sábado, 21 de outubro de 2023

CONTENÇÃO E REFLEXÃO

O que é contenção verbal? "É descrita como um processo interativo complexo, no qual o paciente é guiado para um espaço pessoal mais pacífico1,7. Foi demonstrada a capacidade da desescalada verbal em reduzir a agitação e o risco de que a situação evolua para a violência." ----------- ----------- Let's Face The Music And Dance Nat King Cole ----------- There may be trouble ahead, But while theres moonlight and music and love and romance, Let's face the music and dance. Before the fiddlers have fled, Before they ask us to pay the bill, And while we still have the chance, Let's face the music and dance. Soon, we'll be without the moon, Humming a different toon, And then, There may be tear drops to shed. So while theres moonlight and music and love and romance, Let's face the music and dance, Let's face the music and dance. (musical break) Soon, we'll be without the moon, Humming a different toon, And then, There may be tear drops to shed. So while theres moonlight and music and love and romance, Let's face the music and dance, Let's face the music and dance. ____________________________________________________________________________________________________________ ------------ Some Lovely Dancing :) Featured: Rita Hayworth Fred Astaire Gene Kelly Cyd Charisse Ava Gardner Sophia Loren Deborah Kerr Cary Grant Ginger Rogers Katharine Hepburn Jimmy Stewart And ofcourse the song "Let's Face The Music And Dance" sung by Nat King Cole ______________________________________________________________________________________________________________ -----------
----------- Onde estão as violetas? Onde estão as violetas? Na mão de etéreos meninos Que enterram flores na areia, Na areia consecutiva. Túmulos de beija-flores São essas vagas colinas Sem consistência nenhuma Sob as mãos inconsistentes Que vão plantando violetas, Violetas consecutivas. Mudam de cor as violetas, Vão sendo róseas e brancas, E irão desaparecendo Por ilusórios caminhos Como, sem rosto, os meninos, Meninos consecutivos. Em tempos consecutivos Quem pode ver esse mundo Só de meninos, areias, Túmulos de beija-flores E sombras de violetas? – Cecília Meireles, no livro “Palavras e pétalas”. Rio de Janeiro: Desiderata, 2008. https://www.revistaprosaversoearte.com/cecilia-meireles-poemas/ § _________________________________________________________________________________________________________________ ---------- ------------ "Israel não é sua extrema direita e os palestinos não são o Hamas", diz Gherman | Conversas ------------- "Sentindo muita pressão da comunidade israelense, o presidente, então, vai um passo além agora. Meio Estreou em 19 de out. de 2023 #Hamas #Israel #Palestina Nesta edição extra do Conversas com o Meio, Pedro Doria recebe Michel Gherman, professor, sociólogo e historiador da UFRJ. Em pauta, os conceitos de apartheid, genocídio e sionismo — e como sua compreensão orienta e distorce o debate sobre Israel e Palestina. E ainda: a extrema direita em Israel está se desmontando? Confira nesta conversa. __ CONVERSAS COM O MEIO ____________________________________________________________________________________ ---------------- ---------------- WW - 20/10/2023 CNN Brasil Transmissão ao vivo realizada há 11 horas #CNNBrasil Assista ao programa WW desta sexta-feira, 20 de outubro de 2023. #CNNBrasil ____________________________________________________________________________________________________________ ------------- ------------------ Trouble Ahead P:ano ------------- _________________________________________________________________________________________________________"It'll be trouble ahead."
