Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 30 de junho de 2024
ANOS 30 REAL
1 CHOPPS E 30 REAL
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"Sem Itamar Franco não teria havido Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda, nem a equipe que FHC atraiu, nem o Plano Real. A ele se deve a criação das condições políticas do Real."
RUBENS RICUPERO,
ex-ministro da Fazenda
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30 anos do Plano Real: o marco histórico na economia do Brasil
Depois de vários fracassos, surgia, em 1º de julho de 1994, o real, que é considerado por especialistas como um marco histórico da economia do país. Integrantes da equipe que criou a moeda contam ao Correio os bastidores de como o Brasil venceu a inflação
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"O Plano Real foi realizado durante o governo de Itamar Franco (segundo em destaque da esquerda para a direita).[1]"
"Contexto histórico do Plano Real"
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O Plano Real nasceu durante o governo de Itamar Franco, presidente do Brasil entre 1992 e 1994. Itamar Franco era um político mineiro que foi convidado por Fernando Collor de Mello a ser seu vice durante a disputa eleitoral em 1989. Apesar dos atritos de Itamar com Fernando Collor, a chapa sustentou-se e foi eleita para assumir a presidência do Brasil.
Itamar Franco assumiu oficialmente a presidência, em dezembro de 1992, quando Fernando Collor sofreu impeachment por conta dos escândalos de corrupção que estouraram nos dois primeiros anos desse governo. Quando Itamar assumiu, a grande questão que mobilizava o país era o retorno ao caminho da estabilidade econômica.
A crise econômica que o país vivia na década de 1990 era resultado das gestões do período da Ditadura Militar. Os impactos da ditadura para nossa economia foram duros e, na década de 1990, o país sofria com o endividamento externo, uma inflação elevada que impactava diretamente no aumento do custo de vida para os trabalhadores."
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Plano Real
O Plano Real foi um dos planos de estabilização econômica mais importantes da história do Brasil e por meio dele foi lançada a moeda em vigência atualmente: o real.
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Quando a imagem formada por um espelho é invertida em relação ao seu objeto, essa imagem é chamada de imagem real
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"👆Uma real e duas virtuais em 30 anos de Real, na Avenida Presidente Itamar Franco, Engenheiro Civil e Eletrotécnico. O Presidente da República que implantou 'O Plano Real', em 1º de julho de 1994, foi um marco na economia brasileira, estabilizando os preços após um período de hiperinflação."
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30 ANOS REAL / 1 CHÔPIS 30 PASTEL /
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VEJA REAL 30 ANOS / A MOEDA QUE SALVOU O BRASIL / COMO O PLANO REAL, QUE COMPLETA 30 ANOS BEM-SUCEDIDOS, O PAÍS FOI CAPAZ DE VENCER O ABOMINÁVEL TORMENTO DA HIPERINFLAÇÃO. O DESAFIO DE MANTER A ESTABILIDADE ECONÔMICA E ACHAR SOLUÇÕES PARA PROBLEMAS COMO GASTOS PÚBLICOS, PRODUTIVIDADE, CRESCIMENTO, ENTRE OUTROS / "segunda-feira, 24 de junho de 2024
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Entrevista | Pedro Malan: Brasileiro não aceita mais que hiperinflação volte
Por Lu Aiko Otta / Valor Econômico
Nos 30 anos do Plano Real, ex-ministro da Fazenda alerta que nova reforma da Previdência Social pode ser necessária ainda nesta década
Prestes a completar 30 anos no próximo dia 1º, a estabilização de preços proporcionada pelo Plano Real foi apenas um primeiro passo de um projeto de transformação da economia brasileira, disse ao Valor o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, que comandou a área econômica do governo nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Após domar a inflação, havia toda uma agenda de reformas econômicas a ser implementada. Muitas delas ainda estão sobre a mesa. É o caso do debate sobre a estrutura das despesas obrigatórias do governo, tema que foi levado na semana passada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento).
Documentos elaborados antes do lançamento do Real continuam atuais nesse debate, ressaltou o ex-ministro, que nesta terça-feira (25) lança em São Paulo, o livro “30 Anos do Real - Crônicas no Calor do Momento”, pela editora Intrínseca.
A publicação reúne artigos publicados por Malan e outros dois “pais” do plano de estabilização, Edmar Bacha e Gustavo Franco (organizador), além de um artigo escrito por Fernando Henrique Cardoso em 2019. O livro é dedicado ao ex-presidente, cuja liderança política é apontada como peça fundamental do sucesso do plano de estabilização.
