Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 3 de outubro de 2023
TUDO & NADA
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CAIXA DE FÓSFORO - ARMANDO FALCÃO - PSP - 1961 | Centro de Memória e Informação Pessoal Yuri Victorino
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Armando Falcão : até o fim, nada a declarar.
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Toma Lá, Dá Cá
João Bosco
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ULYSSES GUIMARÃES CIDADÃO CONSTITUIÇÃO
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Discurso de Ulisses Guimarães na Constituinte
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Mestre Sala Dos Mares
João Bosco
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Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o Navegante Negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar
Na alegria das regatas
Foi saudado no porto
Pelas mocinhas francesas
Jovens polacas
E por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas dos santos
Entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o Navegante Negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas salve
Salve o Navegante Negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo
Composição: Aldir Blanc / João Bosco.
https://www.letras.mus.br/joao-bosco/663976/
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Ao Brigadeiro, ao Almirante e ao
general os agradecimentos de um chômeur a mais.
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O Golpe Começou em Washington Capa comum – 1 julho 2014
Edição Português por Edmar Morel (Autor)
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Ao Comando Supremo
da Revolução
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N a noite de 14 de abril o Repórter
Esso mencionou, pela primeira vez, o nome do autor dêste livro
para anunciar que o Comando Supremo da Revolução suspendera seus direitos políticos por 10 anos, nos têrmos de um artigo qualquer do Ato Institucional, gerado no cérebro do fascista
Francisco Campos. Assinaram a ignomínia o Tenente-Brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo, 'Ministro da Aeronáutica; Almirante Augusto Hamann Rademaker Grunewald,
Ministro da Marinha; e o General Artur da Costa e Silva, Ministro da Guerra.
A êles dedico êste livro pelo glorioso galardão que recebi:
o diploma de que a Revolução de l.° de Abril me repudiou, o
que não era de estranhar, porque eu também a repudiei.
A decisão dos militares abriu caminho para o novo govêrno tomar o meu emprego. No dia 4 de maio deixei de ser jor-
nalista “chapa-branca”: fui demitido do cargo de redator da
Rêde Ferroviária Federal. Ao Brigadeiro, ao Almirante e ao
general os agradecimentos de um chômeur a mais.
Na verdade, eserevi êste livro com os olhos voltados para
as mulheres que tiveram os seus pais, filhos, maridos, irmãos,
companheiros e noivos encarcerados e exilados, quando não
com os seus direitos políticos cassados. Êstes não merecem só
um livro: são merecedores do respeito dos seus patrícios.
Edmar Morel
https://marxismo21.org/wp-content/uploads/2014/03/Edmar-Morel-O-golpe-come%C3%A7ou-em-washington-R.pdf
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RÁDIO CÂMARA
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CÂMARA É HISTÓRIA
Íntegra do discurso presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Dr. Ulysses Guimarães (10' 23")
06/11/2006 - 01h00
Íntegra do discurso presidente da Assembléia Nacional Constituinte, Dr. Ulysses Guimarães (10' 23")
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Discurso
"Senhoras e senhores constituintes.
Dois de fevereiro de 1987. Ecoam nesta sala as reivindicações das ruas. A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar. São palavras constantes do discurso de posse como presidente da Assembléia Nacional Constituinte.
Hoje. 5 de outubro de 1988, no que tange à Constituição, a Nação mudou. (Aplausos). A Constituição mudou na sua elaboração, mudou na definição dos Poderes. Mudou restaurando a federação, mudou quando quer mudar o homem cidadão. E é só cidadão quem ganha justo e suficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital e remédio, lazer quando descansa.
Num país de 30 milhões, 401 mil analfabetos, afrontosos 25 por cento da população, cabe advertir a cidadania começa com o alfabeto. Chegamos, esperamos a Constituição como um vigia espera a aurora.
A Nação nos mandou executar um serviço. Nós o fizemos com amor, aplicação e sem medo.
A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca.
Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério.
Quando após tantos anos de lutas e sacrifícios promulgamos o Estatuto do Homem da Liberdade e da Democracia bradamos por imposição de sua honra.
Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. (Aplausos)
Amaldiçoamos a tirania aonde quer que ela desgrace homens e nações. Principalmente na América Latina.
Foi a audácia inovadora, a arquitetura da Constituinte, recusando anteprojeto forâneo ou de elaboração interna.
O enorme esforço admissionado pelas 61 mil e 20 emendas, além de 122 emendas populares, algumas com mais de 1 milhão de assinaturas, que foram apresentadas, publicadas, distribuídas, relatadas e votadas no longo caminho das subcomissões até a redação final.
A participação foi também pela presença pois diariamente cerca de 10 mil postulantes franquearam livremente as 11 entradas do enorme complexo arquitetônico do Parlamento à procura dos gabinetes, comissões, galeria e salões.
Há, portanto, representativo e oxigenado sopro de gente, de rua, de praça, de favela, de fábrica, de trabalhadores, de cozinheiras, de menores carentes, de índios, de posseiros, de empresários, de estudantes, de aposentados, de servidores civis e militares, atestando a contemporaneidade e autenticidade social do texto que ora passa a vigorar.
Como caramujo guardará para sempre o bramido das ondas de sofrimento, esperança e reivindicações de onde proveio.
Nós os legisladores ampliamos os nossos deveres. Teremos de honrá-los. A Nação repudia a preguiça, a negligência e a inépcia.
