No aeroporto o menino perguntou: – E
se o avião tropicar num passarinho? O pai ficou torto e não respondeu. (Barros,
1999, p. 469).
Confie no seu poder de ação. É pelo agir
vigoroso que você mostra sua grandeza interior.
É porque ignoram
“E isto vos farão, porque não conhecem
ao Pai nem a mim.” — JESUS (João, 16.3)
3 A
jornada do bem encontra barreiras sombrias. Tenta-se o estabelecimento da luz,
mas a treva penetra as estradas. Formulam-se projetos simples para a caridade
que a má-fé procura perturbar ao primeiro impulso de realização.
4 Quase
sempre, a demonstração destrutiva parte de homens assinalados pela posição de
evidência, indicados pela força das circunstâncias para exercer a função de
orientadores do pensamento geral. São esses que, na maioria das ocasiões, se
arvoram em expositores de imposições e exigências descabidas.
5 O
aprendiz sincero de Jesus, todavia, não deve perder tempo com interrogações e
ansiedades que se não justificam.
7 A
ignorância é a fonte comum do desequilíbrio. E se esse ou aquele grupo de
criaturas busca impedir as manifestações do bem, é que desconhece, por
enquanto, as bênçãos do Céu.
8 Nada
mais que isto. É necessário, pois, esquecer as sombras que ainda dominam a
maior parte dos setores terrestres, vivendo cada discípulo na luz que palpita
no serviço do Senhor.
.Emmanuel
OPINIÃO
PÓS-VERDADE
A arte de manipular multidões
Técnicas para mentir e controlar as
opiniões se aperfeiçoaram na era da pós-verdade
ÁLEX GRIJELMO
28 AUG 2017 - 14:33BRT
El País
A era da pós-verdade é na
realidade a era do engano e da mentira, mas a novidade associada a esse
neologismo consiste na popularização das crenças falsas e na facilidade para
fazer com que os boatos prosperem.
A mentira dever ter uma alta
porcentagem de verdade para ser mais crível. E terá ainda maior eficácia a
mentira composta totalmente por uma verdade. Parece uma contradição, mas não é.
Na sequência analisaremos como isso pode acontecer.
MAIS INFORMAÇÕES
Uma foto tirada na Espanha para
ilustrar um falso assassinato de nove crianças no México
A verdade da pós-verdade
Deixar-se levar por preconceitos dá
prazer
Richard Blair: “A sociedade evoluiu
para o que George Orwell viu”
A pós-mentira
Hoje em dia tudo é verificável e,
portanto, não é fácil mentir. Mas essa dificuldade pode ser superada com dois
elementos básicos: a insistência na asseveração falsa, apesar dos desmentidos
confiáveis; e a desqualificação de quem a contradiz. E a isso se soma um
terceiro fator: milhões de pessoas prescindiram dos intermediários de garantias
(previamente desprestigiados pelos enganadores) e não se informam pelos
veículos de comunicação rigorosos, mas diretamente nas fontes manipuladoras
(páginas de Internet relacionadas e determinados perfis nas redes sociais). A
era da pós-mentira fica assim configurada.
Quem se manifesta à margem da tese dominante
recebe uma desqualificação ofensiva que serve como aviso para outros
navegadores
Dessa forma, milhões de
norte-americanos acreditaram em uma mentira comprovada como a afirmação de
Donald Trump de que Barak Obama é um muçulmano nascido no estrangeiro
e milhões de britânicos estavam convencidos de que, com o Brexit,o Serviço
Nacional de Saúde teria por semana 350 milhões de libras (1,4 bilhão de reais)
adicionais.
A tecnologia permite hoje manipular
digitalmente qualquer documento (incluindo as imagens), e isso avaliza que se
indique como suspeitos os que reagem com dados certos diante das mentiras,
porque suas provas já não têm valor de fato. E se acrescenta a isso a perda de
parte da independência na imprensa com a crise econômica. O número de
jornalistas foi reduzido e ela precisou levar em consideração não só os
leitores, mas também os proprietários e anunciantes. Em certos casos, utilizam
também técnicas sensacionalistas para obter reações na Rede, o que fez com que
perdesse credibilidade.
Com tudo isso, se chegou à paradoxal
situação de que as pessoas já não acreditam em nada e ao mesmo tempo
são capazes de acreditarem em qualquer coisa.
Muitos jornais dos Estados Unidos
verificaram as dezenas de falsidades difundidas pelo presidente Trump (em
janeiro já havia dito 99 mentiras segundo o The New York Times), mas isso
não as desativou. E a imprensa britânica, por sua vez, esmiuçou as mentiras dos
que pediam a saída da UE, mas isso não desanimou milhões de eleitores.
