Ironia da Ironia da Ironia
- Isso é força de expressão. No dia que o senhor for
candidato o senhor vai ter muita força de expressão nos palanques.
“A extraordinária importância de todos esses
princípios reside em que eles não apenas levam seres humanos a agir, mas são
também a fonte que alimenta continuamente as suas ações."
Hannah Arendt (1906-1975), ‘A promessa da política’,
pp. 258-9, Difel, 2008
Quando a fábrica apita
Faz reclame de você
Repórter
político faz reclame de Moro
Atiraram
no que...
E
que Sérgio Moro trocasse a toga pela candidatura a presidente. Teria o respaldo
dos milhões de brasileiros que simpatizam com ele ou o idolatram. Os
milhões que dele divergem ou desconfiam não poderiam mais, então, queixar-se de
que o juiz faz política na tribuna errada.
Acertaram
no que...
SÉRGIO
MORO DEVERIA SE CANDIDATAR À PRESIDÊNCIA PELO BEM DA DEMOCRACIA
Mário Magalhães
31 de Janeiro de 2018, 13h39
31 de Janeiro de 2018, 13h39
Assim
se passaram dez meses...
sábado, 3 de novembro de 2018
João
Domingos: O presidenciável
- O Estado de S.Paulo
Ao aceitar o Ministério da Justiça, o juiz Sérgio
Moro se torna candidato ao Planalto
No momento em que aceitou o convite para assumir o
Ministério da Justiça, o juiz Sérgio Moro credenciou-se para se candidatar à
sucessão do próprio chefe, caso prospere a ideia de Jair Bolsonaro de acabar
com a reeleição. Ou até para concorrer com Bolsonaro, se a reeleição for
mantida e o capitão reformado do Exército se sentir tentado a buscar um outro
mandato.
Esse será o caminho de Moro. Por mais que ele e
Bolsonaro digam que o cargo de ministro serve para que o governo central assuma
o combate à corrupção e ao crime organizado, e que, depois, o juiz de Curitiba
será nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) quando uma vaga surgir,
o fato é que, hoje, Moro está credenciado a disputar a próxima eleição para a
Presidência da República.
A nomeação de Sérgio Moro para um superministério da
Justiça a ser criado é também o pagamento de uma promessa de campanha feita por
Bolsonaro ao eleitor que o elegeu, um eleitor que parece dar mais importância
ao combate à corrupção do que às questões econômicas. Não que o nome do juiz
estivesse vinculado à promessa. Mas, ao nomeá-lo, a identificação de uma coisa
com a outra foi imediata. O eleitor talvez não tenha votado em Bolsonaro porque
ele gosta de Bolsonaro. Ele votou no capitão porque este assumiu um discurso
anti-PT e anticorrupção, e se propôs a ser aquele que virá demolir tudo para
que algo novo nasça. Essa é a visão que uma boa parte do eleitorado vencedor
tem daquele a quem deu o voto.
Alguém pode discordar de tudo isso. E certamente
muitos vão discordar. O fato é que Bolsonaro venceu a eleição ao se opor ao PT,
ao sistema político, aos esqueminhas e esquemões que costumam capturar governos
e os tornam reféns do fisiologismo. Tanto é que, ao nomear Moro, Bolsonaro foi
criticado por aliados e opositores, pois ele pôs no jogo político um nome que
tem tudo para construir uma carreira política a partir de agora. O eleitor
vibrou, ao contrário do status quo político, que aguarda a hora de botar a faca
no pescoço de Bolsonaro em nome da governabilidade.
Quanto a Moro, mesmo que ele venha a dizer que não
quer se tornar um político, como disse em 2016, numa entrevista ao Estado, ao
aceitar o convite para o Ministério da Justiça ele se tornou político. Porque o
cargo é político. Porque Moro tem vocação política. Na entrevista ao Estado,
Moro chegou a dizer que jamais seria político. Estava enganado. Sua carreira de
êxito na magistratura foi pontuada por atos políticos. Quando, em 2016, atropelando
o relógio, divulgou o conteúdo de conversas entre a então presidente Dilma
Rousseff e o ex-presidente Lula, à véspera do impeachment, ele tomou uma
decisão política. Por ela foi advertido. Se não tivesse divulgado o teor do
grampo, que mostrava as manobras para dar foro privilegiado a Lula e livrá-lo
de uma ordem de prisão, Dilma talvez não tivesse sofrido o processo de
impeachment. Foi um gesto tão político que mudou a História.