Soma-se a nossa atividade ordinária bastante dilatada, a edição de 56 leis complementares e 314 leis ordinárias. Não esquecemos que na ausência da lei complementar os cidadãos poderão ter o provimento suplementar pelo mandado de injunção.
Tem significado de diagnóstico a Constituição ter alargado o exercício da democracia. É o clarim da soberania popular e direta tocando no umbral da Constituição para ordenar o avanço no campo das necessidades sociais.
O povo passou a ter a iniciativa de leis. Mais do que isso, o povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo referendo os projetos aprovados pelo Parlamento.
A vida pública brasileira será também fiscalizada pelos cidadãos. Do Presidente da República ao prefeito, do senador ao vereador.
A moral é o cerne da pátria. A corrupção é o cupim da República. República suja pela corrupção impune toma nas mão de demagogos que a pretexto de salvá-la a tiranizam.
Não roubar, não deixar roubar, por na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública. Não é a Constituição perfeita. Se fosse perfeita seria irreformável.
Ela própria com humildade e realismo admite ser emendada dentro de cindo anos.
Não é a Constituição perfeita, mas será útil, pioneira, desbravadora, será luz ainda que de lamparina na noite dos desgraçados.
É caminhando que se abrem os caminhos. Ela vai caminhar e abri-los. Será redentor o caminho que penetrar nos bolsões sujos, escuros e ignorados da miséria.
A sociedade sempre acaba vencendo, mesmo ante a inércia ou o antagonismo do Estado.
O Estado era Tordesilhas. Rebelada a sociedade empurrou as fronteiras do Brasil, criando uma das maiores geografias do mundo.
O Estado encarnado na metrópole resignara-se ante a invasão holandesa no Nordeste. A sociedade restaurou nossa integridade territorial com a insurreição nativa de Tabocas e Guararapes sob a liderança de André Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e João Fernandes Vieira que cunhou a frase da preeminência da sociedade sobre o Estado: Desobeder a El Rei para servir El Rei.
O Estado capitulou na entrega do Acre. A sociedade retomou com as foices, os machados e os punhos de Plácido de Castro e seus seringueiros.
O Estado prendeu e exilou. A sociedade, com Teotônio Vilella, pela anistia, libertou e repatriou.
A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram. (Aplausos acalorados)
Foi a sociedade mobilizada nos colossais comícios das Diretas Já que pela transição e pela mudança derrotou o Estado usurpador.
Termino com as palavras com que comecei esta fala.
A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar. A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade política da sociedade rumo à mudança.
Que a promulgação seja o nosso grito.
Mudar para vencer. Muda Brasil."
Redação: Eduardo Tramarim
Câmara é História
Rádio Câmara
Câmara é História
Fatos históricos que tiveram como palco a Câmara dos Deputados
https://www.camara.leg.br/radio/programas/277285-integra-do-discurso-presidente-da-assembleia-nacional-constituinte-dr-ulysses-guimaraes-10-23/
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Nas entrelinhas: Dino insiste no que já deu errado na segurança pública
Publicado em 03/10/2023 - 08:11 Luiz Carlos Azedo
Bahia, Brasília, Cidades, Comunicação, Cultura, Economia, Educação, Ética, EUA, Governo, Justiça, Memória, Política, Política, Portugal, Rio de Janeiro, São Paulo, Violência
O ministro da Justiça anunciou um investimento de R$ 900 milhões no novo programa nacional de combate a organizações criminosas. Não tem a menor chance de sucesso
O filme Invasor Americano (Where to Invade Next), lançado nos EUA em 2016, tendo o documentarista norte-americano Michel Moore como roteirista, diretor e protagonista, sete anos depois de lançado ainda tem seu valor. O autor de Tiros em Columbine faz uma sátira sobre o militarismo americano e, ao mesmo tempo, uma dissimulada apologia do que poderíamos chamar de “bom americanismo”.
No documentário, Moore supostamente recebe do Pentágono uma missão solitária, depois de uma reunião convocada pelo Departamento de Defesa dos EUA, na qual os generais das Forças Armadas norte-americanas, humildemente, reconhecem que todas as guerras nas quais os EUA se envolveram depois da Segunda Guerra Mundial resultaram num fiasco.
Moore, então, parte para a Europa e o Norte da África, para saquear o que alguns países poderiam ter de bom para oferecer aos Estados Unidos. Visita a Itália e se impressiona com a aparência sorridente e bronzeada dos nativos, que atribui à legislação trabalhista. Na França, se espanta com a qualidade e a sofisticação da alimentação escolar; na Finlândia, com a educação básica; na Eslovênia, a universidade gratuita; na Tunísia, a luta vitoriosa das mulheres por seus direitos; na Alemanha, o combate ao antissemitismo e o sistema público de saúde; na Islândia, a conquista do poder pelas mulheres. Mas o que nos interessa aqui são Portugal e Noruega.
Em Portugal, ele pergunta a dois policiais o que eles fazem quando encontram um negro com papelotes de cocaína. Os agentes da lei respondem-lhe: “Nada, é um direito dele”. A legislação portuguesa descriminalizou o consumo daqueles que portarem no máximo 10 doses de uma determinada substância ilícita. O que fez a diferença foi a mudança em relação aos viciados: deixaram de ser tratados como criminosos, recebem programas de assistência, de substituição de heroína por metadona, foram incluídos no sistema de saúde para tratarem suas doenças.
