Ministro do TSE determina acareação
entre colaboradores premiados da Odebrecht nesta sexta
*Decisão do Supremo fecha a
lavanderia eleitoral
*Josias
de Souza - do Uol
07/03/2017
19:07
Responsável
pelos processos da Lava Jato, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal
transformou em réu o senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Fez isso ao acatar
denúncia na qual a Procuradoria-Geral da República acusa Raupp de receber da
construtora Queiroz Galvão propina de R$ 500 mil camuflada de doação eleitoral
com registro no TSE.
A
decisão acomoda uma corda no pescoço de todos os políticos que tentam escapar
de processos do petrolão alegando que doação eleitoral oficial não pode ser
tachada de propina. Raupp terá agora a oportunidade de se defender em ação
penal que correrá no Supremo enquanto ele tiver mandato de senador.
De
acordo com a Procuradoria, ele recebeu da Queiroz Galvão, na campanha de 2010,
dinheiro desviado de contratos firmados com a Petrobras. Raupp alegara que se
tratava de doação legal.
O
relator da Lava Jato no Supremo, ministro Edson Fachin, considerou que há
indícios do cometimento de dois crimes: corrupção passiva e lavagem de
dinheiro.
Decano
da Suprema Corte, o ministro Celso de Mello despejou água fria nas expectativas
dos investigados da Lava Jato que sonhavam em transformar o Tribunal Superior
eleitoral em lavanderia de verbas sujas. “A prestação de contas pode constituir
meio instrumental do crime de lavagem de dinheiro se os recursos financeiros
doados, mesmo oficialmente, a candidatos e partidos, tiverem origem criminosa
resultante da prática de outro ilícito penal, como crimes contra a
administração pública”, disse o ministro.
Celso
de Mello prosseguiu: “Configurado esse contexto, que traduz uma engenhosa
estratégia de lavagem de dinheiro, a prestação de contas atuará como
dissimulação do caráter delituoso das quantias doadas. Os agentes da conduta
criminosa objetivaram, por intermédio da Justiça Eleitoral, conferir aparência
de legitimidade a doações manchadas em sua origem pela nota da delituosidade.”
Houve
uma divisão entre os cinco ministros da Segunda Turma. Além de Celso de Mello,
apenas Ricardo Lewandowski acompanhou integralmente o voto do relator Fachin.
Outros dois ministros, Gilmar Mendes e Dias Toffoli ratificaram a denúncia da
Procuradoria apenas na parte em que Raupp é acusado de corrupção Passiva.
Ambos
rejeitaram a imputação de lavagem de dinheiro. O ministro Gilmar Mendes, que
também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral, soou como se estivesse
incomodado em ter de criminalizar doações formais de campanha.
Mas
acabou votando a favor do recebimento da denúncia em relação ao crime de
corrupção passiva imputado a Raupp. Com a maioria já formada, foi seguido por
Toffoli, seu antecessor na presidência do TSE. No escândado do petrolão, o PT
foi o primeiro a abusar da inteligência alheia ao tentar qualificar propinas
como doações eleitorais.
Mas
o próprio Michel Temer acabou enveredando pela mesma trilha. Em defesa
apresentada no processo sobre a cassação da chapa encabeçada por Dilma Rousseff
nas eleições de 2014, a defesa de Temer imitou o petismo.
“Doação
recebida e declarada de pessoa jurídica com capacidade contributiva,
independentemente do que diga um delator, não é caixa dois”, anotou a defesa de
Temer. Seus advogados acabaram arrastando o PSDB, autor da ação que corre no
TSE, para a mesma vala comum.
“Até
porque, como visto, o partido-autor foi agraciado com vultosas quantias das
mesmas empresas, logo, não há mau uso da autoridade governamental pelos
representados [Dilma e Temer].” Essa argumentação consta de petição protocolada
pelos advogados de Temer no TSE em fevereiro de 2016.
O
que a peça afirmou, com outras palavras, foi o seguinte: 1) se a doação
financeira foi registrada na Justiça Eleitoral, não importa que o dinheiro
tenha sido roubado dos cofres da Petrobras. 2) ao sorver verbas das mesmas
fontes que irrigaram a campanha Dilma—Temer, o PSDB de Aécio Neves foi
hipócrita ao enxergar lama na chapa adversária sem se dar conta de que sua
campanha presidencial frequentou a mesma poça.
