“..e uma peça teatral semistalinista ambientada na Espanha: A
Quinta-Coluna...”
MARIO VARGAS
LLOSA
Ernest Hemingway, vencedor do prêmio Nobel e autor de
clássicos como O Velho e o Mar e O Sol Também se Levanta, viajou à Espanha
durante a Guerra Civil, em 1937, e acabou envolvido naquele sangrento conflito.
Hospedado em Madri enquanto assistia à destruição da cidade, escreveu sua única
peça teatral, 'A Quinta-Coluna', que transporta o leitor
aos horrores daquelas batalhas.
Hemingway e as guerras
DESCRIÇÃO
\"Quando
me deslocava até a linha de frente, distante não mais do que mil e quinhentos
metros de nosso hotel ao seu ponto mais próximo, eu sempre deixava os originais
escondidos e protegidos nas dobras de meu colchão de campanha\", escreveu
Hemingway. \"Ao regressar, era muito agradável encontrar intactos tanto o
quarto quanto eles.\"
Reconstruídas!
As quatro colunas localizam-se na Praça de Carles Buigas, em
Montjuic.Elas simbolizam as quatro listras da Bandeira da Catalunha.As colunas
originais de 1919 foram demolidas .Em 2010 foram reconstruídas , a poucos
metros de distância das originais.
COLUNA
REINALDO AZEVEDO
Toffoli defende a liberdade de
expressão de canhões, mas não a dos teclados
Dias Toffoli, já
como presidente do Supremo, em companhia de Jair Bolsonaro. No destaque, ouve o
discurso de Lula no dia em que tomou posse como advogado-geral da União, em
2007, depois de ter atuado como advogado do PT. Em 2009, o mesmo Lula o indicou
para uma vaga no SupremoImagem: Fotos: G.Dettmar/Ag.CNJ e Alan Marques -
12.mar.07/Folhapress
Reinaldo Azevedo
Colunista do UOL
06/05/2020 08h55
O que dizer de um presidente do Supremo que se cala quando
profissionais de imprensa são espancados, no exercício de sua função, num ato
político em defesa de um golpe militar, mas se dá a perorações em defesa da
liberdade de expressão ao defender o direito que teriam ministro e chefes
militares de exaltar um golpe de estado em uma página oficial?
É fácil saber quando uma pessoa está perdida ou, quem sabe?, se deu por
achada. É o caso do ministro Dias Toffoli.
Indicado para o cargo em razão de sua proximidade com o PT, errou e
acertou ao longo de quase 11 anos de tribunal. Mas, vá lá, assim acontece com
todos. Já critiquei e elogiei votos seus — e, por óbvio, críticas e elogios
dependem, é evidente, dos valores do crítico. Procuro fazê-lo sempre tendo a
Constituição e as leis como referência. O que me move são palavras e atos, não
afinidades pessoais. Já o defendi quase em absoluta solidão na imprensa. Fiz
porque quis. Porque achei certo. Se voltar a acertar, elogio outra vez.
Toffoli vive, sem dúvida, um mau momento. Ou, então, vive seu
"momentum" — aquele em que o indivíduo finalmente se encontra com a
sua verdade. Ou em que esta lhe surge à frente, revelada. E a sua verdade, à
diferença do que sua história pregressa sugere, parece estar não com o PT e com
as esquerdas, mas com Jair Bolsonaro e suas milícias
digitais, que o atacam dia sim, dia também. Por mim, estaria apenas com a
Constituição, com a democracia, com o estado de direito.
[ x ]
Ou, então, sente especial prazer intelectual em evidenciar que nada deve
àqueles que tiveram influência definitiva em fazer dele quem é. O ministro sabe
que, sem o amparo político com que contou, ou não teria ido tão longe ou teria
de ter empregado muito mais tempo e energia para chegar aonde chegou.
A guinada não é um acontecimento assim tão raro. Trata-se de uma espécie
de "Síndrome de Lacombe Lucien", em que a vítima se deixa convencer
inteira e irremediavelmente pelas verdades opostas àquelas que o fizeram ser
quem é — ou quem era, já que um novo indivíduo vem à luz, e o que havia antes
se torna uma casca descartável. Tudo indica ser esse o caso de Toffoli. Jovem
ainda, talvez corrija o rumo. Nada indica.
No domingo, mais uma vez, Jair Bolsonaro estimulou um ato, e o
prestigiou pessoalmente, às portas do Palácio do Planalto, sede do Poder
Executivo, em que se pregou abertamente o fechamento do Congresso e do Supremo.
