domingo, 11 de novembro de 2018

Fim da social-democracia siamesa


"Daí o nome da operação, CAPITU, personagem dissimulada da obra prima de Machado de Assis, Dom Casmurro."

"Pois é, chegamos até aqui. E agora, camarada?"
Vida que segue.

Após o fim do socialismo moreno

49 sinônimos de fim para 7 sentidos da palavra fim

'Dizer que é tudo farinha do mesmo saco é ofensa à farinha', diz Genival
Declaração fez referência a alegação de que todos os políticos são iguais.
Candidato pelo PSTU ao governo do Amapá foi entrevistado em uma rádio.



Paulo Guedes - PT e PSDB são farinha do mesmo saco

“Paulo Guedes, economista da Escola de Chicago, desvenda a farsa da falsa polarização entre PT e PSDB.”


Terminou o ciclo social-democrata do PSDB, é um tempo que passou, diz Alberto Goldman

Para ex-governador de São Paulo e membro da executiva tucana, é cedo para dizer que João Doria vai assumir controle do partido


O ex-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB) durante entrevista exclusiva à Folha em sua residência, em São Paulo - Jorge Araujo - 5.nov.2018/Folhapress

10.nov.2018 às 2h00

Ricardo Kotscho

Entrevista - Terminou o ciclo social-democrata do PSDB, é um tempo que passou, diz Alberto Goldman


Para ex-governador de São Paulo e membro da executiva tucana, é cedo para dizer que João Doria vai assumir controle do partido
Ricardo Kotscho | Folha de S. Paulo



SÃO PAULO - Aos 81 anos, com quase 50 de vida política, o ex-governador Alberto Goldman, um dos tucanos históricos ainda em atividade, não se espanta com mais nada.

Em seu confortável apartamento em Higienópolis, ele acompanha o noticiário e não se preocupa com a ofensiva do seu antagonista João Doria para tomar o PSDB.

Vice-presidente do PSDB até o ano passado e membro da executiva, Goldman vai se opor à adesão incondicional a Bolsonaro, como quer Doria, e não acredita que o partido vá acabar ou sofrer um novo racha, como aconteceu quando entrou no governo Temer.

• Em conversas após as eleições, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso revelou o seu medo de que o PSDB acabe. O sr. também tem esse receio?

Não tenho medo de que acabe e nem de que continue. Os partidos são instrumentos de atividade política e, se em algum momento, deixar de ser útil, poderemos reformar ou até mudar esse instrumento.

• Doria quer antecipar e propor a troca de comando do PSDB, prevista para o próximo ano, já em reunião do partido de 22 de novembro. Será possível?

Se dependesse dele, seria ontem, mas ele é apenas um governador eleito, basicamente pelos votos que capturou na aliança com Bolsonaro. A partir dessa reunião da executiva, vamos aprovar as convenções em maio e marcar um congresso para rever o programa.

• Dos 29 deputados da bancada federal do PSDB, 15 já declararam que pretendem integrar a base de Bolsonaro. O partido pode rachar de novo?

Uma coisa fundamental para o futuro é que o partido tenha unidade de ação, não é unidade de pensamento. Depois do desastre que sofremos nas eleições, essa divisão dificilmente voltará a acontecer.

• Após as eleições, Doria anunciou "um novo PSDB, o meu PSDB, um partido que tem lado". Chegou ao fim o ciclo FHC-Alckmin-Serra, dos tucanos que controlam o partido desde a fundação?

Terminou um ciclo no qual o PSDB formou uma corrente social-democrata, mas tem que repensar isso porque o país não adotou esse caminho. Então esse ciclo, evidentemente, é um tempo que passou. Agora dizer que após esse período o João Doria vai tomar de assalto o partido, acho que é muito cedo. Até porque, no caso do Doria, ele não tem uma visão político-ideológica, é um pragmático. Se hoje ele se pendurou no Bolsonaro, poderia amanhã estar pendurado no Lula. João Doria na política é um aventureiro.

• O sr. foi contra a candidatura dele a prefeito e depois a governador, mas ele ganhou as duas eleições.