Hoje,
Dilma é ex-presidente e Temer, seu substituto constitucional, tem no PSDB de
Aécio seu principal aliado depois do PMDB.
É
contra esse pano de fundo que a turma do Supremo informou que propina não se
confunde com doação eleitoral.
*Decisão do Supremo sobre Raupp
gera perplexidade entre parlamentares
Deputados
e senadores temem que ‘caixa 1’ passe a ser criminalizado
*Júnia Gama – do Globo
07/03/2017
21:22 / Atualizado 07/03/2017 21:28
BRASÍLIA
— A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de tornar o senador Valdir
Raupp (PMDB-RO) réu após ser acusado de receber propina por meio de
doações oficiais registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) gerou
perplexidade no Congresso. Senadores e deputados se disseram surpresos com a
sinalização da Corte, que foi vista como a possível abertura de um precedente
para criminalizar as doações legais.
O
temor é de que, a partir daí, o Ministério Público passe a ter faculdade de
lançar dúvida sobre algo que, até hoje, não estava sob questionamento. O
senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) ironizou o fato de uma doação oficial ter
sido objeto da acusação. Ele disse que, agora, o Congresso terá de apresentar
um projeto para anistiar o “caixa 1”. No final do ano passado, a Câmara tentou
aprovar, silenciosamente, projeto de anistia ao “caixa 2”, mas teve de recuar
após o movimento ser revelado. Cássio destacou que, mesmo que o parlamentar
seja absolvido ao final do processo pela dificuldade de se provar que uma
doação registrada foi fruto de propina, o dano político já estará feito.
—
Daqui a pouco vamos ter de propor um projeto para anistia de caixa 1. Se tem
dinheiro oficializado, isso jamais pode ser caracterizado como propina, porque
saiu da contabilidade oficial da empresa. Se a obra teve sobrepreço ou
superfaturamento, tem que ser alvo de outro tipo de investigação, mas não essa.
Essa decisão do Supremo causou um ambiente de perplexidade e surpresa — afirmou
Cássio.
O
líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), considerou a decisão “absurda”.
Ele defende que doações oficiais não podem ser criminalizadas, sob pena de
comprometerem todo o sistema eleitoral que vigorou até que fossem proibidas as
doações empresariais, em 2015. Ele criticou a linha adotada pela “República de
Curitiba”, uma referência ao centro da operação Lava-Jato, comandada pelo juiz
Sérgio Moro.
—
Acho um verdadeiro absurdo aceitar a tese da “República de Curitiba” de que há
lavagem de dinheiro em um caso como este. A doação da empresa foi feita de
forma espontânea, ela tirou dinheiro da contabilidade oficial dela. É muito
complicada essa coisa ser aceita. Coloca em suspeita todo o financiamento de campanha
que todos os partidos e empresas usaram até hoje. A discussão agora não é nem
mais caixa dois, é caixa 1 — avaliou.
DEFESAS
PODEM SER REAVALIADAS
Alvo
da Lava-Jato, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) também demonstrou surpresa com
o fato. De forma irônica, ele disse que consultaria uma cartomante para saber
se o que é considerado legal hoje continuará tendo validade no futuro:
—
Eu estou perplexo. A partir de hoje, tem que perguntar para uma cartomante se o
que é legal hoje continuará sendo legal daqui a cinco ou dez anos. Porque está
na lei hoje, mas se daqui a cinco ou dez anos disserem que não é mais legal, o
que eu faço? Eu estudei direito, mas estou com muitas dúvidas. Prefiro só
consultar a cartomante, senão, corro risco de ser punido porque observei a lei
— afirmou.
Parlamentares
enrascados na operação Lava-Jato estão ainda mais sobressaltados com a decisão
do Supremo. O clima é de temor no Congresso e a avaliação é de que as defesas
preparadas até o momento terão de ser reavaliadas a partir de agora. A
esperança de escapar de uma condenação se tornou ainda menor com a decisão da
Corte.
—
Isto não é bom. Nas denúncias do Rodrigo Janot (procurador-geral da República),
ele usou três pesos e dez medidas. O que vale para um, não vale para outros.
Isso preocupa muito, não é uma coisa normal. Agora, tudo no Brasil é propina —
criticou um deputado réu na Lava-Jato, que preferiu não se identificar.
*Raupp acredita. E você?