O propósito do livro não é trazer bastidores sobre a elaboração do plano, e sim discutir a tentativa de consolidação do projeto do Real ao longo dos últimos 30 anos, além de contribuir para o debate atual, explicou o ex-ministro.
Organizado em seis partes - primeiros anos, dez anos, 15 anos, 20 anos, 25 anos e 30 anos -, mostra a batalha da construção do tripé macroeconômico que persiste até hoje e como o projeto resistiu à alternância do poder, com a eleição de Lula em 2002.
O Real completou 20 anos em meio ao experimento da Nova Matriz Macroeconômica e, na definição de Franco à época, o momento “mais cercado de dúvidas sobre a coisa conquistada”.
Também hoje há o debate em torno da adoção de uma política keynesiana, apesar dos resultados da tentativa anterior. Ao mesmo tempo, outros integrantes do governo se esforçam para colocar em debate a estrutura do orçamento - algo que deve ser intensificado, na visão do ex-ministro.
“Acredito que a história é um diálogo infindável entre o passado e o futuro”, afirmou ele, a respeito do livro. “O objetivo é mostrar como essas coisas estão ligadas: o passado estabelece certas restrições, mas também certas oportunidades e possibilidades que o futuro sempre encerra.”
A seguir, os principais trechos da entrevista.
O pré-Real - não foi só o “Larida”
Havia um debate acadêmico uma década antes do lançamento do Real. Para muitos, o ponto de partida é o trabalho do André Lara Resende e Persio Arida [Larida], mas houve várias outras contribuições. Em 1977 começou a ser conversada a criação do programa de mestrado e de ensino e pesquisa do Departamento de Economia da PUC [do Rio]. O Dionísio Dias Carneiro organizou um livro e tem um excelente artigo chamado “Brasil, Dilemas de Política Econômica”, que vale a pena ser lido hoje. Meu artigo é sobre o setor externo, o do Francisco Lopes, sobre problemas da inflação no Brasil, o do Rogério Werneck, sobre crescimento rápido e equidade distributiva.
O pré-Real - planos fracassados
Teve um aprendizado com a experiência de seis tentativas de estabilização: Cruzado I, Cruzado II, de 1986, o Plano Bresser, de 1987, Plano Verão, na virada de 1988 para 1989, Plano Collor I, em 1990, Collor II, em 1991. Foi uma tentativa de, na prática, lidar com a marcha da insensatez que era a inflação brasileira: estava em 20% no início dos anos 1970, mais de 40% em meados dos anos 1970, 100% em 1980, 240% em 1985, 1.000% em 1988, 1989, 2.300% em 1993.
Origem da força do Real - aprendizados
Houve um aprendizado derivado da discussão acadêmica de uma década. E as tentativas de estabilização, que, se não deram certo, têm aprendizados e envolvidos. O Edmar Bacha, o André Lara e o Persio, por exemplo, se envolveram muito no Cruzado e descobriram a força enorme do efeito do congelamento de preços sobre o sistema político e sobre o eleitorado. Era para durar pouco tempo, mas durou até as eleições. [Nas eleições daquele ano, o PMDB elegeu 22 dos então 23 governadores.]
Origem da força do Real - o time
A força do Real vem de uma da combinação única. Primeiro, a ida de Fernando Henrique Cardoso do Ministério das Relações Exteriores para o da Fazenda, na terceira semana de maio de 1993. E da capacidade de um político experimentado como o Fernando Henrique. Ele conseguiu juntar em torno de si um grupo de pessoas: Clóvis Carvalho como secretário-executivo; Winston Fritsch e Gustavo Franco para a Secretaria de Política Econômica; Edmar Bacha, que não pôde assumir uma posição lá. E, em agosto de 1993, ele conseguiu atrair para o governo a mim, ao André Lara e ao Persio. E foi ali, em agosto de 1993, que formou-se a massa crítica que permitiu um ataque à inflação.
