Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 6 de abril de 2023
CANCIONEIRO DE SUELI E LAMPIÃO
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TEMPOS TRANSVERSOS
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Cão sem dono
Sueli Costa
É nas noites que eu passo sem sono
Entre o copo, a vitrola e a fumaça
Que ergo a torre do meu abandono
E que caio em desgraça
É nas horas em que a noite faz frio
E a lembrança ao castigo me arrasta
Solidão é o carrasco sombrio
E a saudade a vergasta
Se eu cantar a alegria sai falsa
Se eu calar a tristeza começa
E eu prefiro dançar uma valsa
Que ouvir uma peça
E eu recuo, eu prossigo e eu me ajeito
Eu me omito, eu me envolvo e eu me abalo
Eu me irrito, eu odeio, eu exito
Eu reflito e me calo
Composição: Paulo César Pinheiro / Sueli Costa.
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CANCIONEIRO DE LAMPIÃO
(1967)
PEÇA SEGUINTE
O cancioneiro é para mim uma nova experiência; ela fluiu da leitura da obra de Nelton Macedo.
Há bastante tempo venho me interessando por literatura de cordel, e este "cancioneiro" foi composto, como o próprio autor narra em suas palavras introdutórias, de maneira simples e popular, sendo um "cancioneiro", optei por um relato simples da estória de Lampião. O povo aparece sobre o tablado e inicia um perfil do cangaceiro; à medida que o espetáculo se desenrola, os atores vão tomando forma dos diversos personagens. A beleza plástica seria necessária ao lirismo do "cancioneiro", então buscamos uma forma de plastificar o texto, subtraindo deste as imagens sugeridas por ele.
As crendices de nosso povo foram pesquisadas e compõem cenas, como a da cabaça flutuante no açude (...)
Trecho de A encenação, de José Luiz Ribeiro (pág. 3).
(Leia na íntegra esse e outros textos no programa original completo em PDF)
http://www.grupodivulgacao.com.br/repertorio/images/1967-cancioneiro-de-lampiao/cancioneiro-de-lampiao-programa-1967.pdf
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Mergulho Teatral do Grupo Divulgação homenageia Sueli Costa com “Cancioneiro de Lampião”
30 DE MARÇO DE 2023CULTURA E ARTE
Cancioneiro de Lampião de Nertan Macedo (Foto Divulgação)
O Grupo Divulgação (GD) apresenta a peça “Cancioneiro de Lampião”, de Nertan Macêdo, com adaptação de José Luiz Ribeiro, em sessão única nesta sexta-feira, 31, às 20h30, no Teatro do Forum da Cultura. A peça marca o encerramento do Mergulho Teatral, uma imersão no teatro destinada a universitários, como parte do Projeto de Extensão da UFJF “Centro de Estudos Teatrais – Cursos e Oficinas”. A entrada é gratuita, respeitando a disponibilidade do espaço.
A apresentação é uma homenagem à cantora e compositora Sueli Costa (1943-2023), falecida no começo do mês. Antes de ter canções gravadas por nomes como Elis Regina e Maria Bethânia, Sueli passou a juventude em Juiz de Fora e compôs músicas para peças do GD na década de 1960, dentre elas a primeira montagem do Cancioneiro.
“Estava pensando em fazer outro espetáculo, sobre Adoniran Barbosa. Mas com o falecimento de Sueli Costa, a gente quis prestar uma homenagem a essa musicista fabulosa, uma das melhores, e que passou pelo nosso grupo”, afirma o coordenador do Grupo Divulgação, José Luiz Ribeiro.
O espetáculo
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“Cancioneiro de Lampião” conta, em forma de cordel, a história de Virgulino Ferreira da Silva (1898-1938). Nascido em Vila Bela, atual Serra Talhada, cidade localizada em Pernambuco, Lampião virou um bandoleiro ainda jovem. Logo se torna chefe e seu grupo causa terror e morte por onde passa, além de saquear e roubar. Considerado bandido ou mártir dos oprimidos, o chamado Rei do Cangaço segue vivente no imaginário popular.
“O Cancioneiro tem um quê de épico, trabalhando com o cordel. É uma experiência com uma turma jovem, alguns tendo a sua primeira vivência com o teatro”, afirma o diretor.