Quando o juiz autorizou o acesso público a parte do
conteúdo da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, a uma semana do
primeiro turno da eleição de 2018, Moro tomou uma decisão política, mesmo que
no limite do que orienta a Lei Orgânica da Magistratura.
Moro sabe que, ao aceitar o convite para o
Ministério da Justiça, ele deixa de ser o juiz de Curitiba reconhecido
mundialmente pelo combate à corrupção e ao crime organizado. Passa a ser um
superministro da Justiça com uma missão complexa. Se tudo der certo, e sua
passagem pela Justiça resolver questões relacionadas à corrupção e ao crime
organizado, será empurrado para o próximo passo, o de tentar ser o presidente
da República do combate à corrupção e ao crime organizado.
SÉRGIO
MORO DEVERIA SE CANDIDATAR À PRESIDÊNCIA PELO BEM DA DEMOCRACIA
Mário Magalhães
31 de Janeiro de 2018, 13h39
31 de Janeiro de 2018, 13h39
COMO APRENDEM OS ESCRIBAS, inclusive os
dedicados somente às cartas de amor, o emprego de ironia costuma ser expediente
de risco. Sem a voz para evidenciar o tempero irônico, é comum a mensagem ser
lida ao pé da letra. Em 2016, gracejei no Twitter: “Ao golear o Haiti por 7 a
1, a seleção brasileira calou os críticos do 7 a 1 da Alemanha”. Nunca apanhei
tanto, pois o pessoal interpretou como pitaco sério o que não passava de
chiste. Ignoro o que é pior: ser espinafrado pelo que não disse – ou não quis
dizer – ou descobrir que muita gente me supõe capaz de devanear tamanha
sandice.
Para prevenir mal-entendidos, no jornalismo
recomenda-se parcimônia em tiradas irônicas – na minha opinião, virtualmente
interditadas nos gêneros notícia e reportagem. A não ser que se adote um
recurso insultuoso aos interlocutores capazes de compreender recados
maliciosos: o aviso escancarado “contém ironia” ou o mais viçoso “SQN” (“só que
não”). Proclamar o propósito irônico é rebaixar o outro a parvo.
O circunlóquio acima destina-se a enfatizar não uma
ironia, o que constituiria ofensa à inteligência, mas a ausência dela. Eu
considero mesmo que a candidatura do juiz federal Sérgio Fernando Moro à
Presidência da República seria um serviço à democracia.
O calendário não é empecilho: para concorrer em
outubro, o magistrado poderia se filiar a partido político até abril.
Ele não careceria de eleitores: pesquisa Datafolha do finzinho de setembroestabeleceu
Moro como o único antagonista, num segundo turno renhido, que lograria empatar
com o agora possivelmente inelegível Luiz Inácio Lula da Silva (no Datafolha divulgado nesta quarta, o nome de
Moro não foi submetido aos entrevistados).
Igualados pela margem de erro, o ex-presidente
recolheria 44%, e o juiz, 42% dos sufrágios. Lula bateria Geraldo Alckmin, João
Doria, Marina Silva e Jair Bolsonaro. O levantamento é de antes da condenação
do petista a doze anos e um mês de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro,
no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. E de depois da sentença de primeiro
grau em que Moro condenou Lula pelos dois crimes.
O titular da 13ª Vara Federal de Curitiba ofereceria
perspectiva de triunfo ao imenso eleitorado que, determinado a derrotar Lula,
rejeita Bolsonaro como extremista. Ou não reconhece o viúvo mais choroso da
ditadura como contendor capaz de sobrepujar o antigo metalúrgico (a confiar no
Datafolha, Lula superaria o capitão hoje por 49% a 32%).
Com a foto de Moro na urna, o empresariado graúdo
encerraria a procura por um candidato dito de centro com envergadura política
para confrontar Lula ou alguém abençoado pelo ex-presidente.
A prioridade desses eleitores é vencer Lula ou, na
hipótese da manutenção de seu impedimento legal, um apadrinhado. Moro aparenta
mais vigor para o desafio do que o deputado Bolsonaro, que no passado pregou o
fechamento do Congresso.
