Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 9 de junho de 2024
"REFORMISTA CONVICTA" E "OS MENINOS DO PT"
domingo, 9 de junho de 2024
Morre, aos 94 anos, a economista Maria da Conceição Tavares
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Cássia Almeida / O Globo
Referência no pensamento desenvolvimentista, a portuguesa de nascimento e brasileira de coração, deixa dois filhos, dois netos e um bisneto
A economista Maria da Conceição Tavares morreu neste sábado em Nova Friburgo aos 94 anos. Referência do pensamento desenvolvimentista no país, sem papas na língua, a portuguesa de nascimento e brasileira de coração, formou uma geração de economistas no país que têm decidido o destino econômico do Brasil nas últimas décadas. Ela deixa dois filhos, Laura e Bruno, dois netos, Ivan e Leon e o bisneto Théo. A família não divulgou a causa da morte.
A sua festa de 80 anos, em 2010, na Casa do Minho, exatamente em frente ao prédio onde morava no Cosme Velho, encheu o lugar de ex-governadores, ex-ministros da Fazenda, da Saúde e por aí vai. Dois candidatos à Presidência, Dilma Rousseff e José Serra, dividiram a mesa com a economista. Foram seus alunos Fernando Henrique Cardoso, Guido Mantega, Pedro Malan, Luciano Coutinho, João Manuel Cardoso de Melo, Carlos Lessa, Luís Gonzaga Beluzzo, José Luis Fiori e Aloizio Mercadante
O respeito pelo conhecimento da mais provocativa economista brasileira se soma ao carisma da professora da Unicamp e da UFRJ, que conseguia hipnotizar uma plateia de jovens, entrantes na faculdade de Economia, por mais de uma hora, como na aula magna que lotou o auditório Pedro Calmon, no campus da UFRJ na Urca. Era 2009.
Nascida em 24 de abril de 1930, em plena Grande Depressão, temia aquele início de ano, quando o Brasil e o mundo viviam a recessão: “Nasci numa depressão e vou morrer noutra”, falou, para ser desmentida pela realidade. Em abril de 2018, estava de volta àquele mesmo palco para receber homenagem pelos seus 88 anos.
Em entrevista concedida ao GLOBO, um pouco antes, disse que estava pessimista com o Brasil e esperava que os jovens pudessem ajudar o país a sair da crise política e econômica.
—É difícil não ficar pessimista hoje no Brasil. Tem alguém otimista que você conheça? Nem eu. Essa geração de jovens que faça paralisações, mova-se. Tirando os jovens, estamos mal. Eu não gostaria nada de estar velha e pessimista, nada. É péssimo, queria uma velhice feliz, do jeito que está não estou tendo. O que me dá um certo alívio é que tem uma geração de jovens para entrar. O que está aí é um lixo.
Maria da Conceição Tavares chegou ao Brasil em 1954, três anos depois, tornou-se cidadã brasileira. Intensa, neutralidade nunca fez parte do seu vocabulário. Combateu ferozmente a política econômica do regime militar e os planos liberais dos governos de Fernando Henrique Cardoso.
Chorou em frente às câmeras de TV na defesa do Plano Cruzado, nos anos 1980, em um dos momentos mais marcantes daquela época de euforia que o congelamento dos preços trouxe ao povo brasileiro, a crença de que finalmente a inflação tinha sido vencida. A preservação dos ganhos dos trabalhadores foi a razão para essa defesa emocionada na frente das câmeras de televisão, contou ela 30 anos depois:
— Pela primeira vez se fazia um plano anti-inflacionário que não prejudicava o trabalhador. Isso é comovedor, todos os outros, como este agora também (referindo-se ao ajuste fiscal promovido em 2015), provocaram recessão, desemprego e queda de salários. Acompanhei o plano todo, até que capotou de maneira estrondosa.
Na homenagem à professora no seu aniversário de 80 anos, José Luís Fiori, da UFRJ, escreveu: "Poucos professores no mundo, ao chegar aos 80 anos, poderão assistir a uma eleição da importância da que ocorrerá no Brasil, em 2010, e saber que os dois principais candidatos foram seus alunos, e se consideram, até hoje, seus discípulos”.
