terça-feira, 27 de novembro de 2018

Saudades do canto do passarinho?


Concebo, na espécie humana, dois tipos de desigualdade: uma que chamo de natural ou física, por ser estabelecida pela natureza e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito e da alma; a outra, que se pode chamar de desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção e que é estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

“As desigualdades naturais são aceitáveis, mas as desigualdades morais não o são, pois consistem em privilégios de uns sobre os outros.”



OAB cobra ‘comprometimento’ de Bolsonaro contra uso político do Ministério da Educação
Em nota pública divulgada neste domingo, 25, entidade máxima da Advocacia reage a declarações do futuro presidente, que criticou os exames de Ordem

Redação | O Estado de S. Paulo

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Claudio Lamachia, defendeu neste domingo, 25, o exame da Ordem, após declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Bolsonaro afirmou que o exame, que é aplicado aos recém-formados em Direito, cria “boys de luxo” para escritórios de advocacia.

“O Exame de Ordem é um importante meio para aferir a qualidade do ensino do Direito. Trata-se de uma prática comum em inúmeros países do mundo, como Estados Unidos e Japão e em praticamente toda a Europa, que tem por objetivo preservar a sociedade de profissionais que não detenham conhecimento suficiente para garantir o resguardo de direitos fundamentais, como a liberdade, a honra e o patrimônio das pessoas”, disse Lamachia.

Bolsonaro citou o exame da Ordem ao se manifestar contra a ideia de seu indicado para o Ministério da Saúde, deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), de exigir a certificação de médicos brasileiros formados. “Ele (Mandetta) tá sugerindo o Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos) até com uma certa periodicidade. Eu sou contra porque vai desaguar na mesma situação que acontece com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)“, afirmou o presidente eleito. 

“Nós não podemos formar jovens no Brasil, em cinco anos, no caso dos bacharéis de Direito, e depois submetê-los a serem advogados de luxo em escritórios de advocacia. Advogados de luxo não, boys de luxo de escritório de advocacia”, declarou Bolsonaro, que, neste domingo, participou de almoço na Escola de Educação Física do Exército, no bairro da Urca, na zona sul do Rio.

“É sempre importante esclarecer que o Exame de Ordem não tem número de vagas limitado, todos os que atingem a pontuação mínima podem vir a exercer a advocacia. A OAB busca constantemente o aperfeiçoamento dos cursos de direito no país, requerendo inclusive maior controle por parte do Ministério da Educação para a autorização de abertura de novas vagas, para que a qualidade do ensino não seja comprometida. Aliás, seria importante o comprometimento do futuro governo contra o uso político do MEC que tem patrocinado ao longo dos últimos anos um verdadeiro estelionato educacional ao autorizar o funcionamento de faculdades de direito sem qualificação, contrariando pareceres da OAB e os interesses de toda a sociedade”, afirmou Lamachia.




Após crítica de Bolsonaro, OAB defende exame
'Para aferir a qualidade do ensino do Direito', diz presidente da ordem


ED Encontro Digital
postado em 26/11/2018 07:58 / atualizado em 26/11/2018 08:04  


(foto: Pixabay)

Cláudio Lamachia, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em nota enviada à imprensa no domingo, dia 25 de novembro, respondeu às críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro sobre a exigência de exame da entidade para os formandos em Direito para poderem advogar. O teste é considerado de qualificação e difícil pelos estudantes.

"O exame de ordem é um importante meio para aferir a qualidade do ensino do Direito", comenta Lamachia, ressaltando que provas semelhantes existem nos Estados Unidos, Japão e Europa.
SAIBA MAIS
13:52 - 23/11/2018Salim Mattar comandará Secretaria de Privatizações
17:41 - 19/11/2018Petrobras pode ser 'parcialmente' privatizada
11:49 - 12/11/2018Bolsonaro diz que não aprovaria aumento do STF

O presidente da OAB acrescenta na nota que o "objetivo é preservar a sociedade de profissionais que não detenham conhecimento suficiente para garantir o resguardo de direitos fundamentais, como a liberdade, a honra e o patrimônio das pessoas".