Ele soube aproveitar um movimento antipetista e se elegeu no primeiro turno para prefeito. Mas, para governador, teve só 32% dos votos na capital, uma perda fortíssima. Quanto mais ele subir, maior será a queda.

• PT, PSDB e MDB foram duramente atingidos pela Lava Jato num desgaste que acabou levando à vitória de Bolsonaro. Para analistas, a Nova República acabou. O que virá?

O PT foi o personagem mais importante das últimas décadas, porque não só criou o PT, com a força que demonstrou, como conseguiu destruir o que seria uma social-democracia. Há pouco tempo, para eles, todos os males do Brasil eram o PSDB e o Temer. Não foram eles os responsáveis? E assim abriram as portas para a direita mais radical, que trouxe para ela uma área conservadora da sociedade, o voto antipetista, que antes se encostava no PSDB.

• Foi o PT, então, que elegeu o Bolsonaro?

De certa forma, sim, com a ajuda valiosa dos audazes membros do Ministério Público Federal. Sob o nome da moralidade, começaram a destruir o que era doente no sistema político e o que ainda era saudável. O saudável foi destruído, e não sei se consegue se recuperar. As ervas daninhas, no entanto, costumam reviver.

• Pelo Twitter, o ex-governador Geraldo Alckmin criticou duramente a ofensiva de Bolsonaro contra a imprensa, em especial a Folha, na linha oposta à posição adotada por Doria. A democracia está ameaçada?

A democracia não está ameaçada. A maioria da população não votou em nenhum dos dois candidatos. Foi uma eleição de anticandidatos opostos. A rápida reação do Alckmin mostra que o presidente do nosso partido, que é o Alckmin, não morreu. Essa manifestação revela que o conjunto das forças democráticas, apesar de, em parte, ter aderido ao Bolsonaro para derrotar o PT, sobrevive e é forte.

• Em São Paulo, o governador Alckmin tinha dois palanques, com Doria e França, e acabou derrotado por Bolsonaro. O que aconteceu?

No momento em que o Doria conseguiu marcar o Márcio França como sendo petista, socialista, comunista, a eleição foi decidida com a diferença de apenas 3,5%. Ele se agarrou mais fortemente ao Bolsonaro. É um cara esperto. Não diria inteligente, mas determinado, ousado e absolutamente sem escrúpulos.

• Como o sr. está vendo os primeiros movimentos do futuro governo Bolsonaro, em especial com o Paulo Guedes no comando da economia?

No caso do Paulo Guedes, é um homem que ganhou muito dinheiro mexendo com ações, com Bolsa, que sempre atuou no setor financeiro. Imaginar que uma pessoa dessas tenha condições de liderar a economia de um país parece muito difícil. Não significa que o desejo de todos nós não seja que dê certo. Até porque, nós estamos todos no mesmo barco e, se o barco afundar, os oportunistas sempre vão ter um pedaço de pau para se segurar, e o resto vai afundar.



Publicado em 05/02/2015 às 10h01
Governo Dilma-2 caminha para a autodestruição
Balaio do KOTSCHO
  


O que já está ruim sempre pode piorar. A Petrobras e o país amanheceram de pernas para o ar nesta quinta-feira.

Ao mesmo tempo em que a Petrobras ficava sem diretoria, após a renúncia coletiva da véspera, e sem ninguém saber o que será feito dela amanhã, a Polícia Federal está fazendo neste momento, nove da manhã, uma nova operação em quatro Estados, com mandados contra mais de 60 investigados na Lava-Jato, entre eles o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Pelo ranger da carruagem desgovernada, a oposição nem precisa perder muito tempo com CPIs e pareceres para detonar o impeachment da presidente da República, que continua recolhida e calada em seus palácios, sem mostrar qualquer reação.

O governo Dilma-2 está se acabando sozinho num inimaginável processo de autodestruição.