*Do
Antagonista
Brasil 07.03.17 18:52
Em
nota à imprensa, Valdir Raupp diz que "continua a acreditar que
contribuição oficial de campanha devidamente declarada não pode ser considerada
como indício e/ou prova de ilicitude".
Ele
disse também o seguinte: "As contribuições da campanha de 2010, que são
objeto da causa, foram feitas diretamente ao Diretório Regional do PMDB de
Rondônia, tendo sido as contas aprovadas pelo TRE-RO."
Raupp
não diz que os R$ 500 mil foram registrados na agenda de Paulo Roberto Costa e
que Othon Zanoite de Moraes Filho, representante da Queiroz Galvão, enviou
email a Alberto Youssef pedindo recibo da doação.
O
senador também não esclarece que o pedido de doação foi feito por Fernando
Baiano, com quem Raupp e assessores mantinham contato frequente, como
demonstrou a quebra de sigilo telefônico do peemedebista.
*Supremo torna senador do PMDB
Valdir Raupp réu na Lava Jato
Para
Fachin, há indícios de propina disfarçada como doação oficial.
Raupp é o primeiro da cúpula do PMDB a virar réu na Lava Jato.
Raupp é o primeiro da cúpula do PMDB a virar réu na Lava Jato.
*Do
Jornal Nacional
07/03/2017
21h22 - Atualizado em 07/03/2017 22h03
A
Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu que o senador Valdir
Raupp, do PMDB, é réu na Lava Jato.
O
relator, ministro Luiz Edson Fachin, afirmou que há indícios do recebimento de
propina disfarçada como doação oficial.
O relator da Lava Jato no Supremo, ministro Luiz Edson Fachin, explicou que o senador Valdir Raupp, do PMDB, admitiu o recebimento do dinheiro das empreiteiras Queiroz Galvão e Vital Engenharia: R$ 500 mil. Segundo o senador, as doações foram legais - uma verba oficial para a campanha ao Senado em 2010. Tudo declarado ao Tribunal Regional Eleitoral.
Durante as investigações da Lava Jato, partidos políticos têm declarado que todo o dinheiro recebido em campanha foi dentro da lei.
"PT, PMDB E PSDB têm afirmado que todas as doações que receberam foram declaradas à Justiça Eleitoral.
O Pros declarou que todas as doações recebidas nas eleições de 2014 foram declaradas à Justiça Eleitoral.
O relator da Lava Jato no Supremo, ministro Luiz Edson Fachin, explicou que o senador Valdir Raupp, do PMDB, admitiu o recebimento do dinheiro das empreiteiras Queiroz Galvão e Vital Engenharia: R$ 500 mil. Segundo o senador, as doações foram legais - uma verba oficial para a campanha ao Senado em 2010. Tudo declarado ao Tribunal Regional Eleitoral.
Durante as investigações da Lava Jato, partidos políticos têm declarado que todo o dinheiro recebido em campanha foi dentro da lei.
"PT, PMDB E PSDB têm afirmado que todas as doações que receberam foram declaradas à Justiça Eleitoral.
O Pros declarou que todas as doações recebidas nas eleições de 2014 foram declaradas à Justiça Eleitoral.
O
PRB nega que tenha recebido qualquer dinheiro de caixa dois da Odebrecht e
afirma que todas as doações foram dentro da lei.
O PSD afirmou que desconhece as informações e que as doações foram realizadas de acordo com a legislação”.
O PSD afirmou que desconhece as informações e que as doações foram realizadas de acordo com a legislação”.
A
subprocuradora da República, Ela Viecko, disse que há provas de que a doação
foi ilegal.
Segundo
a Procuradoria-Geral da República há indícios de pagamentos de vantagens
ilícitas das empreiteiras em troca de favorecimento em obras da Petrobras.
A
PGR levou em conta delações premiadas do ex-diretor da Petrobas Paulo
Roberto Costa, e do operador Fernando Baiano. Troca de e-mails de dirigentes
das construtoras e telefonemas entre os acusados.
Dois
assessores do gabinete de Raupp, também denunciados, são apontados como
responsáveis pelo recebimento do dinheiro.
O
ministro Fachin afirmou que há, sim, indícios de que o senador cometeu os
crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. E que são suficientes para
Valdir Raupp virar réu.