O texto de Nertan Macêdo é fundamental na história do Divulgação. Esta será a quarta montagem de “Cancioneiro de Lampião” encenada pelo grupo. As anteriores foram realizadas em 1967, 1974 e 1980. A versão de 1974 foi apresentada na Barca da Cultura, projeto de Paschoal Carlos Magno. O diplomata e teatrólogo, figura importante da renovação do teatro brasileiro no século 20, organizou uma viagem com mais de cem artistas, assistentes e jornalistas. A barca partiu de Pirapora (MG) e subiu o Rio São Francisco até Petrolina (PE). Depois os participantes seguiram em terra firme até Belém (PA). Em cada parada eram realizadas apresentações culturais, oficinas de pintura e origami junto às populações ribeirinhas e do interior e distribuição de livros.
“A questão da Barca da Cultura nos traz boas lembranças. Estamos revendo um trabalho ‘raiz’. É o nosso comecinho. E foi uma peça muito premiada, era um trabalho muito bonito”, relembra José Luiz Ribeiro, que neste ano completa 60 anos de dedicação ao teatro.
Projeto de Extensão atua na formação de atores
O Mergulho Teatral integra o projeto de Extensão “Centro de Estudos Teatrais – Cursos e Oficinas”, coordenado pela atriz e professora do Departamento de Fundamentos, Teorias e Contextos da Faculdade de Comunicação (Facom), Márcia Falabella. Como aponta a docente, a iniciativa é voltada à formação de atores e dá oportunidade a pessoas com ou sem experiência de poderem se aprofundar na linguagem teatral.
Os alunos passam por oficinas de corpo, voz, improviso, exercitam a memória e a sensibilidade. E conhecem músicas e textos que “muitas vezes passam despercebidos para a maioria das pessoas”, na avaliação da professora.
“Na metodologia que desenvolvemos, damos ao integrante a possibilidade de participar de uma produção teatral, com uma apresentação aberta ao público. Esse frio na barriga, esse desafio de produzir um espetáculo em cerca de quatro semanas faz todos se unirem em torno do projeto. E intensifica o aprendizado”, reflete.
O elenco é composto por Alícia Ruffato, Amanda Maya, Anderson Bretas, Brenda Soares, Bruno Fernandes, Fabrício Carlos, Glauber Machado, Hiago Daniel, Igor Bernardinelli, Isabella Luiz Silva, Jade Miranda, Jonathan Martins, Lúcio Araújo, Matheus Braga, Paloma Coimbra, Samyra Ayoub, Vitor Luiz Almeida e Yasmin Ponté. Os cantadores são Bernardo Pereira, Fabrício Carlos, Letícia Resende, Mateus Omar, Pedro Moysés, Samara Borges e Thiago Ernando.
O figurino é de Malu Ribeiro; a música original é de Sueli Costa; a direção musical é de Pedro Moysés. Cartaz, programa e preparo corporal são de Dowglas Mota; Açucena Arbex realiza o registro videográfico; sonotécnica e slides são de Igor Santos. Adaptação de texto, luminotécnica e direção são de José Luiz Ribeiro.
“Cancioneiro de Lampião”
Grupo Divulgação – Mergulhão Teatral de 2023
Entrada gratuita
Sexta-feira, 31, às 20h30 (sessão única)
Teatro do Forum da Cultura – Rua Santo Antônio, 1112, Centro, Juiz de Fora.
Outras informações: (32) 2102-6306 – Forum da Cultura
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“Vou pegá Lampião” (1931), samba.
Autor: J. Thomaz. Intérprete: Castro Barbosa. Gravadora: Victor.
Adeus, Amélia
Vou decidir minha sorte
Eu vou pro Norte
Vou pegar o Lampião
Cinqüenta contos
Não fazem mal a ninguém
Vamos ver se esse malandro
Desta vez vem ou não vem
Não quero nada
Nem revólver nem canhão
Vou pegá-lo a cabeçada
Pontapé e bofetão
Não sou criança
Ele vai virar estopa
Vou acabar com esta lambança
Lampião pra mim é sopa.
https://www.quemfoiqueinventouobrasil.com/post/18-vou-peg%C3%A1-lampi%C3%A3o-v1-cap3-m18
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O cangaceiro e o escritor na terra do faz de conta
De quando Graciliano capturou Virgulino usando o poder da mente
Antologia que reúne escritos de Graciliano Ramos sobre cangaço atribui-lhe entrevista fictícia com Lampião. Publicado sem assinatura no semanário “Novidade” e inédito em livro, o texto traz marcas que o associam ao autor de “Vidas Secas”, colaborador do periódico, no qual pela primeira vez abandonou pseudônimos.
O sambinha não era tão popular quanto “Tico-tico no Fubá” ou “Com que Roupa?”, seus colegas no “hit parade” de 1931, mas traduzia uma verdadeira obsessão nacional daqueles anos. A voz de Castro Barbosa apregoava com garbo nas rádios: “Adeus, Amélia/ vou decidir minha sorte./ Eu vou pro Norte./ Vou pegá o Lampião”.
