Do
plenário do STF ao XXVII Exame de Ordem – OAB
Pedido
de vista suspende julgamento de ADI contra decreto presidencial sobre indulto
natalino
Até o momento, há seis votos no sentido da
improcedência da ação, julgando válido o decreto, e dois votos pela procedência
parcial da ADI apresentada no Supremo pela Procuradoria-Geral da República
(PGR).
29/11/2018 21h10 - Atualizado há
Pedido de vista do ministro Luiz Fux suspendeu,
nesta quinta-feira (29), o julgamento pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal
(STF) da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5874, na qual a
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, questiona o Decreto 9.246/2017,
editado pelo presidente da República, Michel Temer, que concede indulto
natalino e comutação de penas a condenados. Alguns dispositivos do decreto
estão suspensos desde o fim do ano passado por liminar deferida pela então
presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. Posteriormente, o relator, ministro
Luís Roberto Barroso, permitiu a aplicação parcial do decreto nas hipóteses em
que não verificou desvirtuamento na concessão do benefício e mediante os critérios
fixados em sua decisão.
Na sessão de ontem, foram proferidos os votos do
relator, no sentido da parcial procedência da ação, e do ministro Alexandre de
Moraes, que abriu a divergência e votou pela improcedência da ADI. Na sessão
desta quinta-feira (29), o ministro Edson Fachin acompanhou o relator. Já a
ministra Rosa Weber e os ministros Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio, Gilmar
Mendes e Celso de Mello seguiram a divergência.
Também foi suspensa, por pedido de vista do
presidente do STF, ministro Dias Toffoli, a análise de questão de ordem
apresentada pelo ministro Gilmar Mendes para que o Plenário se manifestasse a
respeito da possibilidade de cassar a liminar concedida nos autos. Para Mendes,
alcançada até o momento a quantidade de votos necessária para julgar
improcedente a ação (seis votos), seria possível de imediato cassar a liminar.
Quanto a este ponto, os ministros Roberto Barroso, Edson Fachin, Rosa Weber,
Luiz Fux e Cármen Lúcia votaram pela manutenção da liminar até o final do
julgamento da ação. A favor da revogação da cautelar votaram os ministros
Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e o decano da Corte, ministro
Celso de Mello.
Ministro Edson Fachin
Primeiro a votar na sessão de hoje, o ministro Edson
Fachin acompanhou o voto do relator no sentido da impossibilidade da concessão
de indulto a condenados por crimes de peculato, concussão, corrupção passiva,
corrupção ativa, tráfico de influência, os praticados contra o Sistema
Financeiro Nacional, os previstos na Lei de Licitações, os crimes de lavagem de
dinheiro, os previstos na lei de organizações criminosas e associação
criminosa. Para Fachin, é possível abrandar as penalidades impostas às pessoas
condenadas por esses crimes, mas o presidente da República deve se pautar por
critérios rígidos e procedimentalmente complexos, de forma que sejam
considerados compatíveis com o Estado Democrático de Direito, o que, segundo
seu entendimento, não ocorreu no caso. O ministro também enfatizou a
impossibilidade de o indulto alcançar condenações ainda não definitivas e as
sanções pecuniárias (multas) impostas.
Ministra Rosa Weber
A ministra Rosa Weber acompanhou a divergência
aberta pelo ministro Alexandre de Moraes e julgou constitucional o indulto
concedido pelo presidente Temer. Afirmou que, embora tenha restrições pessoais
à política formulada, em especial quanto ao seu alcance ao crime de corrupção,
não vê como se chegar a um juízo de invalidade do Decreto 9.246/2017. “O que se
está aqui a discutir é a própria validade constitucional do instituto do
indulto, gostemos dele ou não. Trata-se de mecanismo de controle do próprio
sistema de freios e contrapesos consagrado na Constituição Federal”, afirmou.
