segunda-feira, 19 de setembro de 2022

“Da Guerra”

“A guerra é a continuação da política por outros meios”. CLAUSEWITZ, Carl Von *** *** Henrique Meirelles: "A PEC não vai resolver os problemas do país" 622 visualizações 6 de jul. de 2022 JORNAL GENTE, na Rádio Bandeirantes ***
*** segunda-feira, 19 de setembro de 2022 Henrique Meirelles – Ideias que não ajudam O Estado de S. Paulo Costumo dizer que, por causa do volume de reservas, a economia brasileira aguenta desaforos. Além de excelente economista, Mário Henrique Simonsen era ótimo frasista. É dele a máxima: “A inflação aleija, mas o câmbio mata.” Ex-ministro da Fazenda, Simonsen se referia à armadilha que fez o Brasil quebrar algumas vezes nas décadas de 1970 e de 1980, a da falta de reservas em dólar para pagar compromissos internacionais. Este problema foi sanado quando fizemos no Banco Central um trabalho de acúmulo de reservas e chegamos a US$ 288 bilhões. Hoje o Brasil tem US$ 336 bilhões. Não há chance de o país quebrar por falta de dólares, como no tempo em que Simonsen cunhou a frase. Costumo dizer que, por causa do volume de reservas, a economia brasileira aguenta desaforos. A prova é tudo o que ocorreu na política fiscal nos últimos três anos. Por isso, vi com curiosidade a ideia do Ministério da Economia de estabelecer uma meta para as reservas internacionais. O Banco Central teria de vender dólares se as reservas estivessem acima da meta e comprar se estivessem abaixo. Vejo vários problemas na ideia. Ao estabelecer a meta, o governo interferiria na autonomia do Banco Central, conquistada na minha gestão e oficializada por lei no ano passado. A meta tiraria do Banco Central um poder essencial para “enfrentar” o mercado em momentos de tensão, que é não revelar até onde pode ir na venda – ou compra – de dólares. O mercado saberia o limite do BC e poderia encurralá-lo para forçar a cotação para cima. Dou um exemplo da utilidade deste poder do BC. Na crise de 2008, diante do pânico e da busca por dólares por investidores que queriam sair do Brasil, anunciei que o Banco Central venderia dólares. Perguntaram-me quanto; eu disse “quanto for necessário”. Diante da insistência dos repórteres, disse “até US$ 50 bilhões”. Quem especulava, se recolheu e perdeu dinheiro. O mercado se acalmou e o dólar caiu. Com uma meta, isso seria praticamente impossível. Por fim, há outro risco. No mês passado, o Tesouro Nacional divulgou a ideia de trocar o teto de gastos por uma meta da dívida pública. Como falei na coluna anterior, isso abriria a porta para a pressão sobre o Banco Central para baixar os juros e facilitar o cumprimento da meta. Uma meta para as reservas que pode obrigar o Banco Central a vender dólares serve também para reduzir a dívida pública. Juntas, as duas ideias são formas de tentar controlar a dívida sem controlar gastos. Seria melhor para o país o governo deixar de lado ideias que mudam o que está funcionando, como as reservas e o teto de gastos, e concentrar-se nas reformas importantes, como a administrativa e tributária. *** WW - Edição especial | A Ucrânia consegue virar a guerra? - 18/09/2022 48.394 visualizações Transmissão ao vivo realizada há 10 horas Assista ao programa WW deste domingo, 18 de setembro de 2022, apresentado por William Waack. #CNNBrasil O tema deste programa é: "A Ucrânia consegue virar a guerra?" https://www.youtube.com/watch?v=5rYOkicnn6k **************************************************
*** "Neste livro o general prussiano Carl von Clausewitz apresenta o seu tratado de arte militar publicado em 1832-1837, após sua morte. Clausewitz se mostra um fervoroso defensor da concepção que colocava os valores morais bem acima das forças materiais. Para ele, os meios materiais têm sua importância durante um conflito armado, mas não são decisivos porque a guerra não pode ser considerada como um episódio isolado na história, uma vez que ela está estreitamente ligada à consciência do povo." *** Para Clausewitz (1984, p. 75) “guerra é, portanto, um ato de força para obrigar o nosso inimigo a fazer a nossa vontade”. Por meio dessa frase, o pensador