O juiz seria uma opção mais competitiva para os
brasileiros que apoiaram – e ainda apoiam – postulantes do PSDB, a agremiação
que conquistou duas vezes o Planalto, nos pleitos de 1994 e 1998 (com FHC), e
amargou vices em 2002 (José Serra), 2006 (Geraldo Alckmin), 2010 (Serra) e 2014
(Aécio Neves). No Datafolha recém-saído do forno, Lula atropela Alckmin com 19
pontos de distância, 49% a 30%. Nem os aduladores cogitam Aécio e Serra presidenciáveis.
Com a foto de Moro na urna, o empresariado graúdo
encerraria a procura por um candidato dito de centro com envergadura política
para confrontar Lula ou alguém abençoado pelo ex-presidente. Ganharia uma voz
possante para propagandear as reformas patrocinadas por Michel Temer. A rigor,
o magistrado das camisas pretas seria um concorrente de centro-direita, mais
conservador do que Fernando Henrique em suas bem-sucedidas campanhas.
Não reside, porém, no placar eleitoral, com êxito ou
revés, a contribuição cívica que Sérgio Moro daria ao país disputando o
Planalto – o juiz tem reiterado que descarta a candidatura. E sim na
explicitação de sua aparente condição de adversário de Lula, percebida – com ou
sem razão – por vastidões de cidadãos que pouco ou nada entendem das leis e
seus códigos, mas sabem o que são justiça e injustiça.
No tempo em que Dilma periclitava na Presidência, às
vésperas do impeachment, ela nomeou Lula como ministro da Casa Civil. Em reação
à iniciativa, Moro proporcionou a divulgação de conversa telefônica
interceptada, no instante em que foi gravada, sem autorização judicial.
O Supremo Tribunal Federal vetou Lula no Ministério,
selando o infortúnio da presidente. O mesmo tribunal chancelaria, em situação
semelhante, a promoção de Moreira Franco a ministro de Temer, assegurando ao
ex-governador do Rio de Janeiro o foro especial que privilegia os réus com
morosidade generosa.
Moro ordenou a condução coercitiva de Lula para
depor à Polícia Federal. O petista, nas convocações anteriores, apresentara-se
por vontade própria. Não foram poucos os que identificaram no procedimento
judicial o intuito de humilhação.
Moro, responsável pela sentença em primeiro grau,
não se sentiu desconfortável ao palestrar, semanas antes, em evento promovido por
uma das partes, a Petrobras.
Quando multidões tomaram as ruas avacalhando Lula e
aclamando Moro, o juiz emitiu nota de agradecimento pelo apoio. Até outro dia,
saudação a manifestantes parecia mais apropriada a ativistas políticos do que a
magistrados. Estes deveriam se preservar acima das partes em conflito –
assombra que ainda tenha sentido enunciar tal obviedade.
No julgamento no TRF-4, pronunciou-se na tribuna um
assistente de acusação, em nome da Petrobras. Associava-se, portanto, ao
Ministério Público Federal, que batalhava pela condenação de Lula. Portanto,
MPF mais Petrobras, coautores da ação, versus o réu Lula (sem falar nos demais
acusados). Moro, responsável pela sentença em primeiro grau, não se sentiu
desconfortável ao palestrar, semanas antes, em evento promovido por uma das
partes, a Petrobras.
Assim como se mostrou cômodo confraternizando com
Aécio Neves em convescote público. É verdade que os rolos do senador derrotado
por Dilma em 2014 não correm na jurisdição de Moro. Mas a camaradagem do
principal juiz da Lava Jato com um contumaz investigado da Lava Jato soa,
cedendo ao eufemismo, excêntrica.
“Quem responde por crime tem que ter participado dele.
E, para ter participado, alguma coisa errada ele fez.”
A candidatura presidencial de Moro poderia encarnar
o ideário de parcelas do Judiciário. No tribunal de Porto Alegre, os três
juízes federais esbanjaram elogios ao magistrado de Curitiba (a Constituição
denomina “juízes” de Tribunais Regionais Federais; “desembargadores” integram,
estipula a Carta, os Tribunais de Justiça dos Estados).
Ao endossar a condenação decidida por Moro e
aumentar a pena de Lula, o juiz Victor Laus pontificou: “Quem responde por crime tem
que ter participado dele. E, para ter participado, alguma coisa errada ele
fez”.
E o princípio constitucional da presunção de
inocência (“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória”)?