(...)
Lampião entrevistado por “Novidade”
Como o célebre cangaceiro, o herói legendário do sertão nordestino, encara certas coisas brasileiras: os direitos de propriedade, o progresso, a justiça, a família, o sertão, os coronéis, o cangaceirismo e a sua própria vida
Lampião é hoje uma das criaturas mais interessantes do Nordeste. Não apenas do Nordeste: do Brasil todo*. Vagamente conhecido há dez anos em alguns municípios sertanejos, pouco a pouco foi adquirindo um prestígio terrível e tornou-se famoso e temido em vários Estados. Cresceu extraordinariamente, entrou no folclore, na poesia e no romance. É um nome nacional. Ultimamente, com a projetada aventura do capitão Chevalier1, o célebre cafuzo está na ordem do dia. – Com o intuito de bem servir aos seus bons fregueses e amigos, como se diz na gíria de negociantes, ‘Novidade’ imaginou entrevistar Lampião. Para isso pediu o concurso de alguns oficiais de polícia, mas todos eles, por modéstia, recusaram a incumbência, alegando que não são repórteres. – Na impossibilidade de obtermos um encontro com o notável salteador, recorremos a um truque: um dos nossos redatores, antigo sócio de centros esotéricos, deitou-se, acendeu um cigarro, fechou os olhos e conseguiu, por via telepática, a seguinte entrevista.
Lampião recebeu-nos com o punhal na mão direita e o rifle na esquerda. Vestia roupa de mescla, calçava alpercatas, trazia cartucheira, chapéu de couro enfeitado, camisa aberta, rosário, retrato do padre Cícero na lapela. Ofereceu-nos uma pedra para descansar, sentou-se numa raiz de baraúna e perguntou:
– Que anda fazendo por esta zona?
– Aqui marombando, capitão, assuntando, tomando a maçaranduba do tempo. Eu sou representante de “Novidade”.
– “Novidade”? Pois eu não quero saber de novidades. Aqui ninguém conta novidades. Foi por causa das novidades que o Sabino2 levou o diabo. E não gosto de gente que assunta. O senhor é macaco ou bombeiro?
Sentimos um baque no peito.
– Deixe disso, capitão, não se afobe. “Novidade” é um jornal.
– Um jornal?
– Sim, senhor, um papel com letras para embromar os trouxas. Mas o nosso é um jornal sério, um jornal de bandidos. É por isso que estou aqui. Um jornal sisudo. Temos colaboradores entre as principais figuras do cangaço alagoano, temos correspondentes…
Lampião mostrou a dentuça e grunhiu:
– Uhn! Anda procurando um chefe.
– Ah! não! protestamos. Já temos. O lampionismo em literatura é diferente do seu. O que eu quero é entrevistá-lo, entende?
– Que quer dizer isso?
– É uma tapeação. O senhor larga umas lorotas, eu escrevo outras e no fim dá certo. É sempre assim. Às vezes, como agora, nem é preciso que a gente se encontre.
– Por quê?
– Por quê? Porque se eu fosse escrever o que o senhor diz não escrevia nada.
Lampião matutou, balançou a cabeça e concordou.
– Bom. Vamos começar. Pegue no lápis.
E começamos:
– Quais são as suas ideias a respeito da propriedade?
O amável facínora tirou da patrona um pedaço de fumo e entrou a picá-lo com o punhal.
– Eu, para falar com franqueza, acho que essa história de propriedade é besteira. Na era dos caboclos brabos, como o senhor deve saber, coisa que um sujeito agadanhava era dele. Depois vieram os padres e atrapalharam tudo, distribuindo terra para um, espelho para outro, volta de conta para outro… Fechou-se o tempo e houve um fuzuê da peste, que está nos livros. Mas meu padrinho padre Cícero não vai nisso. E eu também não vou. Isso por aqui é nosso: gado, cachaça, mulher, tudo. É de quem passar a mão, entende?
– Perfeitamente. E que me diz do progresso?
– De quê?
– Do progresso, da civilização. Roupas bonitas, sapatos, frascos de cheiro, conhaque, doutores, vitrolas…
Lampião fez um cigarro de palha de milho, tirou o binga, bateu o fuzil e pôs-se a fumar. Depois falou:
– Sapatos, como o senhor vê, não uso, mas o conhaque eu bebo. E gosto das vitrolas, são engraçadas. Quanto aos doutores, até hoje não me fizeram mal. Estudam nos papéis e falam muito. Creio que são uns inocentes. Enfim, não tenho queixa da civilização.