Para a ministra, o presidente da República tem ampla liberdade decisória para
extinguir a punibilidade de condenados ou diminuir-lhes os efeitos, devendo
observar apenas os limites materiais impostos pela Constituição, ou seja, não
pode ser concedido o perdão a condenados por crimes de tortura, tráfico de
drogas, terrorismo e crimes hediondos. Caso exceda seu poder ao editar o
decreto de indulto, poderá sofrer impeachment, segundo o voto da ministra
Rosa Weber.
Ministro Ricardo Lewandowski
Ao também acompanhar a divergência, o ministro
Ricardo Lewandowski salientou que a Constituição Federal diz expressamente, no
artigo 84 (inciso XII), que compete privativamente ao presidente da República
conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos
instituídos em lei. Essa oitiva prevista no dispositivo, segundo o ministro,
não é vinculante, e o ato de concessão é totalmente discricionário do chefe do
Poder Executivo. Por esse motivo é imune de controle jurisdicional, ao menos
que haja no ato clara ofensa a regras constitucionais, o que, segundo ele, não
ocorre no caso.
Ele afirmou ainda que o decreto presidencial de 2017
apresenta requisitos abstratos, não podendo afirmar que teve intenção de
beneficiar determinadas pessoas ou classes, o que afasta a alegação de desvio
de finalidade.
Ministro Marco Aurélio
O ministro Marco Aurélio se posicionou pela
improcedência da ação e salientou que a concessão do indulto natalino é ato de
política carcerária privativo e discricionário do presidente da República. Ele
explicou que graça, anistia e indulto estão no âmbito do perdão e que a única restrição
imposta pela Constituição Federal à sua concessão é relativa aos crimes de
tortura, tráfico de drogas, terrorismo e aos classificados como hediondos.
O ministro entende que, por se tratar de ato
discricionário, não é possível ao Judiciário editar as regras do decreto em
substituição ao presidente da República. Ele observou que, por este motivo,
caso o decreto deixe de ser editado em algum ano, o Judiciário não poderia, se
ajuizada uma ação direta de inconstitucionalidade por omissão, editar normas nesse
sentido.
Ministro Gilmar Mendes
No mesmo sentido votou o ministro Gilmar Mendes. Em
seu entendimento, o decreto é constitucional, pois não extrapola os limites
estabelecidos pela Constituição Federal. O ministro afirmou que a concessão de
indulto natalino é um instrumento de política criminal e carcerária adotada
pelo Executivo, sobre o qual não compete ao Judiciário efetuar controle de
constitucionalidade.
O ministro também não vê obstáculo à concessão do
benefício quanto à multa pecuniária. Segundo ele, não há perda de receita da
União, pois é possível executar valores desviados do erário por meio de
cobrança em outras esferas judiciais.
Ministro Celso de Mello
Ao acompanhar a corrente divergente, o ministro
Celso de Mello ressaltou que a prerrogativa constitucional de indultar se
revela ato de poder discricionário privativo do presidente da República, e que
não implica usurpação de um poder concedido ao Congresso Nacional. “O
presidente valeu-se estritamente de uma competência que a própria Constituição
lhe deu. Registrou-se, sim, ofensa à separação dos Poderes no momento em que
essa Corte, substituindo por seus próprios critérios, reescreveu o decreto. O
STF não dispõe de competência para formular requisitos objetivos ou estabelecer
exclusões em relação ao objeto do indulto presidencial”, afirmou.
O decano destacou que, ao contrário do que defende a
Procuradoria-Geral da República, o decreto de 2017 não é o mais generoso já
editado. Da análise de decretos presidenciais editados desde 1999, observou,
editaram-se indultos mais benéficos do que o de 2017. O ministro lembrou ainda
que a prática do indulto presidencial traduz medida de atenuação das distorções
gravíssimas do sistema penitenciário brasileiro, reconhecidas pelo Supremo no
julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 347.