“Concluo que os elementos colhidos durante a investigação também indicam, ao menos em tese, a possibilidade de cometimento do delito de lavagem de dinheiro, correspondente à ocultação e a dissimulação da origem dos valores desviados de contratos da Petrobras, mediante a utilização de mecanismo para dificultar a identificação do denunciado Valdir Raupp como destinatário final das quantias suportamente destinadas a sua campanha”, disse o ministro.
Ricardo Levandowski e Celso de Mello acompanharam o relator. Gilmar Mendes e Dias Toffoli aceitaram a denúncia, mas somente por um crime: corrupção passiva.
Raupp é o primeiro integrante da cúpula do PMDB a virar réu na Lava Jato.
“É uma engenhosa estratégia de lavagem de dinheiro, a prestação de contas atuará como um típico expediente de ocultação e de dissimulação do caráter delituoso em caráter oficial oriundos da prática, por exemplo, do delito de corrupção”, declarou Celso de Mello.
Esta é a primeira vez que o Supremo considera suspeita uma doação de campanha declarada ao Tribunal Superior Eleitoral, o que enfraquece a alegação de legalidade nessas doações, usada em defesa dos políticos. Os ministros deixaram claro, no entanto, que somente no julgamento da ação penal, ainda sem data, será decidido se houve pagamento de propina disfarçada de doação.
“Concluo que os elementos colhidos durante a investigação também indicam, ao menos em tese, a possibilidade de cometimento do delito de lavagem de dinheiro, correspondente à ocultação e a dissimulação da origem dos valores desviados de contratos da Petrobras, mediante a utilização de mecanismo para dificultar a identificação do denunciado Valdir Raupp como destinatário final das quantias suportamente destinadas a sua campanha”, disse o ministro.
Ricardo Levandowski e Celso de Mello acompanharam o relator. Gilmar Mendes e Dias Toffoli aceitaram a denúncia, mas somente por um crime: corrupção passiva.
Raupp é o primeiro integrante da cúpula do PMDB a virar réu na Lava Jato.
“É uma engenhosa estratégia de lavagem de dinheiro, a prestação de contas atuará como um típico expediente de ocultação e de dissimulação do caráter delituoso em caráter oficial oriundos da prática, por exemplo, do delito de corrupção”, declarou Celso de Mello.
Esta é a primeira vez que o Supremo considera suspeita uma doação de campanha declarada ao Tribunal Superior Eleitoral, o que enfraquece a alegação de legalidade nessas doações, usada em defesa dos políticos. Os ministros deixaram claro, no entanto, que somente no julgamento da ação penal, ainda sem data, será decidido se houve pagamento de propina disfarçada de doação.
O
senador Valdir Raupp afirmou que respeita a decisão da Segunda Turma do STF,
mas que continua acreditando que contribuição oficial de campanha devidamente
declarada não pode ser considerada indício ou prova de ilicitude.
O
senador afirmou ainda que as contribuições da campanha de 2010 foram feitas ao
diretório regional do PMDB de Rondônia e aprovadas pelo TRE do
estado.
A
Vital Engenharia e a Queiroz Galvão não se pronunciaram.
Assista ao vídeo da Reportagem:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/edicoes/2017/03/07.html#!v/5707081
*Ministro do TSE determina
acareação entre três delatores da Odebrecht
Depoimentos
sobre Temer e pedido de apoio ao PMDB são conflitantes.
Departamento de propina movimentou mais de US$ 3 bi, diz ex-executivo.
Departamento de propina movimentou mais de US$ 3 bi, diz ex-executivo.
*Do
Jornal Nacional
07/03/2017
21h23 - Atualizado em 07/03/2017 21h23
O
ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Herman Benjamin, que investiga se
houve abuso de poder econômico na chapa Dilma-Temer, marcou uma acareação entre
três delatores da Odebrecht - o ex-presidente do grupo Marcelo Odebrecht,
e os ex-executivos Hilberto Mascarenhas e Cláudio Melo Filho.
A
acareação está marcada para a próxima sexta-feira (10). Ela será feita por
videoconferência, ou seja, cada delator participará das cidades onde reside, ou
no caso de Marcelo Odebrecht, de onde está preso. Segundo a TV Globo
apurou com diversas fontes, a acareação pode ter sido por motivada por
depoimentos conflitantes dados por Marcelo Odebrecht e outros ex-executivos da
empreiteira. Uma destas contradições é sobre o jantar no Palácio do Jaburu em
2014, quando foi discutido apoio financeiro da Odebrecht para campanhas do
PMDB.