Resultado: apesar de o consumo global de drogas não ter diminuído, o de heroína e cocaína passou de 1% da população portuguesa para 0,3%; as contaminações por HIV entre os consumidores caíram pela metade (de 104 novos casos por milhão para 4,2 em 2015), e a população carcerária por motivos relacionados às drogas caiu de 75% a 45%, segundo dados da Agência Piaget para o Desenvolvimento (Apdes).
Na Noruega, o espanto de Moore foi com as prisões, que comparou a colônias de férias. Naquele país, a reabilitação é mais importante do que a punição, e os índices de homicídios é um dos mais baixos do planeta. E onde está o “americanismo”? Essas políticas foram inspiradas na Declaração de Independência e na Constituição dos Estados Unidos, a moral da história contada por Moore.
Mudança de paradigmas
E aqui entra o ministro da Justiça, Flávio Dino, que, nesta segunda-feira, anunciou um investimento de R$ 900 milhões no novo programa nacional de combate a organizações criminosas. A iniciativa envolverá a participação da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. O programa retoma a estruturação do Sistema Nacional de Segurança Pública, criado na gestão do ex-ministro da Segurança Pública Raul Jungmann, de quem Flávio Dino herdou um fundo bilionário, não gasto no governo de Jair Bolsonaro. Obviamente, a política de segurança pública do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é a do “bandido bom é bandido morto”, que parece vigorar no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia.
É uma política que procura integrar as forças de segurança pública dos entes federados, recorrer à inteligência contra o crime organizado e respeitar os direitos humanos, porém, sinceramente, creio que não tem a menor chance de reverter o cenário de expansão do tráfico de drogas e da ocupação territorial de grandes áreas das cidades brasileiras pelo crime organizado.
Uma velha máxima gerencial diz que quando algo dá errado, se as mesmas coisas forem feitas, tudo continuará dando errado. Autora do polêmico livro Introdução crítica à criminologia brasileira (Revan), a professora Vera Malaguti Batista, da Faculdade de Direito da Uerj, resumiu o que sempre acontece quando os governos resolvem dar uma resposta à criminalidade: “Se a política não tem como reduzir a violência que o modelo econômico produz, ela precisa mais do que de um discurso, precisa de um espetáculo”.
O programa de segurança pública lançado por Flávio Dino tem cinco eixos: integração institucional e informacional; aumento da eficiência dos órgãos policiais; portos, aeroportos, fronteiras e divisas; aumento da eficiência do sistema de Justiça criminal; e cooperação entre os entes federados. De acordo com o ministério, o objetivo é enfrentar “problemas estruturais como vulnerabilidade de fronteiras e divisas, transnacionalidade do crime, deficiência na recuperação de ativos, baixa integração e deficiência estrutural das polícias”. No plano emergencial, reforçar o sistema de segurança da Bahia e do Rio de Janeiro com recursos, equipamentos e homens.
O novo plano não tem chance de dar certo enquanto não houver um duro combate à “banda podre” da polícia (não existe crime organizado sem a participação de agentes do Estado e conivência dos políticos) e uma mudança radical da legislação e, aí sim, da opinião majoritária da sociedade em relação à política de combate às drogas. Igualmente, mudança de mentalidade do Estado e da sociedade quanto à eficácia do nosso sistema prisional, que se transformou em escola do crime e “call center” do tráfico de drogas. “A cadeia, em si mesma, é uma monstruosidade como método penal”, bradou certa vez o mestre Evandro Lins e Silva.
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HISTÓRIA
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HISTÓRIA DO BRASIL
Constituição de 1988
Juliana Bezerra Juliana Bezerra Professora de História
A "Constituição da República Federativa do Brasil", "Constituição Cidadã" ou simplesmente "Constituição de 1988" foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988.
Foi a sétima constituição do Brasil desde a sua Independência, em 1822 e a sexta do período republicano.
Resumo
Constituição de 1988
O deputado Ulysses Guimarães ergue um exemplar da Constituição no dia da promulgação
O documento foi elaborado pela Assembleia Nacional Constituinte, eleita democraticamente em 15 de novembro de 1986, e presidida por Ulysses Guimarães. Na ocasião, o presidente da República era José Sarney.
Os trabalhos da Constituinte se desenvolveram de fevereiro de 1987 a setembro de 1988 e marcaram o processo de redemocratização do país, após o regime militar.
Principais Características
1. Direitos Trabalhistas
A nova constituição consolidou diversos conquistas aos trabalhadores, como:
O abono de indenização de 40% do FGTS na demissão e o seguro-desemprego;
O abono de férias e o 13º salário para aposentados;
Jornada semanal de 44 horas, quando antes era de 48 horas;
Licença maternidade de 120 dias e licença paternidade de 5 dias;
Direito à greve e a liberdade sindical.
2. Direitos Humanos
Além disso, várias outras conquistas foram alcançadas no campo dos direitos humanos:
Fim da censura dos meios de comunicação;
Liberdade de expressão;
Direito das crianças e adolescentes;
Eleições diretas e universais com dois turnos;
Direito ao voto para os analfabetos;
Voto facultativo aos jovens entre 16 e 18 anos;
A prática do racismo passou a ser crime inafiançável;
Proibição da tortura;
Igualdade de gêneros;
Fomento ao trabalho feminino.
3. População Indígena
A Carta Magna de 1988 determinou que os índios teriam a posse das terras que ocupavam bem como aquelas que eles tradicionalmente ocupavam.
Também garante à União o direito de legislar sobre os índios e garantir a preservação dos seus costumes, línguas e tradições.