Em nota, o presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, citou a contribuição da professora "para a construção do BNDES, instituição na qual ela entrou concursada em 1958"
"Destaco também que Conceição ajudou na concepção e na implantação do Plano de Metas. Nas palavras de Mercadante, o Brasil hoje perde "uma referência intelectual de integridade e de compromisso com o Brasil e com o povo brasileiro."
Prisão e exílio no Chile
Ela não passou incólume ao período da ditadura militar. Exilou-se no Chile, trabalhando na Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), sendo a principal defensora e estudiosa do modelo nacional desenvolvimentista, com substituição de importações.
É obrigatório seu texto de 1972, “Auge e Declínio do Processo de Substituição de Importações no Brasil - Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro”, escrito quando estava no Chile. Foi criadora, junto com Mário Henrique Simonsen, Delfim Netto e João Paulo dos Reis Velloso da pós-graduação em economia no Brasil e do Instituto de Economia da Unicamp.
No período militar, chegou a ser presa sem saber muito bem o motivo. Era 1974, e ela passou 48 horas nos porões do DOI-Codi, no Rio. Os enviados do então presidente Ernesto Geisel demoraram a encontrá-la. Foi vítima de uma briga de poder no regime entre Geisel e os aparelhos de repressão.
O amigo Mario Henrique Simonsen foi quem a tirou da cadeia: “Foi desagradável, celas muito nojentas, geladas, pintadas de branco, um frio desgraçado. Não fui torturada nem nada, mas fui ameaçada. Pelo menos não sumiram comigo.” contava.
As discussões com o amigo Simonsen eram antológicas. Ambos lecionavam na Fundação Getulio Vargas. Só que Conceição assistia às aulas de Simonsen, e os alunos se deliciavam com as discussões:
— Mário era ortodoxo. Se tivesse inflação, valia tudo até desemprego. No fundo, defendia a política do regime (Simonsen foi ministro da Fazenda de 1974 a 1979). Então, no debate, não estávamos de acordo em nada (risos).
Foi deputada federal pelo Rio de Janeiro entre 1995 e 1998 pelo PT. Seu lema de campanha era “esta é boa de briga”. Foi a segunda mais votado pelo PT no Rio:
— Vou infernizar o ministro da Fazenda, quer seja o meu, quer seja o deles — dissera na época.
Em 2004, Aloízio Mercadante disse sobre a professora:
— Ela é uma referência obrigatória. Pode-se divergir, mas não há como não respeitá-la. Ela é a matriarca, e Celso Furtado, o patriarca, de uma geração. São pessoas que se dedicaram ao Brasil e se mantiveram íntegras.
Livros foram mais de uma dezena, ganhou o Prêmio jabuti de Economia em 1998.
Casou-se duas vezes. O primeiro casamento foi com o engenheiro português Pedro José Serra Soares com quem teve a filha Laura e o segundo com o professor de Ciências Biológicas da UFRJ, Antônio Carlos de Magalhães Macedo, pai de seu filho Bruno. Teve dois netos, Leon e Ivan.
Ela era vascaína e o futebol, nos últimos tempos, tomou mais tempo da economista do que a própria economia, como ela falou ao “Valor”, em 2012: “Se for para falar de tudo, prefiro futebol. Passei a gostar mais de futebol do que de economia. Felizmente, a imprensa do Rio parou de falar da crise no Flamengo. Antes da Olimpíada só dava saída do Ronaldinho Gaúcho, queda do Joel Santana, entrada do Dorival Júnior…”
Foi contra o Plano Real, não acreditava na época que desse certo e chegou a classificá-lo como algo “muito conservador e recessivo, um horror”. A crítica era o arrocho salarial embutido, diante do congelamento dos salários por um ano. Enganou-se, o plano deu certo e estabilizou os preços.
Conceição comprou brigas. Contra o Real e o achatamento salarial e até contra o primeiro governo do PT. Chegou a chamar de débeis mentais assessores do então ministro da Fazenda Antonio Palocci. Eles defendiam a focalização da política social. Conceição defendia a universalização como está na Constituição: saúde, assistência social e educação para todos.
“Não sou da área social e estou histérica. Temos políticas universais há mais de 30 anos. Somos o único país da América Latina que tem políticas universais. A focalização foi experimentada e empurrada pelo Banco Mundial na goela de todos os países e deu uma cagada. Não funciona nada”, disse a economista em 2003 à Folha de S.Paulo.