Origem da força do Real - o povo e as urnas
A força do Real foi o seu sucesso e a aceitação que teve por parte da população. Vem do fato que a esmagadora maioria da população brasileira hoje percebe que a preservação da inflação sob controle é a preservação do poder de compra do salário do trabalhador brasileiro. E antes - para usar uma expressão do Millôr Fernandes - sobrava cada vez mais mês no fim do salário do trabalhador. É a preservação do poder de compra das transferências diretas de renda, que hoje assumiram uma dimensão extraordinariamente significativa no Brasil. Para ter uma ideia: dos 26 Estados brasileiros mais Distrito Federal, em 15 a população que recebe essas transferências diretas de renda é superior àquela que tem carteira assinada. Então, eu acho que criou raízes entre nós a ideia de que qualquer governante que tenha uma atitude excessivamente leniente, complacente, descuidado com a inflação será punido nas urnas. É uma característica da democracia que é importante preservar. Isso não aparecia com clareza durante a vigência do regime militar, mas numa democracia é muito importante essa consideração.
Sem risco de retrocesso no Real
Acho que não voltaremos, em hipótese alguma, àquele tipo de hiperinflação que nós tivemos. Porque o governo no qual essa aceleração começa certamente é substituído nas urnas pelo eleitorado, que percebeu a importância da preservação da inflação sob controle.
Ajuste fiscal, velho desafio
Há alguns marcos importantes. Eu mencionei aqui que o Fernando Henrique foi nomeado ministro da Fazenda em maio de 1993. Três semanas depois, o governo lançou um Programa de Ação Imediata (PAI). Ele merece ser lido hoje. São 13 ou 14 páginas, que começam lembrando que só havia quatro países no mundo que tinham inflação de mais de 1.000%. Eram a Rússia - o império soviético havia colapsado dois anos antes -, a Ucrânia, associada a isso, e o Congo, em guerra civil. E o Brasil era o quarto desses países. As outras eram economias totalmente desarticuladas, mas o Brasil não. A economia, bem ou mal, com a indexação, ela vinha funcionando, mas a hiperinflação era o grande desafio. Esse Programa de Ação Imediata, ele fala abertamente, no começo, da desordem das contas públicas.
Dívida externa
Outro marco importante foi que em 29 de novembro de 1993 nós encerramos o processo de renegociação da dívida externa brasileira. Assinamos nosso acordo com 700 e tantos credores privados do Brasil. O acordo com os credores oficiais já havia sido alcançado em janeiro de 1992.
Real sem susto
E teve um documento que eu acho fundamental. No dia 7 de dezembro de 1993, o Ministério da Fazenda encaminhou ao presidente Itamar Franco uma exposição de motivos - 395, se não me engano. O primeiro pilar ali era a parte fiscal. O equilíbrio tinha que ser obtido para o biênio 1994-95, e exigia ações no Congresso. O segundo era uma lista grande das propostas de emendas constitucionais. E o terceiro era a reforma monetária. Foi dito que nós estaríamos lançando uma unidade de conta, uma referência para contratos [a Unidade Real de Valor, URV]. Ela não teria propriedade de meios de pagamento de início, mas circularia, estaria em vigência junto com o Cruzeiro Real, que era a moeda, até que a economia se recontratasse em URVs. Quando aquela recontratação tivesse assumido um certo ponto, ela seria convertida no Real, como foi.
Consolidação do Real - reformas
Nós estamos comemorando agora os 30 anos do lançamento do Real, mas também os 25 anos e meio do regime de taxa de câmbio flutuante, os 25 anos agora em junho do regime de metas de inflação, os 24 anos da Lei de Responsabilidade Fiscal. E fizemos inúmeras reformas ao longo desse período, ainda nos anos 1990. Reduzimos o número de bancos estaduais de mais de 30 para pouco mais de meia dúzia. Vários deles estavam insolventes, não podiam sobreviver após perder a receita inflacionária. Fizemos capitalização do Banco do Brasil e da Caixa, interviemos nos bancos privados - houve processo de consolidação, vários foram liquidados. Fizemos privatização de siderúrgica, do setor elétrico, das telecomunicações.
Além da inflação, social
As transferências diretas de renda começaram ainda no governo Fernando Henrique Cardoso. Entre 3,5 milhões e 4 milhões já recebiam transferências diretas de renda sob várias denominações. O Lula, depois de tentar o Fome Zero, juntou todos os programas do governo Fernando Henrique Cardoso.
Vai mudar?
Essa é a discussão do momento, não é? Acho que o segundo governo Lula, assim como o primeiro, foi ajudado enormemente por um ciclo [de crescimento da economia global] que foi o mais longo, o mais profundo e o mais amplamente disseminado da história. Aquilo se expressou no apoio que ele recebeu nas urnas, a eleição para Lula 2, e depois fazer a sua sucessora em 2010. O que eu acho é que a ideia de que é possível fazer uma aceleração do crescimento através de uma política keynesiana de caráter permanente, é aquilo que o André Lara Resende chamou de armadilha macroeconômica brasileira. Quando a demanda cresce de maneira significativa, na expectativa de que a oferta doméstica responda em prazo hábil [mas isso não ocorre], o país enfrenta pressões inflacionárias ou então desequilíbrio em balanço de pagamentos, porque passa a depender de importações. Então, não bastam as intenções.