A presidente teve todo o tempo do mundo para pensar em soluções para a Petrobras, desde que esta grande crise estourou no ano passado, mas só se dedicou à campanha pela reeleição e à montagem do seu novo ministério. Agora, tem apenas 24 horas para encontrar uma saída, antes da reunião do Conselho de Administração, que precisa nomear a nova diretoria amanhã para não deixar a empresa acéfala.

Pois não é que, em meio aos enormes desafios que seu governo enfrenta em todas as áreas da vida nacional, apenas 36 dias após o início no segundo mandato, Dilma encontrou tempo para promover a primeira mudança em seu ministério trazendo de volta o inacreditável Mangabeira Unger, folclórico ideólogo que queria construir aquedutos para transportar água da Amazônia para o sertão do nordeste, como lembrou Bernardo Mello Franco?

Isolada, atônita, encurralada, sem rumo e sem base parlamentar sólida nem apoio social, contestada até dentro do seu próprio partido, como estará se sentindo neste momento a cidadã Dilma Rousseff, que faz apenas três meses foi reeleita presidente por mais quatro anos?

Ou, o que seria ainda mais grave, será que ela ainda não se deu conta do tamanho da encrenca em que se meteu?

É duro e triste ter que escrever isso sobre um governo que ajudei a eleger com meu voto, mas é a realidade. É preciso que Dilma caia nesta realidade e mude radicalmente sua forma de governar, buscando e não arrostando apoios, ouvindo pessoas fora do seu núcleo palaciano, como prometeu no discurso da vitória, antes que seja tarde demais.

Por um desses achaques do destino, foi marcada para amanhã, em Belo Horizonte, a abertura das comemorações dos 35 anos da fundação do PT, um partido que vi nascer e que vive hoje a pior crise da sua história, 12 anos depois de ter chegado ao poder central.

Está previsto um encontro reservado do ex-presidente Lula com a presidente Dilma. Cada vez mais distantes nos últimos meses, o que um terá para falar ao outro? Pode ser que a conversa comece com esta pergunta, que todos os petistas estão se fazendo: "Pois é, chegamos até aqui. E agora, camarada?"
Vida que segue.


A hora da história
Morre com Brizola um tipo de política baseado no carisma e no nacionalismo
Aziz Filho Colaboraram: Celina Côrtes e Ricardo Miranda
30/06/04 - 10h00

Ele já não fazia tanto sucesso e sofria derrotas uma atrás da outra: para presidente em 1994, para prefeito em 2000, para senador em 2002. O PDT não parava de minguar e poucos liam seus artigos inflamados. Mas o infarto de Leonel de Moura Brizola, 82 anos, na segunda-feira 21, mereceu rituais reservados às mais grandiosas biografias e o elevou ao panteão dos mitos. Uma fila de 30 horas varou duas madrugadas no velório no Palácio Guanabara, o Congresso adiou a votação do salário mínimo e três dias de luto foram decretados pelo presidente Lula, que se deslocou para os funerais com sete ministros. O cortejo fúnebre engarrafou o centro do Rio de Janeiro e 50 mil pessoas se despediram dele no Palácio Piratini, em Porto Alegre. A pequena cidade de São Borja, onde foi sepultado na quinta-feira ao lado da mulher, Neusa, de Getúlio Vargas e de João Goulart, atraiu as atenções do País. Os críticos recuaram diante do corpo embalsamado e políticos de todas as correntes se derramaram em homenagens. Foi a derradeira ressurreição de Leonel Brizola, que em uma das mais longas e emocionantes carreiras políticas do Brasil protagonizou várias vezes a lenda do pássaro que renasce das cinzas.

Mesmo acamado, com dores e febre de uma infecção intestinal, Brizola se manteve fiel à obsessão pela política até o fim da vida. No domingo 20, de pijamas, tomando soro no quarto de seu apartamento, recebeu a governadora Rosinha Matheus, seu marido e secretário de Segurança, Anthony Garotinho, e o deputado Moreira Franco para costurar uma aliança com o PMDB. “Essa gente é só falar de política que melhora”, brincou Rosinha, ajudando-o a se acomodar no travesseiro. Garotinho e Moreira Franco, desafetos do ex-governador, o convidaram para concorrer à Prefeitura do Rio este ano. No dia seguinte, pouco antes de ir para o hospital, o velho caudilho deixou um grito de guerra para os amigos: “Vamos encilhar o cavalo.”