No começo da tarde de domingo (25), no Rio de Janeiro (RJ), Bolsonaro criticou a possibilidade de aplicar o Revalida aos profissionais formados no Brasil e associou o exame ao realizado pela OAB. "Eu sou contra o Revalida para os médicos brasileiros, senão vai desaguar na mesma situação que acontece na OAB. Não podemos formar jovens e depois submetê-los a ser boys de luxo em escritórios de advocacia", diz o presidente eleito em conversa com jornalistas.

Por sua vez, Cláudio Lamachia defende a realização das provas pela OAB: "É sempre importante esclarecer que o exame de ordem não tem número de vagas limitado, todos os que atingem a pontuação mínima podem vir a exercer a advocacia".

Por fim, a OAB informa que está em "busca constantemente do aperfeiçoamento dos cursos de Direito no país, requerendo inclusive maior controle por parte do Ministério da Educação para a autorização de abertura de novas vagas".

(com Agência Brasil)



*Rolf Kuntz: O desafio da educação e as fixações de Bolsonaro
- O Estado de S.Paulo

Não haverá crescimento sem educação, nem educação se valerem os critérios do presidente

Com 38 milhões de analfabetos funcionais, escassa oferta de mão de obra qualificada, professores mal pagos e desprestigiados, baixo investimento em tecnologia e estudantes muito mal classificados em testes internacionais, o Brasil jamais sairá da mediocridade sem uma bem planejada e bem executada reforma educacional. Mas o presidente eleito, Jair Bolsonaro, mostra-se preocupado com a tal doutrinação política nas escolas e com a discussão de questões de gênero em salas de aula. Sua equipe talvez tenha algum plano para tirar do atoleiro a educação brasileira, mas, se esse for o caso, as propostas estão sendo cuidadosamente escondidas. Ele jamais tratou do assunto seriamente, nem durante a campanha eleitoral nem depois da vitória. Tem falado, ocasionalmente, sobre a importância de cuidar do ensino de algumas disciplinas, como Física, Química, Matemática e Português, mas nunca foi além disso, com as ideias travadas, aparentemente, por fixações ideológicas e morais – ou mesmo religiosas. Se essas fixações definem seus critérios para a política educacional, os brasileiros preocupados com o futuro do País – e de seus descendentes – têm motivos muito sérios para ficar bem mais inquietos, talvez apavorados.

Essas fixações, por enquanto, parecem dominar as ideias do presidente eleito sobre como cuidar do ensino. Ele havia prometido formar o Ministério com base em critérios técnicos. Esse padrão pode ter sido observado na seleção de alguns nomes para a área econômica, um processo conduzido pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas o critério foi renegado de forma indisfarçável na escolha do ministro da Educação. Neste caso, em todos os momentos o padrão ideológico e religioso prevaleceu de forma ostensiva.

Não se trata, aqui, de simplesmente discutir ou criticar os caminhos seguidos no preenchimento de postos importantes. A questão central é outra, e obviamente muito mais importante. Se a escolha de um ministro é sujeita a um filtro ideológico, moral e até religioso, a política desenvolvida em sua área será isenta de condições da mesma natureza?

O nome do professor Mozart Neves, ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco, ex-secretário da Educação do governo pernambucano e diretor do Instituto Ayrton Senna, uma referência em questões educacionais, foi descartado rapidamente pelo presidente eleito por pressão da bancada evangélica. Os elogios de especialistas ao professor foram ignorados ou menosprezados.

O segundo nome em exame, o do procurador federal Guilherme Schelb, foi aplaudido pelos evangélicos. Seus predicados, logo conhecidos: ser favorável ao projeto de lei da Escola sem Partido e contrário à “ideologia de gênero nas escolas”. A escolha pegou muito mal fora dos grupos mais chegados à teocracia. O presidente eleito recuou.

O terceiro nome, o do professor Ricardo Vélez Rodríguez, vinculado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, favorável ao projeto Escola sem Partido e ideologicamente contrário ao “modelo atual de educação”, foi anunciado na quinta-feira como escolhido. O presidente eleito cuidou de divulgar a escolha.