4. Quilombolas
Igualmente, a Constituição de 1988 reconheceu o direito de posse às terras ocupadas por remanescentes de Quilombos.
Estrutura da Constituição Federal
A Constituição de 1988 está estruturada em nove títulos, a saber:
Título I - Princípios Fundamentais
Título II - Direitos e Garantias Fundamentais
Título III - Organização do Estado
Título IV - Organização dos Poderes
Título V - Defesa do Estado e das Instituições
Título VI - Tributação e Orçamento
Título VII - Ordem Econômica e Financeira
Título VIII - Ordem Social
Título IX - Disposições Gerais
A Constituição rege o ordenamento jurídico do país, estabelece regras que regulam e pacificam os conflitos de interesse dos grupos que integram uma sociedade.
Mudanças no texto da constituição estão previstos por lei e podem ser feitas através de emenda constitucional.
Com exceção das cláusulas pétreas (aquela que não podem ser alteradas), entre elas estão:
O Sistema Federativo do Estado;
O voto direto, secreto, universal e periódico;
A separação dos poderes;
Os direitos e as garantias individuais.
Após 25 anos em vigor, completados no dia 5 de outubro de 2013, a Constituição já recebeu 75 emendas constitucionais.
Vídeo sobre a Constituição de 1988
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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
Como citar?
Veja também
Constituições Brasileiras
Liberdade de Expressão
Direitos Humanos
Ditadura Militar no Brasil (1964-1985)
Quilombos
Constituição de 1824
Constituição de 1967
Constituição de 1891
https://www.todamateria.com.br/constituicao-de-1988/
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Guerra de Canudos
Guerra de Canudos foi um dos maiores massacres em território brasileiro e representa, também, um momento de forte instabilidade política no início da República.
Guerra de Canudos retratada na Revista Don Quixote (1897).
Guerra de Canudos retratada na Revista Don Quixote (1897).
Guerra de Canudos foi uma série de conflitos armados envolvendo o Exército brasileiro e sertanejos que seguiam o líder religioso Antônio Conselheiro, tendo ocorrido entre 1896 e 1897, no Arraial de Canudos, interior do estado da Bahia. O Brasil passava ainda pela transição para o sistema republicano, tendo acabado de eleger seu primeiro presidente por voto direto e, também, o primeiro presidente civil: Prudente de Morais.
Esses conflitos marcaram fortemente o início do período republicano, tanto pelo grau de violência quanto pelos motivos que teriam justificado a destruição do arraial e a execução de aproximadamente 25 mil pessoas que ali viviam.
Resumo sobre Guerra de Canudos
A Guerra de Canudos (1896-1897) foi um dos principais conflitos do período de transição para o sistema republicano, ocorreu no arraial de Canudos e envolveu o Exército contra Antonio Conselheiro e seus seguidores.
Os motivos que teriam levado à guerra ainda são objetos de discussão, havendo duas teses principais: a Euclidiana, interpretando Canudos como um foco de restauração monárquica; e a de Rui Facó, marxista, tendo como epicentro a luta pela abolição dos latifúndios, pelo direito à terra e contra a opressão.
O conflito é dividido em quatro expedições militares, sendo vencedora apenas a última.
Antônio Conselheiro e seus seguidores tornaram-se a maior ameaça a República durante a guerra.
Veja também: Revolta da Chibata: manifestação de insatisfação dos marujos
Principais causas da Guerra de Canudos
Existem, pelo menos, duas grandes vertentes que tentaram, e ainda tentam, explicar o que foi a Guerra de Canudos.
Baseada na monumental obra Os sertões, de Euclides da Cunha, publicada em 1902 após o autor acompanhar a “última expedição” a Canudos, a vertente “euclidiana” faz uso de leituras sociológicas características do final do século XIX. Por exemplo: o positivismo, de Hippolyte Taine, que buscava compreender as relações sociais com base em determinismos raciais, geográficos e históricos; e também o darwinismo social, de Herbert Spencer, opondo categorias dicotômicas, como “civilização” e “barbárie”.
Outros autores importantes da época e que também foram influências para Euclides da Cunha são: Karl Marx, Émile Durkheim, Auguste Comte, entre outros que foram fundamentais para o desenvolvimento da sociologia.
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Uma das teses propagandeadas pelo governo republicano, com a qual Euclides da Cunha partiu rumo a Canudos, refere-se ao conflito como um embate entre um foco de restauração monárquica, representado por Antônio Conselheiro e seus seguidores, e o Exército brasileiro, incumbido de combater os revoltosos.
Contudo, após voltar da guerra, Euclides da Cunha deu lugar a questões sociológicas complexas, com base nas referências teóricas do período, destacando um “raro caso de atavismo” em Antônio Conselheiro e diagnosticando — no ambiente, na miséria ali encontrada e na mestiçagem daquela população vítima do massacre — explicações para aquela situação.
Euclides da Cunha escreve Os sertões, principal material de referência para os estudos de Canudos.
Euclides da Cunha escreve Os sertões, principal material de referência para os estudos de Canudos.
Existia também uma dicotomia entre o litoral brasileiro, desenvolvido e “civilizado”, e o interior do Brasil, onde a “barbárie” reinava. Com base em suas observações, Euclides da Cunha questiona esses modelos defendendo a barbárie como elemento comum a ambas localidades, porém com características diferentes.