------------ Luiz Carlos Azedo – Biden, Netanyahu e Putin são senhores da guerra Correio Braziliense A crise humanitária em Gaza solidificou posições enraizadas no mundo em desenvolvimento quanto ao conflito israelense-palestino. A maioria apoia a criação do Estado da Palestina O jornalista Henry Foy, correspondente do Financial Times em Bruxelas, instiga a reflexão sobre a nova conjuntura internacional a partir da guerra de Gaza, que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse, ontem, que será de longa duração. Ou seja, não deve se encerrar enquanto Israel não invadir a Faixa, eliminar o Hamas e restabelecer seu controle sobre toda a região, a exemplo do que já ocorre na Cisjordânia — apesar da existência de uma enfraquecida Autoridade Palestina. Segundo Foy, o apoio incondicional do Ocidente a Israel, especialmente Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, envenenou os esforços para isolar a Rússia e obter apoio dos países em desenvolvimento em favor da Ucrânia. A reação implacável dos israelenses ao ataque terrorista do Hamas, em 7 de setembro, desconstruiu a narrativa do Ocidente em relação às violações de direitos humanos cometidas pela Rússia em Donetsk e outras regiões ocupadas por suas tropas. “Na enxurrada de visitas diplomáticas de emergência, videoconferências e chamadas, os funcionários ocidentais foram acusados de não defender os interesses de 2,3 milhões de palestinos na sua pressa de condenar o ataque do Hamas e apoiar Israel”, destacou o analista do Financial Times. Isso teria corroído esforços diplomáticos para que a Índia, o Brasil e a África do Sul endurecessem o discurso contra o líder russo Vladimir Putin, com base na necessidade de defender uma ordem global em que as regras do direito internacional fossem respeitadas. A apesar da generalizada condenação ao ataque de surpresa do Hamas, principalmente à morte e sequestro de civis, a crise humanitária na Faixa de Gaza solidificou posições enraizadas no mundo em desenvolvimento quanto ao conflito israelense-palestino. A maioria desses países apoia a posição oficial da ONU, favorável à criação do Estado da Palestina independente de Israel. “Todo o trabalho que fizemos com o Sul Global [sobre a Ucrânia] foi perdido. Esqueça sobre regras, esqueça a ordem mundial. Eles nunca vão nos ouvir novamente”, lamentava um diplomata do G7 ao jornalista britânico. O Grupo dos Sete é formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, com a União Europeia de observadora. A maioria dos países em desenvolvimento sempre apoiou a causa palestina pelo prisma da autodeterminação e vê com desconfiança o domínio global dos EUA, o aliado principal de Israel. Os países árabes, inclusive aqueles que têm boas relações com o Washington e Tel Aviv, acumulam ressentimentos. Não são apenas os decorrentes da antiga ordem colonial, nem fruto de intervenções mal-sucedidas no Iraque, na Síria e na Líbia. Nesse caso de Gaza, estão diretamente ligados ao tratamento dado pelas potências ocidentais ao povo palestino. Direitos humanos Ao contrário, Rússia e China cultivam laços históricos com os palestinos. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, na terça-feira, durante a reunião com o líder chinês XI Jinping, em Pequim, agarrou com as duas mãos a oportunidade de questionar o presidente dos EUA, Joe Biden, que adota dois pesos e duas medidas em relação à Ucrânia e à Faixa de Gaza. “O que dissemos sobre a Ucrânia deve se aplicar a Gaza. Caso contrário, perdemos toda a nossa credibilidade”, lamentou o diplomata do G7, segundo o jornalista do Financial Times. Há pouco mais de um mês, na reunião do G20, em Nova Déli, Biden e outros líderes ocidentais conclamaram os países em desenvolvimento a condenar os ataques da Rússia a civis ucranianos, respeitar a Carta da ONU e o direito internacional. Desde o último domingo, porém, endossam incondicionalmente as ações de Israel na Faixa de Gaza, onde os civis estão sem água, eletricidade, gás