Roger Pereira
23 de dezembro de 2018, 09:40
Foto:
Geraldo Bubniak/AGB
Ao fazer um balanço do ano de 2018 da Operação Lava
Jato, o procuradora de Justiça Roberson Pozzobon, integrante da força-tarefa da
operação no Ministério Público Federal do Paraná anunciou que o próximo ano
reserva novas fases da Lava Jato, com investigações sobre núcleos de corrupção
e agentes políticos e empresariais ainda não atingidos. A perda do foro
privilegiado de alguns políticos citados que não se reelegeram e as revelações
de que a prática de irregularidades descoberta na Petrobras atingiram outras
estatais e outras esferas da administração pública são a razão para que a Lava
Jato vá muito além das 57 fases já deflagradas nestes quatro anos de atuação.
Retrospectiva: O
ano em que Lava Jato prendeu Lula e perdeu Moro
Do
Palácio à prisão: Lula é o primeiro ex-presidente a ser preso por crime de
corrupção
Em entrevista ao Paraná Portal, Pozzobon disse
que 2018 foi o ano em que a Lava Jato mostrou que ainda há muito ainda a ser
investigado, que há uma série de fatos ainda a serem investigadas e que a
operação ainda caminha a pleno vapor, deixando claro que a Lava Jato está muito
além da Petrobras. “A operação tem diversas investigações em curso
amadurecidas, então a população pode esperar sim novas fases da operação, fases
importantes sobre nichos ainda não navegados. Infelizmente, nichos corruptos do
nosso Brasil”.
O procurador reconheceu que a prisão do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em abril, foi o fato mais emblemático
da Operação. “É muito representativo o fato de que a Justiça brasileira
processou e condenou um ex-presidente da república. Não temos nenhum regozijo
em dizer que um ex-presidente da república foi punido, pois o cenário ideal era
que nenhum governante, muito mesmo presidente, se envolvesse em delitos desse
tipo, mas, na medida em que se envolveram, é nossa obrigação responsabilizar
essas pessoas, seja quem for”.
Ele admitiu, no entanto, que Lula não é o único
grande chefe do esquema criminoso investigado pela força-tarefa, como já havia
sido afirmado pelo próprio MPF, em 2015, na ocasião da denúncia contra o
ex-presidente. Ele disse que os desdobramentos das investigações revelaram que
as práticas criminosas apuradas no governo federal durante os anos de
administração petistas se repetiram em várias outras unidades da Federação e
não deixaram de serem praticadas após a saída do PT do poder. “Há múltiplos
líderes e, infelizmente, eles transitam, passam o bastão, em um sistema de
corrupção alastrado e endêmico”.
Assim, afirma, ao avançar sobre a teia de corrupção
que está sendo revelada por cada investigação e cada delação ocorrida, a
Operação chega a novos nichos de corrupção e novas fases são deflagradas. “O
cenário de grande corrupção do brasileira é uma grande teia com uma série de lastros
e ligações. Investigando a Petrobras, descobriu-se que o Sergio Cabral estava
envolvido no esquema e, na sequência, descobriu-se todos os outros esquemas em
que ele se envolveu. O mesmo aconteceu com a questão do pedágio, quando a
Odebrecht afirmou que pagou propina a agentes do governo Richa”.
Citando as investigações relativas ao governo Richa
(PSDB) o procurador reforçou que a força-tarefa não tem qualquer preferência
política, mas tem limitação de atribuição. “Não podemos investigar tudo de
errado que acontece no Brasil”.
Na entrevista, ele defendeu os acordos de delação
premiada e diz que troca a desconfiança da população com o fato de algumas
peças chaves do esquema criminoso já estarem em liberdade pelas centenas de
fatos que eles revelaram. “Não fossem esses acordos, não teríamos avançados 1%
do que avançamos”.
Ele ainda descartou qualquer influência política na
atuação de Sergio Moro e afirmou ser muito importante a pauta de combate à
corrupção chegar ao Executivo Federal.
Confira
a íntegra da entrevista:
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