terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

31. A COISA MALDITA







Alguns jurados riram. Num ambiente sombrio, um pouco de humor é essencial. No intervalo das batalhas, os soldados costumam rir com facilidade, e uma tirada num velório conquista pela surpresa.





- Estávamos esperando o senhor - disse o legista. - Precisamos terminar com isto esta noite.


[...]


- A história que o senhor mandou para seu jornal provavelmente será diferente daquela que contará aqui, sob juramento.


[...]


- Mas se o senhor mesmo diz que é inacreditável.
- Que importância tem isto para o senhor, se estou jurando que é a verdade?







AMBROSE BIERCE (1842-1914 | Estados Unidos)




Escritor e jornalista de vida aventureira - personagem de sua própria existência e da literatura (ele é o Gringo Velho, do romance de Carlos Fuentes) -, Ambrose Bierce lutou na Guerra de Secessão e mais tarde desapareceu como combatente da Revolução Mexicana. Famosíssimo em vida como autor do demolidor The Devil’s Dictionary, com verbetes de sátiras culturais e políticas, ele foi sobretudo um contista marcante, escrevendo sobre a guerra, contos de humor (vide Os Cem Melhores Contos de Humor. ..) e de horror, como os dois que seguem..




I - Nem sempre se come o que está na mesa
À luz de uma vela de sebo, colocada na extremidade da mesa tosca, um homem lia alguma coisa escrita num livro. Era um velho livro-caixa, bastante usado, e a caligrafia não parecia ser legível e, às vezes, ele aproximava o livro da vela para ler melhor. Nestes momentos, a sombra do livro jogava metade da sala na escuridão, apagando vários rostos e silhuetas, porque, além daquele que lia, havia mais oito homens na sala. Sete deles estavam sentados, em silêncio e imóveis, contra a tosca parede de troncos; como a sala era pequena, não estavam muito distantes da mesa. Estendendo o braço, qualquer um deles poderia tocar no oitavo homem que estava deitado na mesa, com o rosto para cima, em parte coberto por um lençol, com os braços ao lado do corpo. Estava morto.
O homem lia em silêncio, e ninguém falava; pareciam todos à espera de algum acontecimento. Só o morto não tinha expectativas. Vindos da escuridão lá fora, entravam pelo buraco que servia de janela os sons sempre estranhos da noite no mato: a nota longa e indescritível de um coiote ao longe; o pulsar vibrante e incansável dos insetos nas árvores; os gritos de aves noturnas, tão diferentes dos pássaros do dia; o zumbido monótono e os choques de enormes besouros, e todo o misterioso coro de pequenos ruídos, que sempre parece não existir, até quando de repente silencia e nos deixa como que conscientes de que fomos indiscretos. Mas aquele grupo não notava nada de tudo isto, seus membros não eram pessoas inclinadas ao interesse ocioso por assuntos que não tivessem uma importância prática, mesmo sob a luz fraca da única vela, isto era óbvio, em cada vinco de seus rostos rudes.
A pessoa lendo era um pouco diferente; olhando para ela, podia-se dizer que era um homem do mundo, mundano, e ainda assim algo em suas roupas atestava uma certa familiaridade com o ambiente. Seu casaco dificilmente seria aprovado numa inspeção em São Francisco, seus calçados não tinham uma origem urbana, e aquele chapéu, no chão, ao seu lado (ele era o único com a cabeça descoberta), era de tal sorte, que seria inexplicável para quem o avaliasse apenas como um elemento de adorno. Tinha um belo rosto, com apenas uma leve sugestão de severidade, embora isto pudesse ser uma pose cultivada, como traço necessário a uma autoridade. Porque ele era o legista. Era em função de seu cargo que estava de posse do livro que lia, que fora encontrado entre os haveres do morto, na cabana em que vivera, e onde agora se realizava o inquérito.
Quando terminou a leitura, guardou o livro, com cuidado, no bolso do peito. Naquele momento, a porta foi empurrada e entrou um homem. Era jovem e claramente não nascera, nem fora criado, naquelas montanhas. Suas roupas, de alguém que vivia numa cidade, estavam, no entanto, empoeiradas como após uma viagem. De fato, ele cavalgara muito para comparecer ao inquérito.
O legista acenou com a cabeça, mas ninguém mais o cumprimentou.
- Estávamos esperando o senhor - disse o legista. - Precisamos terminar com isto esta noite.
O jovem que acabara de entrar sorriu.
- Sinto muito tê-los feito esperar - disse -, mas se parti, não foi para evitar este inquérito, precisava despachar para meu jornal a história que creio ser a mesma que me chamaram de volta aqui para relatar.
O legista sorriu.
- A história que o senhor mandou para seu jornal provavelmente será diferente daquela que contará aqui, sob juramento.
- Assim é - disse o jovem, com bastante veemência e corando visivelmente no rosto - como o senhor gostaria que fosse. Usei carbono e tenho uma cópia do que enviei. Não escrevi como notícia, mas como uma peça de ficção, por ser inacreditável. Gostaria de incluir esta cópia como parte de meu testemunho sob juramento.
- Mas se o senhor mesmo diz que é inacreditável.
- Que importância tem isto para o senhor, se estou jurando que é a verdade?
O legista ficou em silêncio por algum tempo, olhando para o chão. Os homens perto da parede murmuraram alguma coisa entre eles, sem desviar o olhar do rosto do morto. Depois o legista levantou os olhos e disse:
- Vamos prosseguir com o inquérito.
Os homens tiraram o chapéu enquanto a testemunha prestava seu juramento.
- Qual é o seu nome? - perguntou o legista.
- William Harker.
- Idade?
- Vinte e sete anos.
- O senhor conhecia o falecido, Hugh Morgan?
- Sim.

