Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 12 de outubro de 2023
CRIANCINHA
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Let It Be
The Beatles
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Little Child
The Beatles
Little Child
Little child, little child
Little child won't you dance with me
I'm so sad and lonely
Baby take a chance with me
Little child, little child
Little child won't you dance with me
I'm so sad and lonely
Baby take a chance with me
If you want someone to make you feel so fine
Then we'll have some fun when you're mine
So come on, come on, come on
Little child, little child
Little child won't you dance with me
I'm so sad and lonely
Baby take a chance with me, wow
When you're by my side you're the only one
Don't you run and hide just come on, come on
So come on, come on, come on
Little child, little child
Little child won't you dance with me
I'm so sad and lonely
Baby take a chance with me oh, yeah
Baby take a chance with me oh, yeah
Baby take a chance with me oh, yeah
Garotinha
Garotinha, garotinha
Garotinha, por que você não dança comigo?
Eu estou tão triste e sozinho
Garota, me dê uma chance
Garotinha, garotinha
Garotinha, por que você não dança comigo?
Eu estou tão triste e sozinho
Garota, me dê uma chance
Se você quer alguém que te faça sentir bem
Então vamos ficar satisfeitos quando você for minha
Então vamos lá
Garotinha, garotinha
Garotinha, por que você não dança comigo?
Eu estou tão triste e sozinho
Garota, me dê uma chance
Quando você está ao meu lado, não quero outra pessoa
Não corra e se esconda, apenas venha, venha
Então venha, venha, venha
Garotinha, garotinha
Garotinha, por que você não dança comigo?
Eu estou tão triste e sozinho
Garota, me dê uma chance, ah, sim
Garota, me dê uma chance, ah, sim
Garota, me dê uma chance, ah, sim
Composição: Lennon / McCartney.
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Nas entrelinhas: Cessar-fogo para resgate de crianças em Gaza depende de Biden
Publicado em 12/10/2023 - 08:02 Luiz Carlos Azedo
Brasília, Cidades, Comunicação, EUA, Governo, Guerra, Israel, Itamaraty, Memória, Militares, Política, Política, Segurança, Terrorismo, Violência
Nos bastidores, o Itamaraty negocia com o Egito a abertura de um corredor humanitário para saída de refugiados e um acordo com o Hamas para retirar os brasileiros de Gaza
O Brasil convocou uma nova reunião do Conselho de Segurança da ONU, esta quinta-feira, para tratar da crise humanitária na Faixa de Gaza, submetida a intensos bombardeios do Exército de Israel, em razão do ataque terrorista do Hamas, que controla a região, ao território israelense, no sábado passado — com centenas de israelenses mortos e milhares de feridos, além de 150 reféns sequestrados para o território palestino, alguns dos quais brasileiros.
Nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e à comunidade internacional, em defesa das crianças palestinas e israelenses. “Lancemos mão de todos os recursos para pôr fim à mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio”, escreveu no X (antigo Twitter).
Para Lula, são urgentes uma intervenção humanitária internacional e, também, o cessar fogo. Segundo o presidente, o Hamas precisa libertar as crianças israelenses sequestradas de suas famílias. Também é necessário que Israel cesse o bombardeio na Faixa de Gaza, para que as crianças palestinas e as mães delas deixem a área de conflito pela fronteira com o Egito. O problema é que o Brasil não tem um aliado de peso disposto a bancar essa posição.
Enquanto Lula e o presidente da ONU, o português Antônio Guterres, pregam um cessar-fogo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apoia sem quaisquer restrições a retaliação de Israel ao Hamas em Gaza. Mesmo que o preço seja uma crise humanitária que pode provocar o deslocamento de mais de um milhão de pessoas da Palestina.
As imagens dos bombardeios mostram um cenário de destruição em larga escala, com intensos bombardeios, ainda que o Hamas continue lançando seus foguetes de Gaza. A posição de Lula, inclusive, está sendo atacada por Israel, cujo embaixador no Brasil, Daniel Zonshine, reuniu-se com parlamentares brasileiros e pediu que pressionem o presidente a considerar o Hamas uma organização terrorista. Segundo ele, as declarações de Lula são “brandas demais”.