Se, com certa largueza de juízo, pode-se livrar da imputação de crime aqueles
que simplesmente compareceram à manifestação, o mesmo não se aplica a seus
organizadores.
São criminosos. Atacam os fundamentos da Constituição e incidem em
crimes tipificados, por exemplo, pela Lei de Segurança Nacional. Não é
diferente com o presidente da República, que estimulou e prestigiou a
manifestação. Falando a seus seguidores em "live" transmitida na
rampa do Palácio do Planalto, Bolsonaro exaltou os manifestantes que defendiam
golpe de Estado e ameaçou ele próprio o país, e o Supremo em particular,
presidido por Toffoli, com os canhões. Lá se via o chefe do Executivo a
anunciar que as Forças Armadas estavam com ele. Além dos crimes comuns, incidia
também em crime de responsabilidade.
Tão acintosa foi a atuação do presidente e tão evidente a ameaça,
falando em nome das Forças Armadas, que o ministro da Defesa, Fernando Azevedo
e Silva, teve de emitir mais uma nota. Defendeu, claro!, a independência entre
os Poderes, mas também rechaçou qualquer possibilidade de as Forças Armadas se
desbordarem de sua função constitucional.
Na ocasião, dois profissionais do Estadão — o fotógrafo Dida Sampaio e o
motorista Marcos Pereira — foram agredidos a socos e pontapés. Dida chegou a
cair. No chão, não cessaram as agressões. Ministros do Supremo se manifestaram,
acusando a agressão covarde: Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia,
Alexandre de Moraes e Luiz Fux. Até Hamilton Mourão, vice-presidente e general
reformado, expressou seu inconformismo.
De Dias Toffoli, ouviu-se apenas um eloquente silêncio. As razões por
que se cala são insondáveis. Ou nem tanto. É sabido ser ele o principal
interlocutor de Jair Bolsonaro no tribunal. É preciso saber até onde essa
interlocução mais confunde do que elucida as ideias do próprio presidente.
Digamos, para efeitos de pensamento, que o doutor não queira banalizar o
recurso da nota oficial, reservando-a para situações mais graves. Quais?
Contra eventual golpe de estado, é certo, uma nota seria de suprema
inutilidade, não é mesmo?
A DEFESA DA DITADURA
Na segunda, quando seu silêncio ecoava ou como concordância com o que se viu ou como covardia ou alienação, ele, no entanto, preparava um pronunciamento. Redigia, na verdade, uma espécie de repto contra a decisão de Alexandre de Moraes, que havia suspendido a posse de Alexandre Ramagem no comando da Polícia Federal. E escolhia como instrumento para contraditar o colega de tribunal o pior meio, a pior causa, a pior tese. A que me refiro?
Na segunda, quando seu silêncio ecoava ou como concordância com o que se viu ou como covardia ou alienação, ele, no entanto, preparava um pronunciamento. Redigia, na verdade, uma espécie de repto contra a decisão de Alexandre de Moraes, que havia suspendido a posse de Alexandre Ramagem no comando da Polícia Federal. E escolhia como instrumento para contraditar o colega de tribunal o pior meio, a pior causa, a pior tese. A que me refiro?
A juíza Moniky Mayara Costa Fonseca, da 5ª Vara Federal do Rio Grande do
Norte, havia determinado que o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva,
que foi assessor de Toffoli, retirasse da página do ministério uma manifestação
assinada pelo próprio ministro e pelos três chefes militares exaltando o golpe
de 1964, chamado, pateticamente, de "marco da democracia". Houve
recurso, e a decisão da magistrada foi ratificada pelo TRF-5.
A questão foi parar, então, nas mãos de Toffoli. Ele não hesitou: cassou
a liminar (íntegra de sua decisão aqui). Será que, numa
democracia, deve-se permitir que um ministro de Estado e três chefes militares
façam a defesa aberta de um regime que fechou o Congresso, pôs fim às
liberdades públicas e individuais, suspendeu eleições, torturou e matou? Vocês
sabem a resposta: é claro que não! Em que outra democracia do mundo se
assistiria a exotismo assim?
Mas nem vou lhes tomar o tempo com isso. É evidente que uma democracia
não pode ser democrática a ponto de abrigar sabotadores de seu próprio
ordenamento. O único regime em que tudo pode — e, pois, nada do que diga
respeito às liberdades é admitido — é a tirania.
A DECISÃO DE TOFFOLI
Se o mérito da decisão é lamentável, os termos em que ela veio a público pela pena do presidente do Supremo são uma agressão ao bom senso.
