Pedro
Américo detalhe de A visão de Hamlet, 1893, Pinacoteca do Estado de São Paulo
Por Ana Paula de Araújo
Escrito em
1942, fase mais madura do autor Érico Veríssimo, temos uma história
vista de sete ângulos diferentes.
Numa tarde
de uma sexta-feira santa, uma jovem suicida-se e sete pessoas a viram cair do
alto do edifício: Doutor Lustosa, um desembargador aposentado;
Norival, um homem de negócios à beira da falência; Tônio Santiago, um
romancista, alter-ego do próprio Veríssimo; Aristides Barreiro, um ex-deputado
e rico advogado; "Sete-Meis", um vendedor de jornais;
"Chicharro", um boêmio; e Marina, uma mulher angustiada.
Assim, a
história sempre é narrada do ponto de vista dos personagens, o que garante a
narrativa psicológica. Descrevendo as reações dessas pessoas antes e após o
suicídio, Érico Veríssimo analisa o comportamento humano, ao mesmo tempo que
traça o perfil de uma época.
O autor
sugere que, em última análise, nós, os seres humanos, sabemos muito pouco uns
dos outros e temos visões muito diferentes uns dos outros.
Um romance
para reflexão do valor do ser humano e um alerta para o entrelaçamento dos
seres em suas histórias tão similares e ao mesmo tempo tão distantes.
Em uma de
suas reflexões, o autor nos mostra, em um diálogo entre 2 personagens, a
fragilidade humana e a forma como vivemos neste mundo de modo tão efêmero, e
como a morte nos impressiona e nos marca:
“- Você é
muito menino, ainda não sabe de certas coisas... Mas viver é morrer em
prestações. Cada criança que nasce assina com a vida um contrato de compra e
venda... e a gente nunca sabe o prazo certo do vencimento. – A sua dissertação
fora interrompida por acessos de tosse em que o homenzinho ficava vermelho,
engasgado, enquanto sua boca expelia para todos os lados um chuveiro de saliva.
Era preciso nada menos de cinco minutos para ele voltar à calma e recomeçar a
exposição. – Mas como eu ia dizendo, a criança assina o contrato e o vendedor,
que é a Morte, passa a cobrar as prestações anualmente. Cada ano a gente morre
um pouco. Quando vai ficando velho, as prestações já não são anuais, e sim
semanais. Por fim o contrato se vence. O pior de tudo é que a gente continua
sem saber o que comprou... Por acaso você sabe?” (pág. 299).
Fontes:
http://artigosefemeros.blogspot.com.br/2009/07/o-resto-e-silencio-de-erico-verissimo.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Resto_%C3%89_Sil%C3%AAncio
http://minerva.ufpel.edu.br/~felipezs/html/orestoe2.html
http://artigosefemeros.blogspot.com.br/2009/07/o-resto-e-silencio-de-erico-verissimo.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Resto_%C3%89_Sil%C3%AAncio
http://minerva.ufpel.edu.br/~felipezs/html/orestoe2.html
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/livros/o-resto-e-silencio-2/
‘“- Quando é que haverá alguém que vai me dizer o que as coisas são?
Quando alguém parará de dizer o que deve ser dito? Quando alguém parará de
colocar fantasias, de beber muito (ele reclama da bebedeira da corte), de
disfarçar sua dor? Quando alguém começará a estar presente naquilo que fala?
Quando as pessoas começarão a ser e deixarão de não ser?”
As últimas
palavras de Hamlet nos trazem a principal reflexão que surge de toda a peça:
depois que Hamlet disse tudo que deveria ser dito, o que restou foi silêncio.
Quando todo esse barulho que faço para não me enfrentar, quando eu decidir
acabar com toda a distração ao meu redor, quando eu parar de me anestesiar e resolver
enfim olhar para dentro de si. Quando todos que conheço se forem, o que
restará? Vazio. Silêncio. Sim, o resto é silêncio.
O
RESTO É SILÊNCIO: UMA BREVE RELEITURA DE HAMLET
PUBLICADO EM LITERATURA POR TATIANA
NICZ’
obvious: http://obviousmag.org/desconstruindo_tati/2015/o-resto-e-silencio-uma-breve-releitura-de-hamlet.html#ixzz6M5AcYCnr
O RESTO É
SILÊNCIO
Erico Verissimo
Numa obra complexa, ligando os enigmas da vida aos
mistérios da morte, o consagrado escritor gaúcho faz a radiografia da sociedade
porto-alegrense dos anos 1940 a partir da aparente sem-razão de um
acontecimento trágico.
Apresentação
No outono de 1941, Erico Verissimo testemunha a morte de uma
"rapariga loura, alva e franzina" que se joga de um prédio no centro
de Porto Alegre. O desassossego por ter presenciado essa cena o leva a
escrever O resto é silêncio, que inicia justamente com a queda de
uma moça do alto de um espigão da capital gaúcha. A história, narrada a partir
de diferentes perspectivas, transcorre em pouco mais de 24 horas, entre a tarde
da sexta-feira da Paixão e a noite do sábado de Aleluia. O destino da moça, que
no enredo imaginado pelo escritor é uma simples vendedora de um grande
magazine, revela-se o ponto de ligação entre as trajetórias dos diversos
personagens.
Neste romance, considerado a ponte artística para a saga O tempo e o vento, Erico atinge não só a mestria na técnica do contraponto dramático - aprendida com o romancista inglês Aldous Huxley - como também a maturidade na composição dos personagens. O resultado é um texto denso e comovente, profundamente afinado com as preocupações sociais e estéticas do autor e com os sombrios sinais de desastre que percorriam o mundo na esteira da Segunda Guerra Mundial.
Neste romance, considerado a ponte artística para a saga O tempo e o vento, Erico atinge não só a mestria na técnica do contraponto dramático - aprendida com o romancista inglês Aldous Huxley - como também a maturidade na composição dos personagens. O resultado é um texto denso e comovente, profundamente afinado com as preocupações sociais e estéticas do autor e com os sombrios sinais de desastre que percorriam o mundo na esteira da Segunda Guerra Mundial.
Referências
https://www.infoescola.com/livros/o-resto-e-silencio-2/
http://obviousmag.org/desconstruindo_tati/2015/o-resto-e-silencio-uma-breve-releitura-de-hamlet.html
https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12043
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