- alô João
O Rio Paraibuna banhou o juiz de fora e segue
banhando o município de Juiz de Fora. Mudaria o rio, ou mudaram os juízes?
“Quando as nuvens se enchem, elas descarregam a
chuva sobre a terra. Quando uma árvore cai — seja para o Sul ou para o Norte —,
fica bem ali, no lugar em que caiu”.
Eclesiastes 11.1-6 – Providências Sábias Diante do
Desconhecido
ZARATUSTRA:
DA MONTANHA PARA A CIDADE (2)
"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes
que precisarás passar, para atravessar o rio da vida – ninguém, exceto tu, só
tu. Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se
oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria
pessoa; tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por
onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o!"
(Nietzsche)
(Nietzsche)
“E ele? Por quê? Devia de padecer demais. De tão
idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar do vigor, deixar que a canoa
emborcasse, ou que bubuiasse sem pulso, na levada do rio, para se despenhar
horas abaixo, em tororoma e no tombo da cachoeira, brava, com o fervimento e
morte. Apertava o coração.”
A Terceira Margem do Rio João Guimarães Rosa
O rio Paraibuna nasce na Serra da Mantiqueira, no
município de Antônio Carlos, numa altitude de 1180 m. A partir das nascentes,
seu curso tem orientação W-E até proximidades da divisa dos municípios Antônio
Carlos e Santos Dumont. Nesse trecho de aproximadamente 30 km, as cotas
altimétricas vão de 1180 m a 750 m. A partir daí, assume a direção NW-SE,
passando por Juiz de Fora a 680 m de altitude. Em seguida recebe as águas do
rio do Peixe e do rio Preto pela margem direita e o rio Cágado pela margem
esquerda, onde assume o sentido N-S até a foz no Paraíba do Sul. Seu trecho
final, numa extensão de 44 km, corresponde à divisa entre os Estados de Minas
Gerais e do Rio de Janeiro. Da nascente até a foz, na cota altimétrica de 258
m, tem comprimento da ordem de 170 km e declividade variada, nas proximidades
de Juiz de Fora é de aproximadamente 1m/km e no baixo curso é de
aproximadamente 5m/km (figura A.3.1).
O rio Paraibuna nasce na Serra da Mantiqueira,
no município de Antônio Carlos, numa altitude de 1180 m. A partir das
nascentes, seu curso tem orientação W-E até proximidades da divisa dos
municípios Antônio Carlos e Santos Dumont.
Nele foi construída em 1889, no município de Juiz de
Fora, a Usina de Marmelos, primeira usina hidrelétrica da América do Sul. A
partir do ponto em que recebe as águas de seu afluente rio Preto, o rio
Paraibuna serve de divisa entre os estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro
até a sua foz no rio Paraíba do Sul.
Dueto
de João Cabral de Melo Neto e Murilo Mendes
GRAFITO
PARA IPÓLITA
por Murilo Mendes
por Murilo Mendes
1
A tarde consumada, Ipólita desponta.
A tarde consumada, Ipólita desponta.
Ipópita, a putain do fim da infância.
Nascera em Juiz de Fora, a família em Ferrara.
Nascera em Juiz de Fora, a família em Ferrara.
Seus passos feminantes fundam o timbre.
Marcha, parece, ao som do gramofone.
Marcha, parece, ao som do gramofone.
A cabeleira-púbis, perturbante.
Os dedos prolongados em estiletes.
Os dedos prolongados em estiletes.
Os lábios escandindo a marselhesa
Do sexo. Os dentes mordem a matéria.
Do sexo. Os dentes mordem a matéria.
O olho meduseu sacode o espaço.
O corpo transmitindo e recebendo
O corpo transmitindo e recebendo
O desejo o chacal a praga o solferino.
Pudesse eu decifrar sua íntima praça!
Pudesse eu decifrar sua íntima praça!
Expulsa o sol-e-dó, a professora, o ícone
Só de vê-la passar, meu sangue inobre
Só de vê-la passar, meu sangue inobre
Desata as rédeas ao cavalo interno
2
Quando tarde a revejo, rio usado,
Já a morte lhe prepara a ferramenta.
Quando tarde a revejo, rio usado,
Já a morte lhe prepara a ferramenta.
Deixa o teatro, a matéria fecal.
Pudesse eu libertar seu corpo (minha cruzada)
Pudesse eu libertar seu corpo (minha cruzada)
Quem sabe, agora redescobre o viso
Da sua primeira estrela, esquartejada.
Da sua primeira estrela, esquartejada.
3
Por ela meus sentidos progrediram.
Por ela fui voyeur antes do tempo.
Por ela meus sentidos progrediram.
Por ela fui voyeur antes do tempo.
4
O dia emagreceu. Ipólita desponta.
O dia emagreceu. Ipólita desponta.