Nos bastidores, o Itamaraty negocia com o Egito para que permita a abertura de um corredor humanitário para saída de refugiados. Tenta, também, um acordo com o Hamas para retirar os brasileiros que estão em Gaza, dos quais sete famílias, com 50 pessoas, já contataram o Itamaraty.
O governo agiu com rapidez e sucesso para organizar a ponte aérea que resgata os brasileiros que estão em Israel. Alguns, com dupla nacionalidade, não somente não podem voltar, como estão sendo convocados pelo Exército para guerra, inclusive os reservistas que moram aqui.
Projeção de poder
Do ponto de vista geopolítico, a posição de Lula segue a tradição do Itamaraty e está em linha com a política da ONU, mas os EUA e Israel não estão nem aí para o Conselho de Segurança. Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes atuam nos bastidores para um cessar fogo, mas também são tão impotentes quanto qualquer outro país árabe. O Irã apoia o Hamas e é contra a existência de Israel. China e Rússia não querem se meter em confusão. É uma situação muito difícil.
Para se ter uma ideia do desequilíbrio geopolítico, os EUA enviaram seu mais moderno porta-aviões, o “Gerald R. Ford”, um cruzador e quatro navios antimísseis para a costa de Gaza, com objetivo de proteger Israel e inibir um eventual ataque do Hezbollah (muito mais poderoso do que o Hamas) na fronteira com o Líbano, o que seria uma nova escalada do conflito patrocinado pelo Irã. O Brasil não tem a menor condição de enviar para a região o navio aeródromo multiuso NAN “Atlântico” (A-140) para levar ajuda humanitária e/ou resgatar os brasileiros que tentam sair de Israel.
Nau Capitânia da Esquadra, atracada no Rio de Janeiro, o “Atlântico” foi projetado para tarefas de controle de áreas marítimas, projeção de poder sobre terra, pelo mar e ar e missões de caráter humanitário, como auxílio a vítimas de desastres naturais, evacuação de pessoal e operações de manutenção de paz. Na Marinha britânica, operou nas guerra civil de Serra Leoa (2000), do Iraque (2003) e da Líbia (2011); no socorro às vítimas de tempestades na Ásia (2009) e no terremoto do Haiti (2017).
A Marinha conhece bem a região do conflito, pois liderou a Força-Tarefa Marítima das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL, na sigla em inglês), em auxílio à esquadra libanesa na proteção das suas águas territoriais, de 2011 a 2020. A fragata “Independência” foi a última embarcação brasileira a participar da missão, com 200 homens, à frente cinco navios de Bangladesh, Alemanha, Grécia, Indonésia e Turquia. Apesar dessa expertise, somente o envio do “Atlântico”, o maior navio da América Latina, para a região, sem escolta, custaria R$ 25 milhões, no mínimo — recursos que não estão disponíveis no orçamento da Força.
Essa situação ilustra bem a capacidade de ação de Biden, que apoia a retaliação israelense incondicionalmente, e a fragilidade da narrativa humanitária de Lula, sem embargo das críticas ao terrorismo do Hamas e à desastrada política do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em relação aos palestinos. Ainda mais agora, que o premiê israelense formou um governo de unidade de emergência, com o líder da oposição centrista e o antigo ministro de Defesa Benny Gantz.
Toda a raiva da oposição israelense contra a reforma judicial de Netanyahu estará congelada até que a situação de segurança de Israel esteja sobre controle.
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"Estamos numa armadilha mortal, fatídica, de repercussões imprevisíveis. Não tenho bola de cristal nem solução, apenas a visão horrenda do desastre, primeiro em Israel, agora em Gaza.
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“Light Painting,” Brian Lindquist
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Terror and counter-terror
A reflection on Hamas and Israel
TIMOTHY SNYDER
10 DE OUT. DE 2023
I want to share a thought about terror and counter-terror, prompted by the Hamas attacks and the dilemmas Israel faces. It is not based on regional knowledge but does draw from scholarly work on the politics of terror and insurgency. It is not so much a take on specific events as a general reminder of the larger shape such events can take.
For the victim, terror is about what it is. For the terrorist, it is about what happens next.
