Depende de Nós - Ivan Lins e Vitor
Martins
Depende de nós frear a marcha totalitária, deter o obscurantismo. É só querer
Por Fernando Gabeira*, O Estado de S.Paulo
sexta-feira, 29 de maio de 2020
O poeta Carlos Drummond escreveu estes
versos: Deus me deu um amor no tempo de madureza/ quando os frutos ou não são
colhidos ou sabem a verme. Conversando com um político da minha geração, esta
semana, lembrei-me do poeta quando ele disse: “Deus nos deu uma luta pela
democracia, nos últimos anos de vida”.
Não esperávamos por essa. No entanto,
não dá mais para ignorar que o sinal vermelho do regime autoritário está aceso
no Brasil.
De um lado, vê-se um presidente
falando em armar o povo, como Mussolini ou Chávez, e isso diante de uma plateia
de generais indiferentes à gravidade desse discurso; de outro, um general falar
em crise institucional porque um ministro do Supremo apenas cumpriu um artigo
do regimento interno, despachando um pedido para o procurador-geral da
República considerar: a perícia no telefone do presidente da República.
Nossa atenção estava toda concentrada
na pandemia, o maior desafio depois da 2.ª Guerra Mundial. Mas um ministro diz
na reunião do conselho que é preciso aproveitar nossa atenção no coronavírus
para passar uma boiada de medidas que não suportam a luz do sol.
Pois muita coisa está se passando
diante dos nossos olhos consternados com a sucessão de mortes e amedrontados
com a síndrome respiratória aguda. Bolsonaro seduziu as Forças Armadas com
verbas orçamentárias e uma suave reforma da Previdência. E mais ainda, fez um
apelo ao salvacionismo que viaja no espírito deles desde a Proclamação da
República e abarrotou o governo com militares.
Tudo indica que estão anestesiados.
Generais reagem com sonolência a um projeto de milícias armadas. Sabem que
Bolsonaro é homem de denunciar fraudes nas eleições que venceu, logo estará
pronto para pegar em armas quando for derrotado adiante.
A origem positivista marcada pela
aliança com a ciência foi jogada no lixo e um general se adianta para
substituir médicos e inundar o Brasil com uma cloroquina que a OMS não aprova.
Se as Forças Armadas resolveram encampar a política negacionista de Bolsonaro
diante do vírus, se aceitam que milhares de mortes sejam debitadas na sua
conta, é porque já decidiram mandar para o espaço o tipo de credibilidade que
ganharam nos últimos anos.
Elas vêm pra cima com o mesmo ímpeto
com que os militares venezuelanos defendem o seu governo autoritário. Por isso
é preciso preparar a resistência.
A primeira lição é não ver essa luta,
que para alguns se dá no final da vida, com os mesmos olhos da juventude. Mesmo
porque só generais incompetentes veem uma nova batalha como se fosse a
repetição da anterior.
Nada de armas. Num conflito moderno, a
superioridade moral é decisiva. Eles vão se enrolar nas benesses do governo
numa das crises mais profundas da História.
Olhar para o mundo. Não como no
passado, exportando relatórios clandestinos e, com alguns contatos, denunciar
desrespeito aos direitos humanos. Isso não é mais o principal. Agora existe a
internet, uma infinidade de contatos possíveis com o planeta. Não precisamos
comover apenas com corpos torturados, mas convencer os outros povos de que um
governo cuja política destrói sistematicamente a Amazônia e favorece epidemias
como a do coronavírus é ameaça também à existência deles.
Compreendo que ter o mundo a favor não
basta para derrubar um regime autoritário. A Venezuela é um exemplo de que sem
uma força coesa internamente não se chega a lugar nenhum. Aí está realmente o
problema central: o instrumento. Ele precisa ser uma frente democrática ampla,
madura, sem conflitos de egos, sem estúpidas lutas pela hegemonia, tão comuns
na esquerda.
Chegamos perto disso no movimento
pelas diretas. Candidatos a um mesmo posto conviviam harmonicamente no período
de lutas e mais tarde buscavam caminho próprio nas eleições. Mas o próprio
movimento das diretas é muito velho para o momento. Novas forças surgiram.
Atores políticos menos experientes, mas com a capacidade de falar para milhões
de pessoas, entraram em cena.
Na conversa que tive com o amigo
disposto a lutar a última luta da vida, chegamos à conclusão de que é preciso
apenas um núcleo que saiba contornar as bobagens dos que só pensam no poder e
consiga estimular a criatividade social, diante dessa ideia de que a democracia
não pode morrer no Brasil.