– Como considera a justiça?
– Aqui no sertão, quando um camarada tem raiva de outro, toca fogo nele. E vai um filho do defunto, agarra um mosquetão e uma rapadura, esconde-se por detrás dum pau, dorme na pontaria, espera 15 dias e queima o sobredito. É a justiça mais usada e não falha. Temos também a dos autos, demorada, mas que não é má, porque os promotores se enrascam sempre e os jurados são bons rapazes.
– Sua opinião sobre a família?
– De quem?
– De todo o mundo. A família em geral. A mulher, os meninos, a rede, o baú, o rancho, o papagaio, o saguim, a trempe, as panelas, isso tudo.
Lampião coçou o queixo e resmungou:
– Para dizer a verdade, nunca pensei nisso. E o senhor é danado de fuxiqueiro. Mulher, meninos… Eu sei lá! Quando um sujeito é miúdo, nunca deve dizer que os filhos que tem em casa são dele. E quanto a mulher, hoje a gente pega uma, larga amanhã, arranja outra, casa aqui, descasa acolá, e assim vamos indo. Isso de mulher é bichinho que não falta. E se um homem fosse se lembrar de todas com quem fez vida, estava arrumado.
– A sua vida assim agitada lhe dá grandes lucros, capitão?
– Lucros, lucros, não são lá grande coisa. Nem roubo hoje dá lucro. Não se tem mesmo o que roubar. Isso de dinheiro aqui, homem, uma bobagenzinha de nada. Nesse tempo parece o povo até nem aprecia ter dinheiro pra gastar tanto quanto se gasta com a vida de hoje. Agora o que eu não faço, nem pelo diabo, é deixar minha vida de agora pra ir trabalhar na enxada, que eu não sou…
Lampião estacou, passou o lenço pelo pescoço.
– Que calor danado!
E nós, aproveitando a deixa:
– E com todo esse calor, o senhor gosta mesmo do sertão?
– Gostar, eu gosto, moço. Isso de calor é coisa com que a gente se acostuma depressa. Um coronel noutro dia me disse que o povo da cidade acha isso ruim, porque é deserto e quente por demais. Cidadãos que nunca viram o sertão falam dele como se tivessem vivido nele uma porção de tempo. É isso que estraga essa terra, não é outra coisa não.
– E relativamente aos coronéis, que pensa o senhor?
– Homem, eles até não são ruins. Há realmente alguns metidos a bestas, mas também existem pessoas direitas. Tenho boas relações com um bando deles.
Estava finda a nossa missão. Despedimo-nos.
– Muito obrigado, capitão Virgulino. E adeus. Desejo-lhe muitas felicidades nos seus negócios.
(*) CASSIANO ELEK MACHADO, 38, é editor da “Ilustríssima”.
https://graciliano.com.br/2014/04/o-cangaceiro-e-o-escritor-na-terra-do-faz-de-conta/
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Cão Sem Dono
Elis Regina
É nas noites que eu passo sem sono
Entre o copo, a vitrola e a fumaça
Que ergo a torre do meu abandono
E que caio em desgraça
É nas horas em que a noite faz frio
E a lembrança ao castigo me arrasta
Solidão é o carrasco sombrio
E a saudade a vergasta
Se eu cantar a alegria sai falsa
Se eu calar a tristeza começa
E eu prefiro dançar uma valsa
Que ouvir uma peça
E eu recuo, eu prossigo e eu me agito
Eu me omito, eu me envolvo e eu me abalo
Eu me irrito, eu odeio, eu hesito
Eu reflito e me calo
Composição: Paulo César Pinheiro / Sueli Costa.
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quinta-feira, 6 de abril de 2023
Luiz Carlos Azedo - O cerco aos golpistas de 8 de janeiro está se fechando
Correio Braziliense
Até agora, 239 executores dos ataques foram identificados pelas câmeras de segurança ou pelas redes sociais, 1.150 presos foram denunciados como incitadores dos atos de vandalismo
Mais 203 suspeitos de incentivar e incitar os ataques golpistas que levaram à depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, foram denunciados, ontem, pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Com isso, 1.390 militantes de extrema direita, ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, já estão muito enrolados com a Justiça, devido aos atos de vandalismo nas invasões do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal uma semana após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Até agora, 239 executores dos ataques foram identificados pelas câmeras de segurança ou pelas redes sociais, 1.150 presos no acampamento em frente ao quartel-general do Exército foram denunciados como incitadores dos atos de vandalismo. Um agente público foi denunciado por omissão. O único precedente de um processo desta envergadura contra a extrema direita da nossa história republicana ocorreu em 1938, quando a Ação Integralista Brasileira (fascista), de Plínio Salgado, tentou tomar o poder.