A amiga pessoal e vizinha, Hildete Pereira de Mello organizou livro sobre ela com os ensaios: “Conceição cientista e mulher política se confundem; ela rompeu todas as barreiras que ainda hoje relegam às mulheres tanto no cenário político como no científico do mundo atual, e que a jovem Conceição dos anos cinquenta enfrentou com tanta garra e destemor”, escreveu a amiga de mais de 40 anos.
Em tempos de pandemia, com a professora morando em Nova Friburgo, trechos de vídeos de suas aulas na Unicamp nos anos 1980 e da entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em 1995, ganharam as redes em 15 de outubro de 2021, e viralizaram: “Se você não se preocupa com justiça social, com quem paga a conta, você não é um economista sério. Você é um tecnocrata” foi a parte destacada da entrevista.
Nos 88 anos da economista, o cineasta José Mariani lançou filme sobre ela. A película começa com a análise de Conceição sobre o livre pensar, que dá título ao documentário:
—O livre pensar, de todos os direitos, tem sido o mais recorrentemente violado, sempre provoca, desde a antiguidade, horror nas sociedades estabelecidas. Para ver como o idealismo, a razão é tão revolucionária.
Nele, ela fala de seu sonho que não se concretizou:
— Continuo querendo uma democracia multirracial nos trópicos, que era a tese de Darcy Ribeiro. Isso era realmente o que eu queria ver, mas por enquanto não tem.
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QUEM PARIU MATEUS
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Roda Viva | Maria da Conceição Tavares | 1995b>
Roda Viva
Recebemos no Roda Viva, em 1995, a economista Maria da Conceição Tavares.
Maria da Conceição Tavares veio de Portugal fugindo da ditadura salazarista e se tornou aqui uma das mais respeitadas figuras da área econômica. Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Unicamp, foi guru de uma legião de economistas de esquerda.
Depois de ficar vinte anos fazendo oposição, ela surpreendeu ao elogiar o plano econômico do ministro Dilson Funaro quando José Sarney era presidente. Mas não demorou muito, voltou a ser a crítica implacável dos planos e dos governos seguintes. Se elegeu deputada federal pelo PT carioca. As ideias e as polêmicas da professora Maria foram parar no Congresso Nacional.
Participaram da bancada de entrevistadores o jornalista Rui Xavier, que é coordenador de política do grupo Estado; Carlos Alberto Sardenberg, que é repórter especial da Folha de S. Paulo; o Leonel Rocha, subeditor de Economia da revista Veja, em Brasília; Carlos Marques, editor de Economia da revista IstoÉ; Marco Antônio de Resende, diretor de redação da revista Vip/Exame; José Paulo Kupfer, editor-chefe do jornal Zero Hora, em São Paulo; e o economista Álvaro Zini Júnior, professor de economia internacional da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo.
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FILME | Giap - Memórias centenárias da resistência, 2011
CALIBAN I cinema e conteúdo
7.459 visualizações 13 de ago. de 2014
Nos anos 1960, o mundo foi incendiado pela luta do Vietña contra o imperialismo norte-americano. A resistência do povo vietnamita foi um dos catalisadores da geração dos anos 1960. Em 2003, Silvio Tendler vai ao Vietña e conhece o país que virou símbolo da resistência. Entrevista o general vietnamita Vo Nguyen Giap, um dos mais importantes estrategistas do século XX. No ano em que o general completou o centenário, o diretor transformou a conversa em um filme que homenageia o general, um professor de história comunista que nunca havia imaginado se tornar militar. Giap narra os momentos mais importantes da sua vida. Sob o comando do líder Ho Chi Minh, derrotaram o exército imperial japonês, o exército colonialista francês e o exército imperialista norte americano. O general conta que a estratégia vietnamita não era puramente militar, envolvia política, economia e cultura e que a prioridade era a paz, o desenvolvimento e a felicidade de todos os povos do mundo.
Ficha Técnica:
Direção: Sílvio Tendler
Fotografia: Paula Damasceno
Montagem: Felipe Vianna
Trilha Sonora Original: Henrique Peters e Vinícius Junqueira4
Produção executiva: Ana Rosa Tendler
Imagens de Arquivo: Estúdios Fílmicos de Hanói
Entrevista de Vo Giap: gravada em Hanói, Vietnam 2003.
https://www.youtube.com/watch?v=M7dzKIIjylM
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Fábio Porchat - Essa vai pra minha mãe e especialmente pra minha avó! | Facebook
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'Ninguém come PIB, come alimentos', veja as frases que marcaram a trajetória de Maria da Conceição Tavares
"EU SOU UMA REFORMISTA CONVICTA. CONTINUO ONDE SEMPRE ESTIVE."