Se o mérito da decisão é lamentável, os termos em que ela veio a público pela pena do presidente do Supremo são uma agressão ao bom senso.
Toffoli foi incapaz de censurar um ato em defesa do golpe militar, que
contou com a participação entusiasmada do presidente e em que profissionais da
imprensa foram espancados. Mas, em defesa do direito que teria o ministro e os
chefes militares de defender um regime ditatorial, escreveu o presidente do
Supremo:
"Não parece assim adequado exercer juízo censório acerca do quanto
contido na referida ordem, sob pena de indevida invasão, por parte do Poder
Judiciário, de seara privativa do Poder Executivo e de seus Ministros de
Estado.
(...)
As decisões judiciais ora atacadas, destarte, representam grave risco de violação à ordem público-administrativa do Estado brasileiro, por implicar em verdadeiro ato de censura à livre expressão do Ministro de Estado da Defesa e dos Chefes das Forças Militares, no exercício de ato discricionário e de rotina, inerente às elevadas funções que exercem no Poder Executivo e sobre o qual não parece adequada a valoração efetuada por membros do Poder Judiciário."
(...)
As decisões judiciais ora atacadas, destarte, representam grave risco de violação à ordem público-administrativa do Estado brasileiro, por implicar em verdadeiro ato de censura à livre expressão do Ministro de Estado da Defesa e dos Chefes das Forças Militares, no exercício de ato discricionário e de rotina, inerente às elevadas funções que exercem no Poder Executivo e sobre o qual não parece adequada a valoração efetuada por membros do Poder Judiciário."
É realmente comovente ver o cuidado e o zelo com que Toffoli trata do
direito à livre expressão dos que dispõem de canhões, lastimando que sejam
alvos de "censura", mesmo quando usam uma página do Estado brasileiro
para defender a ditadura. Não obstante — ou por isso mesmo? — silencia quando
profissionais desarmados, no exercício de sua função, são espancados por outros
defensores da... ditadura!
É evidente que o ministro está fazendo uma escolha.
RECADO E VOTO FORA DO LUGAR
Alheio à defesa da ditadura contido na tal nota, alheio ao ato do dia anterior em defesa do golpe militar, alheio à presença do presidente em tal ato, alheio à agressão sofrida pelos jornalistas, o "professor" Dias Toffoli resolveu dar uma lição aos contemporâneos sobre as esferas de competência dos Poderes, num claro recado a Moraes, seu colega de tribunal:
"Como tenho reiteradamente falado, sempre que me deparo com situações como esta, descrita nesta contracautela, nosso país vive um momento de excessiva judicialização, decorrente, em grande medida, da alta conflitualidade presente em nossa sociedade, a qual se torna cada vez mais complexa e massificada.
Apesar disso, não se pode pretender que o Poder Judiciário interfira e delibere sobre todas as possíveis querelas surgidas da vida em sociedade. E o caso ora retratado me parece um exemplo clássico dessa excessiva judicialização. Reitero, ainda uma vez, meu entendimento, agora aplicado ao caso concreto ora em análise, de que não cabe ao Poder Judiciário decidir o que pode ou não constar em uma ordem do dia, ou mesmo qual a qualificação histórica sobre determinado período do passado, substituindo-se aos historiadores nesse mister e, no presente caso, aos legítimos gestores do Ministério da Defesa, para redigir, segundo a compreensão que esposam, os termos de uma simples ordem do dia, incidindo em verdadeira censura acerca de um texto editado por Ministro de Estado e Chefes Militares.
Alheio à defesa da ditadura contido na tal nota, alheio ao ato do dia anterior em defesa do golpe militar, alheio à presença do presidente em tal ato, alheio à agressão sofrida pelos jornalistas, o "professor" Dias Toffoli resolveu dar uma lição aos contemporâneos sobre as esferas de competência dos Poderes, num claro recado a Moraes, seu colega de tribunal:
"Como tenho reiteradamente falado, sempre que me deparo com situações como esta, descrita nesta contracautela, nosso país vive um momento de excessiva judicialização, decorrente, em grande medida, da alta conflitualidade presente em nossa sociedade, a qual se torna cada vez mais complexa e massificada.
Apesar disso, não se pode pretender que o Poder Judiciário interfira e delibere sobre todas as possíveis querelas surgidas da vida em sociedade. E o caso ora retratado me parece um exemplo clássico dessa excessiva judicialização. Reitero, ainda uma vez, meu entendimento, agora aplicado ao caso concreto ora em análise, de que não cabe ao Poder Judiciário decidir o que pode ou não constar em uma ordem do dia, ou mesmo qual a qualificação histórica sobre determinado período do passado, substituindo-se aos historiadores nesse mister e, no presente caso, aos legítimos gestores do Ministério da Defesa, para redigir, segundo a compreensão que esposam, os termos de uma simples ordem do dia, incidindo em verdadeira censura acerca de um texto editado por Ministro de Estado e Chefes Militares.