Em
seu depoimento ao ministro do TSE Herman Benjamin, o ex-diretor de Relações
Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo confirmou o que já tinha dito em seu
acordo de delação premiada, que veio a público em dezembro; ele afirmou que
nesse jantar “Temer solicitou direta e pessoalmente a Marcelo Odebrecht apoio
financeiro para as campanhas do PMDB, em 2014”.
Cláudio
Melo disse também que “considerando o fato de Temer ser o vice-presidente na
época, e presidente do partido, Marcelo Odebrecht acertou o pagamento de R$ 10
milhões”.
No depoimento de segunda-feira (6) ao TSE, Cláudio Melo deu mais detalhes sobre esse jantar. Disse que após o pedido de Temer por apoio financeiro ao PMDB, Marcelo Odebrecht ofereceu R$ 10 milhões e sugeriu que esse dinheiro fosse todo destinado para a campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo. Segundo ele, houve discordâncias entre os presentes, que consideraram que o apoio deveria ser divido entre outros candidatos do PMDB. Marcelo Odebrecht, ainda na versão de Cláudio Melo, teria proposto então que R$ 6 milhões fossem para Paulo Skaf e R$ 4 milhões para outros candidatos a critério do PMDB.
No depoimento de segunda-feira (6) ao TSE, Cláudio Melo deu mais detalhes sobre esse jantar. Disse que após o pedido de Temer por apoio financeiro ao PMDB, Marcelo Odebrecht ofereceu R$ 10 milhões e sugeriu que esse dinheiro fosse todo destinado para a campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo. Segundo ele, houve discordâncias entre os presentes, que consideraram que o apoio deveria ser divido entre outros candidatos do PMDB. Marcelo Odebrecht, ainda na versão de Cláudio Melo, teria proposto então que R$ 6 milhões fossem para Paulo Skaf e R$ 4 milhões para outros candidatos a critério do PMDB.
Na
semana passada, em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral, Marcelo confirmou
o jantar, mas diferentemente do que disse Cláudio Melo, afirmou que não tratou
de valores diretamente com o então vice-presidente Michel Temer. O valor e a
divisão do dinheiro entre os candidatos teriam sido acertados, segundo Marcelo
Odebrecht, em uma outra conversa entre o ministro licenciado Eliseu
Padilha e o ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo sem a presença de Temer.
A
acareação poderia esclarecer quem está falando a verdade: Marcelo Odebrecht ou
Cláudio Melo Filho.
Na
segunda-feira (6), outros dois delatores da Odebrecht prestaram depoimento ao
Tribunal Superior Eleitoral. Segundo as mesmas fontes ouvidas pela TV Globo,
Hilberto Mascarenhas da Silva Filho, que comandou o Setor de Operações
Estruturadas da Odebrecht, conhecido como departamento de propina, revelou ao
ministro Herman Benjamin que o departamento movimentou US$ 3,3 bilhões entre
2006 e 2014.
Segundo
Hilberto, parte desse dinheiro foi para pagar propina no exterior, em países
africanos e latinos onde a Odebrecht fez obras.
Hilberto
confirmou ainda ter repassado R$16 milhões para a mulher e sócia do marqueteiro
do PT, João Santana, Mônica Moura, cujo codinome ele confirmou ser Feira. Ele
disse que nunca se falou na empresa a que se referia esse dinheiro, mas que
todos sabiam que era ano de eleição. Afirmou ainda que, na lista de codinomes
de políticos ajudados pela Odebrecht, o ex-presidente Lula era chamado de
Amigo.
O
ex-diretor Alexandrino de Alencar, que também era uma ponte com políticos,
falou do repasse de dinheiro da Odebrecht aos partidos que deram apoio à chapa
Dilma-Temer em 2014.
Segundo
ele, a Odebrecht, a pedido do PT, repassou cerca de R$ 30 milhões de caixa dois
para cinco partidos: o PDT, PCdoB, PP, PRB e Pros.
Disse
ainda que cuidou pessoalmente do repasse para o PCdoB, PRB e Pros, e que
destinou R$ 7 milhões para cada um.
Segundo
Alexandrino, o atual ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira, que era
presidente do PRB, era um dos operadores do partido para o recebimento desse
dinheiro.