No final dos anos de 1950, uma outra tese surge a partir dos artigos publicados de Rui Facó, reunidos no livro Cangaceiros e fanáticos. De perspectiva marxista, as teses de Facó buscavam uma interpretação definitiva de Canudos, associando a Guerra de Canudos à luta pela abolição dos latifúndios, pelo direito à terra e contra a opressão (representada pelos militares e a elite cafeeira da época).
Nesse sentido, o movimento de Canudos passa a ser visto, portanto, sob aspectos positivos, uma vez que representa um capítulo importante na história da luta pela terra no Brasil. Essas teses são mencionadas em algumas bibliografias como “progressistas” e antagonizam com as teses “euclidianas”.
Contudo, nos anos de 1990, a historiografia brasileira começou a revisitar o conflito na tentativa de buscar subsídios que pudessem corroborar ou não com essas teses apresentadas sobre Canudos. Com a dificuldade de encontrar fontes confiáveis e elementos que pudessem sustentar tais assertivas, o conflito acabou ganhando contornos menos idealizados sem, ao mesmo tempo, deixar de destacar os absurdos cometidos contra a população que vivia no arraial. Esse momento, inclusive, é considerado um dos maiores massacres já cometidos pelo Exército brasileiro em território nacional na história do Brasil.
Leia também: 15 de novembro – Proclamação da República
Estopim da Guerra de Canudos
Já no final do ano de 1895, o próprio Antônio Conselheiro comprou uma certa quantidade de madeira em Juazeiro para o término da construção de uma nova e maior igreja no arraial. No entanto, apesar de terem recebido o dinheiro da compra, os comerciantes locais não entregaram a encomenda conforme planejado. Isso teria provocado a ira dos moradores do arraial, que, por sua vez, teriam ameaçado “assaltar” Juazeiro.
Vale ressaltar que, conforme a historiadora Jacqueline Hermann aponta em seus trabalhos sobre o tema, não existem documentações seguras que possam sustentar o que de fato ocorreu. Não obstante, esse tom de ameaça, provavelmente, deu início às campanhas militares contra o arraial de Canudos, as quais começaram em novembro de 1896.
Participantes do movimento
Para compreender o movimento de Canudos, é importante situá-lo dentro do fenômeno dos movimentos messiânicos, sobretudo do sebastianismo e sua influência no Brasil. Em 1578, o rei de Portugal D. Sebastião teria desaparecido na Batalha de Alcácer-Quibir, no norte do Marrocos.
A sua volta transformou-se em uma crença messiânica, em que o rei voltaria e libertaria os portugueses da difícil situação que estavam passando naquele momento. Antônio Conselheiro chegou a citar o rei D. Sebastião em seus discursos, mostrando a força que a crença em seu retorno despertava no imaginário luso-brasileiro.
No final do século XIX, o interior do Brasil era marcado pelo alto grau de abandono, sobretudo onde a seca atingia populações inteiras. Vale lembrar que a escravidão foi abolida em 1889, ou seja, não se havia completado cinco anos quando, em 1893, Antonio Conselheiro e seus seguidores instalaram-se em uma estéril e abandonada fazenda conhecida como Belo Monte.
As primeiras notícias do beato Conselheiro datam de 1874, no jornal O rabudo, de Sergipe, onde era referido como Antônio dos Mares. Ele vagava pelos sertões construindo cemitérios, igrejas e capelas, proferindo profecias e descontentamentos com questões políticas em discussão naquele período, como o casamento civil, além de conselhos. Dessa última prática viria a alcunha que lhe tornaria conhecido. Além disso, seus discursos sempre eram marcados pelo forte teor religioso.
Com isso, atraiu uma multidão de admiradores desvalidos que passaram a segui-lo até o arraial de Canudos, formando a comunidade que foi praticamente dizimada anos depois pelo Exército brasileiro.
Antônio Conselheiro
Antônio Vicente Mendes Maciel nasceu em 1828, na cidade de Quixeramobim, na então província do Ceará. Filho de comerciante, chegou a estudar português, francês e latim, tendo assumido os negócios da família após a morte de seu pai. Algumas fontes citam que ele teria lecionado português, geografia e aritmética, e que, depois, teria virado caixeiro viajante, casando-se em 1857.
Segundo relatos da época, suas peregrinações começaram após a fuga de sua mulher com um militar. Movido pela vergonha e promessa de vingança, suas andanças teriam então começado pelos sertões do Sergipe. Dando conselhos, restaurando igrejas, construindo outras, levantando capelas e proferindo profecias, tornou-se o beato de uma massa de sertanejos que passou a segui-lo e a defendê-lo.
Desenho de Angelo Agostini, Antônio Conselheiro rechaça a República. Revista Ilustrada, 1896.
Desenho de Angelo Agostini, Antônio Conselheiro rechaça a República. Revista Ilustrada, 1896.
Em 1877, foi acusado de matar a mulher e a mãe e foi preso, mas logo foi solto pela falta de evidências. Assim, continuou suas peregrinações até, em 1893, junto a uma legião de seguidores, fixar-se na abandonada fazenda de Belo Monte, onde foi construído o arraial de Canudos.
Com o passar do tempo, em 1895, Canudos passou a comportar aproximadamente 25 mil pessoas, até a eclosão dos conflitos no ano seguinte. Após sucessivas batalhas, antes mesmo da capitulação completa do Arraial pelas tropas militares, Antônio Conselheiro morre, em 22 de setembro de 1897, de causas desconhecidas, e seu corpo é encontrado no dia seguinte pelas tropas militares.