Apenas eventuais ilegalidades ou flagrantes violações à ordem
constitucional vigente devem merecer sanção judicial, para a necessária
correção de rumos. Mas não se mostra admissível que uma decisão judicial, por
melhor que seja a intenção de seu prolator ao editá-la, venha a substituir o
critério de conveniência e oportunidade que rege a edição dos atos da
Administração Pública, parecendo não ser admitido impedir a edição de uma ordem
do dia, por suposta ilegalidade de seu conteúdo, a qual inclusive é muito
semelhante à mesma efeméride publicada no dia 31 de março de 2019."
CAMINHANDO PARA A CONCLUSÃO
Eis aí. Se eu tinha alguma dúvida sobre o acerto da decisão de Moraes -- e conheço bons juristas que a contestam --, Toffoli as eliminou com seu despacho destrambelhado e sua omissão diante dos crimes cometidos no domingo.
Eis aí. Se eu tinha alguma dúvida sobre o acerto da decisão de Moraes -- e conheço bons juristas que a contestam --, Toffoli as eliminou com seu despacho destrambelhado e sua omissão diante dos crimes cometidos no domingo.
Levasse a sério o que diz, defenderia que os historiadores, então, se
encarregassem de definir, cada um a seu gosto, o caráter do golpe de 1964, não
cabendo a ministros e chefes militares, regidos por uma Constituição
democrática, fazer a apologia da ditadura. O veto não procurava impor aos
gestores de bens públicos uma visão determinada de história, mas impedir que
impusessem a sua, em clara agressão ao fundamento do documento que nos rege.
A "simples ordem do dia" poderia, ora vejam, ter exaltado os
valores democráticos. Em vez disso, chamou um golpe de "marco da
democracia".
Para o ministro, "cuida-se, assim, de ato inserido na
rotina militar e praticado por quem detém competência para tanto, escolhidos
que foram pelo Chefe do Poder Executivo, para desempenhar as elevadas funções
que ora ocupam."
Assim é nas questões que dizem respeito à rotina militar e às tarefas
concernentes às Três Forças. Fernando Azevedo e Silva foi escolhido, claro!, para
executar em sua área a política do presidente. A de Bolsonaro é promover
proselitismo golpista em quarteis? Pergunto de novo: que democracia do mundo
toleraria essa afronta?
Mas vejo que já me estendo sobre o mérito da nota, que nem é objeto
deste texto. Parece que vou, definitivamente, me interessar, doravante, pelo
entendimento perturbado que se tem no Brasil, à direita e à esquerda, do que
sejam independência e harmonia entre os Poderes num regime presidencialista. É
possível que parte dos nossos males derive do fato de que se supõe que a
legitimidade das urnas confere ao mandatário de turno o direito de violar os
valores consagrados pela Carta sob cujo signo ele se elegeu. Comigo, não,
violão!
É um debate de longo prazo.
No momento, lastimo o presidente do Supremo que se preocupa com a
liberdade de expressão de quem tem canhões, mas não se ocupa de defender a
liberdade de trabalho de quem dispõe só de um teclado ou de uma câmera
fotográfica; que avalia que a ordem para a retirada de uma nota em defesa da
ditadura pode "acarretar grave lesão à ordem
público-administrativa da União", mas não vê mal nenhum em que um
presidente da República, num ato ilegal em defesa do golpe militar, ameace, com
os tais canhões, a própria corte que ele integra.
Toffoli se perdeu?
Talvez tenha, finalmente, se encontrado.
Significado de Quinta
Coluna
O que é Quinta Coluna:
Quinta coluna é uma expressão considerada
sinônimo de traição, caracterizada pela reunião de um grupo de
pessoas que atuam clandestinamente com a intenção de trair os seus companheiros,
a sua pátria ou sua organização.
Originalmente, a “quinta coluna” se referia ao grupo de indivíduos que
agiam em determinado país em favor de uma nação inimiga, principalmente em
períodos de guerra.
Em casos de guerras internacionais, os membros da “quinta coluna” podiam
atuar tanto como espiões, como sabotadores, auxiliando o país rival a
conquistar os seus objetivos bélicos.