Brizola relatava a visita dos desafetos como uma estripulia. “Você não acredita quem esteve aqui: Garotinho, Rosinha e até esse Moreira. Ah, a política”, brincou com Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, que recebeu pouco antes de ir para o hospital. “Ele reclamava de cãibras nos pés, cansaço e falta de ar, até pediu que eu abrisse a janela do quarto”, contou Paulinho. No Hospital São Lucas, em Copacabana, submeteu-se a exames e, às 21h20m, foi fulminado por um infarto agudo do miocárdio. Uma fatalidade, segundo os médicos, mas os amigos desconfiam. “Até eu achei que ele estava com sintomas de infarto”, comentou Paulinho. “Estou com uma pulga atrás da orelha”, fez coro o vice-presidente do PDT, Carlos Lupi.

Desmaios – Quando o sol reapareceu, centenas de pessoas já estavam na fila da despedida. O caixão ficou no Salão Nobre do palácio, ao lado de um quadro de Getúlio Vargas. Os brizolistas eram a imagem do desconsolo. Há três dias com uma rouquidão que roubou-lhe a voz, a militante Maria Alice Faria já atribuía ao ídolo uma cura repentina. “Brizola fez seu primeiro milagre”, exagerou, falando sério. “Mataram o Brizola”, soluçava Janete Collier. Ao entrar no salão, às 13h30, o presidente Lula recebeu uma vaia impiedosa. Ao lado do caixão, transpirando muito, foi chamado de traidor e se retirou em menos de cinco minutos. No fim da tarde, 20 crianças de rua protagonizaram momentos emocionantes, depositando flores vermelhas sobre o esquife. Samara, quatro anos, vinha à frente com um cartaz no pescoço: “Leonel Brizola, o guerreiro contra a exclusão social.” Algumas mulheres desmaiaram e as escadarias ficaram cobertas de pétalas vermelhas.
Na manhã de quarta-feira, o cortejo seguiu para o Aeroporto Santos Dumont, no centro. O carro do Corpo de Bombeiros com o caixão parou para homenagens em frente ao Ciep Presidente Tancredo Neves, o primeiro feito por Brizola. “Ele cuidou das pessoas mais simples como ninguém. A dor é muito grande”, chorava a aposentada Maria Inês da Silva, 74 anos, que saiu de Niterói e esperou três horas pelo corpo do herói. Milhares seguiram a pé o cortejo entoando “Brizola, guerreiro do povo brasileiro”, e os policiais tiveram dificuldades em impedir que a multidão de invadisse a pista do aeroporto cantando o Hino Nacional. Hinos não faltaram: o Nacional, o da Independência, o da Internacional Socialista, o da Legalidade… Nem podia ser diferente. Apesar de arredio às técnicas modernas do marketing, Brizola usava símbolos como armas poderosas de seu arsenal de sedução. Os Cieps, desenhados pelo amigo Oscar Niemeyer, estão em 513 pontos como monumentos eternos à sua fixação pela educação pública. O lenço vermelho dos maragatos, a rosa vermelha socialista, os apelidos inspirados no mundo animal para carimbar os inimigos e o culto à personalidade de Vargas marcavam um estilo único, que impunha respeito e medo às vítimas de sua oratória demolidora.

Em seis décadas de política, o ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul “morreu” várias vezes, para ressuscitar. “Talvez seja prudente deixar uma cuia com mate quente perto da sepultura, por via das dúvidas”, escreveu o colunista Luis Fernando Verissimo. Nascido com o nome de Itagiba, ele começou a driblar o destino já na infância, no interior gaúcho, quando se salvou da pobreza de berço. Tinha um ano quando o pai foi morto, alfabetizou-se fora da escola, tornou-se Leonel em homenagem a um revolucionário, foi jornaleiro, engraxate, ascensorista e jardineiro até entrar na faculdade de engenharia. Aos 22 anos, a política estudantil o elegeu deputado estadual pelo PTB. Sua cassação como governador era certa em 1961, quando os militares tentaram impedir a posse do cunhado João Goulart na Presidência. Foi aí que Brizola ergueu o marco mais nobre de sua biografia de democrata, liderando a reação que adiou o golpe por três anos.