Saiba mais: Quilombo dos Palmares: símbolo da resistência escrava
Destruição de Canudos
A Guerra de Canudos é dividida em quatro expedições militares, sendo que apenas uma delas, a última, foi vencedora. Foi também na última expedição militar que Euclides da Cunha esteve presente e produziu suas anotações que, em 1902, foram publicadas na obra Os sertões.
Sob rumores de que uma “restauração monarquista” ameaçava a já conturbada transição da República brasileira, no dia 12 de novembro de 1896, o tenente Pires Ferreira, liderando uma tropa com pouco mais de 100 praças e três oficiais, parte de Juazeiro rumo ao arraial de Canudos. No entanto, nove dias depois, a expedição é atacada de surpresa pelas forças conselheiristas. Sete praças e dois civis morreram nesse primeiro embate. Essa notícia provocou uma certa crise política entre civis e militares que só veio a agravar-se nas expedições seguintes.
A segunda expedição parte no dia 25 de novembro de Juazeiro, após, no dia anterior, ter chegado a notícia da derrota das tropas de Pires Ferreira. Começa, então, a segunda expedição, liderada dessa vez pelo major Febrônio de Brito, com o contingente de 609 praças, com o reforço da equipe de artilharia da polícia militar da Bahia, dois canhões e três metralhadoras.
Os primeiros enfrentamentos só foram ocorrer em 18 de janeiro de 1897, tendo as forças do Arraial, novamente, debelado a campanha militar, que, dessa vez, registrou a baixa de 10 praças. As notícias dessas derrotas chegavam ao Rio de Janeiro, capital na época, como uma derrota da República, em um já conturbado momento político que tinha Prudente de Morais, o primeiro presidente eleito por voto direito e civil da República brasileira.
É então que o coronel Moreira César, veterano da Revolta da Armada, é convocado para “resolver o problema”, que, naquela altura, havia se agravado demais. Ele reuniu então aproximadamente 1300 homens (entre grupos de artilharia, cavalaria, infantaria) e um comboio de cargueiro para munição.
No dia 6 de fevereiro de 1897, as tropas chegam a Salvador, e, no dia 18, estabeleceram-se em Monte Santo, ao lado de Canudos, de onde partiria o ataque planejado. Tentando pegar os conselheiristas de surpresa, o coronel Moreira César teria antecipado o ataque que, dessa vez, bombardeou o povoado, incendiou casas, além de ter atacado a igreja local.
Contudo, o próprio coronel foi ferido em 3 de março, tendo morrido no dia seguinte. Outro comandante também foi morto, ao lado das baixas de mais 13 oficiais e mais de uma centena de praças. Os combatentes de Canudos ainda aproveitaram as artilharias deixadas pelas tropas, reforçando ainda mais as forças conselheiristas.
Os embates entre lideranças civis e militares, que já vinham de antes, agravavam-se cada vez mais. Antônio Conselheiro e seus seguidores passaram a figurar como a maior ameaça à recente e já fragilizada República do Brasil.
É quando, do Rio de Janeiro, o general Artur Oscar começa a preparar uma força militar que contou com cerca de 10 mil militares. Após vários assaltos, que receberam reforços de vários batalhões em agosto, Canudos é tomado pelos militares em 5 de outubro de 1897.
Todos os combatentes foram degolados, além de outras atrocidades envolvendo mulheres e crianças. Ao mesmo tempo que as forças conselheiristas foram derrotadas, não se encontrou nada que pudesse comprovar as teorias conspiratórias que teriam justificado a investida contra o arraial.
Era preciso justificar, então, todo aquele esforço e aquelas mortes patrocinadas pela República. Euclides da Cunha, com a sua obra já mencionada, contribuiu ainda mais para os questionamentos posteriores sobre as motivações da destruição de Canudos. Nisso, os militares e os seus projetos para a República, em crise com os civis, foram, também, ao final da quarta e última expedição, derrotados.
Veja também: Revolta dos Farrapos: um levante da elite econômica sulista
Das expedições feitas pelas tropas militares apenas a quarta e última conseguiu derrotar os conselheiristas, em fevereiro de 1902.
Das expedições feitas pelas tropas militares apenas a quarta e última conseguiu derrotar os conselheiristas, em outubro de 1897.
Curiosidades
O filme Deus e o diabo na terra do Sol (1964), de Glauber Rocha, um dos marcos do cinema brasileiro, foi gravado em 1963, em Monte Santo, por onde Antônio Conselheiro também passou em suas peregrinações. No filme, o personagem Sebastião representa esse líder messiânico que peregrina pelo sertão aos moldes da trajetória de Antônio Conselheiro.
Após a Proclamação da República em 1889, Antônio Conselheiro posicionou-se contra a separação do Estado e da Igreja e também contra o casamento civil, isso fez que com sua imagem fosse propagandeada como um “restaurador da monarquia”, um inimigo da República.
Após encontrarem seu corpo, Antônio Conselheiro teve a sua cabeça decepada e depositada na Faculdade de Medicina da Bahia, onde ficou preservada até 1905, quando um incêndio destruiu tudo.
O nome da fazenda onde se instalou o arraial de Canudos era Belo Monte. O nome Canudos possivelmente refere-se a um tipo de cachimbo de barro muito utilizado pelos seus habitantes.
Não se sabe muito sobre os sobreviventes de Canudos. Contudo, descendentes desses prováveis sobreviventes continuaram durante muito tempo idealizando a imagem de Conselheiro e da comunidade.