Atualmente, esta expressão também é usada para se referir a qualquer
pessoa que auxilia no desenvolvimento de atividades clandestinas, relacionadas
com espionagem e sabotagem, seja em empresas ou demais corporações, por
exemplo.
Saiba mais sobre o significado da Guerra Civil.
Origem da expressão “Quinta Coluna”
A origem da expressão “quinta coluna”
teria surgido durante a Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939),
quando o general Queipo de Llano, utilizando uma formação militar conhecida como
“quatro colunas”, marchava em direção à Madrid e declarou que lá estaria a
“quinta coluna”, que o esperava na cidade para saudá-lo.
Neste caso, a “quinta coluna” se referia a uma facção de simpatizantes
do general Francisco Franco que estava infiltrada na comunidade madrilena.
A expressão se popularizou internacionalmente com
a Segunda Guerra Mundial, quando foi utilizada para se referir aos
soldados que defendiam a invasão nazi e de seus aliados, mas que pertenciam aos
países que eram inimigos da Alemanha Nazista.
Como dito, a “quinta coluna” não é usada apenas para se referir aos
militares, mas também as pessoas que, no âmbito de uma guerra, agiam por meio
de sabotagem e criação de boatos, com o intuito de “atacar de dentro para
fora”.
Data
de atualização: 30/08/2016.
Por que as lojas
da Havan têm a Estátua da Liberdade e imitam a Casa Branca
Centro administrativo tem uma escada
que Luciano Hang diz lembrar o filme E o Vento Levou
18/04/2019 Mateus Frazão /
Agência RBS
Réplica da
Estátua da Liberdade que a empresa instalou em Caxias do Sul
Mateus Frazão / Agência RBS
Mateus Frazão / Agência RBS
De onde a Havan tirou a ideia da
Estátua da Liberdade? A coluna Acerto de Contas estava devendo há algum tempo
aos leitores a resposta a esta pergunta. A réplica do símbolo de Nova York já
virou marca da rede de varejo de Santa Catarina. As lojas geralmente são
construídas em estradas de grande movimento e a direção destaca que os turistas
param para tirar foto.
Proprietário da Havan, Luciano Hang
conta que recebeu a sugestão de um menino de sete anos em 1995. Na ocasião,
Rafain Walendowsky questionou o motivo de não haver uma Estátua da Liberdade na
frente se a loja imitava a Casa Branca, sede do governo dos Estados
Unidos.
— A nossa Estátua da Liberdade faz o
maior sucesso entre nossos clientes. Ela representa o liberalismo econômico e a
liberdade do cidadão, fatores que eu sempre defendi.
A escultura costuma custar R$ 1,5
milhão e ter 35 metros de altura, com a base. As duas lojas construídas no Rio
Grande do Sul, em Passo Fundo e Caxias do Sul, têm a Estátua da Liberdade. A
unidade de Caxias do Sul será inaugurada no dia 27 de abril.
A estátua já gerou polêmica. Chegou a
ser barrada em vários municípios, mas Luciano Hang insiste no símbolo e já
desistiu de abrir lojas onde ele não foi permitido. Inclusive, para comemorar a
chegada da Havan no Rio Grande do Sul se vestiu de gaúcho e dançou com uma
Estátua da Liberdade vestida de prenda.
Divulgação
Luciano Hang
Hang diz que é a escada do filme E o Vento Levou
Hang diz que é a escada do filme E o Vento Levou
Hang é fã também de outros símbolos
dos Estados Unidos. A ideia de fazer as lojas inspiradas na Casa Branca surgiu
de uma viagem, de onde trouxe um cartão postal.
— Mostrei o cartão postal da minha
viagem a dois arquitetos de Brusque (SC) e pedi que fizessem a loja baseada na
fachada da Casa Branca que vi em Washington.
A primeira loja da Havan construída em
formato de Casa Branca fica em Santa Catarina e tem mais de 35 mil metros
quadrados. Nela, trabalham 300 funcionários.
E, para fechar, o centro
administrativo tem uma grande escadaria que, segundo Hang, é a escada do
tradicional filme E o Vento Levou. A sede fica em Brusque (SC), tem 500
funcionários trabalhando no local e foi construída em um antigo shopping
center.
Lojas da Havan
imitam a Casa Branca
Havan / Divulgação
Havan / Divulgação
Caixa-Forte04/03/2020 | 20h54Atualizada
em 04/03/2020 | 20h54
Dono da Havan
visita Marcopolo, em Caxias do Sul, para buscar ônibus de amigo
Empresário Luciano Hang esteve na
cidade nesta quarta-feira
Hang com o amigo
Hermes Klann na MarcopoloFoto: Facebook / Reprodução
Juliana Bevilaqua
Luciano Hang, proprietário das lojas
Havan, esteve na manhã desta quarta-feira (4) em Caxias do Sul. Foi à
fábrica da Marcopolo com o amigo Hermes Klann buscar o Patriota Bus. O veículo,
um Paradiso 1800 Double Decker, foi adquirido por Klann, proprietário da Geneve
Turismo, empresa de Brusque, Santa Catarina.