O “Houaiss” ensina que “responder”, na acepção
jurídica do verbete, significa “oferecer resposta, contestação, defender-se em
juízo”. Se um réu responde em juízo, “tem que ter participado” de crime? Em
caso de resposta afirmativa, inexistiriam inocentes.
O juiz Ricardo Leite, que na semana passada mandou
apreender o passaporte de Lula, anotou que aliados do ex-presidente buscariam a
“politização de processos judiciais”. Quando as partes politizam, lamenta-se,
mas se entende o objetivo: influenciar a decisão da Justiça. E quando
magistrados politizam? O juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato, critica em rede
social, e não nos autos, correligionários de Lula.
Presidente do TRF-4, o juiz Carlos Eduardo Thompson
Flores Lenz qualificou de “irretocável” a sentença de Moro no processo do
triplex do Guarujá. Mais tarde, reconheceu que não tivera acesso às provas, ao
processo.
A politização judicial se combina com a
judicialização da política, assim parece. Bem fez o ministro Joaquim Barbosa.
Aposentou-se do STF para só mais à frente ensaiar o ingresso na arena política
partidária.
O incômodo com o ativismo político judicial não
coincide necessariamente com a convicção de inocência de Lula nos numerosos
processos em que foi denunciado. É possível que o petista seja culpado, ao
menos em parte, das acusações. Para isso, provas são imprescindíveis, para além
de malabarismos retóricos e opiniões pré-concebidas.
No processo do triplex, não tive a impressão de
existirem provas. Li e reli a sentença de Moro e assisti à sessão fatal do
TRF-4, ouvindo os argumentos de promotores, advogados e juízes. Não encontrei
menção a prova convincente – indício é outra coisa – de propriedade do triplex,
de ato de Lula em troca da alegada propina. Ao contrário dos claros indícios e
evidências de promiscuidade do ex-presidente com a construtora OAS, detentora
de contratos com a União. Promiscuidade pode resultar em crime. Nem sempre
resulta. Pode ter havido crime? Pode, mas não foi provado.
O acórdão do TRF-4 deve impedir Lula, o favorito à
Presidência, de se submeter ao voto popular. E ameaça levá-lo à prisão.
O episódio evoca um affaire de mais de meio século.
O ex-presidente Juscelino Kubitschek morava num apartamento novo construído por
empreiteira que tocara uma obra concedida por seu governo. JK visitara o imóvel
durante a construção, sua esposa Sarah Kubitschek pediu alterações no projeto
arquitetônico, e um mestre de obras foi afastado devido a broncas dela.
O apartamento diante do mar de Ipanema estava
registrado em nome do banqueiro Sebastião Pais de Almeida, que havia sido
ministro de Juscelino. A ditadura parida em 1964 e seus arautos na imprensa
alardearam que JK seria o dono oculto do apê. A história demonstrou que não,
consagrando a versão do ex-presidente. A relação revelou-se imprópria, porque
promíscua (de governante com empresa contratada pelo governo). Mas não
criminosa.
A roubalheira na Petrobras e outras farras que o PT
herdou de governos passados e manteve com apetite são outros quinhentos. Provas
inequívocas se acumularam. O partido se lambuzou, na definição do prócer
petista Jacques Wagner, escolhendo um verbo indulgente. Se Lula chefiou ou
participou dos esquemas de corrupção, é algo a provar, se prova houver, acima
de dúvida razoável. Isso num Estado que se pretenda democrático e de Direito.
Para que a Justiça não apenas seja (em tese) justa,
mas igualmente pareça justa, seria aconselhável que os magistrados se
contivessem, na conflagração política que sacode o Brasil de 2018.
E que Sérgio Moro trocasse a toga pela candidatura a
presidente. Teria o respaldo dos milhões de brasileiros que simpatizam com ele ou o idolatram. Os
milhões que dele divergem ou desconfiam não poderiam mais, então, queixar-se de
que o juiz faz política na tribuna errada.
——————
Esta é a minha primeira coluna no The
Intercept Brasil. Sinto-me honrado com o convite. Escreverei semanalmente. Quem
sou eu? Um jornalista para quem o melhor da vida são afeto, arte e futebol.
Até a semana que vem!