Em 1964, deputado pela Guanabara, tentou repetir a façanha, mas Jango cedeu. O exílio durou 15 anos e seu nome se tornou maldito, proibido nos jornais e livros de história. Ao voltar, em 1979, perdeu a sagrada sigla do PTB, mas, contra todos os prognósticos, se tornou governador do Rio em 1982. Derrotado pelo sucesso do Plano Cruzado, não conseguiu eleger o querido amigo Darcy Ribeiro em 1986. Tudo parecia acabado em 1989, com a derrota nas eleições presidenciais, mas no ano seguinte receberia uma votação consagradora para voltar ao Palácio Guanabara.

Educação – Desde que chegou à política estudantil, enfrentando os “burgueses com punhos de renda” e os comunistas, Brizola nunca pensou em mais nada.

A ponto de o filho mais velho, José Vicente, lamentar, ao lado do caixão, a lacuna criada pelas ausências do pai, que rompeu com ele há quatro anos, desde que ingressou no PT. “Ele não era só o meu pai, era pai do povo brasileiro”, resignou-se Neuzinha Brizola quando o cortejo, seguido principalmente por pessoas humildes, passava pelo Palácio do Catete, onde Getúlio, o “pai dos pobres”, se matou em 1954. Carismático, Brizola atraía multidões de despossuídos para os embates ideológicos, popularizando conceitos como soberania nacional, democratização da comunicação, educação integral, concentração de renda e “perdas internacionais”, tudo misturado na receita de seu “socialismo moreno”. Orador brilhante, talhava frases para a história, como nos comícios das Diretas-já, ao afirmar que “a democracia que queremos é a da convivência pluralista do povo brasileiro, onde não haja banquetes nem migalhas”.

O pensador brasilianista Thomas Skidmore o definiu como o político mais carismático do Brasil no século XX, e o jornalista Elio Gaspari afirmou que sua morte encerra o século XX como a de Dom Pedro II encerrou o século XIX, porque ambos “foram derradeiros depositários dos sonhos, dos pesadelos e das desgraças que fizeram a história de seus tempos”. Para a socióloga Maria Victoria Benevides, da USP, a morte abriu três orfandades: do trabalhismo getulista, do nacionalismo radical e do socialismo moreno. Para o brasileiro comum, acostumado a vê-lo sorrindo e fazendo rir, a desprezar benesses do poder para atacar os governos, a grudar apelidos cruéis nos desafetos, a discursar com paixão e a estar sempre” de lança em riste e pronto para a peleja”, como definiu o presidente do Senado, José Sarney, sua morte diminui, e muito, o encanto e a graça da política.