A personalização do ônibus foi como
uma homenagem ao dono da Havan que tem veículos com a bandeira do Brasil.
— Ele se inspirou na nossa carreta e
helicóptero patriota para cobrir seu novo ônibus de turismo com a nossa
bandeira nacional. Ficou lindo — escreveu Hang em uma postagem em suas redes
sociais. Ele estava vestido de Capitão Brasil e fez vídeos com Klann e o
motorista da Geneve Turismo.
Conforme a Marcopolo, um único ônibus
personalizado foi comprado por Klann, que já cliente há alguns anos da empresa.
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Quinta
Coluna, O Inimigo Silencioso do Brasil
Postado
em Curiosidades
Por
João Claudio Platenik Pitillo¹
O processo em questão demonstra como a entrada do
Brasil na Segunda Guerra Mundial foi uma decisão difícil de ser tomada. Mais
perigoso do que os submarinos do Eixo, eram os setores médios da sociedade
brasileira que se identificavam com o fascismo. Esse agrupamento via o
integralismo com bons olhos e sonhava com o Brasil aliado de Hitler.
Longe de ser um exceção, o processo em questão é
parte de um vasto arquivo de investigações criminais que o Estado Novo
instaurou para apurar a conduta de brasileiros, boa parte deles funcionários
públicos civis e militares, que demonstravam de forma ostensiva sua preferência
pelas forças do Eixo.
Era essa gente que causava temor nas forças armadas
brasileiras, pois essas mesmas poderiam ser facilitadores de um ataque nazista
no Saliente Nordestino, assim como, uma invasão argentina, apoiada pela
Alemanha na fronteira Sul. Nesses dois lugares, os agentes de “quinta coluna”
poderiam agir facilmente, já que praticamente não havia estradas ligando a
capital Rio de Janeiro às Regiões Sul e Nordeste do país e as forças de defesa
nessas regiões eram insipidas. Sendo o deslocamento aéreo bem precário, as
rodovias inexistente e o transporte marítimo perigoso, comprometia a reação do
governo em caso de ataque inimigo nessas áreas. Essa situação fez do fronte
interno o desafio maior para Getúlio Vargas.
Fonte: APERJ: DESPES
– Setor 738.
¹ Licenciado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em
2012. Tornou-se Mestre em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em
2016 e é Doutorando em História Social pela Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro (UNIRIO) onde concluirá seu curso em 2020. Em
toda a sua carreira acadêmica tem como objeto a Segunda Guerra Mundial.
É autor do livro “Aço
Vermelho – Os Segredos da Vitória Soviética na Segunda Guerra Mundial”,
Multifoco, 2014. Organizador dos livros “A Segunda Guerra Mundial 70
Anos Depois”, Multifoco 2016, “Josef Stálin – Sobre
a Grande Guerra Patriótica”, Raízes da América 2016, “A Segunda Guerra Mundial e Seus Momentos Decisivos”,
Raízes da América, 2017 e “A Grande Guerra Patriótica dos
Soviéticos”, Multifoco, 2019.
Ao logo dos últimos 20 anos têm desenvolvido
pesquisas sobre a Segunda Guerra Mundial com ênfase na Frente Leste e no Estado
Novo dentro do conceito de Primado da Política Interna sobre a Política
Externa. No ano de 2015 recebeu a “Medalha dos 70 da Vitória”,
concedida pelo Consulado Geral da Federação Russa no Rio de Janeiro e no ano de
2019 foi agraciado com a Medalha “Na Luta Contra o Nazi-Fascismo
Estivemos Juntos”, concedida pelo Consulado da Federação Russa
no Rio de Janeiro e pelo Conselho Superior da União Internacional de
Organizações Públicas – Comitê de Veteranos de Guerra.
Hemingway e as
guerras
Sua vida foi intensa, violenta,
rondando sempre a morte. Alimentou seus contos, novelas e reportagens com essas
experiências, de uma maneira tão direta que sua obra literária é, nem mais nem
menos, uma autobiografia mal dissimulada
MARIO VARGAS LLOSA
18 OCT
2015 - 16:00 BRST
FERNANDO VICENTE
Eu sabia que Hemingway escrevia
de pé, em um atril, como Victor Hugo, mas não que o fazia a lápis e em cadernos
escolares pautados, com uma caligrafia tão tortuosa que até mesmo em uma tela
que aumenta várias vezes seu tamanho fica difícil decifrar seus manuscritos.