Terror can be a weapon of the weak, designed to get the strong to use their strength against themselves. Terrorists know what they are going to do, and have an idea what will follow. They mean to create an emotional situation where self-destructive action seems like the urgent and only choice.
When you have been terrorized, the argument that I am making seems absurd; the terrorists can seem to you to be raving beasts who just need punishment. Yet however horrible the crime, it usually does not bespeak a lack of planning. Usually part of the plan is to enrage.
Americans have fallen for this. 9/11 was a successful terrorist attack because we made it so. Regardless of whether or not its planners and perpetrators lived to see this, it achieved its main goal: to weaken the United States. Without 9/11, the United States presumably would not have invaded Iraq, a decision which led to the death of tens of thousands of people, helped fund the rise of China, weakened international law, and undid American credibility. 9/11 was a contributing cause to American decisions that caused far more death than 9/11 itself did. But the point here is that 9/11 facilitated American decisions that hurt America far more than 9/11 itself did.
(On 9/13/2001, I dropped my planned lecture on east European history and spoke entirely about terror and counter-terror, along these lines. I was worried, but did not imagine then just how well the provocation would work. The invasion of Iraq was a disaster that arose from many sources; but one of them was the logic of terror — and indeed its exploitation by people who wanted a war in Iraq anyway.)
In evaluating what Hamas has done, it is important to remember that the atrocious crimes are not (or are not only) ends in themselves. They are utterly horrible and deserving of every condemnation, but they are not mindless. Unlike Israelis, who are shocked and feel they must urgently act, Hamas has been working out this scenario for years. The people carrying out the bestial crimes follow a plan that anticipates an Israeli reaction.
Classically, a terrorist provokes a state in order to generate so much suffering among his own people that they will take the terrorist’s side indefinitely.
I won't claim to know what Hamas expects from Israel, nor what Israel should do. That would be a matter for people with the languages and expertise to read and analyze the documents and the data. My point is that it is always worth asking, in such situations, whether you are following the terrorist's script. If what you want to do is what your enemy wants you to do, someone is mistaken. It might be your enemy. But it also might be you.
red and black abstract painting
“Light Painting,” Brian Lindquist
PS. I am conscious that the cool tone of this thread might seem jarring in the context of human suffering. I regret this.
PPS. I anticipate the objection that Israeli state policy has been designed to provoke Palestinians. I agree that the strong can also terrorize the weak.
PPPS. My work on terror and counter-terror and insurgency and counterinsurgency, in a different period and region, is found in my books Sketches from a Secret War, Reconstruction of Nations, Bloodlands, and Black Earth, and in articles in Past and Present and The Journal of Cold War History.
Thinking about... is a reader-supported publication. To receive new posts and support my work, consider becoming a free or paid subscriber.
https://snyder.substack.com/p/terror-and-counter-terror?r=2ctn5q&utm_medium=ios&utm_campaign=post
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Pelezinho - O gigantesco Pelezinho | Turma da Mônica
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Pelé e o milésimo gol dedicado as crianças carentes!
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Pelé no Senado
Mello, Arnon de, 1911-1983
Publicador : Maceió: Gazeta de Alagoas, 1969.
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PELE E AS CRIANÇAS
Não encontrando embora no caminho da glória embaraços resultantes de suas origens étnicas e sociais, e sendo hoje
um homem rico. Pele permanece ligado aos seus tempos difíceis e sente a realidade dolorosa dos necessitados. Quem diz
isso, com toda expontaneidade e pureza, é aquela explosão
emocional que êle teve no estádio do Maracanã, ao alcançar
o milésimo gol e receber aplausos unânimes de toda a multidão, constituída em sua quase totalidade de adversários do
seu clube:
— "Pelo amor de Deus, não pensem em mim pensem nos
que precisam de ajuda!" — clamava em soluços.
"Pelo amor de Deus, não vamos pensar só em festa não.
Vamos pensar nas crianças pobres dfete país, vamos ajudálas!"
"Eu não mereço tanto, sou um homem como qualquer outro!"
"Dedico este gol à minha filhinha Kelly Cristina e a todas
as crianças pobres do mundo!"