Redação/CR
Leia mais:
28/11/2018 – Plenário suspende julgamento sobre
indulto natalino concedido pelo presidente Temer
Processo relacionado: ADI 5874
Questões do XXVII Exame de Ordem - OAB Com Soluções Fundamentadas
Questão
11
O Estado Y, bastante conhecido pela exuberância de
suas praias, que atraem milhares de turistas todos os anos, edita lei estadual
impedindo a pesca de peixes regionais típicos, ameaçados de extinção, e
limitando o transporte marítimo de passageiros.
A partir da hipótese narrada, nos termos da
Constituição da República Federativa do Brasil, assinale a afirmativa correta.
A)
O Estado Y possui competência legislativa concorrente com a União para dispor
sobre pesca, mas poderá legislar sobre transporte e navegação marítima, caso
Lei Complementar federal o autorize.
B) O Estado Y tem competência comum com os demais
entes federados para legislar sobre a matéria; logo, a lei estadual é
constitucional.
C) A lei editada pelo Estado Y é inconstitucional,
porque compete privativamente à União legislar sobre a proteção do meio
ambiente e o controle da poluição.
D) A lei editada pelo Estado Y é inconstitucional,
porque trata de pesca e navegação marítima, que são de competência exclusiva da
União, apesar de o Estado Y ter competência privativa para legislar sobre meio
ambiente.
Justificando: Art. 24, VI; Art. 22, I; Art. 22, Parágrafo Único. Todos da CRFB/1988.
Art.
24. Compete
à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
VI -
florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
Art.
22. Compete
privativamente à União legislar sobre:
I -
direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
(...)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
(...)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Comentários
prof. Erival de Oliveira: 22:00 / 24:00
Questão
12
Após cumprimento de todas as formalidades
constitucionais e legais exigíveis, o Estado Alfa se desmembra (desmembramento
por formação), ocasionando o surgimento de um novo Estado-membro: o Estado
Beta. Preocupados com a possibilidade de isso influenciar nas grandes decisões
políticas regionais, um grupo de cidadãos inicia um movimento exigindo a
imediata elaboração de uma Constituição para o novo Estado Beta.
Os líderes políticos locais, sem maiores
conhecimentos sobre a temática, buscam assessoramento jurídico junto a
advogados constitucionalistas, sendo-lhes corretamente informado que, segundo a
inteligência do sistema jurídico-constitucional brasileiro,
A) com a criação do Estado Beta no âmbito da
República Federativa do Brasil, passou este a fazer parte do pacto federativo,
subordinando-se tão somente à Constituição Federal, e não a qualquer outra
constituição.
B) tendo passado o Estado Beta a ser reconhecido
como um ente autônomo, adquiriu poderes para se estruturar por meio de uma
Constituição, sem a necessidade desta se vincular a padrões de simetria
impostos pela Constituição Federal.
C)
pelo fato de o Estado Beta ter sido reconhecido como um ente federado autônomo,
passa a ter poderes para se estruturar por meio de uma Constituição, que deverá
observar o princípio da simetria, conforme os padrões fixados na Constituição
Federal.
D) o reconhecimento do Estado Beta como um ente
federado autônomo assegurou-lhe poderes para se estruturar por meio de uma
Constituição, cujo texto, porém, não poderá se diferenciar daquele fixado pela
Constituição Federal.
Justificando: Art. 18, § 3°; Art. 22, inc. I; Todos da Constituição Federal de 88; Art. 11, do Ato Das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
Art.
18. A
organização político-administrativa da República Federativa do Brasil
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição .
§
3º Os
Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se
anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante
aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do
Congresso Nacional, por lei complementar.
Art.