Pelo
PCdoB, o operador foi o ex-vereador e deputado estadual por Goiás Fábio Tokarski,
que já foi assessor de Guido Mantega no Ministério da Fazenda e
trabalha desde 2015 no gabinete do deputado Orlando Silva, do PCdoB.
No
Pros, o próprio presidente Eurípedes Júnior teria feito essa operação, segundo
Alexandrino.
Na
semana passada, outro delator, Fernando Reis, que era presidente da Odebrecht
Ambiental, já tinha dito que pagou R$ 4 milhões ao PDT dentro do mesmo esquema
de compra de apoio.
O
ministro Herman Benjamin deu prazo de 48 horas para que os ex-executivos da
Odebrecht apresentem documentos que comprovem as informações que deram nos
depoimentos e pediu ao juiz Sérgio Moro que compartilhe informações de
processos da Lava Jato para serem usadas na ação no TSE.
As
respostas
A assessoria do presidente Michel Temer disse que ele não tratou de valores durante o jantar com Marcelo Odebrecht.
O PMDB afirmou que todos os pedidos de financiamento de campanha foram feitos dentro da lei, e as contas do partido aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Paulo Skaf, que foi candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB, disse que as contas de campanha foram declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral e que nunca pediu nem autorizou que ninguém pedisse em nome dele qualquer contribuição que não fosse regular.
A assessoria do presidente Michel Temer disse que ele não tratou de valores durante o jantar com Marcelo Odebrecht.
O PMDB afirmou que todos os pedidos de financiamento de campanha foram feitos dentro da lei, e as contas do partido aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Paulo Skaf, que foi candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB, disse que as contas de campanha foram declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral e que nunca pediu nem autorizou que ninguém pedisse em nome dele qualquer contribuição que não fosse regular.
O
PRB negou que tenha recebido qualquer dinheiro de caixa dois da Odebrecht e
afirmou que só recebeu doações legais. O ministro da Indústria e Comércio, que
é do partido, disse que a citação ao nome dele é mentirosa e uma tentativa de
manchar sua honra.
O PP não respondeu às ligações do JN.
O Pros declarou que o presidente da legenda, Eurípedes Júnior, nunca recebeu qualquer valor fora da legalidade e não conhece as pessoas envolvidas. O partido, como os outros citados, declarou que só recebeu doações dentro da lei.
O PCdoB, o ministro licenciado da Casa Civil, Eliseu Padilha, e a defesa de Mônica Moura não quiseram se pronunciar.
O JN não conseguiu contato com Fábio Tokarski.
O PP não respondeu às ligações do JN.
O Pros declarou que o presidente da legenda, Eurípedes Júnior, nunca recebeu qualquer valor fora da legalidade e não conhece as pessoas envolvidas. O partido, como os outros citados, declarou que só recebeu doações dentro da lei.
O PCdoB, o ministro licenciado da Casa Civil, Eliseu Padilha, e a defesa de Mônica Moura não quiseram se pronunciar.
O JN não conseguiu contato com Fábio Tokarski.
O
ex-presidente Lula disse que jamais solicitou qualquer recurso indevido para a
Odebrecht ou qualquer outra empresa e que isso será provado na Justiça. Ele
afirmou ainda que desconhece o apelido Amigo e que não tem nenhuma relação com
a planilha da Odebrecht.
O PT não retornou o contato do JN.
O PDT disse que declarou apoio oficial à chapa Dilma-Temer meses antes do suposto pagamento e que vai exigir que o delator comprove suas declarações.
O PT não retornou o contato do JN.
O PDT disse que declarou apoio oficial à chapa Dilma-Temer meses antes do suposto pagamento e que vai exigir que o delator comprove suas declarações.
Assista ao vídeo da reportagem:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/edicoes/2017/03/07.html#!v/5707078
Referências
https://www.portalaz.com.br/blog/blog-do-murilo/391451/decisao-do-supremo-fecha-a-lavanderia-eleitoral
http://oglobo.globo.com/brasil/decisao-do-supremo-sobre-raupp-gera-perplexidade-entre-parlamentares-21028408
http://www.oantagonista.com/posts/raupp-acredita-e-voce
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/03/ministro-do-tse-determina-acareacao-entre-tres-delatores-da-odebrecht.html
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/03/ministro-do-tse-determina-acareacao-entre-tres-delatores-da-odebrecht.html
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