O reverendo amante da cigana Preso pelo Vidigal O justiceiro Homem de grande autoridade Que à frente dos seus granadeiros Era temido pelo povo da cidade Luisinha primeiro amor Que Leonardo conheceu E que Dona Maria, a outro como esposa concedeu Somente foi feliz Quando José Manuel Morreu Nosso herói Novamente se apaixonou Quando com sua viola A mulata Vidinha, esta singela modinha cantou: Se os meus suspiros pudessem Aos seus ouvidos chegar Verias que uma paixão Tem o poder de assassinar Ouça Memórias de Um Sarg… Composição: Paulinho da Viola. https://www.letras.mus.br/martinho-da-vila/287404/ *******************************************************
*** "Este samba de Paulinho da Viola é típico das décadas de 50 e 60. Grande e detalhista, procura exaurir o tema e parece que não esqueceu nada do romance de Manuel Antônio de Almeida. A melodia do samba é seu destaque. Criativa, ela tem frases que adornam a letra com delicadeza e certo humor. Algumas vezes parece mesmo comentar a letra, ampliando-lhe o significado. O samba foi gravado também por Martinho da Vila. Em 1966 apresentou na quadra, para o carnaval. A música foi escolhida para ser o samba enredo da Portela naquele ano. A escola foi campeã do carnaval e o samba de Paulinho recebeu dos jurados a nota máxima. Foi gravado por Martinho da Vila no ano de 1971. O autor do livro procura descrever o Rio de Janeiro da época de D.João VI e do famoso Vidigal (chefe de polícia). Acaba por ser um documento importante acerca do cotidiano das classes populares no Rio de Janeiro do início do século XIX. Ouça o samba-enredo aqui Fonte: ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Klick Editora, 1997." http://miriamfajardo.blogspot.com/2010/04/memorias-de-um-sargento-de-milicias-e-o.html ***************************************************************************************** Música | Beth Carvalho. Zeca Pagodinho - Camarão que dorme a onda leva /São José de Madureira / Dor de amor ********************* **** Poesia | Fernando Pessoa - Nem uma coisa nem outra ***********************************************************************

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