Getúlio Vargas estava havia oito anos na Presidência, sem passar pelas urnas. O golpe da Revolução de 1930 deu-lhe quatro anos de mandato presidencial. A Constituição de 1934 permitiu sua recondução por mais quatro anos, eleito apenas pelos deputados federais. Vargas arquitetava um plano para permanecer no poder, com apoio dos integralistas, os “galinhas verdes”, por causa dos uniformes que usavam à moda do nazifascismo de Hitler e Mussolini, ditadores da Alemanha e da Itália, respectivamente.
Plínio Salgado, o grande líder integralista, tinha conhecimento das intenções golpistas. Acreditava que o golpe seria a oportunidade para ter mais prestígio político, imaginava que Vargas assumiria o integralismo como ideologia e partido oficial. Em novembro de 1937, quando o Estado Novo foi decretado, a pretexto de que se preparava uma nova tentativa de tomada do poder pelos comunistas (apesar de o líder comunista Luís Carlos Prestes estar preso), Plínio Salgado retirou a sua candidatura à Presidência e apoiou o golpe dentro do golpe.
Entretanto, Vargas colocou todos os partidos políticos na ilegalidade, inclusive a Ação Integralista Brasileira. Em março de 1938, pequenos grupos integralistas tentaram invadir a rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, mas foram frustrados por forças leais ao governo. Dois meses mais tarde, uma revolta comandada pelo tenente Severo Fournier atacou o Palácio da Guanabara. Eram 80 militantes integralistas, entre eles um membro da família imperial brasileira. Muitos foram fuzilados, outros tantos, feridos. Cerca de 1.500 integralistas acabaram presos e ficaram sob a responsabilidade de Filinto Müller, chefe da Polícia Especial de Vargas. Com a prisão e o exílio de Plínio Salgado, o fim da guerra e a redemocratização, o integralismo desapareceu. A direita golpista e reacionária abrigou-se na antiga União Democrática Nacional (UDN).
O caso das joias
O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou três horas de depoimento ontem, na Polícia Federal, sobre o caso das joias milionárias que recebeu de presente da Arábia Saudita. Disse que só ficou sabendo da existência dos presentes em dezembro de 2022, mais de um ano após elas terem chegado ao país. Bolsonaro falou também que não se lembra de quem o avisou da apreensão das joias pela Receita Federal. O inquérito apura se o ex-presidente cometeu o crime de peculato ao tentar ficar com as joias, em especial um conjunto avaliado em R$ 16 milhões, que fora retido pela Receita Federal em outubro de 2021. A pena varia de dois a 12 anos de prisão, além do pagamento de multa.
O conjunto retido pela Receita estava na mochila de um assessor do Ministério de Minas e Energia, que voltava com uma comitiva da pasta de uma viagem oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2021. Marcos Soeiro tentou passar pela alfândega sem declarar as joias, o que é irregular. Na ocasião, o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que também estava na comitiva, disse que as joias eram para Michelle Bolsonaro. Entretanto, mais dois conjuntos de joias entraram no país sem serem declarados, segundo revelou o jornal O Estado de S. Paulo.
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, também compareceu à Polícia Federal, na capital paulista, ontem, para depor sobre a tentativa de liberação das joias. José de Assis Ferraz Neto, ex-subsecretário-geral da Receita Federal do Brasil, já tinha sido ouvido. Contradições nos depoimentos podem enrolar Bolsonaro. Mentira precisa de cúmplices.
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Sueli Costa em Vinte anos blues de Sueli Costa e Vitor Martins
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Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
Eu tenho mais de vinte anos
E eu tenho mais de mil perguntas sem respostas
Estou ligada num futuro blue
Os meus pais nas minhas costas
As raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros
O sangue jorra pelos furos, pelas veias de um jornal
Eu não te quero, eu te quero mal
Essa calma que inventei, bem sei
Custou as contas que contei
Eu tenho mais de vinte anos
E eu quero as cores e os colírios, meus delírios
Estou ligada num futuro blue
Os meus pais nas minhas costas
As raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros
O sangue jorra pelos furos, pelas veias de um jornal
Eu não te quero, eu te quero mal
Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
Eu tenho mais de vinte anos
Composição: Sueli Costa / Vitor Martins.
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