Revisão de gastos
Isso é algo que vem sendo cobrado há muito tempo. Não é simples, não é trivial. Escrevi em 14 de abril deste ano um artigo que se chama “Em Busca da Eficiência no Gasto Público”. E eu faço menção a uma entrevista coletiva da presidente Dilma Rousseff no fim de outubro de 2014, logo após a eleição. Eu vou citar textualmente: “Ao longo do governo, você descobre várias contas que podem ser reduzidas. O que vamos tentar é um processo de ajuste em todas as contas do governo. Vamos revisitar cada uma e olhar com lupa o que dá para reduzir, o que dá para tirar, o que dá para modificar”. E eu escrevi: “Surpreendentes palavras. Tardias, sem dúvida, para quem passara cinco anos e meio como ministra-chefe da Casa Civil e mais quatro na Presidência da República”. E não deixei de notar que os jornais registraram também o recado complementar da presidente Dilma: “Mas estou dizendo que vou manter o emprego e a renda, ponham na cabeça isso”. Os brasileiros de boa informação e memória sabem o que aconteceu com essas duas variáveis em 2015 e 2016. No segundo mandato de Dilma, nós tivemos uma recessão seriíssima, derivadas das dificuldades de fazer isso que ela intuiu muito tardiamente: que é preciso tentar um processo de ajuste. Não é trivial, mas governar é fazer escolhas, definir prioridades.
Indústria naval
É perfeitamente razoável que se queira expandir os gastos em uma determinada coisa considerada prioritária pelo governo. Mas a boa prática sugere identificar qual é a fonte de financiamento e, segundo, qual é o outro gasto que será reduzido ou modificado. Não basta a intenção de construir uma indústria naval que vai competir com as melhores do mundo porque é desejável o objetivo. Nossa experiência mostra que nem sempre tudo que é desejável é factível. Exige discussão, e o locus dessa discussão deve ser o Orçamento, assim nos outros países do mundo.
Nova reforma da Previdência
No nosso Orçamento sobram menos de 10% para decisões discricionárias de gasto. A tendência é que esse espaço, que já é muito reduzido hoje, vá se reduzindo a ponto de - se nada for feito até lá - praticamente desaparecer. É uma questão de longo prazo, mas tem que ter consciência dela. Decisões difíceis têm que ser tomadas. Eu espero que isso tenha lugar ao longo dos próximos três anos, e nos próximos quatro que se seguirão depois, pelo menos. Tem questões de longuíssimo prazo: a área de demografia e previdência. Nós vamos ter uma nova reforma da Previdência Social, em algum momento, logo no começo dos anos 2030 - se não antes. Porque as pessoas precisam fazer conta.
Luz no fim do túnel
Mas não significa que não haja solução. Eu acho que tem solução para isso, mas o grau de percepção da natureza do problema tem que ser maior do que tem sido até o momento. Tem aumentado. Eu acho que tem gente no governo que está fazendo um esforço sério para tentar fazer com que essa questão assuma uma importância crescente no debate público.
O livro
Não é um livro que procura contar uma história de bastidores. E não é que alguém agora, neste ano de 2024, com o benefício de sabedor de tudo o que aconteceu, fala sobre o que aconteceu. Foram textos escritos no calor da hora. Mostram a nossa preocupação com o processo de consolidação do Real. Para nós, era uma agenda pós-Real, e ela se confundia, era parte integrante, da própria agenda do desenvolvimento econômico, social e político-institucional do Brasil. Acredito que a história é um diálogo infindável entre o passado e o futuro. O objetivo é mostrar não só o que aconteceu, para revolver a memória, mas para mostrar como essas coisas estão ligadas: o passado estabelece certas restrições, mas também certas oportunidades e possibilidades que o futuro sempre encerra." / "segunda-feira, 24 de junho de 2024
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Fernando Gabeira - Limites da paciência popular
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O Globo
O papel da sociedade poderia ser estendido a discussões mais áridas, como a qualidade dos gastos do governo
A reação social a dois projetos, sobre aborto e praias, abre caminho para alguns ensinamentos. O primeiro deles, e mais óbvio, revela que as pessoas não querem retrocesso, sobretudo os que podem nos fazer voltar à Idade Média, sem algumas qualidades daquela fase histórica.