"Agradeço aos brasileiros que me homenageara e lhes
peço mais uma vez: pelo amor de Deus, vamos pensar nas
crianças pobres deste pais, e principalmente agora que está
chegando o Natal!"
Disse isso em lágrimas e abandonou o gramado.
"Não aguento jogar mais um segundo. Isto é demais para
mim. Eu sou humano" — fala a Rildo que lhe pedia para
ficar.
No outro dia, a um repórter que lhe repetiu essas palavras, esclareceu:
— "Quando, com 17 anos, fui na Seleção Brasileira para
o Campeonato Mundial de Futebol na Suécia, minha mãe me
disse: "Não esqueça uma coisa, Dico (a mãe e o pai o chamam de Dico; Pele é nome esportivo). Nunca despreze as
crianças como você." Ela falou ou não falou uma verdade
universal? — indaga o Rei. Eu já gostava de crianças e tinha
especial deferência pelas crianças pobres, porque fui criança
pobre."
E ao escritor Fernando Sabino, que dois dias depois do
milésimo gol o entrevistou em seu apartamento de Santos:
— "Na realidade não sei porque disse aquilo. Eu podia ter
falado no aniversário da ininha mãe, que era naquele dia. Eu
pensava na minha mulher que estava acompanhando o jogo
aqui em Santos. Eu queria oferecer meu milésimo gol à minha
filha. E no entanto... Eu estava muito emocionado."
Sabe-se que Pele tem recusado ganhar muito dinheiro para
deixar-se fotografar fazendo propaganda de cigarros ou bebidas.
— Eu não poderia dar um mau exemplo às crianças que
me estimam — justifica.
https://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/222401
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[PDF] OTTO MARIA CARPEAUX
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Gregório de Matos Guerra (1636 - 1696) - Só Literatura
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1) Ao braço de Menino Jesus
O todo sem a parte não é todo,/A
parte sem o todo não é parte,/Mas a
parte o faz todo, sendo parte,/Não se
diga, que é parte, sendo todo.
Em todo o Sacramento está Deus
todo,/E todo assiste inteiro em
qualquer parte,/Em qualquer parte
sempre fica o todo.
O braço de Jesus não seja parte,/ Pois
que feito Jesus em partes todo,/ Assiste
cada parte em sua parte.
Não se sabendo parte deste todo,/Um
braço, que lhe acharam, sendo
parte,/ Nos diz as partes todas deste
todo.
(....)
8) Resposta a um amigo com
novidades de Lisboa em 1658
França está mui doente das ilhargas,/
Inglaterra tem dores de cabeça;/
Purga-se Holanda, e temo lhe
aconteça/ Ficar debilitada com
descargas.
Alemanha lhe aplica ervas amargas,/
Botões de fogo com que convalesça;/
Espanha não lhe dá que este mal
cresça;/Portugal tem saúde e forças
largas.
Morre Constantinopla, está ungida;/
Veneza engorda e toma forças
dobres;/ Roma está bem, e toda a
Igreja boa.
Europa anda de humores mal regida;/
Na América arribaram muitos pobres:/
estas as novas são que há de Lisboa.
POEMAS SELECIONADOS
GREGÓRIO DE MATOS
http://www.cespe.unb.br/interacao/Poemas_Selecionados_%20Gregorio_de_Matos.pdf
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tesouros da crítica II
O FIM DA CANÇÃO
Otto Maria Carpeaux narra a crise na Áustria às vésperas da anexação pela Alemanha nazista
Leopold Wiesinger | Edição 205, Outubro 2023
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Tradução de André Rosa
O [1] pássaro-da-peste[2] (Bombycilla garrulus) é tão grande quanto um pardal e tem uma cor marrom chamativa e desagradável. Essa ave vive no Norte da Europa e na Sibéria. Na Idade Média, as pessoas temiam a sua aparição, pois acreditavam que a sua chegada era um presságio da peste. É uma ave extremamente rara na Europa Central. Em 4 de fevereiro [de 1938], dois pássaros-da-peste foram avistados no jardim da Câmara Municipal de Viena.
https://piaui.folha.uol.com.br/materia/otto-maria-carpeaux-narra-crise-na-austria-as-vesperas-da-anexacao-pela-alemanha-nazista/
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Little Child
The Beatles
CRIANÇAS
Conto de NELY DUTRA
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A CADEIRA era alta demais e as pernas da
menina estavam baloueando. Comia abacate, fazendò de quando cm vez, ara_
bescos nc ar com a colher
vasia. . . O gosto da fruta era me.
lhor do que o da merenda que
levava para o colégio. "Mas
a merenda é tão boa! Marina
todo o dia pede um pouqui- nho" estava pensando Lili
quando o primo entrou.