prussiano estabelece uma importante relação, explicando que a guerra, por não ser autônoma, é a extensão da política. A aplicabilidade da teoria da guerra de Clausewitz ... - ECEME O conceito de Guerra de Clausewitz O militar prussiano Clausewitz notabilizou-se como guerreiro e também teórico da guerra, tendo legado ao pensamento ocidental um dos mais complexos conceitos de guerra. ***
*** Selo com imagem de Carl Von Clausewitz e, em detalhe, a página de rosto de sua obra “Sobre a Guerra (Vom Kriege) * Selo com imagem de Carl Von Clausewitz e, em detalhe, a página de rosto de sua obra “Sobre a Guerra (Vom Kriege) * Carl Von Clausewitz (1790 – 1831) foi um militar prussiano especialista em estratégias de batalhas e autor do mais famoso tratado sobre o tema da guerra no Ocidente: “Da Guerra”, ou “Sobre a Guerra” (do alemão Vom Kriege), publicado em 1832. Clausewitz ficou conhecido por uma definição de guerra que foi largamente difundida, mas pouco compreendida. Trata-se da frase: “A guerra é a continuação da política por outros meios”. Para entender melhor essa definição de Clausewitz, é necessário compreender o contexto no qual ele a desenvolveu (levando-se em consideração o fato de que ele era um militar experiente e, além disso, um estrategista) e as outras definições que estão distribuídas ao longo do primeiro capítulo da obra referida, como esta: “A guerra é pois um ato de violência destinado a forçar o adversário a submeter-se à nossa vontade”. Um dos acontecimentos mais impressionantes da história das guerras modernas foi a Batalha de Valmy, ocorrida em 1792, na qual, pela primeira vez, o exército revolucionário francês conseguiu vencer de forma extraordinária. Esse fato impressionou grandes personalidades da época, como o escritor alemão Johann Goethe. O próprio advento de um exército revolucionário constituído por cidadãos, e não por mercenários e aristocratas guerreiros, era demasiadamente impressionante. Esse modelo de exército foi a máquina de guerra do império de Napoleão Bonaparte nas duas décadas seguintes. Foi nesse contexto que se sitou Clausewitz, que passou a integrar o exército prussiano no momento em que este lutava contra a expansão de Napoleão. A violência total e as proporções estratégicas que as guerras napoleônicas exigiam produziram uma verdadeira obsessão em Clausewitz. A integração entre política e guerra, tal como expressou em sua famosa definição, cuja diferença única para ele estava apenas nos meios usados, veio da compreensão que ele teve da transformação do conceito de guerra a partir da formação do exército nacional francês. Toda a extensão que as guerras posteriores tomaram, como a Guerra Franco-Prussiana, da década de 1870, e a Primeira Guerra Mundial, iniciada em 1914, as chamadas guerras nacionalistas, cuja abrangência e potencial de destruição eram enormes, de certa forma foi intuída por Clausewitz em sua obra. Sua compreensão da essência violenta da guerra, da falácia da honra aristocrática que permeava o conceito de guerra até então, é fundamental para entender a definição que ele próprio deu. Abaixo segue, nas palavras do próprio estrategista prussiano, um parágrafo onde foi lapidada sua definição de guerra: “A guerra, então, é apenas um verdadeiro camaleão, que modifica um pouco a sua natureza em cada caso concreto, mas é também, como fenômeno de conjunto e relativamente às tendências que nela predominam, uma surpreendente trindade em que se encontra, antes de mais nada, a violência original de seu elemento, o ódio e a animosidade, que é preciso considerar como um cego impulso natural, depois, o jogo das probabilidades e do acaso, que fazem dela uma livre atividade da alma, e, finalmente, a sua natureza subordinada de instrumento da política por via da qual ela pertence à razão pura.” (CLAUSEWITZ, Carl Von. Da Guerra. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010, p.30). Essa trindade, “violência, ódio e animosidade”, apontada pelo autor, que se estende da guerra pura a outros meios, como a política, e vice-versa, é o que é de mais complexo e mais realista em termos de compreensão do que seja guerra entre os autores ocidentais e figura entre os grandes tratados de guerra da história, tal como os estratagemas chineses e a “Arte da Guerra”, de Sun Tzu. *Créditos da imagem: Shutterstock e Galyamin Sergej Por Me. Cláudio Fernandes https://brasilescola.uol.com.br/guerras/o-conceito-guerra-clausewitz.htm **************************************************************************
*** segunda-feira, 19 de setembro de 2022 O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões Editoriais / Opiniões PRF se tornou modelo de polícia do bolsonarismo O Globo Corporação que deveria patrulhar estradas vira protagonista de chacinas e investigações de caráter duvidoso Na antológica reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020, o presidente Jair Bolsonaro, ao seu jeito, reclamava que os serviços de inteligência não lhe forneciam informações para proteger família e amigos. Anunciou que faria mudanças. Desde então, houve denúncias de interferência dele na Polícia Federal (PF) e de uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em benefício de seus familiares. Mas foi na Polícia Rodoviária Federal (PRF) que Bolsonaro e seus filhos encontraram o braço policial e de inteligência com que sonhavam. Uma reportagem da revista piauí narra em detalhes a progressiva transformação da PRF. De uma polícia dedicada ao patrulhamento de rodovias federais, ela se tornou uma corporação a serviço do bolsonarismo, cuja tropa de elite passou a investigar e combater crimes fora das estradas, com envolvimento em operações policiais e chacinas elogiadas nas redes sociais pelo clã Bolsonaro. É um assunto que, pela gravidade, precisa ser investigado pelo Congresso, pelo Ministério Público e demais autoridades competentes. Assim que chegou ao Planalto, Bolsonaro passou a tentar ampliar a atuação da PRF. Foi o ainda ministro da Justiça, Sergio Moro, quem baixou portaria a autorizando a atuar na segurança pública, na “prevenção e no enfrentamento do crime”. A Associação dos Delegados da Polícia Federal pediu ao Supremo a suspensão da medida, sob o argumento de que só uma lei poderia alterar o escopo de atuação da PRF. Sem sucesso. O sucessor de Moro na Justiça, André Mendonça, pressionado pela PF, anulou a portaria em janeiro de 2021. Deixou, porém, que os policiais rodoviários atuassem com outras polícias no “apoio logístico”. O termo de sentido vago abriu a porta aos abusos. O mais notável foi o massacre de duas quadrilhas que planejavam uma onda de assaltos em Varginha, interior de Minas Gerais, em outubro de 2021. O então comandante da PRF ligou para avisar a Bolsonaro que 28 policiais rodoviários com o apoio de 22 PMs de Minas haviam matado 26 homens que se preparavam para assaltar a agência do Banco do Brasil. As evidências sugerem um massacre. Tão logo as mortes foram divulgadas, dois filhos de Bolsonaro, o senador Flávio (PL-RJ) e o deputado Eduardo (PL-SP), celebraram. Sete meses depois da chacina de Varginha, a PRF soube da reunião de uma organização criminosa fluminense, e 41 policiais rodoviários de elite armaram uma emboscada a traficantes que se dirigiam ao Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. Na retaguarda estavam 40 policiais do Bope. Foi a segunda ação mais letal na História do Rio, com 23 mortos, entre eles uma moradora atingida por bala perdida. Esses são apenas os exemplos mais graves na atuação de uma corporação que, enquanto reduz a vigilância nos 75 mil quilômetros de estradas federais, se revela a cada dia mais mortífera. Em 2019, a PRF matou quatro pessoas. Em 2020, 16. Em 2021, 35. Neste ano, até junho foram 38, inclusive um motociclista com problemas psiquiátricos, sufocado com gás lacrimogêneo no porta-malas de uma viatura em Sergipe. A PRF também tem, segundo a reportagem, investido em tecnologia de investigação criminal, sistemas de escuta e monitoramento de comunicações usados nem sempre com autorização judicial. Com a capacidade de intrusão e maior letalidade, a PRF vem se tornando aos poucos o modelo de polícia do bolsonarismo. Liberalismo é principal alvo da agressão russa à Ucrânia