Isso acende um sinal amarelo para as forças conservadoras, sobretudo as que investem contra o Estado laico e querem substituir a Constituição pela Bíblia.
Creio que o campo oposto, o governista, também tem material para refletir sobre o que se passou nas últimas semanas. Talvez tenha de rever a ideia de que o foco único de seu esforço seja a economia. Alguns especialistas em eleições repetem a frase: “É a economia, estúpido”. E muitos acreditaram que tudo realmente se resume à economia, ou que as pessoas são apenas fisiológicas, como alguns políticos que as representam.
Numa volumosa pesquisa feita pela Universidade de Oxford na Europa, no fim do século XX, foi possível produzir um tomo chamado “O impacto dos valores”. Em 1995 já havia expectativa de mudança de valores, derivada da sensação de segurança econômica e física experimentada nos anos do Pós-Guerra. Essa mudança apontava para o declínio da preocupação material que sempre esteve no centro dos conflitos, abrindo caminho a uma sociedade mais impessoal, participativa, valorizando autoexpressão e estética.
As coisas mudaram, a Europa hoje vive certa insegurança, marcada pelo avanço da extrema direita e uma reação ao processo migratório. Mas a vertente pós-material não desapareceu no Ocidente e, fragmentariamente, também existe em sociedades complexas como a brasileira.
A visão de um mundo dominado pelo conflito de classes, e só por ele, já não corresponde a toda a realidade. Da mesma forma, a suposição de que um governo, e só ele, apenas o próprio presidente, é responsável por fazer as coisas andarem é muito precária. Às vezes, a autoestima do próprio governante produz promessas do tipo “vou trazer a felicidade” e involuntariamente exclui o papel da própria sociedade.
O que aconteceu nas últimas semanas mostra que o papel da sociedade é essencial e poderia ser estendido também a discussões mais áridas, como a qualidade dos gastos do governo.
Um debate eleitoral centrado em valores favorece a direita que trabalha com o medo e o fato real de que a maioria tende a uma posição conservadora. Mas isso não significa que todas as suas propostas, sobretudo as que implicam retrocesso, sejam aceitas. A compreensão desses fatos pode animar os deputados que se sentem em minoria, mas descobrem que há uma força latente na sociedade capaz de ajudá-los.
Acho necessário criar uma barreira social para todos os absurdos produzidos no Congresso. Alguns passam batidos, como o perdão para os partidos. Eles criam regras, anistiam-se a si próprios e querem pagar as multas com dinheiro público. É fantástica a sensação de onipotência. Esses fatos, mesmo sem oposição ruidosa na sociedade, acabam contribuindo para acumular revolta.
A vantagem das reações pontuais é corrigir o rumo no cotidiano. Se as coisas seguem sem controle, o Parlamento vai ao limite, e a reação social acaba explodindo em algum momento, como aconteceu em 2013. Em horas como essas, alguns desavisados se perguntam:
— Todo esse barulho por causa de 20 centavos?
Vinte centavos no transporte público, ou qualquer outra pequena fagulha, bastam para incendiar o circo.
Se a sociedade vigiar um pouco mais não só o que se passa com deputados, mas também essa história dos gastos do governo, evitará situações extremas. Entregues a si próprios, os políticos tendem a caminhar para o abismo.
É mais forte que eles."
ChatGPT
Entrevista com Pedro Malan: Reflexões sobre os 30 anos do Plano Real
Contexto histórico:
O Plano Real, implementado em 1º de julho de 1994, foi um marco na economia brasileira, estabilizando os preços após um período de hiperinflação. A taxa de inflação, que alcançou níveis alarmantes de mais de 2.000% ao ano, foi drasticamente reduzida. O plano incluiu a criação de uma nova moeda, o Real, e medidas fiscais rigorosas.
Principais pontos da entrevista:
Continuidade das Reformas:
Pedro Malan destacou que a estabilização dos preços foi apenas o início de uma série de reformas econômicas necessárias.
Muitas dessas reformas ainda estão em discussão, como a estrutura das despesas obrigatórias do governo.
Importância da Liderança Política:
A liderança de Fernando Henrique Cardoso foi crucial para o sucesso do Plano Real.