O futuro ministro pode ter alguma ideia útil e relevante sobre política educacional, mas também se absteve, pelo menos até sexta-feira, de comunicá-la ao público. Segundo ele, o modelo atual está destinado a “desmontar os valores tradicionais da sociedade no que tange à preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em suma, do patriotismo”.

Se isso resume as preocupações do futuro ministro, a educação nacional continuará um desastre. Talvez ele tenha ideias mais compatíveis com a importância econômica e social de seu próximo posto, mas nada informou sobre isso.

Qualquer candidato a cuidar da educação brasileira deveria estar preparado para enfrentar pelo menos as seguintes questões: 1) Por que os alunos brasileiros vão tão mal no Pisa, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes? 2) Como melhorar os níveis fundamental e médio do ensino brasileiro, obviamente em condições muito más? 3) Como adaptar o ensino às condições impostas (sim, impostas) pela chamada revolução 4.0? 5) Como preparar professores para formar alunos capazes de atuar com sucesso na economia do século 21? 6) Que experiências bem-sucedidas no exterior poderiam proporcionar elementos a um programa de modernização educacional?

Esses são apenas alguns tópicos de importância evidente para o a política brasileira. Em vez de cuidar desses temas, políticos parlamentares da bancada do atraso, com apoio do presidente eleito e de seu futuro ministro da Educação, cuidam do repulsivo projeto de lei da Escola sem Partido.

Se aprovado, esse projeto nada fará pelo avanço do País, mas permitirá a implantação de um controle policialesco de professores e de escolas. Qualquer aluno vagabundo encontrará uma brecha para denunciar um professor por uma frase, uma atitude, uma proposta de discussão ou pela recomendação de uma leitura. Será o império da boçalidade, em padrões típicos do autoritarismo mais troglodita.

Quanto ao tratamento da questão de gênero, apenas uma observação. Discussões desse tema podem ser simplesmente uma forma de argumentar a respeito de direitos individuais e de padrões de relacionamento social. Não se distinguem, quanto a esse aspecto, de debates sobre liberdade religiosa ou sobre outros tópicos de direito constitucional e de organização política. Mas o presidente eleito e seus companheiros tendem a reduzir o debate sobre gênero a conversas impróprias sobre sexualidade.

Mais que estranha, essa é uma fixação assustadora quando se trata de política educacional. Basta pensar num aspecto da educação, sua importância como fator produtivo, para ver com horror o nível das preocupações do futuro presidente e de seus aliados. Chamar de medieval esse nível de pensamento é ofender a memória de figuras como São Tomás, Roger Bacon e Guilherme de Ockham.


sábado, 24 de novembro de 2018
Opinião do dia: Hannah Arendt
"O objetivo da educação totalitária nunca foi incutir convicções, mas destruir a capacidade de formar alguma.

O conservadorismo, no sentido da conservação, faz parte da essência da atividade educacional, cuja tarefa é sempre abrigar e proteger alguma coisa.

A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele.

A função da escola é ensinar às crianças como o mundo é, e não instruí-las na arte de viver.

A escola não é de modo algum o mundo, nem deve ser tomada como tal; é antes a instituição que se interpõe entre o mundo e o domínio privado do lar.

A essência dos Direitos Humanos é o direito a ter direitos."

--------------------
Hannah Arendt (1906-1975) foi uma filósofa política alemã de origem judaica, uma das mais influentes do século XX. A privação de direitos e perseguição de pessoas de origem judaica ocorrida na Alemanha a partir de 1933, assim como o seu breve encarceramento nesse mesmo ano, fizeram-na decidir emigrar.


Algo mais fundamental do que a liberdade e a justiça, que são os direitos dos cidadãos, está em jogo quando deixa de ser natural que um homem pertença à comunidade em que nasceu...
ARENDT, Hannah. As origens do Totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 2012.