Não adianta ficar reclamando que o
Congresso e o Supremo não conseguem frear a marcha totalitária. Isso depende de
nós: é só querer. Na verdade, milhares hoje dão sua pequena contribuição,
criticando, resistindo, às vezes até ridicularizando pelo humor.
Todo esse esforço molecular está, na
verdade, ligado entre si. O que às vezes impede a consciência dessa união é o
desprezo pela política, compreensível pelo que ela se tornou no Brasil.
Mas não se trata de aderir a um
partido, militar no sentido clássico. A luta contra o coronavírus, por exemplo,
é uma ampla frente pela vida que vai do carregador de maca ao cientista. As
pessoas estão unidas pela urgência do presente, sem perguntar de quem é a culpa
pelo vírus.
Da mesma forma, não interessa agora
saber de quem é a culpa pela marcha do obscurantismo. É preciso detê-la.
* Fernando
Gabeira é jornalista
Barroso diz que
deve pautar ação que pede a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão
O novo presidente do TSE deu um prazo de
até três semanas para colocar em pauta as ações que pedem a cassação dos
mandatos do presidente e do vice
Por Isadora
Peron, Valor — Brasília
26/05/2020 11h14 Atualizado há 3 dias
O novo presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que deve
pautar, nas próximas semanas, ações que pedem a cassação dos mandatos do
presidente Jair Bolsonaro e do vice, Hamilton Mourão.
— Foto: Jorge William/Agência O Globo
“Hoje [terça-feira] terei uma reunião
com os ministros, uma reunião preparatória, mas a regra geral é seguirmos a
ordem cronológica dos pedidos de liberação pelos relatores. Uma que já teve
início, por um pedido de vista do ministro Luiz Edson Fachin, provavelmente nas
próximas semanas, uma, duas, três [semanas], essa ação deve estar voltando”,
disse durante entrevista coletiva realizada por videoconferência.
Duas ações, que foram apresentadas
pelos então candidatos à Presidência Guilherme Boulos e Marina Silva, estavam
com Fachin e foram liberadas para a pauta. Os processos tratam do grupo, criado
no Facebook, “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”, que sofreu um ataque hacker na
época da eleição e passou a se chamar “Mulheres com Bolsonaro #17”.
Barroso disse ainda que “uma outra,
que o ministro relator já pediu pauta, em poucas semanas vai ser julgado”. O
caso é relatado pelo ministro Og Fernandes. “O TSE tem uma tradição de
correção, de imparcialidade, aqui ninguém é perseguido nem protegido, a gente
faz o que é certo”, disse.
Barroso também afirmou ver “sem
simpatia” as recentes manifestações de militares da reserva contra integrantes
do STF. O ministro, porém, disse que a cúpula das Forças Armadas tem adotado
uma postura adequada diante dos atritos entre os Poderes.
“Vejo também sem
simpatia quando começa a surgir nota de clubes militares, de militares na
reserva. As Forças Armadas não podem se juntar ao varejo da política”, disse.
No fim de semana, um grupo de 90
oficiais da reserva do Exército divulgou uma nota de apoio ao ministro-chefe do
Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, com ataques ao
Supremo, à imprensa e falando em "guerra civil".
O texto foi divulgado após Heleno
criticar um despacho do decano Celso de Mello, que enviou à Procuradoria-Geral
da República (PGR) pedidos para apreender o celular do presidente Jair
Bolsonaro. Segundo o chefe do GSI, isso poderia trazer "consequências
imprevisíveis para a estabilidade nacional".
Segundo Barroso, quando houve uma manifestação
na porta do QG das Forças Armadas, em que se pedia intervenção militar e o
fechamento do Congresso e do STF, ele ficou “em alerta”. Ele afirmou que,
“embora tenha acendido aqui e ali uma luz amarela”, as autoridades das Forças
Armadas têm se portado adequadamente.
Inquérito contra
Weintraub
Barroso evitou se posicionar sobre uma
eventual abertura de inquérito para apurar a fala do ministro da Educação,
Abraham Weintraub, que defendeu a prisão de ministros do STF.
"O vídeo fala por si só e eu não
gostaria de comentá-lo. Não é tema específico para um juiz se pronunciar.
Pensando do ponto de vista institucional, eu considero que mais grave do que o
ataque ao Supremo é o país que não tem projeto adequado para a educação”, disse
o ministro.