de cozinha, comida e remédios. A ordem global pós II Guerra Mundial não funciona para o mundo árabe, inclusive para a Jordânia e o Egito, que mantêm relações com Israel. Na União Europeia, o incomodo também começa a crescer, sobretudo depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajar para Israel sem um mandato dos 27 estados-membros do bloco e não tratar da questão humanitária. Dublin, Madri e Luxemburgo queixaram-se de seu discurso em Tel Aviv. Preocupada, a França começou a se movimentar em parceria com o Brasil, que protagoniza os esforços humanitários na presidência do Conselho de Segurança da ONU. Teme que a Rússia não esteja mais interessada em conter seus aliados na região, sobretudo o Irã. A crise de Gaza ofusca a guerra da Ucrânia e desloca recursos dos EUA para Israel, além de neutralizar a narrativa em relação às violações de direitos humanos pelo Exército russo. Putin e Netanyahu já eram notórios senhores da guerra, mas Biden não tinha essa imagem, graças à retórica em defesa dos direitos humanos. Agora passou a ter. _________________________________________________________________________________________________________________ ---------------- --------------- ------------ Papo Antagonista: As estratégias dos terroristas e dos arapongas O Antagonista Transmissão ao vivo realizada há 23 horas O Papo Antagonista desta sexta-feira, 20, comenta os desdobramentos dos ataques do Hamas contra Israel, os destaques da Crusoé e a operação da PF que mirou servidores da Abin. _________________________________________________________________________________________________________________ ------------
------------- Eleição na Argentina, guerra de desinformação e o misterioso sumiço de armas do Exército: todos os episódios da semana de O Assunto O Assunto é o podcast diário do g1. Perdeu algum? Aproveite o fim de semana para maratonar. Por g1 21/10/2023 05h30 Atualizado há 12 horas Você pode ouvir O Assunto no g1, no Globoplay, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Deezer, na Amazon Music, no Hello You ou no aplicativo de sua preferência. Assine ou siga O Assunto, para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. O Assunto é o podcast diário do g1, apresentado por Natuza Nery, e publicado de segunda a sexta-feira. Perdeu algum episódio da semana? Você pode aproveitar o fim de semana para maratonar! É só colocar o fone e dar o play! #1.066: A Argentina às vésperas da eleição 🎧 No domingo (22), os argentinos vão às urnas para escolher um novo presidente. Com a economia deteriorada – a inflação supera 100% ao ano – e depois de ver fracassar governos de direita (com Mauricio Macri) e de esquerda (com Alberto Fernandez), o eleitorado argentino flerta com um candidato que se posiciona contra tudo e contra todos: a grande estrela da campanha presidencial é Javier Milei, economista ultraliberal de extrema-direita. Milei aparece à frente nas pesquisas antes do primeiro turno. Em segundo lugar está Sérgio Massa, ministro da Economia do presidente Alberto Fernandez que, por brigas internas, sequer disputa a reeleição. Para entender os favoritos no domingo e os rumos políticos e econômicos da Argentina, Julia Duailibi conversa com Ariel Palacios, correspondente da Globo em Buenos Aires. #1.067: Guerra no Oriente Médio – o potencial destrutivo🎧 Desde o ataque terrorista do Hamas, Israel não mede esforços em colocar em operação todo o seu poder militar – um arsenal com mais de 2 mil tanques e mais de 300 aeronaves de combate. E conforme o exército israelense ataca e acumula corpos na Faixa de Gaza, atores internacionais se posicionam no xadrez da geopolítica: sejam eles grupos armados como o Hezbollah, sejam países vizinhos como Arábia Saudita e Irã, ou ainda grandes potências globais, caso de EUA e Rússia. E novamente acende-se o alerta sobre o risco de uma escalada do conflito para patamares inéditos. Para avaliar esse risco e descrever a força militar dos envolvidos na guerra, Natuza