MURILO
MENDES E OS RIOS
por João Cabral de Melo Neto
por João Cabral de Melo Neto
Murilo Mendes, cada vez
que de carro cruzava um rio,
com a mão longa, episcopal,
e com certo sorriso ambíguo,
que de carro cruzava um rio,
com a mão longa, episcopal,
e com certo sorriso ambíguo,
reverente, tirava o chapéu
e entredizia na voz surda:
Guadalete (ou que rio fosse),
o Paraibuna te saluda.
e entredizia na voz surda:
Guadalete (ou que rio fosse),
o Paraibuna te saluda.
Nunca perguntei onde a linha
entre o de sério e de ironia
do ritual: eu ria amarelo,
como se pode rir na missa.
entre o de sério e de ironia
do ritual: eu ria amarelo,
como se pode rir na missa.
Explicação daquele rito,
vinte anos depois, aqui tento:
nos rios, cortejava o Rio,
o que, sem lembrar, aqui temos dentro.
vinte anos depois, aqui tento:
nos rios, cortejava o Rio,
o que, sem lembrar, aqui temos dentro.
Fotografia: Cachoeira, Rio Paraibuna, Serra do
Mar
Rio
Abaixo
Renato Teixeira
Tem dias que eu acordo meio estranho
As flores brilham quando eu as apanho
E o sol me bate de um jeito novo
Lá fora o mundo é tão perigoso
Depois daquele morro tem um rio
E pelo rio vai seguindo o meu rebanho
Não ia lá, tinha medo, tinha frio
Agora eu entro no riacho e tomo banho
E assim nós vamos indo pouco a pouco
Rio abaixo, a correnteza nos levando
E a vida faz com que eu me sinta meio louco
E eu vou nadando, vou nadando, vou nadando
Rio abaixo, tem que nadar com a multidão
Rio abaixo, olha o ladrão, o cidadão e o figurão
Rio abaixo, alô João, tem que nadar com a multidão
Rio abaixo, pro oceano
O oceano, o oceano, o oceano, o oceano
Rio abaixo é o rio do rebanho
O oceano, o oceano, o oceano
Composição: Geraldo Roca / Paulo Simões
Boiadeiro
do Nabileque
Almir Sater
Vai boieiro
Rio abaixo
Vai levando gado e gente
O sal grosso e a semente
Eh! Porto de Corumbá!
Um amor, toda beleza
Como um canto de nobreza
Desliza na veia d'água
Eh! Rio Paraguai
Rio acima, peixe bom
Passarada, matagal
Velho bugre entoando
Seu antigo ritual
Pantaneiro
Composição: Almir Sater
O talento se desenvolve na solidão, o carácter no
rio da vida.
Johann Goethe
Referências
http://viverascidades.blogspot.com/2011/02/zaratustra-da-montanha-para-cidade-2.html
https://www.aedi.ufpa.br/parfor/letras/images/documentos/ativ-a-dist-jan-fev2014/CASTANHAL/castanhal-2010-010/guimaraes%20rosa%20-%20a_terceira_margem_do_rio-3.pdfhttps://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/53/VISTA-JUIZ_DE_FORA_-RIO_PARAIBUNA_-_panoramio.jpg
http://www.ceivap.org.br/downloads/cadernos/Caderno%203%20-%20Paraibuna.pdf
https://www.google.com/maps/vt/data=xWawfwLzNhn4LpwngPCdr_QDTJvn3Y_13lYhtNhHmb8DCHxBXifmKRAtC7x9NUIAf_xaM-2TRx1PzjtuW6EXRineKKBNp91v3Ahz-guNH9Y1H9ESouHZBNKXDjhsjLhjtulOncebwlywsvUwibtZ7Q4z8k7oy62uktH0HsHsvfnC7eX7e9H0gE-rWg9hTYLmWDUmaThxaqCv2Ph7yTUo
https://www.google.com/search?q=Rio+Paraibuna+nascente&oq=Rio+Paraibuna+nascente&aqs=chrome..69i57j69i64.7839j1j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/45/Rio_Para%C3%ADba_do_Sul_-_1.jpg
https://www.google.com/search?q=Foz+do+Rio+Paraibuna&oq=Foz+do+Rio+Paraibuna&aqs=chrome..69i57.16127j1j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8
https://jornaleirotalisandrade.files.wordpress.com/2015/04/rio_paraibuna_paulista.jpg
https://jornaleirotalisandrade.files.wordpress.com/2015/04/cachoeira_do_parac3adbuna.jpg
https://jornaleirotalisandrade.wordpress.com/2015/04/11/dueto-de-joao-cabral-de-melo-neto-e-murilo-mendes/
https://youtu.be/2HXm7z4zyww
https://www.letras.mus.br/renato-teixeira/922960/
https://youtu.be/cy0y-SIGGa8
https://www.letras.mus.br/almir-sater/44074/
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