22. Compete
privativamente à União legislar sobre:
I -
direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
Art. 11, do Ato Das Disposições Constitucionais Transitórias. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
Art. 11, do Ato Das Disposições Constitucionais Transitórias. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
Comentários
prof. Erival de Oliveira: 24:00 / 26:00
Questão
13
A Lei X do Município Sigma estabelece que, em certo
bairro, considerado área residencial, fica vedada a instalação de mais de um
centro empresarial de grandes proporções, com área superior a 5.000 m² (cinco
mil metros quadrados) e que reúna, em suas dependências, mais de 10 (dez) lojas
distintas. Ante a existência de um estabelecimento comercial com tais
características no bairro “Y”, a administradora Alfa, visando abrir um shopping
center no mesmo bairro, procura você, na qualidade de advogado(a), para obter
esclarecimentos quanto à viabilidade deste empreendimento.
Diante da situação narrada, com base na ordem
jurídicoconstitucional vigente e na jurisprudência dos Tribunais Superiores,
assinale a afirmativa correta.
A) Apenas a União tem competência para, por meio de
lei e outros atos normativos, organizar o uso e a ocupação do solo; logo,
apenas por esse motivo, a Lei X do Município Sigma é manifestamente
inconstitucional.
B)
A Constituição da República de 1988 atribui aos Municípios competência para
promover o zoneamento urbano, mas a Lei X do Município Sigma, ao impedir a
instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área,
ofende o princípio da livre concorrência.
C) A Constituição da República de 1988 dispõe ser
competência estadual e distrital promover, no que couber, o adequado
ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo, não podendo a lei do Município Sigma dispor
sobre a matéria.
D) Compete privativamente à União dispor sobre o
zoneamento urbano e legislar sobre Direito Civil e Comercial; logo, somente os
Estados e o Distrito Federal poderiam ser autorizados, mediante lei
complementar, a legislar sobre a matéria.
Justificando: Súmula Vinculante 49 STF; Art. 30, I,
CF; Art. 170, IV, CF
Súmula
Vinculante 49
Ofende o princípio da livre concorrência lei
municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo
em determinada área.
Art.
30. Compete
aos Municípios:
I -
legislar sobre assuntos de interesse local;
Art.
170. A
ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios:
IV -
livre concorrência;
Comentários
prof. Erival de Oliveira: 26:00 / 28:30
Questão
14
Os produtores rurais do Município X organizaram uma
associação civil sem fins lucrativos para dinamizar a exploração de atividade
econômica pelos associados, bem como para fins de representá-los nas demandas
de caráter administrativo e judicial. Anderson, proprietário de uma fazenda na
região, passa a receber, mensalmente, carnê contendo a cobrança de uma taxa
associativa, embora nunca tivesse manifestado qualquer interesse em ingressar
na referida entidade associativa. Em consulta junto aos órgãos municipais,
Anderson descobre que a associação de produtores rurais, embora tenha sido
criada na forma da lei, jamais obteve autorização estatal para funcionar.
Diante disso, procura um escritório de advocacia especializado, para pleitear,
judicialmente, a interrupção da cobrança e a suspensão das atividades
associativas.
Sobre a questão em comento, assinale a afirmativa
correta.
A)
Anderson pode pleitear judicialmente a interrupção da cobrança, a qual
revela-se indevida, pois ninguém pode ser compelido a associar-se ou a
permanecer associado, ressaltando-se que a falta de autorização estatal não
configura motivo idôneo para a suspensão das atividades da associação.
B) As associações representativas de classes gozam
de proteção absoluta na ordem constitucional, de modo que podem ser instituídas
independentemente de autorização estatal e apenas terão suas atividades
suspensas quando houver decisão judicial com trânsito em julgado.
C) A Constituição de 1988 assegura a plena liberdade
de associação para fins lícitos, vedando apenas aquelas de caráter paramilitar,
de modo que Anderson não pode insurgir-se contra a cobrança, vez que desempenha
atividade de produção e deve associar-se compulsoriamente.
D) A liberdade associativa, tendo em vista sua
natureza de direito fundamental, não pode ser objeto de qualquer intervenção do
Poder Judiciário, de modo que Anderson apenas poderia pleitear
administrativamente a interrupção da cobrança dos valores que entende
indevidos.
Justificando: Artigo 5º, Incisos XVII, XVIII, XIX, e XX; da Constituição Federal de 1988.