A situação atual dos refugiados no mundo provoca uma reflexão jusfilosófica no sentido do que já havia pensado Hannah Arendt, logo após a II Guerra Mundial, em sua obra As Origens do Totalitarismo. Nela, a autora sustenta que o mais fundamental de todos os direitos humanos é o direito a ter direitos, o que não ocorre com os apátridas.
Segundo a obra em referência, assinale a opção que apresenta a razão pela qual o homem perde sua qualidade essencial de homem e sua própria dignidade.

A) Ser privado de direitos subjetivos específicos previstos no ordenamento jurídico pátrio.
B) Viver sob um regime de tirania que viola a liberdade de crença e limita a liberdade de expressão.
C) Cumprir pena de privação da liberdade, quando executada em penitenciárias sob condições desumanas.

D) Deixar de pertencer a uma comunidade organizada, disposta e capaz de garantir quaisquer direitos.




Sabiá
Tom Jobim



Vou voltar!
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir
Cantar uma Sabiá...

Vou voltar!
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De uma palmeira que já não há
Colher a flor que já não dá
E algum amor
Talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia...

Vou voltar!
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer...
Composição: Antonio Carlos Jobim / Chico Buarque


Quem é e o que pensa Ricardo Vélez Rodríguez, o futuro ministro da Educação
Autor de mais de 30 obras, o colombiano indicado por Bolsonaro atualmente é professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército.

(Shutterstock)

LEIA TAMBÉM:
Black Friday: cursos de negócios, tecnologia, intercâmbios têm até 80% de desconto
O time de Bolsonaro: conheça os ministros confirmados para o novo governo

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou na noite de quinta- feira (22), pelo twitter, a indicação do colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, para o cargo de ministro da Educação. Autor de mais de 30 obras, atualmente é professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército.
"Velez é professor de Filosofia, mestre em Pensamento Brasileiro pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, doutor em Pensamento Luso-Brasileiro pela Universidade Gama Filho e pós-Doutor pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron, de Paris, com ampla experiência docente e gestora", informou o presidente eleito pela rede social. O novo ministro já teria se naturalizado brasileiro.

Propostas do novo ministro 
Em blog, o futuro ministro registra suas ideias sobre o Ministério da Educação. Ele promete em sua gestão "Mais Brasil, menos Brasília", lema do presidente eleito, com ênfase na educação municipal.
"Aposto, para o MEC, numa política que retome as sadias propostas dos educadores da geração de Anísio Teixeira, que enxergavam o sistema de ensino básico e fundamental como um serviço a ser oferecido pelos municípios, que iriam, aos poucos, formulando as leis que tornariam exequíveis as funções docentes", disse. No texto, informa que um dos que apoiaram sua indicação foi o "professor e amigo Olavo de Carvalho."
Ele também faz críticas às provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), formuladas pelo Inep. Segundo ele, as provas são complicadas e funcionam como "instrumentos de ideologização do que como meios sensatos para auferir a capacitação dos jovens no sistema de ensino" - mesmo posicionamento do presidente eleito.

Segundo seu currículo, divulgado por universidades em que lecionou, Ricardo Vélez Rodríguez nasceu em Bogotá, tem 75 anos, e graduou-se em Filosofia e Teologia.

Veio para o Brasil fazer pós-graduação nos anos 1970, sempre na área de Filosofia, obtendo o título de mestre e depois de doutor por universidades do Rio de Janeiro. Ricardo Vélez Rodríguez é autor de diversos livros, tendo dedicado sua carreira à docência universitária e à pesquisa. 
Chegou a ser Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade de Medellín, entre 1975 e 1978, quando retornou brevemente à Colômbia.
Desde 1979, fixou residência no Brasil e deu aulas em universidades do Rio de Janeiro, Londrina e Juiz de Fora, tendo participado da criação de cursos de pós-graduação em Pensamento Político Brasileiro.

Em algumas de suas obras mais recentes, Ricardo Vélez Rodríguez examina o problema do patrimonalismo e da violência nas sociedades da América Latina.