- Estava com ele quando morreu?
- Perto dele.
- Como isto aconteceu, quero dizer, o fato de sua presença?
- Eu vim visitá-lo, para a gente caçar e pescar. Parte da minha intenção, no entanto, era estudá-lo e a seu estranho e solitário modo de vida. Ele me parecia um ótimo modelo para um personagem de ficção. Às vezes, escrevo contos.
- Já li alguns.
- Obrigado.
- Quero dizer contos em geral, não os seus.
Alguns jurados riram. Num ambiente sombrio, um pouco de humor é essencial. No intervalo das batalhas, os soldados costumam rir com facilidade, e uma tirada num velório conquista pela surpresa.
- Relate as circunstâncias da morte deste homem - disse o legista. - O senhor pode usar as anotações que desejar.
A testemunha entendeu. Tirando um manuscrito do bolso, levou-o para diante da vela; depois de virar algumas páginas, encontrou a passagem que procurava e começou a ler.


II - O que pode acontecer num campo de aveia silvestre
" ... O sol mal se levantara quando saímos da casa. Estávamos em busca de perdizes, cada um com uma espingarda, mas tínhamos apenas um cachorro. Morgan disse que o melhor lugar para perdizes era depois de uma ravina, que ele apontou com o dedo. Nós a atravessamos por uma trilha através do chaparral. Do outro lado, o terreno era plano e completamente coberto de aveia silvestre. Quando saímos do chaparral, Morgan estava alguns metros adiante de mim. De repente ouvimos, a uma pequena distância a nossa frente, um pouco para a direita, um ruído como de um animal se arrastando no meio dos arbustos, que podíamos ver agitados.
- Levantamos um veado - eu disse. - Queria ter trazido um rifle.
Morgan, que parara e observava atentamente o chaparral, não disse nada, mas engatilhou os dois canos de sua espingarda, pronto para atirar. Eu o achei um pouco excitado, o que me surpreendeu, pois conhecia sua reputação de extremo sangue-frio, mesmo em situações de iminente e repentino perigo.
- Espere aí! - exclamei. - Não vai encher o couro de um veado com este chumbo de perdiz, vai?
Continuou sem responder, mas vi um pouco de seu rosto quando o moveu no sentido em que estava, e me espantou a intensidade em seu olhar. Naquele momento, entendi que tínhamos um problema sério nas mãos. O primeiro que me ocorreu foi que esbarráramos num urso. Avancei, para colocar-me ao lado de Morgan, enquanto engatilhava minha arma.
O mato se aquietara e o barulho cessara, mas Morgan olhava, atento como antes, para o lugar de onde viera.
- Que diabo é isto? - perguntei.
- A 'coisa maldita'! - respondeu sem voltar a cabeça. Sua voz era áspera, e soava pouco natural; podia vê-lo tremer.
Estava a ponto de dizer alguma coisa quando vi a aveia silvestre, perto de onde viera o barulho, movendo-se de forma tão inexplicável que é difícil descrever. Era como se um vento a tocasse e a fizesse não apenas se inclinar, mas a amassasse com tanta força contra o solo que as folhas não voltavam a levantar, e este movimento avançava lentamente na nossa direção.
