“E
eles lhes contaram o que lhes acontecera no
caminho, e como deles foi conhecido ao partir do pão.”
(Lucas, 24:35)
Muito importante o episódio em que o
Mestre é reconhecido pelos discípulos que se dirigiam para Emaús, em
desesperação.
Jesus seguiraos, qual amigo oculto,
fixandolhes a verdade no coração com as fórmulas verbais, carinhosas e doces.
Grande parte do caminho foi
atravessada em companhia daquele homem, amoroso e sábio, que ambos
interpretaram por generoso e simpático desconhecido e, somente ao partir
do pão, reconhecem o Mestre muito amado.
Os dois aprendizes não conseguiram a
identificação nem pelas palavras, nem pelo gesto afetuoso; contudo, tão logo
surgiu o pão materializado, dissiparam todas as dúvidas e creram.
Não será o mesmo que vem ocorrendo no
mundo há milênios?
Compactas multidões de candidatos à fé
se afastam do serviço divino, por não atingirem, depois de certa
expectação, as vantagens que aguardavam no imediatismo da luta humana.
Sem garantia financeira, sem caprichos satisfeitos, não comungam na
crença renovadora, respeitável e fiel.
É necessário combater semelhante
miopia da alma.
Louvado seja o Senhor por todas as
lições e testemunhos que nos confere, mas continuarás muito longe da verdade se
o procuras apenas na divisão dos bens fragmentários e perecíveis.
129 Ao partir do pão Chico Xavier Pelo Espírito Emmanuel Pão Nosso FEB COLEÇÃO FONTE VIVA 1950 30ª
edição - 4ª impressão - 8/2017
Perdão
das ofensas
14. Quantas vezes perdoarei a meu
irmão? Perdoar-lhe-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Aí tendes
um dos ensinos de Jesus que mais vos devem percutir a inteligência e mais alto
falar ao coração. Confrontai essas palavras de misericórdia com a oração tão
simples, tão resumida e tão grande em suas aspirações, que ensinou a seus
discípulos, e o mesmo pensamento se vos deparará sempre. Ele, o justo por
excelência, responde a Pedro: perdoarás, mas ilimitadamente; perdoarás cada
ofensa tantas vezes quantas ela te for feita; ensinarás a teus irmãos esse
esquecimento de si mesmo, que torna uma criatura invulnerável ao ataque, aos
maus procedimentos e às injúrias; serás brando e humilde de coração, sem medir
a tua mansuetude; farás, enfim, o que desejas que o Pai celestial por ti faça.
Não está Ele a te perdoar frequentemente? Conta porventura as vezes que o seu
perdão desce a te apagar as faltas?
Prestai,
pois, ouvidos a essa resposta de Jesus e, como Pedro, aplicai-a a vós mesmos.
Perdoai, usai de indulgência, sede caridosos, generosos, pródigos até do vosso
amor. Dai, que o Senhor vos restituirá; perdoai, que o Senhor vos perdoará;
abaixai-vos, que o Senhor vos elevará; humilhai-vos, que o Senhor fará vos
assenteis à sua direita.
Ide, meus
bem-amados, estudai e comentai estas palavras que vos dirijo da parte daquele
que, do alto dos esplendores celestes, vos tem sempre sob as suas vistas e
prossegue com amor na tarefa ingrata a que deu começo faz dezoito séculos.
Perdoai aos vossos irmãos, como precisais que eles vos perdoem. Se seus atos
pessoalmente vos prejudicaram, mais um motivo aí tendes para serdes
indulgentes, porquanto o mérito do perdão é proporcionado à gravidade do mal.
Nenhum merecimento teríeis em relevar os agravos dos vossos irmãos, desde que
não passassem de simples arranhões.
Espíritas,
jamais vos esqueçais de que, tanto por palavras como por atos, o perdão das
injúrias não deve ser um termo vão. Pois que vos dizeis espíritas, sede-o.
Olvidai o mal que vos hajam feito e não penseis senão numa coisa: no bem que
podeis fazer. Aquele que enveredou por esse caminho não tem que se afastar daí,
ainda que por pensamento, uma vez que sois responsáveis pelos vossos
pensamentos, os quais todos Deus conhece. Cuidai, portanto, de os expungir de
todo sentimento de rancor. Deus sabe o que demora no fundo do coração de cada
um de seus filhos. Feliz, pois, daquele que pode todas as noites adormecer,
dizendo: Nada tenho contra o meu próximo. – Simeão. (Bordeaux, 1862.)
15. Perdoar aos inimigos é pedir perdão
para si próprio; perdoar aos amigos é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as
ofensas é mostrar-se melhor do que era. Perdoai, pois, meus amigos, a fim de
que Deus vos perdoe, porquanto, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se
usardes de rigor até por uma ofensa leve, como querereis que Deus esqueça de
que cada dia maior necessidade tendes de indulgência? Oh! ai daquele que diz:
“Nunca perdoarei”, pois pronuncia a sua própria condenação. Quem sabe, aliás,
se, descendo ao fundo de vós mesmos, não reconhecereis que fostes o agressor?
Quem sabe se, nessa luta que começa por uma alfinetada e acaba por uma ruptura,
não fostes quem atirou o primeiro golpe, se vos não escapou alguma palavra
injuriosa, se não procedestes com toda a moderação necessária? Sem dúvida, o
vosso adversário andou mal em se mostrar excessivamente suscetível; razão de
mais para serdes indulgentes e para não vos tornardes merecedores da invectiva
que lhe lançastes. Admitamos que, em dada circunstância, fostes realmente
ofendido: quem dirá que não envenenastes as coisas por meio de represálias e
que não fizestes degenerasse em querela grave o que houvera podido cair
facilmente no olvido? Se de vós dependia impedir as consequências do fato e não
as impedistes, sois culpados. Admitamos, finalmente, que de nenhuma censura vos
reconheceis merecedores: mostrai-vos clementes e com isso só fareis que o vosso
mérito cresça. Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão
dos lábios e o perdão do coração. Muitas pessoas dizem, com referência ao seu
adversário: “Eu lhe perdoo”, mas, interiormente, alegram-se com o mal que lhe
advém, comentando que ele tem o que merece. Quantos não dizem: “Perdoo” e
acrescentam: “mas não me reconciliarei nunca; não quero tornar a vê-lo em toda
a minha vida.” Será esse o perdão, segundo o Evangelho? Não; o perdão
verdadeiro, o perdão cristão é aquele que lança um véu sobre o passado; esse o
único que vos será levado em conta, visto que Deus não se satisfaz com as
aparências. Ele sonda o recesso do coração e os mais secretos pensamentos.
Ninguém se lhe impõe por meio de vãs palavras e de simulacros. O esquecimento
completo e absoluto das ofensas é peculiar às grandes almas; o rancor é sempre
sinal de baixeza e de inferioridade. Não olvideis que o verdadeiro perdão se
reconhece muito mais pelos atos do que pelas palavras. – Paulo, apóstolo.
(Lyon,1861.)
OS QUE SÃO
MISERICORDIOSOS O EVANGELHO Segundo o Espiritismo ALLAN KARDEC FEDERAÇÃO
ESPÍRITA BRASILEIRA Rio - Brasil 1944 Tradução de Guillon Ribeiro da 3ª
edição francesa revista, corrigida e modificada pelo autor em 1866
Medite.
A sua alma
cresce toda vez que você cresce nos pensamentos.
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