No final dos anos de 1960, o local do arraial de Canudos foi alagado e submerso sob o açude de Cocorobó, a cerca de 10 quilômetros da cidade que, hoje, leva o nome de Canudos.
Publicado por Túlio Queiroz
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Antônio Conselheiro
Juliana Bezerra Juliana Bezerra Professora de História
Antônio Conselheiro (1830-1897) foi um líder religioso e o fundador do arraial do Belo Monte, mais conhecido como Canudos.
Foi considerado um fanático religioso na época em que viveu, pois isto foi uma forma do governo republicano justificar o massacre perpetrado contra seus seguidores.
Biografia de Antônio Conselheiro
Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, nasceu em 13 de março de 1830, na atual cidade de Quixeramobim, no Ceará.
Antônio Conselheiro
Desenho retratando o líder Antônio Conselheiro
O pai era comerciante e sua mãe faleceu quando ele tinha seis anos. Ambos desejavam que o filho fosse sacerdote, um modo que as pessoas sem condição econômica tinham de estudar e ascender socialmente.
Antônio aprendeu a ler e a escrever, e era um leitor de histórias de santos, cavaleiros e místicos que circulavam no sertão. Lia muito, inclusive autores proibidos pela Inquisição.
Sem condições de entrar num seminário religioso, acabou ajudando o pai no armazém familiar. Quando este faleceu, decide sair em peregrinação pelo sertão junto à esposa e à sogra.
Nesta vida nômade, tem várias ocupações como professor, caixeiro e escrivão. Circulou pelo sertão da Bahia, Sergipe e Pernambuco, e sua fama se espalhava. Desta maneira, ganhou o apelido de “Conselheiro” reconhecimento de que era um sábio e que ajudava os que necessitavam.
Foi acusado injustamente de homicídio e é preso. Quando sai da prisão, resolve sair pelo sertão nordestino recolhendo pedras para reconstruir igrejas e ir ao encontro dos “mal-aventurados”.
Os seguidores de Antônio Conselheiro eram formados por ex-escravos, indígenas despossuídos e trabalhadores explorados. Com seus fiéis, cada vez mais numerosos, constrói igrejas, açudes, pontes, cemitérios e sua autoridade cresce.
Deixa a vida de peregrino e fixa-se no arraial chamado Canudos que é rebatizado de Belo Monte.
Ali lidera uma comunidade que se tornaria um problema para as autoridades locais e nacionais. Para acabar com o mau exemplo de Canudos, o governo federal realiza um verdadeiro massacre, pondo fim ao lugar e à vida do Conselheiro.
Veja também: Messianismo
Vida em Canudos
Calcula-se que Canudos tenha reunido 30.000 pessoas, em cerca de 5.200 casas.
Ali, os "conselheristas", como eram chamados os habitantes, usufruíam de forma comunitária dos bens produzidos. Havia uma caixa-comum para sustentar os doentes e o fruto do trabalho era dividido entre todos.
O lugar era descrito como uma terra prometida onde havia “rios de leite e os barrancos eram de cuscuz de milho”.
As pessoas se sentiam tocadas pelas palavras de Antônio Conselheiro porque entendiam que era um caminho que as levaria ao progresso material e espiritual, ao contrário do que acontecia quando escutavam os pregadores tradicionais.
Guerra de Canudos
A Guerra de Canudos deve ser entendida no contexto da República recém-proclamada que excluía ainda mais os pobres da sociedade brasileira. Outro conflito com as mesmas características se deu no sul, a Guerra do Contestado.
Guerra de Canudos
Sobreviventes da Guerra de Canudos são vigiados por soldados
Belo Monte se tornou um problema para o governo baiano, pois os habitantes não pagavam impostos e as fazendas perdiam sua mão de obra barata.
Diante do crescimento do arraial de Belo Monte, as autoridades baianas começam a se preocupar. Primeiro, alguns missionários religiosos tentam a dissolução do arraial de forma pacífica.
No entanto, não conseguem fazer os "conselheristas" dispersarem, pois eles declaram que não precisam da ajuda dos padres e da Igreja tradicional.
Diante do impasse, três expedições do Exército são realizadas para acabar com o Arraial de Belo Monte. A luta foi dura e sangrenta, e terminou com a completa destruição do arraial em 5 de outubro de 1897.
Veja também: Guerra de Canudos
Curiosidades sobre Antônio Conselheiro
Até hoje existem templos levantados por Antônio Conselheiro como a matriz de Crisópolis/BA.
Na realidade, existiram três arraiais de Canudos. Atualmente, o segundo deles está inundado pelo Açude do Cocorobó e em épocas de estiagem é possível ver as ruínas da igreja.
A Guerra de Canudos foi coberta pelo repórter do Estado de São Paulo, Euclides da Cunha. A reportagem deu origem ao livro "Os Sertões".
Veja também: Os Sertões, de Euclides da Cunha
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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
Como citar?
Veja também
Guerra de Canudos
Os Sertões, de Euclides da Cunha
Guerra do Contestado: causas e consequências
Euclides da Cunha
Messianismo
Revolta da Vacina (1904)
10 questões sobre a Guerra de Canudos (com comentários)
Revolta da Chibata
https://www.todamateria.com.br/antonio-conselheiro/
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HISTÓRIA DO BRASIL
Revolta da Chibata
Juliana Bezerra Juliana Bezerra Professora de História
A Revolta da Chibata foi uma agitação militar na Marinha do Brasil, ocorrida no Rio de Janeiro, de 22 a 27 de novembro de 1910.