Na reunião ocorrida no Palácio do
Planalto em 22 de abril, Weintraub disse: “Eu, por mim, botava esses vagabundos
todos na cadeia. Começando no STF”.
Ao decidir divulgar praticamente na
íntegra a gravação, o decano Celso de Mello, relator do inquérito que investiga
uma eventual interferência do presidente Bolsonaro na Polícia Federal (PF),
disse que viu um possível crime de injúria na declaração.
André Mendonça
entra com pedido de habeas corpus em favor de Abraham Weintraub
Jornalismo TV
Cultura
O ministro da Justiça, André Mendonça,
entrou com pedido de habeas corpus no STF, em favor do ministro da Educação,
Abraham Weintraub, e outros investigados pela Corte. A medida tem como objetivo
de evitar o depoimento e eventual prisão de Weintraub, que disse que os
ministros do STF deveriam ser presos.
PRESIDENTE ATÉ
FEVEREIRO DE 2022
Tribunal Superior
Eleitoral (TSE)
Conciliação,
diálogo e metas para o Brasil
Vem a noite e
mais um copo
Sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Entenda por que
Bolsonaro acha que houve fraude na eleição de 2018
Em 16 de dezembro de 2019, Bolsonaro
deu entrevista ao programa Poder em Foco, do SBT em parceria editorial com o
Poder360. Na ocasião, o chefe do Executivo federal declarou que era necessária
a implementação do voto impresso (pelo menos de maneira parcial) para evitar
fraudes eleitorais. Também explicou a origem de suas suspeitas. O presidente
disse que o retorno do voto em cédulas era essencial para sua eventual
reeleição em 2022. Citou uma proposta do ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal) Luiz Fux para que uma amostragem de 5% dos eleitores tivessem seus
votos também registrados de maneira impressa. “Já era para ter acontecido isso
no ano passado [2018]. O ministro Fux estava tratando desse assunto. Tinha uma
lei aprovada nesse sentido. Depois o Supremo resolveu não deixar que houvesse o
voto impresso”, disse Bolsonaro. A teoria do presidente a respeito de uma
possível fraude baseava-se em números da apuração realizada pelo TSE (Tribunal
Superior Eleitoral). Ele citou a 1ª parcial divulgada pelo Tribunal, que diz
ter visto “uma fotografia na televisão“. Pela memória de Bolsonaro, “em números
bastante redondos“, ele estava com 49% dos votos válidos e os dados regionais
indicavam o seguinte: - Nordeste: “que é base do PT”, tinha 80% apurado; -
Sudeste: “oposição ao PT”, apenas 20% apurado; - Nas demais 3 regiões:
aproximadamente 60% apurado. “O resultado naquele momento era de 49% para mim.
Com a tendência, entrando Sudeste, era para a gente ganhar com 55%, 56%. Isso
não aconteceu. Foram mantidos os 49%. Então é 1 grande indício de que poderiam
estar mexendo no algoritmo”, completou Bolsonaro. Os resultados oficiais da
eleição de 2018 indicam que Bolsonaro teve 49.277.010 votos (46,03%) no 1º
turno e 57.797.847 (55,13%) no 2º turno. Saiba mais:
https://www.poder360.com.br/eleicoes/... Assista à integra da entrevista ao
Poder em Foco: https://youtu.be/hJmBAMtY7ks
TSE ordena
retirada de vídeo em que Bolsonaro fala de fraude em urnas
Publicado em 25/10/2018 - 15:10 Por
Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O plenário do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) determinou hoje (25), por 6 votos a 1, que Google e Facebook
retirem do ar um vídeo gravado pelo presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) em 16
de setembro, no qual ele afirma que a possibilidade de fraude nas urnas
eletrônicas “é concreta”.
A fala de 15 minutos foi transmitida
ao vivo do hospital em que Bolsonaro se encontrava internado após sofrer um atentado
a faca em 6 de setembro. O vídeo foi depois publicado no canal oficial do
presidenciável no YouTube e também em seu perfil no Facebook.
“A grande preocupação não é perder no
voto, é perder na fraude. Então, essa possibilidade de fraude no segundo turno,
talvez no primeiro, é concreta”, diz Bolsonaro no vídeo, no qual faz ainda
críticas ao PT e a Lula, que diz ter um plano para sair da prisão após as
eleições. "O PT descobriu o caminho para o poder: o voto eletrônico",
afirma o presidenciável, novamente sugerindo fraude nas urnas.