O Globo Conflito opõe democracias liberais ao ‘iliberalismo’ de Putin — valores antagônicos que definirão nosso futuro Como em todas as guerras, princípios e valores estão em jogo na invasão da Ucrânia. De um lado, a Rússia de Vladimir Putin repetindo os mesmos devaneios imperialistas da Rússia czarista e da União Soviética. De outro, a Ucrânia de Volodomyr Zelensky, invadida por querer compartilhar com a União Europeia (UE) valores democráticos liberais, no momento em que a velha ordem mundial do Pós-Guerra se desintegra e surgem autocratas em busca de espaço. O maior exemplo — e uma espécie de pioneiro — desses autocratas é Putin, já há quase 23 anos no poder. O ex-agente apagado da KGB soviética na Alemanha Oriental consolidou a doutrina que os cientistas políticos têm chamado de “iliberalismo” — regime em que, embora haja eleições periódicas, as instituições democráticas são solapadas para dobrar-se aos interesses do homem forte que governa, com restrições às liberdades de expressão, pensamento, comportamento etc. Da Venezuela à Hungria, de El Salvador à Polônia, os passos dos autocratas repetem o roteiro criado e executado primeiro por Putin. Do outro lado da guerra, as democracias liberais do Ocidente, sobretudo os Estados Unidos sob o governo de Joe Biden, têm fornecido o apoio financeiro e militar sem o qual Zelensky não teria conseguido suas importantes vitórias militares nos últimos dias. A motivação do conflito na Ucrânia tem sido comparada com frequência à da Segunda Guerra, quando o Ocidente também se uniu contra o nazifascismo de Hitler, Mussolini e seus aliados japoneses. “Os nazistas e o Império do Japão também acreditavam que os Estados Unidos estavam fracos devido à decadência do capitalismo e à diversidade racial”, escreveu em artigo recente o economista americano Noah Smith. O choque entre o liberalismo tradicional e esse novo “iliberalismo” tende, segundo ele, a ocupar o espaço deixado vago pelo fim da dicotomia entre comunismo e capitalismo que alimentou a Guerra Fria durante décadas. A extrema direita apoia Putin. O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que usou o termo “iliberal” para definir o arremedo de democracia em seu país, recusou o pedido de Zelensky para não comprar petróleo e gás russos. Também impediu que armas enviadas à Ucrânia por europeus e americanos passassem por território húngaro. No mesmo contexto está a visita descabida do presidente Jair Bolsonaro a Putin pouco antes da invasão. No Kremlin, Bolsonaro prestou sua “solidariedade” ao autocrata, embora seu apoio não tenha se refletido na postura do Itamaraty em organismos internacionais. A garantia contra agressores como Putin é a união de países para se defenderem juntos. É o que acontece na Ucrânia, com a feliz coincidência de os Estados Unidos aproveitarem a chance para dar um recado direto à Rússia e indireto à China. Se a defesa da Ucrânia for bem-sucedida, segundo Smith, os projetos expansionistas imperiais sofrerão um forte baque, enquanto o mundo busca uma nova ordem. Que ela preserve o liberalismo. Respiro econômico Folha de S. Paulo Atividade e emprego ainda melhoram no país, embora cenário de 2023 seja incerto Em meio às várias tempestades globais, que incluem guerra, escassez de matérias-primas e risco de recessão, a economia brasileira respira. Com atividade em alta, queda do desemprego e incipiente acomodação da inflação, os resultados deste ano são positivos. Depois da alta de 1,2% do Produto Interno Bruto no segundo trimestre, os indicadores preliminares de julho e agosto sugerem continuidade. O IBC-Br, índice do Banco Central que consolida o desempenho de indústria, serviços e agropecuária, subiu 1,2% em julho, um bom começo para o terceiro trimestre. A demanda nos serviços permanece firme, com expansão de 1,1% em julho nas vendas, enquanto prossegue a retomada de atividades prejudicadas pela pandemia. Tal dinamismo compensa a queda das vendas no varejo, que caíram em julho pela terceira vez seguida. Na indústria, os números têm sido modestos, mas favoráveis. O mesmo vale para a agropecuária, mas neste caso