A exposição da Biblioteca Morgan de Nova York dedicada a Hemingway e às
duas guerras mundiais permite acompanhar detalhadamente boa parte de sua vida e
do seu trabalho e descobrir, por exemplo, que esse homem de ação era também
minucioso ao escrever, quase um flaubertiano, pois refez nada menos do que
dezessete vezes o começo do seu melhor romance, O Sol Também se Levanta.
A coleção de fotografias que documenta sua vida é tão completa que é possível,
por assim dizer, ver sua transformação, desde o quase adolescente que era
quando participou como voluntário, dirigindo uma ambulância, da frente italiana
da Primeira Guerra Mundial, onde uma bomba quase o matou – retiraram mais de
uma centena de estilhaços de suas pernas e costas –, até a ruína humana que
era, já sem esperanças e memórias, quando se matou com um tiro de fuzil na
cabeça em Idaho, aos 62 anos de idade.
OUTROS
ARTIGOS DO AUTOR
Sua vida foi intensa, violenta, com a morte sempre rondando, não só nas
guerras nas quais esteve como correspondente e combatente, mas também nos
esportes que praticava – o boxe, a caça, a pesca em alto-mar –, nas viagens
arriscadas, nos desarranjos conjugais, nos prazeres ventrais e nos rios de
álcool. Viveu tudo isso e alimentou seus contos, romances e reportagens com
essas experiências, de uma maneira tão direta que, pelo menos em seu caso, não
há nenhuma dúvida de que sua obra literária é, entre outras coisas, nem mais
nem menos do que uma autobiografia mal dissimulada.
Na exposição aparecem as famosas instruções dadas aos redatores pelo
diretor do pequeno jornal local, o Kansas City Star, onde
Hemingway, em plena adolescência, iniciou sua carreira jornalística e que,
segundo os críticos, foram decisivas para forjar seu estilo e sua metodologia
narrativa: eliminar tudo o que fosse supérfluo, ser preciso, transparente,
claro, neutro, e preferir sempre a frase simples e direta à barroca e empolada.
Tudo isso é provavelmente verdade, mas não é suficiente, já que o detalhe
central e fundamental de sua técnica, a evasão, o dado escondido que da
ausência e das trevas impregna poderosamente o relato e o satura de sugestões e
mistério, talvez tenha sido inventado por ele mesmo, no dia em que decidiu
suprimir o fato principal do conto que escrevia: que, no final da história, o
personagem se matava. Nenhum dos escritores da sua geração – uma geração de
gigantes, como Faulkner, Dos Passos, Scott Fitzgerald – usou como ele essa
omissão loquaz, o dado escondido, obrigando o leitor a participar ativamente
com sua imaginação para completar o relato, para arredondá-lo.
Era um
consumado escritor de cartas, como a declaração de amor a Mary, sua última
esposa
Li muito Hemingway na minha juventude, e foi um dos primeiros autores
que pude ler em inglês, quando ainda aprendia essa língua, mas depois fui pouco
a pouco me desinteressando e cheguei a acreditar que não era tão bom quanto me
parecia quando jovem. Até que reli O Velho e o Mar para
escrever sobre ele e me convenci de que era uma obra-prima absoluta, como Moby
Dick e O Morro dos Ventos Uivantes. É emocionante ver na
Biblioteca Morgan as fotos do pescador cubano que foi o modelo do herói dessa
novela e o que a seu respeito diz Hemingway a seus amigos nas cartas que
escrevia enquanto recriava – corrigindo sem trégua – a odisseia do velho
pescador lutando a golpes de remo contra os tubarões que roubam o enorme
peixe-espada que ele havia conseguido pescar.
Era um contumaz escritor de cartas, e algumas das exibidas na exposição,
transcritas à máquina para torná-las legíveis, como a declaração de amor a
Mary, a última de suas esposas, são comoventes. E é apaixonante seu intercâmbio
epistolar com Scott Fitzgerald, que leu o manuscrito de O Sol Também Se
Levanta e propôs cortes implacáveis no texto, aos quais Hemingway
resistia com alegações ferozes.