Presidente do TSE,
Rosa Weber, disse que críticas que buscam fragilizar a Justiça Eleitoral hão de
encontrar limites - Arquivo/Agência Brasil
Ação
O PT ingressou com uma representação
no TSE pedindo direito de resposta contra Bolsonaro, o que foi negado pelo
plenário da Corte. Os ministros, contudo, resolveram acatar a solicitação para
que o vídeo fosse retirado do ar. O entendimento prevalecente foi o de que a
fala do candidato do PSL foi além do direito de crítica, ao buscar abalar a
credibilidade da Justiça Eleitoral.
“Críticas são legítimas, vivemos
graças a Deus num estado democrático de direito. Agora, críticas que buscam
fragilizar a Justiça Eleitoral, e sobretudo que busca retirar-lhe a
credibilidade junto à população, elas hão de encontrar limites”, afirmou a presidente
do TSE, ministra Rosa Weber, ao votar pela retirada do vídeo.
O ministro Edson Fachin proferiu o
primeiro voto para que o vídeo fosse retirado do ar. “Com todo o respeito e a
latitude que a crítica deve existir, creio que essa afirmação de que a
possibilidade de fraude é concreta desborda a liberdade de expressão, adentra o
campo da agressão à honorabilidade da Justiça Eleitoral”, afirmou.
Também a favor da derrubada do vídeo,
o ministro Admar Gonzaga disse que a fala de Bolsonaro chegou a embaraçar o
sufrágio no primeiro turno, ao incitar a desconfiança nas urnas por parte dos
eleitores no dia da votação, que diante dessa desconfiança estariam sendo
levados a violar o próprio sigilo do voto.
“A repercussão dessas suspeitas
levadas num tom extremado causou um incitamento para que outros militantes se
municiassem durante o período de votação, no momento de sua votação, de
aparelhos de filmagem para violar o seu voto, o que é crime”, disse Gonzaga.
Somente o relator do caso, ministro
Carlos Horbach, votou a favor da permanência dos vídeos no ar. "As
declarações do candidato, ainda que questionáveis, refletem o pensamento de
grupos sociais que ora se posicionam contra o avanço tecnológico das urnas
eletrônicas, ora atacam decisões institucionais acerca de temas relevantes do
cenário nacional, configurando manifestação ordinariamente livre em um regime
democrático", disse.
A defesa de Bolsonaro havia alegado que
a fala do candidato está inserida no contexto da liberdade de expressão e fora
do escopo da Justiça Eleitoral, que sequer deveria conhecer do pedido feito
pelo PT.
"Candidato manifestar
posicionamento seu, que não é de hoje, faz parte do processo democrático",
afirmou a advogada Karina Kufa.
Pela decisão do TSE, o vídeo em que
Bolsonaro afirma haver possibilidade de fraude nas urnas deve ser retirado não
só das páginas oficiais do candidato como também de outros 53 endereços
eletrônicos no qual foi replicado e que haviam sido listados pelo PT.
* Matéria alterada às 15h48 para
acrescentar o posicionamento do ministro relator Carlos Horbach.
Edição: Fernando Fraga
No princípio tudo terminava em pizza.
A seguir o destino mudara para o STF.
A sina do momento pode vir a ser o TSE
Referências
https://youtu.be/56GC4dNuo-Y
https://www.youtube.com/watch?v=56GC4dNuo-Y
https://gilvanmelo.blogspot.com/2020/05/fernando-gabeira-algumas-notas-para.html
https://s2.glbimg.com/zoB7ooC8BWpVnBldcA8Mr-520Ew=/0x0:3840x2560/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2019/e/q/tZYU1ITtq2b644B4Rcrg/85784435.jpg
https://valor.globo.com/politica/noticia/2020/05/26/barroso-diz-que-deve-pautar-acao-que-pede-a-cassacao-da-chapa-bolsonaro-mourao.ghtml
https://youtu.be/XWjGpdroieA
https://www.youtube.com/watch?v=XWjGpdroieA
https://imagens.ebc.com.br/aRr9KSv9zNxUpVmEy4we-Mwm61U=/754x0/smart/https://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/files/thumbnails/image/a81t1450.jpg?itok=7Xz-WqVs
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https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2018-10/tse-ordena-retirada-de-video-em-que-bolsonaro-fala-de-fraude-em-urnas
https://youtu.be/d1vYWy5wNzk
https://www.youtube.com/watch?v=d1vYWy5wNzk
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