Espigado, com cabelos crêspos e escuros, meio curvado
ao peso dos livros, e o boné
relaxadamente jogado para
traz, êle falou:
²ó. Lili!
A menina nem sequer o
o'hou. Continuou brincando
com a colher vasia.
Beto atirou os livros na mesa do meio da sala e puxan
do uma cadeira sentou_se calado. Abriu um caderno com
a bandeira nacional na capa
e resmungou aborrecido poraue o lápis não tinha ponta. Procurou uma lâmina numa
latinha velha.
A menina estava olhando:
²Tu vai te corta, Beto.
²Não tem mais abacate ? — perguntou o menino, fingindo não ter ouvido o co
mentário da prima. Lili encolheu as pernas e
respondeu zangada: ²Não tem. Já comi tudo.
²Puxa ! Tu vais te em
panturrar.
²Não tens nada com isto.
Tomo purgante depois. Mas
falou tão estavanadamente
que o prato caiu no chão.
—Rápida, pulou da cadeira e
agachada, as pernas gordas vestidas com meias cinzentas,
meteu o dedo num pouco de
creme que ainda restava num
dos pedaços da vasilha quebrada. Lambeu-o satisfeita e
virando-se para o primo dis_
se muito altiva:
²Viste ? Comi tudo. —- Bem feito. Quebraste o
prato. E a tia Ondina vai te
dar uma sova porque sujaste
o chão. Bem feito.
A menina avançou e bateu-lhe na mão que segurava o lá
pis:²Nojento. Se tu não tivesses chegado eu tinha co_
mido todo o meu abacate.
Corriam-lhe lágrimas. E fungava repetindo: Nojento.
Beto" segurou-lhe as mãos
e sacudiu-a com violência. —. Malcriada. Vais ficar
gorda e feia como a Marina.
Vão fazer troça de ti, na aula.
És bobalhona e feiosa. Va
mos — gritou zangado. Pede
perdão. Anda -— ordenou.
Lili continuou calada, de
cabeça baixa.
Beto bateu-lhe na mão com
a régua. ²Agora na outra. Prá
aprender. ²Não choro — disse a
menina. Tu me pagas. Vou
rasgar todos os teus desenhos.
²Nunca! Por causa disto
vais apanhar mais. Senta —
empurrou-a para a cadeira —
jura qúè tu não vais pegar
os meus desenhos.
Lili sabia que o tesouro de
Beto eram os desenhos Cha
mavam de ninho (gostavam
muito de mistérios e não queriam que alguém entendesse
as suas combinações e brin.
quedos), o buraco da parede,
no porão, onde o primo escondia os cadernos escolares
aproveitados para desenhar.
Havia retratos dos tios que
moravam na fazenda e do
cavalo baio que puxava a
carroça. E até a carinha
miúda da prima, com olhos
verdes, franja e cabelos lisos. Beto desenhara a prima
e troçara muito: "Teu cabelo
parece piaçava".
Folhas e folhas de riscos
vermelhos, azuis, verdes, ama.
relos. O tesouro de Beto.
Lili sabia mas a mágua era
mais forte do que o carinho
que sentia pelo primo. ²Tu és tão bruto que vais
ficar pequenininho como o
anão da história. Cada bolo
vai "te diminuir um pouqui- nho — e continuou ameaçan
do. Quando fores bem menorsinho que eu quero vêr
se podes me bater. Nunca
mais quero te vêr, Vou pedir
prá mamãe que te mande prá
fazenda, de novo. E promete:
Quando eu ficar grande me
caso com o Cláudio. Êle é bonito. Corre mais ligeiro que
tu.