Malan ressalta a formação de uma equipe econômica forte, incluindo nomes como Edmar Bacha, Gustavo Franco, André Lara Resende e Persio Arida.
Aprendizado das Tentativas Fracassadas:
Antes do Real, várias tentativas de estabilização, como os Planos Cruzado, Bresser e Collor, falharam, mas forneceram lições valiosas.
A experiência acumulada ajudou na formulação do Plano Real.
Aceitação Popular:
O sucesso do Plano Real foi amplamente aceito pela população, que viu a preservação do poder de compra dos salários.
A percepção de que a inflação controlada é crucial para a estabilidade econômica é uma conquista duradoura.
Desafios Futuros:
Malan alerta para a necessidade contínua de ajustes fiscais e reformas, especialmente na Previdência Social.
Ele prevê que uma nova reforma da Previdência será necessária no início dos anos 2030.
Lições para o Futuro:
A história econômica do Brasil demonstra que governar envolve fazer escolhas difíceis e definir prioridades.
A importância de manter o debate público sobre questões econômicas e fiscais é enfatizada.
Reflexões de Fernando Gabeira: O Papel da Sociedade
Contexto:
Fernando Gabeira, jornalista e político, refletiu sobre o papel da sociedade brasileira na vigilância das ações do governo e na promoção de mudanças significativas.
Principais pontos:
Reações Sociais Recentes:
Gabeira observa que recentes reações sociais a projetos controversos mostram a resistência da população a retrocessos.
Ele sugere que o foco exclusivo na economia pode ser insuficiente, e valores e direitos sociais também são cruciais.
Impacto dos Valores:
Uma pesquisa da Universidade de Oxford mostrou que mudanças nos valores sociais podem influenciar políticas e governança.
A sociedade valoriza cada vez mais a autoexpressão e a participação cívica.
Vigilância e Participação:
Gabeira destaca a necessidade de a sociedade ser mais vigilante em relação aos gastos públicos e ações dos políticos.
A pressão popular pode corrigir rumos e evitar crises políticas e econômicas.
Reformas e Limites:
A importância de debater e ajustar os gastos governamentais é ressaltada.
Gabeira alerta para a tendência dos políticos de buscar o limite de suas ações, o que pode levar a reações extremas da sociedade.
Conclusão:
Os 30 anos do Plano Real representam não apenas uma conquista econômica, mas também um ponto de reflexão sobre a importância de reformas contínuas e a vigilância da sociedade para garantir a estabilidade e o progresso do Brasil.
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Plano Real: 30 anos do projeto econômico que transformou o Brasil - Forbes
"👆Uma real e duas virtuais em 30 anos de Real, na Avenida Presidente Itamar Franco, Engenheiro Civil e Eletrotécnico. O Presidente da República que implantou 'O Plano Real', em 1º de julho de 1994, foi um marco na economia brasileira, estabilizando os preços após um período de hiperinflação."
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Saudosa Maloca Adoniran Barbosa
Adoniran Barbosa
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1 CHOPPS E 30 REAL
30 ANOS REAL / 1 CHÔPIS 30 PASTEL / VEJA REAL 30 ANOS / A MOEDA QUE SALVOU O BRASIL / COMO O PLANO REAL, QUE COMPLETA 30 ANOS BEM-SUCEDIDOS, O PAÍS FOI CAPAZ DE VENCER O ABOMINÁVEL TORMENTO DA HIPERINFLAÇÃO. O DESAFIO DE MANTER A ESTABILIDADE ECONÔMICA E ACHAR SOLUÇÕES PARA PROBLEMAS COMO GASTOS PÚBLICOS, PRODUTIVIDADE, CRESCIMENTO, ENTRE OUTROS."**
"uma real e duas virtuais" para iniciar com letra maiúscula e melhor divisão das frases para clareza.
Concordância Verbal e Nominal: Ajustado "Engenheiro Civil e Eletrotécnico. o Presidente da República" para "Engenheiro Civil e Eletrotécnico. O Presidente da República".
Ortografia: Mantida a brincadeira com "1 CHOPPS E 30 REAL" e "1 CHÔPIS 30 PASTEL" como homenagem a Adoniran Barbosa.