Nery recebe Vitelio Brustolin, professor de relações internacional da UFF e professor adjunto na Universidade de Columbia (EUA), e também pesquisador da faculdade de Direito de Harvard. #1.068: O misterioso sumiço de armas do Exército 🎧 Na última terça-feira (10), o quartel do Exército em Barueri, cidade da região metropolitana de São Paulo confirmou o desaparecimento de um verdadeiro arsenal de guerra que estava sob seu domínio. Sumiram nada menos que 8 metralhadoras de calibre 7,62 e 13 metralhadoras de calibre .50 - são fuzis capazes de efetuar mais de 500 disparos por minuto e até derrubar aeronaves. Até agora, não há suspeitos, mas 480 militares seguem aquartelados, sob investigação do Exército. Para explicar o caso, Natuza Nery fala com Kleber Tomaz, repórter do g1 em São Paulo, e Bruno Langeani, gerente da área de sistema de justiça e segurança do Instituto Sou da Paz. #1.069🎧 Sem água, sem comida, sem remédios... A Faixa de Gaza é alvo de bombardeios do Exército israelense há mais de 10 dias, e a população civil sofre com a falta de ajuda humanitária em meio a disparos de mísseis e foguetes. Nesta quarta-feira (18), os EUA barraram uma resolução da ONU que previa a instalação de um corredor humanitário - mas o governo liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, pressionado pela visita do presidente americano Joe Biden, autorizou a entrada de ajuda humanitária. Diretamente de Khan Yunis, o palestino Hasan Rabee relata a situação de quem aguarda para cruzar a fronteira com o Egito - ele que desde o início da guerra tenta deixar Gaza com a mulher e as duas filhas brasileiras. Natuza Nery também conversa com Tarciso Dal Maso, advogado e professor de Direito Internacional no Centro Universitário de Brasília. #1.070: Israel x Hamas - a guerra de desinformação🎧 A disputa de versões sobre quem causou a explosão em um hospital de Gaza expôs uma guerra dentro da guerra. Primeiro, o Ministério da Saúde de Gaza – comandado pelo Hamas – falou em 500 vítimas e culpou Israel. Logo depois, Israel disse que o local foi atingido por um foguete lançado pela Jihad Islâmica. O caso expõe como os dois lados disputam versões e até usam mentiras para controlar a narrativa do conflito – algo que se repete há séculos. Tudo potencializado pelas redes sociais, onde uma enxurrada de notícias falsas e deep fakes se espalha 6 vezes mais rápido do que notícias checadas e verificadas, como explica David Nemer em conversa com Natuza Nery. Professor da Universidade da Virgínia (EUA), Nemer reflete como a desinformação prospera mais facilmente em situações de raiva e de medo. VEJA CORTES DO ASSUNTO EM VÍDEO 50 vídeos David Nemer: “Desinformação está ligada a emoções negativas, como medo e raiva” Pesquisador fala por que desinformação circula 6 vezes mais rápido que a verdade nas redes Corredor humanitário: o que é e por que é tão difícil criar um na Faixa de Gaza O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Lorena Lara, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski, Eto Osclighter e Nayara Fernandes. Apresentação: Natuza Nery. Nesta semana também na apresentação: Julia Duailibi. Natuza Nery comanda o podcast O Assunto — Foto: g1 Natuza Nery comanda o podcast O Assunto — Foto: g1 https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2023/10/21/eleicao-na-argentina-guerra-de-desinformacao-e-o-misterioso-sumico-de-armas-do-exercito-todos-os-episodios-da-semana-de-o-assunto.ghtml ________________________________________________________________________________________________________________ ------------ ------------- Waters of March - Águas de Março - Tom Jobim Carey McGleish 264.243 visualizações 20 de nov. de 2010 Performed by Jobim in HD with stunning sound quality. Waters of March is a Brazilian song composed by Antonio Carlos Jobim. Jobim wrote both the English and Portuguese lyrics. The English version treats March from the perspective of an observer in the northern hemisphere. In this