Quem pariu os teus?
“Quem pariu os maus teus, que embale”. “Quem pariu mal os teus que embale”. Diz-se também, sem fonte totalmente segura (como é comum com estes saberes) que a origem é bíblica. Que a expressão deriva de quando Jesus decidiu acolher Mateus entre seus discípulos.2 de ago. de 2020
tribunademinas.com.br
https://tribunademinas.com.br › antes-que-eu-me-esqueca
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Maria da Conceição Tavares analisa relação com o PT e o futuro do partido após posse de José Dirceu
Roda Viva
4.344 visualizações 27 de abr. de 2023 #RodaViva
No #RodaViva, a economista e professora da UFRJ Maria da Conceição Tavares abriu o jogo sobre sua relação com o Partido dos Trabalhadores (PT).
A ex-deputada federal também comentou suas expectativas para o mandato de José Dirceu à frente da presidência do partido.
Maria da Conceição Tavares também destacou o clima de incerteza na política brasileira durante a ocasião da entrevista.” O PT não tem como se sentir imune à angústia, todos estão muito tensos”, declarou.
Assista à conversa:
• Roda Viva | Maria da Conceição Tavare...
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"Eu sou uma reformista convicta. Continuo onde sempre estive.
Quem pariu os maus teus, que embale. Diz-se também, sem fonte totalmente segura (como é comum com esses ditados), que a origem é bíblica, derivando do momento em que Jesus decidiu acolher Mateus entre seus discípulos.
Os telespectadores de Minas - os dois mineiros aqui, Rômulo Garcia de Belo Horizonte e Wesley Bredosky de Juiz de Fora - o primeiro pergunta: como está a relação da senhora com os meninos do PT? E o segundo pergunta: como vai ficar o partido da senhora a partir de agora que tem um novo presidente, o José Dirceu?
(...)
"Agora acho que a reforma do Estado não é a reforma da administração pública que o Bresser está propondo. Aquilo ali é uma perfumaria. Acho que a reforma fiscal não é este remendo que aparentemente vão apresentar. Acho que a reforma da previdência é uma coisa séria na qual deve participar todo mundo, discutir e deve ser levada a sério.
Acho que o país deve ser reformado sim, mas acho que a sociedade desse país não leva a sério os seus próprios problemas, prefere escapar para frente, tapando os olhos, ou enfiar a cabeça na areia. Não vai legal.
E aí Matias, a imprensa tem uma responsabilidade central."
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Quem pariu Mateus
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Para além do meu bobo divertimento, deixo a credibilidade da origem dos dizeres para os linguistas. O que sei de fato, é que neste país em que mais de cinco milhões de crianças não têm o nome do pai na certidão de nascimento (dados do Conselho Nacional de Justiça), quem embala Mateus, João, Gladston, Fernanda, Maria, Luana e quaisquer outros nomes é quem pare mesmo, na maioria absoluta das vezes. Não sou eu que estou dizendo, é uma pesquisa do Instituto Locomotiva, apontando que o Brasil tem 11, 5 milhões de mães solo, isto é, que não possuem a ajuda de qualquer outra pessoa.
Quem pariu Mateus
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Por Júlia Pessôa
02/08/2020 às 07h00- Atualizada 03/02/2021 às 16h55
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Tenho fixação por ditados, bordões, dizeres e por todas as mitologias que se cria em torno de como se consolidam como tal. Como fã inveterada, sou também usuária ávida. Tenho alguns que herdei, como o “não é sangria desatada”, que aprendi com minha mãe para aplacar aflições e ansiedades desnecessárias. Eu mesma repito há anos, e trago como conselho instantâneo e multifacetado que “a necessidade faz o sapo pular”, já que a gente se vira como pode dependendo das circunstâncias.