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Saudosa Maloca
Os Originais do Samba
Letra
Significado
Joga as cascas pra lá
Joga as cascas pra lá
Joga as cascas pra, meu bem
Se o sinhô não tá lembrado
Dá licença de contar
Já que aonde agora está
Esse ardifício árduo
Era uma casa velha
Um palacete assobradado
Foi aqui, seu moço, que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca
Mas, um dia, nóis nem pode se alembrá
Veio os home com as ferramenta
O dono mandou derrubá
Peguemos todas nossas coisas
E fumos pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nóis sentia
Cada táuba que caia
Doia no coração
Mato Grosso quis gritá
Mas em cima eu falei
Os home tá com a razão
Nóis arranja outro lugar
Só se conformemos
Quando o Joca falou
Deus dá o frio conforme o cobertô
E hoje nóis pega paia
Nas grama do jardim
E pra esquece nóis cantemo assim
Saudosa maloca, maloca querida
Dim dim donde nóis passemos dias feliz de nossa vida
Saudosa maloca, maloca querida
Dim dim donde nóis passemos dias feliz de nossa vida
Joga as cascas pra lá
Joga as cascas pra lá
Joga as cascas pra lá, meu bem
Joga as cascas pra lá
Joga as cascas pra lá
Joga as cascas pra lá, meu bem
Joga as cascas pra lá
Joga as cascas pra lá
Joga as cascas pra lá, meu bem
Composição: Adoniran Barbosa.
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Adoniran Barbosa é, de fato, um ícone da cultura paulista, e sua obra "Saudosa Maloca" é um hino da classe trabalhadora brasileira. Aqui está a versão revisada do editorial, incluindo a brincadeira e homenagem a Adoniran Barbosa:
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Plano Real: 30 anos do projeto econômico que transformou o Brasil - Forbes
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30 Anos do Plano Real - Um Marco de Estabilidade Econômica e Democrática no Brasil
Em 1º de julho de 1994, o então Presidente da República, Itamar Franco, Engenheiro Civil e Eletrotécnico, implementou 'O Plano Real', um marco na economia brasileira que estabilizou os preços após um período de hiperinflação. Ao celebrarmos os 30 anos desta conquista, reconhecemos a coragem e a visão de um líder capaz de congregar todas as forças que resistiram bravamente aos descalabros do sistema econômico que levou o Brasil à chamada Década Perdida de 1980.
O Plano Real, completando três décadas de sucesso, salvou o Brasil de um abominável tormento. A hiperinflação corroía a economia, destruindo o poder de compra e gerando insegurança. Itamar Franco, com determinação e compromisso, conduziu o país para longe deste caos, demonstrando que era possível estabilizar a economia e restaurar a confiança no futuro.
Hoje, celebramos não apenas a moeda que salvou o Brasil, mas também o espírito de um governo que soube respeitar as instituições democráticas dentro de um Estado de Direito. A estabilização econômica alcançada com o Plano Real trouxe inúmeros desafios, entre eles, a necessidade contínua de manter a estabilidade econômica e encontrar soluções para problemas como gastos públicos, produtividade e crescimento. Entretanto, o êxito desta política não pode ser subestimado: foi um pilar fundamental para que o país pudesse avançar no desenvolvimento e na diminuição das gritantes desigualdades sociais que fazem parte de nossa história.
O legado de Itamar Franco e do Plano Real é, portanto, um testemunho da importância de uma liderança comprometida com o bem-estar da nação e com a construção de um futuro próspero e igualitário para todos os brasileiros. Esta vitória do Real é também a vitória de todos aqueles que resistiram ao regime autoritário e insistiram em remar contra a maré, em favor da marcha democrática e do Estado de Direito. Ao olhar para trás, vemos que a resistência das forças que não violaram a Constituição de 1946, pelos idos de 1964, permitiu que o Brasil trilhasse o caminho do respeito às instituições democráticas. É esta herança de estabilidade e desenvolvimento que celebramos hoje, com gratidão e esperança renovada para os próximos 30 anos.
**"1 CHOPPS E 30 REAL"
30 ANOS REAL / 1 CHÔPIS 30 PASTEL / VEJA REAL 30 ANOS / A MOEDA QUE SALVOU O BRASIL / COMO O PLANO REAL, QUE COMPLETA 30 ANOS BEM-SUCEDIDOS, O PAÍS FOI CAPAZ DE VENCER O ABOMINÁVEL TORMENTO DA HIPERINFLAÇÃO. O DESAFIO DE MANTER A ESTABILIDADE ECONÔMICA E ACHAR SOLUÇÕES PARA PROBLEMAS COMO GASTOS PÚBLICOS, PRODUTIVIDADE, CRESCIMENTO, ENTRE OUTROS."**
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domingo, 30 de junho de 2024
Roberto Luis Troster - 40 anos do real
Correio Braziliense
O correto seria falar do processo do real, e de 40 anos em vez de 30. A bem da verdade, começou em 1984, com a publicação do trabalho conhecido como proposta Larida, de Pérsio Arida e André Lara Resende
Mais do que plano, o correto seria falar do processo do real, e de 40 anos em vez de 30. A bem da verdade, começou em 1984, com a publicação do trabalho conhecido como proposta Larida, de Pérsio Arida e André Lara Resende, e teve como última medida a publicação do decreto presidencial oficializando a meta de inflação contínua em 3%, na quarta-feira passada, 26 de junho de 2024.