Nada do que já vira antes me afetara tanto quanto este estranho e inexplicável fenômeno, ainda assim, não me lembro de sentir nenhum medo. Lembro-me de uma vez (e conto isto porque foi o que me passou pela mente, naquele momento) em que olhando pela janela por alguns segundos, confundi uma pequena árvore, próxima de mim, como parte de um grupo de árvores maiores, um pouco mais distantes, ao fundo. Dava a impressão de ser do mesmo tamanho das outras, mas, sendo mais bem definida em detalhes e cor, parecia em desarmonia com elas. Era apenas uma ilusão de ótica falsificando as leis naturais de perspectiva, mas me espantou e encheu de um quase terror. Confiamos tanto no funcionamento ordenado e familiar das leis da natureza, que percebemos como uma ameaça à nossa segurança, um aviso de calamidade impensável, qualquer coisa que pareça ir contra elas. Assim, aquele movimento, aparentemente sem causa e avançando em nossa direção, era inquietante. Meu companheiro parecia mesmo amedrontado, e quase não pude acreditar quando o vi apertar a espingarda contra o ombro e descarregar os dois cartuchos contra aquela agitação nas folhas. Antes que a fumaça dos disparos desaparecesse, ouvi alto um grito selvagem - um grito como o de uma fera - e vi Morgan, que, largando a espingarda, escapava correndo do lugar. No mesmo instante, fui jogado violentamente ao chão pelo impacto de alguma coisa invisível na fumaça, alguma coisa pesada e macia que apenas me tocara de passagem com enorme força.
Antes que pudesse me levantar e recuperar minha arma, arrancada de minha mão pelo impacto, ouvi Morgan gritando em agonia, e, misturados a seus gritos, ouvi ruídos selvagens, como aqueles que se ouvem saindo das gargantas de cães em luta. Aterrorizado, consegui ficar de pé e olhei na direção para onde fugira Morgan. Que Deus me ajude, e que nunca mais eu veja coisa igual! A uma distância de menos de trinta metros, vi meu amigo, apoiado em um joelho, sem chapéu e com a cabeça atirada para trás num ângulo assustador, com os longos cabelos em desordem e o corpo sacudido por espasmos. Seu braço direito levantado parecia não ter a mão (ou eu não podia vê-Ia). O outro braço era invisível. Às vezes, quando me lembro agora desta cena incrível, podia ver apenas uma parte de seu corpo, como se sua imagem houvesse sido parcialmente apagada (é a única expressão que me ocorre), e então, um movimento o tornava visível outra vez.
Tudo isto se passou em poucos segundos. Ainda assim, naquele breve tempo, Morgan assumiu todas as posturas de um lutador derrotado por um oponente mais forte e mais pesado. Eu só via ele, e às vezes indistintamente. Durante todo tempo, seu gritos e imprecações foram envolvidos por um rumor selvagem, e cheio de ódio e fúria, como jamais ouvi da garganta de homem ou de fera.
Por um momento fiquei indeciso, depois larguei a espingarda e corri para ajudar meu amigo. Achei que ele tivesse sido vítima de convulsões. Antes de chegar junto dele, já estava caído e quieto. O barulho terminara, mas, tomado de um terror maior que nunca, vi de novo o estranho movimento nas folhas, prolongando-se a partir de onde estava Morgan, no sentido da beira da floresta. Só quando desapareceu entre as árvores é que consegui desviar meus olhos outra vez para meu companheiro. Ele estava morto."