A pós-verdade
A mentira sempre é arriscada, e requer
formas muito potentes para sustentar-se. Por isso as técnicas de silêncio
costumam ser mais eficazes: emite-se uma parte comprovável da mensagem, mas se
omite outra igualmente verdadeira. Aqui estão alguns exemplos:
A insinuação.
Não é preciso usar dados falsos. Basta sugeri-los. Na insinuação, as palavras e
imagens expressadas se detêm em um ponto, mas as conclusões inevitavelmente extraídas
delas vão muito mais além. O emissor, entretanto, poderá se defender afirmando
que só disse o que disse, que só mostrou o que mostrou. A principal técnica da
insinuação na imprensa parte das justaposições: ou seja, uma ideia situada ao
lado de outra sem que se explicite a relação sintática ou semântica entre
ambas. Mas sua contiguidade obriga o leitor a deduzir uma ligação.
Isso aconteceu em 4 de outubro de 2016
quando Iván Cuéllar, goleiro do Sporting de Gijón, saía do ônibus de sua equipe
para jogar no estádio Riazor. Recebido com vaias pela torcida do La Coruña,
Cuéllar parou e olhou fixamente em direção aos torcedores. A câmera só enfocou
ele, o que levava à dedução de uma atitude desafiadora diante das vaias. E a
situação foi apresentada dessa forma em um vídeo de um veículo de comunicação
asturiano. Dessa forma, foram mostrados, justapostos, dois fatos: a torcida
rival que vaiava e o jogador que olhava fixamente em direção aos torcedores.
Não demorou a chegar a acusação de que Cuéllar havia sido um provocador
irresponsável.
Ocorreu algo que aquelas imagens não
mostraram: entre os torcedores, uma pessoa havia sofrido um ataque epilético e
isso chamou a atenção do goleiro do Sporting, que olhou fixamente nessa direção
para comprovar que o torcedor estava sendo atendido (pelo próprio serviço
médico do clube). Ao verificar que o atendimento foi feito, seguiu seu caminho.
Tanto a presença dos torcedores como suas vaias e o olhar do jogador foram
verdadeiros. A mensagem, entretanto, foi alterada – e, portanto, a realidade
percebida – ao se justapor os acontecimentos ocultando um fato relevante.
A pressuposição e o subentendido. A pressuposição e o subentendido possuem
traços em comum, e se baseiam em dar algo como certo sem questioná-lo. Por
exemplo, no conflito catalão se difundiu a pressuposição de que votar é sempre
bom. Mas essa afirmação não pode ser universal, uma vez que não se aceitaria
que o Governo espanhol colocasse urnas para que a população votasse se deseja
ou não a escravidão. Somente o fato de se admitir essa possibilidade já
seria inconstitucional, por mais que a resposta esperada fosse negativa.
Primeiro seria necessário modificar a Constituição para permitir a escravidão,
e depois sim poderia ocorrer uma votação a respeito. Foi criada, portanto, uma
pressuposição segundo a qual o fato de votar é sempre bom, quando a validade de
uma consulta está ligada à legitimidade e à legalidade democrática do que é
colocado em votação.
Por vezes os subentendidos são criados
a partir de antecedentes que, - reunindo todos os requisitos de veracidade, se
projetam sobre circunstâncias que concordam somente em parte com eles. Por
exemplo, nos chamados Panama Papers foram denunciados casos reais de
ocultação fiscal. Uma vez expostos os fatos reais e criadas as condições para
sua condenação social, foram acrescentados à lista outros nomes sem relação com
a ilegalidade; mas o subentendido transformou a oração “tem uma conta no
Panamá” em algo delituoso que contribuiu com a criação de um estado geral de
opinião falso. Não é crime realizar negócios no Panamá e por conta disso abrir
contas nesse país; mas se isso se expressa com essa oração suspeita, o legal se
transforma em condenável pela pressuposição.
A falta de contexto. A falta do contexto adequado manipula os
fatos. Assim aconteceu quando o deputado independentista catalão Lluis Llach
recebeu ataques injustos por declarações sobre o Senegal. Em 9 de setembro de
2015, um jornal barcelonês postava em sua manchete esta frase, colocada na boca
do ex-cantor e compositor: “Se a opção do sim à independência não for
majoritária, vou para o Senegal”. Daí se poderia deduzir que ir para o Senegal
era algo assim como um ato de desespero (e uma ofensa para aquele país
africano). Desse modo interpretaram alguns colunistas e centenas de comentários
publicados sob a notícia. No entanto, o jornal tinha omitido um contexto
importante: Llach criou anos atrás uma fundação humanitária de ajuda ao Senegal
e, portanto, longe de expressar desprezo em suas palavras, ele mostrava o
desejo de se voltar para essa atividade se o seu esforço político fracassasse.