No livro Da Guerra à Pacificação, a hipótese que o autor levanta é a seguinte: "quando, no decorrer da segunda metade do século XX, o patrimonialismo vinculou-se, nos países latino-americanos, ao mercado dos tóxicos e à ação radical do Foro de São Paulo, a violência disparou e ensejou a formação de Estados dentro do Estado, cuja manifestação mais contundente foi a República das Farc, entre 1998 e 2002."

Ele considera que "o modelo colombiano da narco-guerrilha não está longe do Brasil: isso é testemunhado pelo fato de Fernandinho Beira Mar ter sido o elo entre as Farc e o narcotráfico carioca."

Segundo a sinopse de outro título de sua autoria - a A Grande Mentira - Lula e O Patrimonlaimo Petista - , de 2015, o professor e cientista político Ricardo Vélez Rodríguez "resgata as raízes do atual desgoverno operante no país: o patrimonialismo, tradição arraigada da política nacional, o neopopulismo bolivariano e sua relação com o lulopetismo, e, como pano de fundo da ação política do Partido dos Trabalhadores, as estratégias ligadas à “revolução cultural gramsciana”. 



Para novo ministro da Educação, golpe de 1964 deve ser comemorado
O professor colombiano defende que a tomada do poder pelos militares, que perdurou por 20 anos, foi essencial para a abertura democrática do Brasil
Por Clara Cerioni
access_time23 nov 2018, 19h44 - Publicado em 23 nov 2018, 10h35




Ricardo Veléz: ele defende que o papel do regime militar foi para "nos livrar do comunismo" (Google Plus/Reprodução)

São Paulo — O novo ministro da Educação escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou em um texto do seu blog que o golpe militar de 31 de março de 1964 “é uma data para lembrar e comemorar”.

Segundo o professor, a tomada do poder pelos militares, que perdurou por 20 anos, foi essencial para a abertura democrática do Brasil.

“Os nossos militares prepararam os seus quadros de oficiais para se inserirem no Brasil democrático, abrindo espaço ao público feminino e com pleno respeito às lideranças civis legítimas surgidas do voto popular e às instituições do governo representativo”, resume.

Professor de Ciência da Religião da UFJF, Rodríguez defende que a atuação dos militares “nos livrou do comunismo”.

“64, vale sim afirmá-lo, nos livrou do comunismo. Nos poupou os rios de sangue causados pelas guerrilhas totalitárias […] Não tivessem os militares brasileiros agido com força para desmantelar a “República do Araguaia”, teríamos tido o nosso “Caguán” (o território “livre” do tamanho do Estado do Rio de Janeiro, situado no coração da Colômbia e a partir do qual as Farc chegaram quase a balcanizar o país vizinho)”, escreveu.

De acordo com o futuro ministro, “os treze anos de desgoverno lulopetista, os militantes e líderes do PT e coligados tentaram, por todos os meios, desmoralizar a memória dos nossos militares e do governo por eles instaurado em 64″.

Veja também
BRASILA ditadura julgada às vésperas das eleiçõesquery_builder25 out 2018 - 19h10

Para ele, a Comissão Nacional da Verdade, que teve o papel de investigar violações de direitos humanos durante o regime militar e apresentou em seu relatório final o número de 434 mortes no período, “foi a iniciativa mais absurda que os petralhas tentaram impor”.

Em um trecho de seu artigo, no entanto, o futuro ministro reconhece que “períodos de exceção são ruins em termos de aprendizado democrático”, e completa, ainda, que “houve excessos no que tange à repressão”, mas justifica que a Lei da Anistia retomou os direitos dos exilados.

“É importante lembrar que, se aproximando o fim o regime militar, foi aprovada a Lei de Anistia que possibilitou a volta dos exilados e a formação de partidos políticos de oposição por parte deles. Seria uma aberração, como pretenderam os petistas, fazer regredir o relógio da história, como se não tivesse havido Lei de Anistia, a fim de perseguir os desafetos da derrotada e ressentida militância da esquerda radical. Esse foi um desserviço à Nação que felizmente não prosperou”, afirmou.



CHORO LIVRE - Novo Ministro da Educação

Jair Bolsonaro escolhe seu Ministro da Educação, e Reinaldo Azevedo e Sadenberg choram pela escolha. Conheça o novo Ministro.