Morro de rir também do fato de como, ao contrário do que arrogantemente pregam os puristas, a língua, como o povo, pulsa vida. Assim, não adianta cercar, gradear, trancafiar as palavras nas restrições de uma norma em que as pessoas não se veem. De que vale uma linguagem se ela não serve a quem a usa? Assim, de boca em boca, escrito em escrito, gesto em gesto, os ditos vão sendo lapidados. “Esculpido em carrara” vira “Cuspido e escarrado”. De protesto a deslocamento geográfico, “Quem tem boca vaia Roma” se torna “Quem tem boca vai a Roma”.
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Um clássico irrevogável da minha família é o “Quem pariu Mateus que o embale”, usado para que as pessoas assumam as consequências e responsabilidades de seus atos. Uns dias atrás, ri demais com um Matheus que, ironicamente e desafiando o saber popular, é quem mais frequentemente me embala, no sono, no riso e no pranto. Numa breve busca, descobrimos versões cuja veracidade jamais atestaremos, mas que foi o suficiente para um entretenimento besta: “Quem pariu e bateu que embale”. “Quem pariu os maus teus, que embale”. “Quem pariu mal os teus que embale”.
Diz-se também, sem fonte totalmente segura (como é comum com estes saberes) que a origem é bíblica. Que a expressão deriva de quando Jesus decidiu acolher Mateus entre seus discípulos. Acontece que o gaiato era um cobrador de impostos e a boa ação de Cristo pegou mal, já que só quem devia se meter com um cobrador seria sua própria mãe. Assim, “quem pariu Mateus que o embale”.
Para além do meu bobo divertimento, deixo a credibilidade da origem dos dizeres para os linguistas. O que sei de fato, é que neste país em que mais de cinco milhões de crianças não têm o nome do pai na certidão de nascimento (dados do Conselho Nacional de Justiça), quem embala Mateus, João, Gladston, Fernanda, Maria, Luana e quaisquer outros nomes é quem pare mesmo, na maioria absoluta das vezes. Não sou eu que estou dizendo, é uma pesquisa do Instituto Locomotiva, apontando que o Brasil tem 11, 5 milhões de mães solo, isto é, que não possuem a ajuda de qualquer outra pessoa.
Nesta mesma nação de filhos e filhas sem pai, há quem ache inadmissível um homem trans não apenas exercer sua paternidade, mas servir como modelo dela em campanha publicitária. Na semana que se foi, Thammy Gretchen e sua família foram alvos de ataques odiosos após estrelarem uma ação da Natura para o Dia dos Pais. Imbecis típicos do tribunal da internet esbravejaram asneiras sobre biologia, “homem de verdade”, e propuseram boicote à marca. O tiro saiu pela culatra (por sinal, mais um belo espécime da sabedoria popular): depois da campanha, as ações da Natura registraram a maior variação positiva no Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira.
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Em tempos tão duros, é reconfortante ver que “a esperança é a última que morre”, “Há uma luz no fim do túnel” etc. Uma pequeníssima satisfação diante de tanta desgraça e tanta gente para repercuti-las e praticá-las. O sussurro tímido, porém certeiro, de que a sabedoria popular é implacável, e que o ódio às vezes pode estar onde sempre deveria: quem pariu, que o embale.
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'Ninguém come PIB, come alimentos', veja as frases que marcaram a trajetória de Maria da Conceição Tavares
Economista colecionou frases e debates acalorados
Por O GLOBO — Rio
08/06/2024 13h09 Atualizado há 21 horas
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A economista Maria da Conceição Tavares em seminário em 2003
A economista Maria da Conceição Tavares em seminário em 2003 — Foto: Roberto Stuckert Filho - PA - A
Maria da Conceição Tavares, que morreu na madrugada deste sábado, não fugia de discussões. Colecionou frases e debates acalorados. Em uma entrevista ao GLOBO de 2014, ao comentar o baixo crescimento da economia, ela respondeu:
"A crise (global de 2008) bateu aqui em 2009. Em 2010 o crescimento já tinha retomado, mais instável e mais brando. O crescimento não está essa Brastemp, mas não piorou o emprego, nem a distribuição de renda, o que para mim é o essencial. Ninguém come PIB, come alimentos".