O título da exposição foi muito bem escolhido, não só porque Hemingway,
de fato, viveu de perto – de dentro – as duas grandes carnificinas do século
XX, além das outras guerras mais localizadas, como a Guerra Civil
espanhola, como também porque toda a vida do autor de Adeus
às Armas e Por Quem os Sinos Dobram foi uma contínua
contenda contra inimigos pessoais, como a decadência intelectual, a neurose, a
impotência e o álcool, que acabaram por derrotá-lo.
Aqui é possível ler, na The New Yorker, o terrível artigo de
Edmund Wilson, comentando As Verdes Colinas da África, que mais do
que uma resenha parece um epitáfio (“A única coisa clara neste livro é que a
África está cheia de animais e que o autor gostaria de matar todos eles com seu
fuzil”) pelo qual Hemingway nunca lhe perdoaria, sobretudo porque sabia que
esse rápido declínio do seu poder criativo apontado pelo grande crítico
norte-americano era verdade.
Toda sua
vida foi uma contínua guerra contra a neurose, a impotência e o álcool
A exposição dá um jeito de incitar o espectador a reler Hemingway (acabo
de ler novamente com imenso prazer essa pequena joia que é The End Of
Something) e também para retificar o mito que fazia dele quase a encarnação
do aventureiro feliz, testando-se a si mesmo, enquanto pulava de paraquedas,
trocava socos num ringue com um peso-pesado profissional, caçava leões,
toureava novilhos, se casava e descasava (“Não me apaixono, me caso”, contou em
uma entrevista) e, no tempo livre que essa vida agitada lhe deixava,
transpirava contos e romances.
Na verdade, sempre foi um homem torturado, com manias curiosas, como
guardar todas as entradas das touradas às quais assistiu e todas as passagens –
de avião, trem e ônibus – das viagens que fez pelo mundo, com períodos de
paralisante depressão que tentava esconjurar com bebedeiras. Estas só o
afundavam ainda mais nessa melancolia cercada pelo estigma ancestral do
suicídio. Foi um dos grandes escritores do seu tempo, sem dúvida, mas também um
dos mais desiguais, já que, junto com magníficos romances como Adeus às
Armas e Paris É Uma Festa e muitos de seus contos,
escreveu também inexplicáveis disparates como Do Outro Lado do Rio, Entre
as Árvores e uma peça teatral semistalinista
ambientada na Espanha: A Quinta-Coluna.
Você sai da Biblioteca Morgan com um pouco de tristeza: preferia que o
Hemingway da mitologia, o aventureiro paradigmático que contava as coisas que
vivia, fosse o real, e não esse personagem contraditório que, depois de um
esplendor brilhante e passageiro, se transformou em uma caricatura de si mesmo
e se matou porque já não tinha forças para continuar se inventando nem para
inventar histórias.
Referências
http://lojasaraiva.vteximg.com.br/arquivos/ids/6968421/764449.jpg?v=637075182746530000
https://imagens.brasil.elpais.com/resizer/qh1riETu4po-wVcu2c1CqQVQKd4=/450x600/arc-anglerfish-eu-central-1-prod-prisa.s3.amazonaws.com/public/LO227XEFOY7U2QFV6SAZ347MS4.jpg
https://imagens.elivros.love/Ernest-Hemingway/Baixar-a-Quinta-Coluna-Ernest-Hemingway-Epub-Pdf-Mobi-Ou-Ler-Online_large.jpg
https://elivros.love/livro/baixar-a-quinta-coluna-ernest-hemingway-epub-pdf-mobi-ou-ler-online
https://media-cdn.tripadvisor.com/media/photo-s/17/75/5c/11/magic-fountain-quatre.jpg
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https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2020/05/06/toffoli-defende-a-liberdade-de-expressao-de-canhoes-mas-nao-a-dos-teclados.htm
https://www.significados.com.br/quinta-coluna/
https://www.donfanews.com.br/img-noticia/g/img_517_foto_1.jpg
https://www.donfanews.com.br/images/usuario/155562808697.jpeg
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https://www.donfanews.com.br/noticias/517/por-que-as-lojas-da-havan-tem-a-estatua-da-liberdade-e-imitam-a-casa-branca.html
http://pioneiro.rbsdirect.com.br/imagesrc/25516510.jpg?w=620
http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/economia/caixa-forte/noticia/2020/03/dono-da-havan-visita-marcopolo-em-caxias-do-sul-para-buscar-onibus-de-amigo-12191889.html
http://www.portalfeb.com.br/wp-content/uploads/heitor-lino-de-morais-957x1024.jpg
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http://www.portalfeb.com.br/quinta-coluna-o-inimigo-silencioso-do-brasil/
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https://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/16/opinion/1444999026_271600.html
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