Não foi uma ideia mágica que fez a mudança. Foi um trabalho que combinou teoria econômica, habilidade política, aprendizado com os erros e criatividade. Além da proposta Larida, que inspirou o Plano Real, houve um processo de aprendizado com o Plano Cruzado, em 1986, depois o Plano Bresser, o Plano Verão, o Plano Collor I e o Plano Collor II. Todos fracassaram em acabar com a inflação, mas deixaram ensinamentos para a formulação do Plano Real.
Um ensinamento importante foi a comunicação. Enquanto os planos anteriores eram comunicados na véspera, o Real começou a ser anunciado quase um ano antes. A academia, a classe política e a população tiveram explicações detalhadas das causas da inflação e da estratégia proposta para acabar com ela.
As primeiras medidas foram em 1993, com destaque para a abertura da caixa-preta, que deu mais transparência à atuação do Banco do Brasil e melhorou o controle das políticas monetária e cambial. Outra medida foi a criação do Fundo Social de Emergência, que facilitou a geração de superavits fiscais.
Em 1º de março de 1994, começou a fase da Unidade Referencial de Valor (URV) e atrelou todos os preços em cruzeiros reais ao novo padrão, que era alterado diariamente. Em 1º de julho, data comemorada amanhã, foi feita a transição, e a sincronização retirou pressões inflacionárias da nova moeda, o real.
No primeiro semestre do Plano Real, tentou-se o controle de agregados monetários, que foi substituído pelo uso da taxa de juros como principal instrumento. A política cambial também mudou; em um primeiro momento, até março de 1995, flutuou e, depois, passou a ser desvalorizado à taxa de 7% ao ano.
A boa comunicação explicando o real foi importante para a sua aceitação. Foi majoritária, mas não total. O fracasso dos cinco planos anteriores, todos diferentes entre si, deixou a sensação de que era mais um apenas para alguns. O convencimento de que esse era definitivo demorou, mas chegou.
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O sucesso inicial foi meritório, a economia cresceu e a inflação despencou. Todavia, os sinais de esgotamento apareceram em 1997, com um desempenho mais fraco da atividade econômica e pressões fortes no balanço de pagamentos. O governo atuou dois anos depois, quando desvalorizou o real, adotou o regime de metas de inflação e a lei de Responsabilidade Fiscal. Corrigiu a rota.
Outro avanço foi uma abertura maior do sistema financeiro, permitindo a entrada de mais bancos estrangeiros, uma maior transparência do mercado e uma preocupação com uma regulamentação mais eficiente. Por outro lado, registraram-se algumas falhas na gestão prudencial, na questão cambial e no controle dos agregados monetários.
Dois pontos a destacar: regimes de política econômica se esgotam no tempo e o imobilismo tem custos. Na maioria dos casos, as alterações de rota ocorrem, ou após uma crise, ou após uma mudança de governo. Um dos méritos do Plano Real é que alguns dos ajustes se anteciparam aos problemas. A medida de meta contínua de inflação em vez da meta do ano-calendário, oficializada semana passada, é um exemplo.
O Plano Real promoveu uma transformação estrutural irreversível na economia brasileira e criou condições para um desenvolvimento sustentável. Mais que um plano de estabilização criativo e eficiente, foi, e continua sendo, um processo de ajustes ao longo do tempo, em que todos os governos deram sua contribuição.
Há necessidade de mais ajustes para que o país usufrua mais do potencial que o Plano Real propicia. Há também uma agenda de reformas que deve ser retomada. Existem alguns problemas estruturais importantes que devem ser superados — entre os quais, podem ser destacados a tributação das operações financeiras, o controle fiscal, a reforma administrativa e o regime cambial. Um passo de cada vez faz com que o Brasil avance cada vez mais.
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Economia Dia a Dia com o Prof. Roberto Luis Troster
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