— Maria Conceição Tavares
Ao longo de sua trajetória, foram muitas as frases marcantes. As discussões com Roberto Campos, por exemplo, eram comuns, quando foi d
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ECONOMIA
'Ninguém come PIB, come alimentos', veja as frases que marcaram a trajetória de Maria da Conceição Tavares
Economista colecionou frases e debates acalorados
Agência O Globo -
08/06/2024
'Ninguém come PIB, come alimentos', veja as frases que marcaram a trajetória de Maria da Conceição Tavares - Foto: Reprodução / internet
Maria da Conceição Tavares não fugia de discussões. Colecionou frases e debates acalorados. Em uma entrevista ao GLOBO de 2014, ao comentar o baixo crescimento da economia, ela respondeu:
"A crise (global de 2008) bateu aqui em 2009. Em 2010 o crescimento já tinha retomado, mais instável e mais brando. O crescimento não está essa Brastemp, mas não piorou o emprego, nem a distribuição de renda, o que para mim é o essencial. Ninguém come PIB, come alimentos".
Ao longo de sua trajetória, foram muitas as frases marcantes. As discussões com Roberto Campos, por exemplo, eram comuns, quando foi deputada federal pelo Rio de Janeiro entre 1995 e 1998 pelo PT. Seu lema de campanha era “esta é boa de briga”. Foi a segunda mais votado pelo PT no Rio:
— Vou infernizar o ministro da Fazenda, quer seja o meu, quer seja o deles.
Em uma das discussões sobre o fim do monopólio de petróleo, em 1997, Campos atacou: “ A senhora é um dinossauro”, e ela rebateu de imediato: "Mas sou informada, e o senhor parece uma lagartixa".
Assim, o embate com economistas que não tinham em suas propostas a justiça social como meta era constante. Em 1995, ao dar entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura, descreveu as consequências de uma tecnocracia afastada das dores sociais.
“Uma economia que não se preocupa com justiça social é uma economia que condena os povos a isso que está acontecendo no mundo: uma brutal concentração de renda e de riqueza, o desemprego e a miséria. ... Uma economia que diz que primeiro tem de estabilizar, depois crescer, depois distribuir é uma falácia. Não estabiliza, cresce aos solavancos e não distribui. E essa é a história da economia brasileira”.
Veja outras frases de Maria da Conceição Tavares:
“Desenvolveu-se o mercado interno para classe média. A incorporação da massa de pobres ao consumo é um fenômeno muito recente. Foi uma modernização conservadora. Ponto final, parágrafo”, sobre a industrialização de Getúlio, Juscelino e do regime militar, no filme “Um sonho intenso”.
“Esses palermas desses caras da agência de risco, em vez de darem o investment grade quando estávamos totalmente bem, inclusive no balanço de pagamentos, não deram, deram ao Peru. Agora estamos com déficit (externo) e, ao dar (a nota), piora, pois tomam empréstimo lá fora e a moeda valoriza mais”, disse, em 2008, ao falar para universitários da PUC-Rio:
“O nosso BC é tão ortodoxo, tão ortodoxo, que, apesar de não estarmos estourando a meta da inflação, ele resolveu aumentar os juros”, aa mesma palestra na PUC, em 2008:
“É preciso deixar bem claro que este é um governo de merda, mas é o nosso” , em 2005, no primeiro governo do PT:
“Na economia, a todo ciclo de oba-oba corresponde a um ciclo de epa-epa”, em 2003.
“Se miséria, pobreza e desemprego fossem fatores de competitividade, a África seria o continente mais competitivo”, em 1999, quando houve a mudança do regime cambial:
“Vinha de Portugal e já sabia do tamanho do Brasil. Uma coisa é você saber que o país é grande, outra é conhecer os números e perceber quanto é grande e desigual. Foi a desumana distribuição de renda que me levou a estudar economia”, em entrevista ao “Valor”, em 2012.
“É muito conservador, é recessivo, um horror”, disse em junho de 1994, sobre o Plano Real.
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SABE QUAL É A IRONIA DA VIDA?
É ter pressa para crescer e, depois, suspirar pela infância perdida! É perder a saúde, para ter dinheiro e, depois, perder dinheiro para ter saúde!É pensar ansiosamente no futuro e esquecer o presente e, mesmo assim, não viver nem o presente e nem o futuro! É viver, como se nunca fôssemos morrer e morrer, sem nunca ter vivido! A vida é feita destas contradições. A palavra "vida" tem uma letra "V", o resto é "ida"... Desfrute do presente e das companhias de quem te faz feliz!
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