Jarbas Gonçalves Passarinho
11.jan.1920 -

Ministro do Trabalho


Biografia
Íntegra do voto
Entenda o voto



"Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência." A frase, que foi modificada na ata sem prejuízo de sentido (as "favas" foram trocadas pela conjugação verbal "ignoro"), foi dita pelo então ministro do Trabalho e da Previdência Social Jarbas Passarinho durante a reunião do AI-5, em 1968.

Apesar de afirmar em entrevistas que, no papel de ministro, interferiu nos sindicatos apenas em questões de corrupção, no período de vigência do AI-5, mais de cem dirigentes sindicais foram destituídos dos cargos durante sua gestão.

Passarinho nasceu em Xapuri (AC) em 1920, participou da articulação do golpe de 64 e, no mesmo ano, assumiu o governo do Pará, indicado pelo presidente Castello Branco.

Com a posse de Emilio Garrastazú Medici, assumiu a pasta de Educação em 69. Passarinho, que entrou na Escola Militar do Realengo 30 anos antes, implantou sistema de créditos, ciclos básicos de disciplina e um novo regime de cátedras, na reforma universitária brasileira conhecida como MEC-Usaid, por causa do apoio do governo norte-americano.

Em 77, três anos após ter voltado ao Senado, defendeu na tribuna a substituição do AI-5 por um instrumento que garantisse ao Estado sua defesa contra minorias subversivas e a atribuição ao STM (Superior Tribunal Militar) de julgamentos políticos.

Em 80, Passarinho foi eleito presidente do Senado, casa que deixou três anos depois após perder a eleição no Pará para o candidato do MDB. No mesmo ano, assumiu o Ministério da Previdência e Assistência Social no governo de João Batista Figueiredo.

Foi senador constituinte, ministro da Justiça do governo de Fernando Collor de Mello (de 1990-1992) e presidente da CPI que investigou a "máfia do orçamento". Passarinho, que já havia sido cronista e redator em jornais na década de 40, deixou o Senado em 1995.

Tornou-se articulista do Estado de S. Paulo, onde criticava abertamente as ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Continuou com as críticas mesmo depois de ter sido nomeado pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso em 96 como consultor do Programa Nacional de Direitos Humanos.

Em manifestações recentes sobre o pagamento de indenizações relativas ao período militar, Passarinho, que hoje tem 88 anos, se posicionou publicamente contra o pagamento a perseguidos pelo regime.

Para ele, se fosse o feito o pagamento, que houvesse o mesmo tratamento com as famílias de militares mortos pelo movimento armado da esquerda.



Referências

https://dpmzos25m8ivg.cloudfront.net/630/622822_CADERNO_TIPO_2_XXVII_EXAME.pdf
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/11/oab-cobra-comprometimento-de-bolsonaro.html
https://www.revistaencontro.com.br/canal/politica/2018/11/apos-critica-de-bolsonaro-oab-defende-exame.html
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/11/rolf-kuntz-o-desafio-da-educacao-e-as.html#more
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/11/opiniao-do-dia-hannah-arendt_24.html
https://youtu.be/84J0UXxxBXQ
https://www.letras.mus.br/tom-jobim/86267/
https://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/7776993/quem-e-e-o-que-pensa-ricardo-velez-rodriguez-o-futuro-ministro-da-educacao
https://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/7776993/quem-e-e-o-que-pensa-ricardo-velez-rodriguez-o-futuro-ministro-da-educacao
https://exame.abril.com.br/brasil/para-novo-ministro-da-educacao-golpe-de-1964-deve-ser-comemorado/
https://youtu.be/1yLIENC4N5o
https://www.youtube.com/watch?v=1yLIENC4N5o
https://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/hotsites/ai5/personas/imagesPersonasHtml/jarbasPassarinho.jpg
https://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/hotsites/ai5/personas/jarbasPassarinho.html
https://abrilexame.files.wordpress.com/2018/11/ricardo-velez.jpg?quality=70&strip=info&resize=680,453

Nenhum comentário:

Postar um comentário