Comentários
prof. Paulo Peixoto: 28:30 / 29:58
Questão
15
O Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão
definitiva de mérito proferida em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade,
declarou inconstitucional determinada lei do Estado Alfa. Meses após a referida
decisão, o Estado Sigma, após regular processo legislativo e sanção do
Governador, promulga uma lei estadual com teor idêntico àquele da lei federal
que fora declarada inconstitucional pelo STF.
Com base no ordenamento jurídico-constitucional
vigente, assinale a afirmativa correta.
A) As decisões proferidas em sede de controle
concentrado, como no caso da Ação Direta de Inconstitucionalidade, gozam de
efeitos erga omnes e vinculam o Poder Legislativo e o Poder Executivo; logo, a
inconstitucionalidade da lei do Estado Sigma pode ser arguída em reclamação ao
STF.
B) A norma editada pelo Estado Sigma, ao contrariar
decisão definitiva de mérito proferida pela Suprema Corte, órgão de cúpula do
Poder Judiciário ao qual compete, precipuamente, a guarda da Constituição, já
nasce nula de pleno direito e não produz quaisquer efeitos.
C) A decisão definitiva de mérito proferida pelo STF
em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade não possui efeito vinculante,
razão pela qual inexiste óbice à edição de lei estadual com teor idêntico
àquele de outra lei estadual que fora declarada inconstitucional pela Suprema
Corte.
D)
A referida decisão proferida pelo STF, declarando a inconstitucionalidade da
lei do Estado Alfa, apenas vincula os demais órgãos do Poder Judiciário e a
administração pública direta e indireta, não o Poder Legislativo em sua função
típica de legislar; logo, pode ser proposta nova ADI.
Justificando:
Envolvendo jurisprudência também.
Comentários
prof. Paulo Peixoto: 28:30 / 29:58 / 31:05
Questão
16
O Procurador-Geral de Justiça resolve representar
perante o Tribunal de Justiça, solicitando intervenção estadual no Município
Alfa, sob a alegação de que esse ente federado tem violado frontalmente
diversos princípios, de reprodução obrigatória, indicados na Constituição
Estadual.
Com base na hipótese narrada, assinale a afirmativa
correta.
A) A intervenção estadual no Município Alfa pode ser
decretada, ex officio, pelo Governador de Estado, independentemente da
representação.
B)
A intervenção estadual no Município Alfa dependerá de provimento do Tribunal de
Justiça requisitando ao Governador de Estado que decrete a referida medida.
C) A intervenção estadual não é possível, pois,
devido à sua natureza excepcional, o rol previsto na Constituição da República
não contempla a violação a princípios.
D) A intervenção estadual no Município Alfa, após o
acolhimento da representação pelo Tribunal de Justiça, ainda dependerá do
controle político da Assembleia Legislativa Estadual.
Justificando:
Art. 35, Inc. IV CF
Comentários
prof. Paulo Peixoto: 31:05 / 32:12
Questão
17
Em determinado órgão integrante da administração
pública federal, vinculado ao Ministério da Fazenda, foi apurado que
aproximadamente 100 (cem) cargos estavam vagos. O Presidente da República,
mediante decreto, delegou ao Ministro da Fazenda amplos poderes para promover a
reestruturação do aludido órgão público, inclusive com a possibilidade de
extinção dos cargos vagos.
Sobre a hipótese, com fundamento na ordem
jurídicoconstitucional vigente, assinale a afirmativa correta.
A) Somente mediante lei em sentido formal é admitida
a criação e extinção de funções e cargos públicos, ainda que vagos; logo, o
decreto presidencial é inconstitucional por ofensa ao princípio da reserva
legal.
B) A Constituição de 1988 atribui exclusivamente ao
Presidente da República a possibilidade de, mediante decreto, dispor sobre a
extinção de funções ou cargos públicos, não admitindo que tal competência seja
delegada aos Ministros de Estado.