Social-democracia
Por Camila Betoni
Mestrado em Sociologia Política (UFSC, 2014)
Graduação em Ciências Sociais (UFSC, 2011)
Bem vindo ao Player Audima.
A Social-democracia é uma ideologia política surgida no fim do século XIX a partir de uma cisão interna do socialismo. É difícil chegar a uma definição precisa do que é que defendem os sociais-democratas, uma vez que as elaborações teóricas de grupos e indivíduos que se identificam com esse termo foram se alterando através da história. Como essa ideologia sempre esteve ligada a ideia de necessidade de representação partidária, a definição do que se entende como social-democrata acaba dependendo muito da interpretação que tem o partido que adota esse termo.
Quando surgiu, dentro do movimento operário de caráter marxista, a social-democracia apontava para a importância de conquista da democracia através da universalização do voto e da possibilidade de participação política por meio de assembleias populares. Nesse período, os social-democratas também defendiam a necessidade de ampliação da democracia para além da esfera política, apontando para a emancipação da classe trabalhadora e a ruptura com o sistema de classes sociais (o que significaria também a realização da democracia na esfera econômica). Aos poucos, esses partidos ganharam mais adeptos, conquistando espaço nos parlamentos europeus, sobretudo na Alemanha. O crescimento e a massificação desses partidos trouxe algumas consequências; como a necessidade de compor alianças com outros setores (não só a classe operária) e o distanciamento entre a base dos partidos e os seus dirigentes, estes último tornando-se cada vez mais alinhados aos interesses da burguesia.
Até meados da década de 1910 os partidos social-democratas ainda se reconheciam – e eram reconhecidos – como partidos revolucionários. No entanto, o início da I Guerra Mundial – quando os social-democratas apoiaram os dirigentes de seus respectivos países – e o sucesso da revolução bolchevique na Rússia, mudam o cenário, provocando uma divisão dentro do socialismo. De um lado, os comunistas, influenciados por Lenin e pela Revolução Russa, continuaram a defender a necessidade de uma revolução que rompesse de forma radical com o modo de produção capitalista. De outro lado, os social-democratas argumentaram que, através da via partidária, seria possível promover uma série de reformas dentro do capitalismo, pequenas conquistas que poderiam se acumular até a vitória do socialismo em si. Para esses últimos, o comunismo representava uma forma autoritária do socialismo, enquanto a social-democracia seria sua face democrática. Entretanto, com o tempo, o foco nas pequenas reformas e a constante preocupação de garantir a representatividade nos parlamentos, foram fazendo com que o horizonte socialista fosse se afastando das perspectivas social-democratas. Ainda assim, deve-se notar que elas foram responsáveis por muitos ganhos para a classe trabalhadora europeia.
Ao final da II Guerra Mundial, a social-democracia começa a ganhar outros sentidos, afastando-se definitivamente da perspectiva de ruptura com o capitalismo. O dilema entre reforma e revolução deixa de ser o centro do debate e os partidos social-democratas passam a se diferenciar dos declaradamente liberais apenas pela sua defesa do Estado de bem-estar social. Nos dias de hoje, normalmente são partidos que se localizam no centro do espectro político e se diferenciam da direita pela importância que dão a necessidade de defesa do meio ambiente, dos setores mais vulneráveis da sociedade, dos direitos trabalhistas e da regulamentação do mercado. Alguns países com ampla tradição social-democrata são a Alemanha, Holanda, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e Bélgica.
Bibliografia:
BOTTOMORE, Tom (editor). Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001




A DEMOCRACIA NA PERSPECTIVA DE ALGUNS TEÓRICOS MARXISTAS

MARIA JOSÉ DE REZENDE *

REZENDE, M.J. de A democracia na perspectiva de alguns teóricos marxistas. Semina: Ci. Sociais/Humanas, Londrina, v. 17, n. 3, p. 274-285, set. 1996.

RESUMO: Este artigo mapeia as principais posições de alguns teóricos filiados ao marxismo sobre a democracia e sua relação com o socialismo. Buscou-se, a partir das reflexões desenvolvidas na primeira metade do século XX, elucidar as especificidades de um debate vigoroso que se desenvolveu naquele momento. Isto forneceu os elementos para a compreensão das questões fundamentais que foram levantadas, na segunda metade deste século, por uma parte do movimento socialista ocidental que se voltou com grande ênfase para a necessária imbricação entre a democracia política e o socialismo.

PALAVRAS-CHAVE: Democracia, socialismo, Estado, capitalismo, classe trabalhadora, instituições políticas, representação.

4 - Considerações finais

O debate sobre a relação socialismo e democracia esteve presente no pensamento socialista durante todo o século XX, a busca de uma relação necessária entre os dois perpassou todo o processo de sua constituição. Praticamente, em nenhum momento, ocorreu um total abandono da perspectiva que apontava para uma consubstancialidade entre socialismo e democracia.