os prognósticos são alvissareiros para a próxima safra. Com preços em escalada, de todo modo, a renda do agronegócio vem batendo recordes. A retomada recente se observa na criação de empregos, que reduziu a taxa de desocupação para 9,1% no trimestre encerrado em julho, a menor desde 2014. Embora o rendimento médio ajustado pela inflação ainda esteja próximo do piso da série histórica, a massa salarial cresceu 6,1% ante o mesmo período do ano passado. Ao que parece, o crescimento do PIB deve se aproximar de 3% neste ano. Ao mesmo tempo, a inflação recua, em razão principalmente dos cortes nos impostos sobre combustíveis. As projeções para o IPCA deste ano se reduziram de quase 9%, em julho, para 6,4%. Note-se, porém, que setores como os serviços ainda estão pressionados. As boas notícias motivaram o ministro da Economia, Paulo Guedes, a entrar mais diretamente na campanha pela reeleição de Jair Bolsonaro (PL) —o que decerto não favorece a credibilidade da gestão. O ânimo de Guedes pode se revelar prematuro. Para 2023, a expectativa é de desaceleração da atividade para apenas 0,5%, segundo as estimativas mais recentes. As causas seriam a perspectiva de uma recessão global, os efeitos crescentes da política monetária restritiva no próximo ano, o esgotamento dos impactos da reabertura nos serviços e alguma contenção de gastos públicos, como costuma ocorrer no início de um novo ciclo presidencial. Entre esses fatores, apenas os juros altos são uma certeza. No que está sob controle do governo, o cenário dependerá especialmente da difícil definição do Orçamento de 2023 e das regras fiscais que valerão para os próximos anos. Hungria autocrática Folha de S. Paulo País não é considerado democracia plena pela UE; embate com Orbán está no início Na quinta-feira (15), o Parlamento Europeu em Bruxelas, na Bélgica, classificou o governo do nacionalista ultraconservador Viktor Orbán —um aliado de Jair Bolsonaro (PL)— de "autocracia eleitoral". O termo é empregado para definir regimes que, mesmo mantendo ritos da democracia, como eleições periódicas, concentram poder desproporcional no governante. Autocratas tipicamente atacam as instituições e esvaziam a possibilidade de alternância. Essa tem sido a história recente da Hungria, que aderiu à União Europeia em 2004. Desde 2010, quando Orbán ascendeu ao poder pela segunda vez, sendo reeleito desde então, o país tem entrado em choque com as normas do bloco continental em várias frentes. Entre elas listam-se concentração da mídia, deterioração do Estado de Direito e ataques a direitos de migrantes e refugiados, pessoas LGBTQIA+ e mulheres. Em abril, o Fidesz, partido de Orbán, conquistou 135 das 199 cadeiras no Parlamento, em eleição vista como pouco equilibrada por observadores internacionais. Estão em jogo bilhões de euros destinados a Budapeste no Orçamento compartilhado de €1,1 trilhão do bloco europeu para 2021-27. As regras da UE condicionam o acesso aos fundos de recuperação pós-pandemia ao respeito interno a princípios do Estado de Direito. A resolução do Parlamento Europeu deste mês e uma decisão judicial da mais alta corte do bloco em fevereiro servem de apoio político e jurídico para que a Comissão Europeia, o Poder Executivo da UE, leve a cabo um longo processo de embate com Orbán. Embora seja uma medida extrema, o corte de recursos talvez seja a única solução para deter a erosão da democracia húngara. Vale lembrar que mesmo diante de ameaças por parte da UE, o projeto autocrata continua a todo vapor. Apenas neste ano, há exemplos diversos. O líder iliberal deu início à fusão dos três maiores bancos no país, controlados por seus aliados, logo após a vitória eleitoral de abril. Em julho, criticou países abertos a acolher imigrantes e "misturar populações". Poucos dias atrás, o governo húngaro decretou que grávidas serão obrigadas a escutar as batidas do coração do feto caso decidam submeter-se a um aborto. Não são atitudes de quem mostra alguma disposição ao diálogo e à moderação. A missão civilizatória da UE está diante de um desafio.

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