Três
Apitos
Noel
Rosa
Quando o apito da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos
Eu me lembro de você
Mas você anda
Sem dúvida bem zangada
Está interessada
Em fingir que não me vê
Você que atende ao apito de uma chaminé de barro
Porque não atende ao grito
Tão aflito
Da buzina do meu carro
Você no inverno
Sem meias vai pro trabalho
Não faz fé com agasalho
Nem no frio você crê
Mas você é mesmo artigo que não se imita
Quando a fábrica apita
Faz reclame de você
Nos meus olhos você lê
Que eu sofro cruelmente
Com ciúmes do gerente
Impertinente
Que dá ordens a você
Sou do sereno poeta muito soturno
Vou virar guarda-noturno
E você sabe por que
Mas você não sabe
Que enquanto você faz pano
Faço junto do piano
Estes versos pra você
Composição: Noel Rosa
“Três Apitos é uma canção composta por Noel Rosa
cuja inspiração veio de uma paixão por Josefina, que trabalhava em uma fábrica
de tecidos em Vila Isabel, no Rio de Janeiro.”
Dez
Anos
Gal
Costa
Tradução espanhol
Assim se passaram dez anos Sem eu ver o teu rosto
Sem olhar teus olhos Sem beijar teus lábios assim Foi tão grande a pena Que
sentiu a minha alma Ao recordar que tu Foste meu primeiro amor Recordo junto a
uma fonte Nos encontramos E alegre foi aquela tarde para nós dois Recordo
quando a noite abriu seu manto E o canto daquela fonte nos envolveu O sono
fechou meus olhos, me adormecendo Senti tua boca linda a murmurar Abraça-me por
favor minha vida E o resto desse romance só sabe Deus.
Composição: Lourival Faissal / Rafael Hernández
Dos
erros
sábado, 3 de novembro de 2018
- O Globo
Bolsonaro monta um governo baseado em reivindicações
da sociedade como combate à corrupção e ao crime organizado
A última vez que isso aconteceu foi em 2003, quando
houve uma troca de guarda na política brasileira, saindo o PSDB que governara o
país por 8 anos, chegando o PT. Os que saiam cometeram o mesmo erro que os
perdedores de agora, jogavam no fracasso dos entrantes. Era voz corrente entre
tucanos que Lula e seus sindicalistas, por falta de experiencia, não
conseguiriam governar sozinhos e procurariam os primos da social-democracia
para uma ampla aliança política. O mesmo Aloisio Mercadante que levou o PT a não
apoiar o Plano Real, chamando-o de estelionato eleitoral, agora comanda a
estratégia de acusar Moro por ter aceitado ser ministro de Bolsonaro.
Deu no que deu. O PT ficou 13 anos no poder, e
enraizou-se de tal maneira na máquina administrativa brasileira que, das
tarefas principais do novo governo, está a de desaparelhar o Estado. E ainda
esnobou os companheiros de esquerda política, empurrando-os para a direita do
campo partidário, acusando-os de terem legado uma “herança maldita”.
Roubou ideias originais dos governos tucanos e
melhorou-as, acabando por ter o Bolsa-Família como carro chefe de seu programa
de governo, que o salvou da derrota política quando a classe média e o
eleitorado das cidades grandes começaram a abandoná-lo devido às denúncias de
corrupção.
O PT foi para o Nordeste e lá fincou raízes que o
permitiram manter um naco ponderável do eleitorado, o que levou Fernando Haddad
para o segundo turno em 2018. Um mérito inegável do governo de Lula foi trazer
para o centro do debate político a desigualdade social, graças ao faro político
desse que ainda é, mesmo da cadeia, o maior líder popular do país.
A desordem econômica instaurada no governo Dilma,
poste que Lula pensava comandar, e a corrupção que financiava o projeto de
poder permanente do PT desde os primeiros momentos do primeiro governo Lula,
provocaram a maior crise econômica que o país já viveu, e levaram pelo ralo os
avanços sociais conseguidos.
Paradoxalmente, foi a classe média baixa e os
emergentes sociais que deram o sinal de alarme contra os governos petistas.
Tendo perdido muito, e com medo de perder mais ainda, retrocedendo na escala
social, sentiram-se ameaçados pelos desmandos petistas. Ao lado da agenda
social que ele mesmo conseguiu desmontar, o PT ampliou agendas de costumes
conectadas com as das mais avançadas democracias do ocidente, o que foi um
ganho civilizatório, mas ofendeu essa mesma classe média, que viu crescentemente
afetados seus valores.