context, the waters are the "waters of spring" in contrast to the rains referenced in the original Portuguese, marking the end of summer and the beginning of the colder season in the southern hemisphere Waters of March : English Lyrics: "Aquas de Marco" A stick, a stone, It's the end of the road, It's the rest of a stump, It's a little alone It's a sliver of glass, It is life, it's the sun, It is night, it is death, It's a trap, it's a gun The oak when it blooms, A fox in the brush, A knot in the wood, The song of a thrush The wood of the wind, A cliff, a fall, A scratch, a lump, It is nothing at all It's the wind blowing free, It's the end of the slope, It's a beam, it's a void, It's a hunch, it's a hope And the river bank talks of the waters of March, It's the end of the strain, The joy in your heart The foot, the ground, The flesh and the bone, The beat of the road, A slingshot's stone A fish, a flash, A silvery glow, A fight, a bet, The range of a bow The bed of the well, The end of the line, The dismay in the face, It's a loss, it's a find A spear, a spike, A point, a nail, A drip, a drop, The end of the tale A truckload of bricks in the soft morning light, The shot of a gun in the dead of the night A mile, a must, A thrust, a bump, It's a girl, it's a rhyme, It's a cold, it's the mumps The plan of the house, The body in bed, And the car that got stuck, It's the mud, it's the mud Afloat, adrift, A flight, a wing, A hawk, a quail, The promise of spring And the riverbank talks of the waters of March, It's the promise of life It's the joy in your heart A stick, a stone, It's the end of the road It's the rest of a stump, It's a little alone A snake, a stick, It is John, it is Joe, It's a thorn in your hand and a cut in your toe A point, a grain, A bee, a bite, A blink, a buzzard, A sudden stroke of night A pin, a needle, A sting, a pain, A snail, a riddle, A wasp, a stain A pass in the mountains, A horse and a mule, In the distance the shelves rode three shadows of blue And the riverbank talks of the waters of March, It's the promise of life in your heart, in your heart A stick, a stone, The end of the road, The rest of a stump, A lonesome road A sliver of glass, A life, the sun, A knife, a death, The end of the run And the riverbank talks of the waters of March, It's the end of all strain, It's the joy in your heart. Música MÚSICA Waters of March ARTISTA Tom Jobim ÁLBUM Ao Vivo Em Montreal https://www.youtube.com/watch?v=mcERxtlRPQo ________________________________________________________________________________________________________________ ----------
------------ 24 DE MAIO DE 1980 Enfrentei, na falta de feras, jaulas de aço, escavei meu apelido, e o tempo que me faltava para cumprir, em colunas e paredes nuas de concreto, vivi à beira-mar, tirei azes da manga num oásis, jantei com só-o-Diabo-sabe-quem, de casaca, comendo trufas. Do alto de uma geleira. olhei meio mundo, a terra quase inteira. Quase me afoguei duas vezes, por três deixei que facas esburacassem a minha pança. Abandonei o país em que nasci e que me viu crescer. Os que me esqueceram dariam a população de uma cidade inteira. Percorri as estepes que viram os Hunos berrando do alto de suas selas, usei roupas que, hoje, por toda parte, estão voltando à moda, plantei centeio, cobri de pixe o telheiro de estábulos e chiqueiros, nesta vida só não bebi água seca. Deixei que o terceiro olho das sentinelas se esgueirasse para dentro de meus sonhos úmidos e sinistros. Comi o pão do exílio, mofado, encaroçado. Concedi a meus pulmões todos os sons, exceto o urro; preferi o gemido. Hoje, estou fazendo quarenta anos. Que posso dizer da vida? Que é longa e detesta a transparência. Ovos quebrados me entristecem; mas omeletes me enjoam. E, no entanto, até que me enfiem argila pela goela abaixo, tudo o que posso fazer sair dela é gratidão. (1980) . Я входил вместо дикого зверя в клетку... Я входил вместо дикого зверя в клетку, выжигал свой срок и