²Bonito, não contra
riou Beto. E' feio. Parece um
ôvo de Páscoa. Tu vais casar
comigo.
Abaixou-se para beijar a
cabeça da prima.
Foi só de bobagem que
eu disse que tu és feia. Tava
brabo porque não me guardaste abacate. Olha prá mim:
Tu és a minha mulherzinha ?
A menina sorriu:
²Quando é que a gente
vai se casar? Uc. Quando a gente
crescer. ; -ü-'Faz as contas, Beto. Eu
tenho sete, tu tem nove.
Quantos anos são ?
O menino contou nos dedos., ²Nove, dez, onze... Falta 12 anos.
²Posso te beijar ? — per
guntou a prima.
²Pode. Só uma vez.
Lili ficou na ponta dos pés
e beijou-lhe o nariz. '" — Tu és tão bonito! Deixa
eu passar a mão no teu cabelo?
²Não. Agora vamos andar
de balanço. Vem, ordenou.
²E o chão ? Está tão sujo !
Vou pedir prá Julia limpar
antes que a mamãe chegue.
Ela foi no médico com o papai. Vou ganhar uma irmãzinha. Tu sabias?
²Não me importo.,Vamos
andar de balanço, anda. Senão fica tarde.
A menina não reparava
na impaciência do primo, e
muito séria, cheia de ciúme,
perguntou-lhe: ²Tu vai gostar sempre de
mim ? Mesmo que a "irmãzinha seja mais bonita que eu ?
²Só gosto de ti — garantiu Beto.
²A mamãe só fala nela —
queixou-se Lili. Todo o dia. —- E sempre assim quando
vem irmão prá gente. Não
faz mal. Eu gosto de ti. Vamos ligeiro.
²Se tu gostas tanto — prometeu a menina — eu vou
brincar de mulherzinha e marido contigo, lá no porão. Tu
queres ?
²Quero, sim.
Passou-lhe o braço pelo ombro. '' — Tu tás crescendo ligeiro,
Lili. postar quem
chega antes? Mas as últimas
palavras já foram ditas enquanto corriam para o jardim.
22-9-1945 LETRAS E ARTES
Página 3
SUPLEMENTO DE "A MANHÃ"
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https://memoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1946_00016.pdf
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DOMÍNGO, 11 DÊ SETEMBRO 0f m*
OS GRANDES SON1TISTAS
DA LÍNGUA FORT Ü0ÜESÀ
Ilustração de SANTA ROSA
PEQUEI, SENHOR: MAS NÃO PORQUE HEI PECADO
DA VOSSA ALTA PIEDADE ME DESPIDO:
'ANTES, QUANTO MAIS TENHO DELINQUIDO,
VOS TENHO A PERDOAR MAIS EMPENHADO,
SE BASTA A VOS IRAR TANTO PECADO,
A ABRANDAR-VOS SOBEJA UM SO' GEMIDO:
QUE A MESMA CULPA QUE VOS HÁ OFENDIDO,
VOS TEM PARA O PERDÃO LISONJEADO.
SE UMA OVELHA PERDIDA, }Â COBRADA,
GLÓRIA TAL, E PRAZER TÃO REPENTINO
VOS DEU, COMO AFIRMAIS NA SACRA HISTÓRIA,.
EU SOU, SENHOR, OVELHA DESG4RRADA\
COBRAI-A, E NÃO QUEW4IS, PASTOR DIVINO, •
. N/l VOSSA OVFJM*
'& vms-À C
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Apelo do Presidente Lula em defesa das crianças palestinas e israelenses
Quero fazer um apelo ao secretário-geral da ONU,
@antonioguterres
, e à comunidade internacional para que, juntos e com urgência, lancemos mão de todos os recursos para pôr fim à mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio.
Crianças jamais poderiam ser feitas de reféns, não importa em que lugar do mundo.
É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra.
É urgente uma intervenção humanitária internacional. É urgente um cessar fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas.
O Brasil, na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU, se juntará aos esforços para que cesse de imediato e em definitivo o conflito. E continuará trabalhando pela promoção da paz e em defesa dos direitos humanos no mundo.
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente do Brasil
10:16 AM · 11 de out de 2023
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