C)
O referido decreto presidencial se harmoniza com o texto constitucional, uma
vez que o Presidente da República pode dispor, mediante decreto, sobre a
extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos, sendo permitida a
delegação dessa competência aos Ministros de Estado.
D) A Constituição de 1988 não permite que cargos
públicos legalmente criados, ainda que vagos, sejam extintos, ressalvada a
excepcional hipótese de excesso de gastos orçamentários com pessoal; portanto,
o Decreto presidencial é inconstitucional.
Justificando:
Art. 84, VI, Parágrafo Único, CF;
Art.
84. Compete
privativamente ao Presidente da República:
VI -
dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração
federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos,
quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Comentários
prof. Ricardo Baronovsky Sanche: 32:12 / 33:49
Questão
18
Você, como advogado(a), representa um Fórum de
Organizações Não Governamentais que atua na defesa da cidadania plena para as
mulheres. Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral, existe, para a
próxima eleição, um percentual bastante reduzido de candidatas à Câmara dos
Deputados, na maioria esmagadora dos partidos políticos.
Sabendo que isso é a expressão de uma cultura
machista, em que os partidos não estimulam a candidatura de mulheres, cabe a
você explicar às organizações do Fórum que representa que a legislação
brasileira determina que
A) todos os partidos e coligações devem reservar ao
menos 50% de suas vagas para candidaturas parlamentares para mulheres, sendo
que, desse percentual, 30% devem ser destinadas a mulheres negras.
B)
cada partido ou coligação deverá reservar, das vagas para candidaturas
parlamentares que podem ser preenchidas pelos partidos políticos, o mínimo de
30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo.
C) os partidos devem registrar, no TSE, planos decenais
em que são estabelecidas as estratégias para o aumento gradativo da
participação de mulheres tanto nas vagas para candidaturas parlamentares quanto
nas próprias instâncias partidárias.
D) tanto os partidos quanto as coligações são livres
para preencher a lista de candidaturas às eleições parlamentares, não havendo
nenhum tipo de obrigação relativamente a uma eventual distribuição percentual
das vagas conforme o sexo.
Justificando:
Art. 10, § 3 lei Eleitoral - Lei 9504/97 ((Redação dada pela Lei nº 12.034, de
2009).
Lei
nº 9.504 de 30 de Setembro de 1997
Estabelece normas para as eleições.
Art.
10. Cada
partido ou coligação poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, a
Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais no
total de até 150% (cento e cinquenta por cento) do número de lugares a
preencher, salvo: (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
§
3o Do
número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou
coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70%
(setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. (Redação dada pela Lei nº
12.034, de 2009)
Comentários
prof. Ricardo Baronovsky Sanches: 33:49 / 34:49
Questão
19
Maria e João são pais de uma criança deficiente que
utiliza cadeira de rodas. O casal, de classe média, optou por matricular o
filho em uma escola particular. No ato da matrícula, foi-lhes informado, pela
administração da escola, que teriam de pagar um valor adicional, uma vez que
haveria um trabalho extraordinário, por parte da escola, para garantir o acesso
dessa criança com deficiência, em igualdade de condições, a jogos e a
atividades recreativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar. Insatisfeitos
com essa informação, Maria e João decidiram consultar você, como advogado(a),
para saber se tal cobrança seria legalmente aceitável e se não haveria alguma
proteção específica para pessoas com deficiência contra esse tipo de cobrança.
Diante disso, assinale a opção que apresenta a resposta correta a ser dada ao
casal.
A) A cobrança é aceitável e justificada, mesmo que
desagrade ao casal, porque, de fato, a criança cadeirante precisará de atenção
especial e ajuda para sua mobilidade. Nada na legislação pátria impede tal
cobrança. A solução seria a matrícula da criança em uma escola pública.
B) A cobrança do valor adicional na matrícula é
moralmente reprovável, pois expressa um tipo de preconceito. Contudo, do ponto
de vista estritamente legal, o caso se situa no campo da liberdade contratual
das partes, não havendo vedação legal a tal cobrança.