III - Mesmo nu um homem pode estar em farrapos
o legista se levantou da cadeira e parou diante do morto. Levantando uma ponta, puxou o lençol até expor o corpo, completamente nu e, à luz da vela, com a pele de um amarelado cor de lama. Tinha, ainda assim, largas manchas azul-escuras, hematomas causados por contusões. O peito e as laterais pareciam ter sido esmagados por uma maça. Havia lacerações horríveis, a pele fora feita em tiras e farrapos.
O legista se moveu para a extremidade da mesa e desatou um lenço que segurava a mandíbula do morto. Retirando o lenço, expôs o que fora a garganta do homem. Alguns jurados, que haviam se levantado para ver melhor, arrependeram-se da própria curiosidade e desviaram o olhar. Harker foi para a janela aberta e se debruçou à procura de ar fresco, nauseado e tonto. Deixando o lenço cair sobre a garganta, o legista foi até um canto da sala e, tirando de uma pilha de roupas, expôs, uma a uma, para inspeção, as peças de vestuário do morto. Todas estavam rasgadas e duras de sangue. Os jurados não fizeram uma inspeção detalhada. Pareciam bastante desinteressados. Na verdade, já tinham visto tudo isto antes, a única coisa nova para eles era o testemunho de Harker.
- Senhores - disse o legista -, acho que não temos outras evidências. O que têm a fazer já foi explicado. Se não têm nenhuma pergunta, podem retirar-se até lá fora, para considerar seu veredicto.
O representante dos jurados se levantou, era um homem alto, de barba, vestido grosseiramente, e de uns sessenta anos.
- Gostaria de fazer uma pergunta - disse ele. - De que hospício esta sua última testemunha fugiu?
- Sr. Harker - disse o legista, em tom grave e tranqüilo -, de que hospício o senhor fugiu?
Harker corou de novo, mas não disse nada; então, os sete jurados se levantaram solenes e saíram da cabana.
- Se o senhor já terminou de me insultar - disse Harker, logo que ele e o legista ficaram sozinhos com o morto -, acho que já posso ir.
- Sim.

Harker ia saindo, mas parou com a mão na maçaneta da porta. Os hábitos de sua profissão eram mais fortes do que ele, mais fortes do que seu senso de dignidade ofendida. Voltou-se e disse:
- Aquele livro em suas mãos, eu o reconheço, era o diário de Morgan. O senhor parecia muito interessado no que lia enquanto eu testemunhava. Poderia mostrar-me? O público se interessaria ...
- O livro não tem nada a ver com tudo isto - respondeu o legista, guardando-o outra vez em seu bolso. - Tudo nele é anterior à morte de seu autor.
Enquanto Harker saía, os jurados voltavam e se colocaram diante da mesa, onde o corpo novamente coberto aparecia bem definido sob o lençol. O legista, sentado junto à vela, tirou do bolso um lápis e um pedaço de papel onde escreveu a declaração que todos, com diferentes graus de dificuldade, assinaram:
"Nós, o júri, concluímos que os restos de Hugh Morgan encontraram a morte nas garras de um leão-da-montanha, embora alguns de nós achem possível que sejam convulsões."