кликуху гвоздем в бараке, жил у моря, играл в рулетку, обедал черт знает с кем во фраке. С высоты ледника я озирал полмира, трижды тонул, дважды бывал распорот. Бросил страну, что меня вскормила. Из забывших меня можно составить город. Я слонялся в степях, помнящих вопли гунна, надевал на себя что сызнова входит в моду, сеял рожь, покрывал черной толью гумна и не пил только сухую воду. Я впустил в свои сны вороненый зрачок конвоя, жрал хлеб изгнанья, не оставляя корок. Позволял своим связкам все звуки, помимо воя; перешел на шепот. Теперь мне сорок. Что сказать мне о жизни? Что оказалась длинной. Только с горем я чувствую солидарность. Но пока мне рот не забили глиной, из него раздаваться будет лишь благодарность. (1980) - Joseph Brodsky/Iósif Bródski (Ио́сиф Бро́дский), em "Poesia soviética". [seleção, tradução e notas Lauro Machado Coelho]. São Paulo: Algol, 2007. ----------- ------------
------------ Joseph Brodsky - o poeta e o mundo Joseph Brodsky Joseph Brodsky (Иосиф Бродский), pseudônimo de Iosif Aleksandrovich Brodsky (Leningrado, 24 de maio de 1940 — Nova Iorque, 28 de janeiro de 1996) poeta, romancista, ensaísta, tradutor e dramaturgo russo naturalizado americano, que escrevia em russo e em inglês. Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1987. De família judaica, Joseph Brodsky, provavelmente o maior poeta russo do século 20, nasceu em 1940 em São Petersburgo, então Leningrado. Seu pai, Aleksándr Brodsky, um fotógrafo, trabalhou como correspondente de guerra. De 1942 a 1944, já durante o Cerco de Leningrado, Joseph esteve na evacuação com sua mãe, Maria Volpert. Brodsky largou o colégio aos 15 anos de idade – por um lado, para ajudar os pais e, por outro, por não adaptar-se aos ditames soviéticos – e então passou por diversos trabalhos, como o de torneiro mecânico e o de assistente numa expedição geológica. Começou a escrever aos 18, 19 anos de idade e educou-se sozinho (aprendeu polonês, inglês, filosofia clássica, mitologia e religião). Em 1963, depois de um artigo que difamava um de seus poemas, Brodsky foi detido e mandado para uma instituição de doentes mentais e, em seguida, preso e acusado de “parasitismo social” (trechos deste estranho processo, no qual ele se declara poeta, foram usados na peça Liberdade, liberdade, escrita por Millôr Fernandes e Flavio Rangel em 1965). Como sentença, foi mandado ao exílio para cumprir cinco anos de trabalhos forçados. Protestos de figuras do quilate de Jean Paul Sartre, Dmítri Chostakóvitch e Anna Akhmátova fizeram com que Brodsky fosse solto em 1965. Aliás, como se sabe, Anna Akhmátova louvou publicamente o trabalho do então jovem poeta e foi quem o apresentou a Marina Basmanova, uma jovem e enigmática pintora, com quem ele casou e teve seu primeiro filho e a quem dedicou muitos de seus poemas. Depois de alguns anos, Marina o deixou. Joseph Brodsky Em 1972, Brodsky, obrigado a sair da Rússia, seguiu para Viena, onde conheceu o poeta W. H. Auden, que o ajudou a integrá-lo à Universidade de Michigan. Foi professor visitante em várias universidades importantes, como Columbia e Cambridge. Em 1979 recebeu o título honorário de doutor em letras pela Yale. Outros tantos títulos e prêmios passaram a fazer parte de seu currículo. Além de poeta, Joseph Brodsky foi ensaísta, dramaturgo e tradutor e escrevia tanto em russo como em inglês (ele mesmo traduzia seus poemas para o inglês). Traduzido desde a década de 1960 para várias línguas (na Rússia circulou por muito tempo basicamente em edições clandestinas), seu nome tornou-se ainda mais conhecido depois do prêmio Nobel, que recebeu em 1987, e por seus pontos de vista ─ eruditos, independentes, irônicos e líricos. Já tendo passado por uma operação no coração, no dia 28 de novembro de 1996, em Nova Iorque, um ataque cardíaco lhe tirou a vida aos 55 anos de idade. :: Fonte: Editora Kalinka https://www.elfikurten.com.br/2016/08/joseph-brodsky.html

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