A luta contra os castigos físicos, baixos salários e as péssimas condições de trabalho são as principais causas da revolta.
Contexto Histórico
Na época, vale destacar que na Marinha do Brasil, os marinheiros eram principalmente os negros escravizados recém-libertos. Estes eram submetidos a uma árdua rotina de trabalho em troca de baixos salários.
Qualquer insatisfação era punível e a disciplina nos navios era mantida pelos oficiais por meio de castigos físicos, dos quais a “chibatada”, era a punição mais comum.
Apesar de ter sido abolida na maioria das forças armadas do mundo, os castigos físicos ainda era uma realidade no Brasil.
A insatisfação dos marujos cresceu depois que os oficiais receberam aumentos salariais, mas não os marinheiros.
Revolta da Chibata
Primeira página do jornal Correio da Manhã, no dia 24 de novembro de 1910.
Além disso, os novos e modernos encouraçados que o governo brasileiro havia encomendado, o "Minas Gerais" e o "São Paulo", demandavam uma quantidade ainda maior de homens para serem operados, sobrecarregando os marinheiros. Essas duas belonaves eram as mais poderosas e modernas da esquadra brasileira.
Assim, com o aumento dos salários dos oficiais e a criação de uma nova tabela de serviços que não alcançou os baixos escalões, alguns marinheiros passaram a planejar um protesto.
O Levante
Na madrugada de 22 de novembro de 1910, os marinheiros do Encouraçado "Minas Gerais" se rebelaram.
O estopim se deu após assistirem o castigo do marujo Marcelino Rodrigues Menezes, açoitado até desmaiar com 250 chibatadas (o normal eram 25) por agredir um oficial.
O levante foi liderado pelo experiente João Cândido Felisberto, marujo negro e analfabeto. O motim terminou com a morte do comandante do navio e mais dois oficiais, os quais não aceitaram abandonar a nave de guerra.
Nesta mesma noite, juntou-se ao motim o Encouraçado "São Paulo". Nos dias seguintes, outras embarcações aderiram ao movimento, como o "Deodoro" e o "Bahia", naves de guerra de grande porte.
Por sua vez, no Rio de Janeiro, o presidente Hermes da Fonseca tinha acabado de tomar posse e enfrentava sua primeira crise. Os navios rebeldes bombardearam a cidade do Rio de Janeiro para demonstrarem que não estavam dissimulando.
Em carta ao governo, os revoltosos solicitavam:
o fim dos castigos físicos;
melhores condições de alimentação e trabalho;
anistia para todos envolvidos na revolta.
Assim, no dia 26 de novembro, o presidente Marechal Hermes da Fonseca acatou as reivindicações dos amotinados, encerrando aquele episódio da revolta.
Contudo, dois dias depois de entregarem as armas, é decretado “estado de sítio”, iniciando o expurgo e prisão daqueles marinheiros considerados indisciplinados.
Fim da Revolta
Revolta da Chibata Joao Candido
João Cândido, terceiro da esquerda para direita, no terceiro dia da revolta.
Os marinheiros foram presos na Ilha das Cobras sede do Batalhão Naval. Sentindo-se traídos, os marinheiros se amotinaram, em 9 de dezembro de 1910.
A resposta do governo foi dura e a prisão foi bombardeada e destruída pelo exército, matando centenas de fuzileiros navais e prisioneiros.
Os amotinados, totalizando 37 pessoas, foram recolhidos a duas prisões solitárias, onde morreram sufocados. Somente João Cândido e outro companheiro de luta sobreviveram.
Com isso, em 1911, aqueles que aderiram ao movimento já haviam sido mortos, presos ou expulsos do serviço militar. Muitos dos envolvidos foram mandados para campos de trabalhos forçados nos seringais da Amazônia e na construção da ferrovia Madeira-Mamoré.
Como saldo, o conflito deixou mais de duzentos mortos e feridos entre os amotinados, dos quais cerca de dois mil foram expulsos após a revolta. Na porção legalista, morreram cerca de doze pessoas, entre oficiais e marinheiros.
Quanto ao líder, João Cândido, após sobreviver á prisão e ter sido inocentado, ele foi considerado desequilibrado e internado num hospício. Por sua audácia, a imprensa da época o chamou de Almirante Negro.
Ele seria absolvido das acusações de conspiração em 1º de dezembro de 1912, mas foi expulso da Marinha.
Sobreviveu como pescador e vendedor até que o jornalista Edmar Morel resgatou sua história do esquecimento e lançou o livro "A Revolta da Chibata", em 1959.
Somente em 23 de julho de 2008, o governo brasileiro entendeu que as causas da revolta eram legítimas e concedeu anistia aos marinheiros envolvidos.
Curiosidades
A Revolta da Chibata se inspirou no motim dos marinheiros da Armada Imperial Russa, realizada no encouraçado Potemkin, em 1905.
A música "O Mestre-Sala dos Mares", composta por João Bosco e Aldir Blanc, em 1975, foi feita em homenagem ao líder da Revolta da Chibata. A letra foi censurada pelo regime militar. O título original seria "O Almirante Negro", porém este foi vetado.
Atualmente, existe uma estátua de João Cândido na Praça XV, no Rio de Janeiro, colocada ali em 2008.
Vídeo sobre a Revolta da Chibata
Leia mais:
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Tratado de Petrópolis
Revolta da Vacina
Guerra do Contestado
Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
Como citar?
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