IV - Uma explicação vinda do túmulo
No diário do falecido Hugh Morgan há algumas entradas interessantes que talvez tivessem, como sugestões, algum valor científico. No inquérito feito sobre seu corpo, o livro não foi usado como evidência, possivelmente porque o legista não acreditou que valesse a pena aumentar a confusão dos jurados. A data da primeira entrada não pôde ser determinada; a parte superior da folha fora rasgada e podia-se ler apenas o seguinte:


... corria em semicírculos, com a cabeça sempre voltada para o centro, às vezes parava e latia furiosamente; depois fugiu para o mais longe que pôde dentro do mato. No princípio, pensei que estivesse com raiva, mas quando voltou para casa não havia nenhuma alteração em seu comportamento, além do óbvio medo de ser punido. Será que os cães são capazes de ver com o nariz? Será que o odor é capaz de produzir em seus cérebros a imagem daquilo que o exala.

2 de setembro - Olhando as estrelas, na noite passada, quando surgiam no alto das montanhas, pelo lado leste da casa, observei que desapareciam sucessivamente, da esquerda para a direita. Cada uma se eclipsou por alguns instantes, e apenas poucas ao mesmo tempo; ao longo de toda a extensão dos picos, dentro de uma faixa de dois ou três graus, todas as coisas desapareceram. Era como se alguma coisa se movesse entre mim e elas, alguma coisa que não podia ver e que a luz das estrelas era fraca demais para definir os contornos. Não gosto disso!
Faltam as entradas de várias semanas e três páginas foram rasgadas do livro.


27 de setembro - Esteve aqui outra vez - encontro evidências de sua presença todos os dias. Estive vigiando de novo, durante toda a noite, no mesmo esconderijo e com a espingarda carregada de chumbo grosso. Pela manhã, as pegadas frescas estavam lá, como das outras vezes, e, no entanto, estou seguro de que não dormi - na verdade quase não tenho dormido. É insuportável! Se estas experiências assombrosas são verdadeiras, vou acabar ficando louco; se são pura fantasia, então já estou louco.

3 de outubro - Não partirei - esta coisa não vai me expulsar daqui. Não, é minha casa, minha terra. Deus não gosta de covardes.

5 de outubro - Não agüento mais! Convidei Harker para passar algumas semanas comigo - ele tem a cabeça no lugar. Serei capaz de saber, pelos seus modos, se acha que estou louco.

7 de outubro - Tenho a resposta para o mistério, me veio à mente ontem como uma revelação. Tão simples, tão terrivelmente simples!
Existem sons que não podemos ouvir. Nas duas pontas da escala, existem notas que não tocam nenhuma corda deste instrumento imperfeito que é o ouvido humano. São graves ou altas demais. Já observei bandos de pássaros ocupando todo o topo de uma árvore, ou o topo de várias árvores, todos cantando sem parar. De repente, num mesmo momento, todos voaram embora. Como? Não podiam todos ver uns aos outros - árvores inteiras, ramos entre eles. Seria impossível que um líder se posicionasse onde todos o pudessem ver. Deve ter havido um alerta, um sinal de aviso, alto e agudo, acima do ruído de seu canto, mas inaudível para mim. Já observei também que várias aves, como perdizes, por exemplo, voam em sincronia com obstáculos entre elas, às vezes montanhas, mesmo em silêncio e sem se ver.
Os marinheiros sabem que um grupo de baleias brincando ou viajando juntas, na superfície da água, com quilômetros entre elas, com a própria curva da terra impedindo a visão entre uma e outra, ainda assim são capazes de mergulhar todas ao mesmo tempo ao som de um aviso. Um som que os ouvidos dos marinheiros não captam, mas que pode ser sentido em vibrações no navio, assim como o baixo profundo de um órgão faz vibrar as paredes de uma catedral.
Assim como acontece com os sons, acontece com as cores. Em cada ponta do espectro, um químico pode detectar a presença de raios luminosos invisíveis ao olho humano. Raios que representam cores - cores integrais na composição da luz - que nós somos incapazes de discernir. O olho humano é um instrumento imperfeito, alcança apenas algumas oitavas da escala cromática real. Não estou louco; existem cores que não podemos ver. E, Deus me livre, a "coisa maldita" é de uma cor assim.
Tradução de Octávio Marcondes





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