C) A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência admite esse tipo de cobrança, uma vez que reconhece o trabalho
adicional a ser feito nas escolas, contudo prevê que as famílias
hipossuficientes sejam isentadas dessa cobrança, sendo devido à escola uma
compensação tributária.
D)
A escola particular deve adotar as medidas inclusivas previstas na lei, tais
como garantir o acesso da criança com deficiência, em igualdade de condições, a
jogos e a atividades recreativas, sendo vedada a cobrança de valores adicionais
de qualquer natureza em suas anuidades, no cumprimento dessas medidas.
Justificando:
Conteúdo jurisprudencial recente do STF e Lei 13.146/2015: institui o Estatuto
da Pessoa com Deficiência.
Comentários
prof. Ricardo Baronovsky Sanches: 34:49 / 36:00.
Questão
20
A Lei de Migração, Lei nº 13.445/17, dispõe sobre os
direitos do estrangeiro em território nacional de uma forma mais ampla e
abrangente do que a legislação anterior, revogada. A normativa em vigor dispõe
que o estrangeiro no Brasil terá acesso ao sistema público de saúde e direito à
educação pública, vedada a discriminação em razão da nacionalidade e da sua
condição migratória. Isso significa que o acesso à educação pública no Brasil é
assegurado
A) somente aos estrangeiros portadores de visto de
estudante ou permanente.
B) a todos os migrantes, exceto os refugiados, que
são regidos por legislação especial.
C) apenas aos estrangeiros cujos países assegurem
reciprocidade aos brasileiros.
D)
a todos os migrantes, inclusive os apátridas e os refugiados.
Justificando:
Conteúdo tanto de Direito Internacional quanto de Direito Constitucional. Lei
da Migração, Lei nº 13.445/17. Direitos Humanos da Constituição. Direito
Educacional e Social da CF são direitos universais que o Estado está obrigado a
prestar.
Comentários
prof. Ricardo Macau: 41:20 / 43:50
Questão
21
Em 14 de dezembro de 2009, o Brasil promulgou a
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, por meio do Decreto nº
7.030. A Convenção codificou as principais regras a respeito da conclusão,
entrada em vigor, interpretação e extinção de tratados internacionais.
Tendo por base os dispositivos da Convenção,
assinale a afirmativa correta.
A) Para os fins da Convenção, “tratado” significa
qualquer acordo internacional concluído por escrito entre Estados e/ou
organizações internacionais.
B) Os Estados são soberanos para formular reservas,
independentemente do que disponha o tratado.
C)
Um Estado não poderá invocar o seu direito interno para justificar o
descumprimento de obrigações assumidas em um tratado internacional devidamente
internalizado.
D) Os tratados que conflitem com uma norma
imperativa de Direito Internacional geral têm sua execução suspensa até que
norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza derrogue a
norma imperativa com eles conflitante.
Justificando:
Direito Internacional Privado abordando tratados internacionais. Abordagem da
sistemática do Direito Internacional.
Comentários
prof.ª Ana Carolina Pascolati: 43:50 / 45:20
TV Damásio
Transmitido ao vivo em 18 de nov de 2018
Assista AGORA os Comentários & Primeiras
Impressões da prova OAB 1ª Fase XXVII Exame!
https://www.youtube.com/watch?v=yMXjKRZzgTE
Referências
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/bancoImagemSco/bancoImagemSco_AP_397011.jpg
http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=397194
https://dpmzos25m8ivg.cloudfront.net/630/622822_CADERNO_TIPO_2_XXVII_EXAME.pdf
https://dpmzos25m8ivg.cloudfront.net/630/339272_GABARITOS%20PRELIMIARES_XXVII_EXAME_DE_ORDEM.pdf
https://youtu.be/yMXjKRZzgTE
https://www.youtube.com/watch?v=yMXjKRZzgTE
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