As discussões dos social-democratas no início do século, dos socialistas adeptos da planificação na década de 1930 e de inúmeros expoentes do pensamento socialista na Europa, após a década de 1950, tinham um ponto básico em comum: a defesa da necessária relação entre socialismo e democracia.

Não se está afirmando que todo movimento socialista considerou a democracia como fundamental na edificação do socialismo. Os segmentos de orientação leninista, Trotskysta, etc., sempre lidaram com a democracia com absoluto desdém, reduzindo-a a pura hipocrisia da classe burguesa.

A tentativa de mapear as principais discussões sobre a relação socialismo e democracia teve o objetivo de demonstrar que elas não se afastavam do marxismo do ponto de vista teórico por estarem trabalhando a questão da democracia, impuseram, sim, a necessidade de não equalizar democracia e capitalismo. Esta foi uma grande herança que os social-democratas deixaram para todo o pensamento socialista.

A social-democracia, da primeira metade deste século, ao afirmar que a classe trabalhadora se transformaria em maioria política apontava para um não reducionismo tanto na questão do Estado quanto da democracia.

REZENDE, M.J. de. Democracy from the perspective of some marxist theorists. Semina: Cio Sociais/Humanas, Londrina, v. 17, n. 3, p. 274-285, Sep. 1996.

ABSTRACT: This article charts the main views of some marxist theorists about democracy and its relationship with socialism. Based on reflections developed during the first half of the 20th century, attempts to elucidate the peculiarities of a very strong debate that took place at that time have been made. This provided the elements to understand the fundamental issues that were raised during the second half of this century by part of the western socialist movement. This movement gave great emphasis to the necessary imbrication between political democracy and socialism.

KEY-WORDS: Democracy, socialism, the state, capitalism, working class, political institutions, representation.



Sinônimo de fim
49 sinônimos de fim para 7 sentidos da palavra fim:
Conclusão:
1 cessação, conclusão, final, desfecho, fechamento, encerramento, epílogo, remate, término, termo, acabamento, ponto, terminação.
Extremidade:
2 extremidade, ponta, extremo.
Limite:
3 limite, confins, limiar, raia.
Finalidade:
4 intenção, propósito, intento, alvo, escopo, finalidade, fito, intuito, meta, objetivo.
Motivação:
5 causa, motivação, motivo, razão.
Decadência:
6 agonia, aniquilamento, decadência, declínio, desaparecimento, destruição, diminuição, queda.
Morte:
7 desaparição, falecimento, fenecimento, morte, óbito, ocaso, perecimento.
Relacionadas
a fim, a fim de, por fim, sem-fim


Referências

http://g1.globo.com/ap/amapa/eleicoes/2014/noticia/2014/08/dizer-que-e-tudo-farinha-do-mesmo-saco-e-ofensa-farinha-diz-genival.htmlhttps://youtu.be/jFxXPrjZw_E
https://www.youtube.com/watch?v=jFxXPrjZw_E
https://f.i.uol.com.br/fotografia/2018/11/09/15418081765be620300d662_1541808176_3x2_xl.jpg
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBzTYGFrMipz0ube8AAxwbl5fPyU2RQ4jAHmnSp22y9XT6mGGTWuTxs7CAwr7ZTsXGXgitKYe8PjRJLTmm1jfUE9epPASEyxCCYXsNfSFaghJYd2sY6cC9J7K2nB5b4wDrXEk2VIkXZ1PF/s200/ALBERTO+GOLDMAN+FOLHA.jpg
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/11/entrevista-terminou-o-ciclo-social.html
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/11/terminou-o-ciclo-social-democrata-do-psdb-e-um-tempo-que-passou-diz-alberto-goldman.shtml
http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/files/2015/02/10_32_37_339_file.jpeg
http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2015/02/05/governo-dilma-2-caminha-para-a-autodestruicao/
https://istoe.com.br/25675_A+HORA+DA+HISTORIA/
https://www.infoescola.com/politica/social-democracia/
file:///D:/Usu%C3%A1rio/Documents/Curso%20do%20SISLAME/9474-35259-1-PB.pdf
https://www.sinonimos.com.br/fim/

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