É esse eleitor que, desde 2005 quando estourou o
mensalão, vem fazendo lento retorno à direita, que explodiu em 2013 nas
manifestações contra os péssimos serviços públicos oferecidos, em contraposição
à roubalheira generalizada. O movimento foi concluído agora em 2018 com a
eleição de Bolsonaro, que se beneficiou da falência do esquema partidário
montado de comum acordo entre PT, PSDB e MDB.
Se não houvesse contemporizado com seus corruptos, e
se se negasse a participar do governo Temer quando a gravação com o empresário
Joesley Batista explicitou o que todos sabiam, mas estava acobertado por um
governo que ia na direção correta na recuperação da economia devastada pelo
petismo, o PSDB poderia ter sido o grande beneficiário da crise política, e
Bolsonaro talvez estivesse disputando votos com o Cabo Daciolo.
Mas os tucanos se lambuzaram, e não entenderam o que
se passava na alma do brasileiro médio. Quem entendeu foi Bolsonaro, que agora
monta um governo baseado na dupla reivindicação da sociedade: combate à
corrupção e ao crime organizado, que colocam em pânico as famílias, e desmonte
do sistema de poder que dominou a cena politica nos últimos 25 anos.
O economista Paulo Guedes passou anos escrevendo
contra o que chamava de conluio social-democrata que atrasava o país, colocando
PT e PSDB no mesmo saco. O juiz Sérgio Moro foi o líder do combate à corrupção
no país, e levou para a cadeia grande parte do antigo regime, apartidariamente.
A maioria dos que estavam soltos foi defenestrado pelo eleitorado.
O PT, assim como fez com o Plano Real e quebrou a
cara, permitindo que os tucanos ficassem oito anos no poder, agora joga no
fracasso do novo governo. Se não fizer muita besteira, Bolsonaro pode se
transformar em uma espécie de Lula da direita, e será o primeiro presidente sem
ser do PT a gerir o Bolsa- Família. Terá chance de provar para os mais pobres
que não é apenas Lula quem é capaz de cuidar bem deles. Já penetrou no Nordeste
mais que qualquer outro nesta eleição, e poderá tirar do PT esse eleitorado
cativo.
Mundo
em Mutação: Ser Político é uma atividade muito sazonal
Lula desperdiça tempo numa cruzada contra Sérgio Moro.
... Está na cara que Dellagnol e os outros ''meninos'' de Curitiba precisam ...
“Se eles não me prenderem logo quem sabe um dia eu
mando prendê-los pelas mentiras que eles contam.”
- O que que o senhor quis dizer com esse tipo de
declaração?
- Isso é força de expressão. No dia que o senhor for
candidato o senhor vai ter muita força de expressão nos palanques.
Momentos
tensos no interrogatório de Lula
Jornal da Gazeta
Publicado em 11 de mai de 2017
Durante o depoimento, houve momentos de tensão, com
discussões não só entre Lula e Moro.
Melhores
momentos do interrogatório de Lula - 5 horas em 10 minutos
O Antagonista
Publicado em 11 de mai de 2017
Banda Jazz Sinfonica de Diadema playing on 45th Montreux Jazz Festival, Switzerland. 10/07/2011. Três Apitos (Noel Rosa) Arrangement and conducting by Todd Murphy. Clarinet Solo: Michel Moraes Piano: Abelita Mateus
Referências
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/11/opiniao-do-dia-hannah-arendt.html
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/11/joao-domingos-o-presidenciavel.html#more
https://theintercept.com/2018/01/31/sergio-moro-candidato-presidencia/
https://youtu.be/d5DwmMcrFkE
https://www.letras.mus.br/noel-rosa-musicas/299248/
https://youtu.be/rJ1ipCuJaL0
https://www.letras.com.br/gal-costa/dez-anos
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/11/merval-pereira-os-mesmos-erros.html
http://mundovelhomundonovo.blogspot.com/2018/06/ser-politico-e-uma-atividade-muito.html
https://youtu.be/4A2mMYdNjYc
https://www.youtube.com/watch?v=4A2mMYdNjYc
https://youtu.be/lBNn6RiiqVQ
https://www.youtube.com/watch?v=lBNn6RiiqVQ
https://youtu.be/6jOMuyTvn2chttps://www.youtube.com/watch?v=6jOMuyTvn2c
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