Nessa falta de dados de contexto se pode incluir a omissão cada vez mais
habitual das versões e das opiniões –que deveriam ser recolhidas com
neutralidade e honestidade– daquelas pessoas atacadas por uma notícia ou
opinião.
Inversão da relevância. Os beneficiários desta era da pós-verdade
nem sempre dispõem de fatos relevantes pelos quais atacar seus adversários. Por
isso, com frequência recorrem a aspectos muito secundários.... que transformam
em relevantes. Os costumes pessoais, a vestimenta, o penteado, o caráter de uma
pessoa em seu entorno particular, um detalhe menor de um livro ou de um artigo
ou de uma obra (como naquele caso dos manipuladores de marionetes em
Madri)...adquirem um valor crucial na comunicação pública, em detrimento do conjunto
e das atividades de verdadeiro interesse geral ou social. Desse modo, o que for
opinião ou subjetividade sobre esses aspectos secundários se apresenta como
noticioso e objetivo. E, portanto, relevante.
A pós-censura
Até aqui foram analisadas brevemente
(por razões de espaço e de lógica jornalística) as técnicas da pós-mentira e da
pós-verdade. Mas os efeitos perniciosos de ambas recebem o impulso da
pós-censura, segundo retratou e definiu Juan Soto Ivars em Arden las Redes (Debate,
2017).
Neste novo mundo de pós-censura quem
se manifesta à margem da tese dominante recebe uma desqualificação muito
ofensiva que serve como aviso para outros navegadores. Assim, a censura já não
é exercida nem pelo Governo nem pelo poder econômico, mas por grupos de dezenas
de milhares de cidadãos que não toleram uma ideia discrepante, que se
realimentam uns com os outros, que são capazes de linchar quem, a seu ver,
atenta contra o que eles consideram inquestionável, e que exercem seu papel de
turba mesmo sem saber muito bem o que estão criticando.
Soto Ivars detalha alguns casos
assustadores. Por exemplo, o espancamento verbal sofrido pelos escritores
Hernán Migoya e María Frisa a partir dos respectivos tuítes iniciais de quem
confundiu o que expressavam seus personagens de ficção com o que pensava cada
autor, e que foram secundados de imediato por uma multidão endogâmica de
seguidores que se apresentaram para o bombardeio sem comprovação alguma.
Fizeram a mesma coisa alguns jornalistas que, para não ficarem de fora da
corrente dominante, simplesmente recolheram das redes o manipulado escândalo,
branqueando assim a mercadoria avariada.
Esta inquisição popular contribui para
formar uma espiral do silêncio (como a definiu Elisabeth Noelle Neumann em
1972) que acaba criando uma aparência de realidade e de maioria cujo fim
consiste em expulsar do debate as posições minoritárias. Nesse processo, as
pessoas se dão conta logo de que é arriscado sustentar algumas opiniões, e
desistem de defendê-las, para maior glória da pós-verdade, da pós-mentira e da
pós-censura. Assim, o círculo da manipulação fica fechado.
Álex Grijelmo é autor de La Información del
Silencio. Cómo se Miente Contando Hechos Verdaderos (A Informação do
Silêncio. Como se Mente Contando Fatos Verdadeiros)
Não procureis, pois, na Terra, os
primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se não quiserdes ser
obrigados a descer. Buscai, ao contrário, o lugar mais humilde e mais modesto,
porquanto Deus saberá dar-vos um mais elevado no céu, se o merecerdes.
Por que, por quê, porque, porquê
Estas quatro formas existem
na língua portuguesa e estão corretas. Contudo, devem ser utilizadas em
situações diferentes.
Referências
http://mundovelhomundonovo.blogspot.com/2018/04/a-infancia-brincadeiras.html
http://bibliadocaminho.com/ocaminho/txavieriano/livros/Pn/Pn128.htm
https://imagens.brasil.elpais.com/resizer/4mMc-3JkIbisgqsw4Poa1Ap1Z6U=/1500x0/arc-anglerfish-eu-central-1-prod-prisa.s3.amazonaws.com/public/RXDULC4I3CXV4QH3JINGTPHKHY.jpg
http://bibliadocaminho.com/ocaminho/txavieriano/livros/Pn/Pn128.htm
https://duvidas.dicio.com.br/por-que-por-que-porque-porque/