quarta-feira, 1 de março de 2023

E AGORA JOSÉ?

"Diferentemente do que escreveu Tolstói, tudo compreender talvez não seja tudo perdoar, mas é um bom primeiro passo." Hélio Schwartsman - Convite ao corporativismo ***
*** Compreender tudo, é tudo perdoar.Léon Tolstoi *** "Num mundo inundado por informações irrelevantes, clareza é poder. E a censura não funciona bloqueando o fluxo de informações, e, sim, inundando as pessoas com desinformação e distrações.” Yuval Noah Harari, na apresentação do livro “21 lições para o século 21”
*** 'Os manifestantes contra a tendência antidemocrática do governo israelense aumentaram para 160 mil neste sábado em Tel Aviv. Vou falar de um único deles: o historiador Yuval Noah Harari, bestseller mundial desde seu primeiro livro, "Sapiens: Uma Breve História da Humanidade". Harari escreveu na véspera da manifestação um artigo para o jornal Yedioth Aharonot, no qual diz, simplesmente, que irá embora de Israel, se o governo Netanyahu passar a legislação que submeterá a Corte Suprema da Justiça ao Parlamento, já em processo de votação. "Tem sido claro para os israelenses liberais como eu, durante anos, que as tendências demográficas em Israel eventualmente conduzirão os ultraortodoxos, os religiosos e os tradicionais a se tornarem maioria no país. Só não estava claro que isso ocorreria quando tivessem pleno poder político". Como agora, acrescento eu. Israel está a alguns votos de se tornar uma teocracia parecida ao Irã. Continua Harari: "O novo governo quer aprovar leis que eliminariam a independência do sistema judicial e, em particular, a capacidade do sistema judicial para restringir ao governo e a proteger os direitos das minorias". Noutro momento do texto, ele teme que tribunais rabínicos tenham amplos poderes. Então, Harari lembra que, quando criança, não alcançava o botão para fazer o ônibus parar onde precisava descer, de volta da escola. Perdia o ponto. Hoje, Harari aperta o botão antes do tempo. "Esta é provavelmente a decisão mais difícil de minha vida. Cada um tem uma estação diferente (...) há quem desça do ônibus em pontos anteriores, e há os que ficam no ônibus em qualquer situação, por falta de escolha ou fé forte (...) assim digo, simples e honestamente, que este ônibus está indo a toda velocidade para lugares que me são estranhos, e se ele não se detém, logo chegaremos ao meu ponto, e ali eu descerei." ' ********************************************************************************************************
*** BREAKING NEWS STF MANTÉM ANDERSON TORRES PRESO Minuta encontrada na casa do ex-ministro sustenta decisão *** *** REPORTAGEM Exército decide acabar com mensagem de aniversário do golpe militar *** Carla Araújo Colunista do UOL 01/03/2023 04h00Atualizada em 01/03/2023 08h42 O comandante do Exército, general Tomás Paiva, já decidiu que neste ano não haverá a leitura da Ordem do Dia alusiva ao dia 31 de março, aniversário do golpe militar no Brasil. A decisão de não divulgar uma mensagem pela data, segundo fontes da caserna, se deve a uma interpretação do comandante de que "o normal era não existir". Escolhido para substituir o general Júlio César Arruda, demitido pelo presidente Lula depois de 20 dias no cargo, o novo comandante tem dito aos seus subordinados que o momento é de "retomada da confiança" e busca de pacificação. A decisão, portanto, seria um aceno ao governo do petista. "Infelizmente" Lula foi eleito. À cúpula do Exército, o comandante tentou minimizar o áudio vazado e revelado nesta semana pelo podcast Roteirices, em que ele fala que "infelizmente" o presidente Lula foi eleito. Segundo apurou a coluna, Tomás Paiva reiterou que a ideia principal de sua mensagem era reforçar a aceitação do resultado eleitoral e tentar afastar os militares da política. O comandante costuma dizer, em conversas reservadas, que não é segredo que a maioria dos militares votou em Bolsonaro, mas reforça que o momento é de pacificação das relações. Aceno a Moraes. Nos bastidores, o comandante fez chegar ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que não haveria resistência na cúpula do Exército a respeito das investigações de militares envolvidos nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Ordem do Dia deixou de ser lida no governo FHC Após o fim da ditadura (1964-1985), a mensagem continuou a ser lida em quartéis e divulgada à sociedade. Em 1995, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a Ordem do Dia deixou de ser lida. Nos primeiros governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003 a 2010), nos arquivos do Exército, de acordo com o Centro de Comunicação Social, só foram localizadas Ordens do Dia publicadas em 2004, 2005 e 2006. Nos outros anos, não houve essa divulgação. Também não houve a leitura da mensagem no período da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que tinha uma relação conturbada com os militares, já que como militante na época da ditadura, ela sofreu com torturas. Mesmo sob o ex-presidente Michel Temer (MDB), que tinha uma boa relação com a caserna, não há registros de leitura da Ordem do Dia. A mensagem de aniversário do golpe, porém, havia sido retomada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já no seu primeiro ano de governo, em 2019. Na época, o então porta-voz do Bolsonaro, general Otávio do Rêgo Barros, afirmou que o presidente tinha determinado "ao Ministério da Defesa que faça as comemorações devidas com relação ao 31 de março de 1964, incluindo a ordem do dia, patrocinada pelo Ministério da Defesa, que já foi aprovada pelo nosso presidente". Fontes da caserna tentam justificar a retomada da Ordem do Dia de 31 de março por Bolsonaro. Eles alegam que ela voltou por ordem do então "Chefe Supremo das Forças Armadas", mas admitem que representava o ideário político daquele governo, que sempre exaltou a época da ditadura. ***
*** Superior Tribunal Militar (STM) - Portal CNJ *** “…O art. 142 CF/88 não salva os golpistas de 8 de janeiro. Muito menos o art. 9º do CPM…” Se escaparem do STF com o espeto do art. 142 CF/88, podem ser torrados no STM, na fogueira 🔥 do art. 9º do CPM. Pra eles, pior do que tá só pode ficar, segundo o revisionista Tiririca. ***
*** Supremo Tribunal Federal ***
*** quarta-feira, 1 de março de 2023 Elio Gaspari - O artigo 142 é inocente O Globo Quem arma golpe militar são as vivandeiras Ministros dignitários do governo querem mudar o texto do artigo 142 da Constituição para impedir novas aventuras golpistas. A intenção pode ser boa, o resultado será nulo, e a iniciativa acabará no ridículo. O tão falado 142 diz o seguinte: Art. 142 — As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos Poderes Constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Seu autor intelectual foi o general Leônidas Pires Gonçalves, ministro do Exército de março de 1985 a março de 1990. Criou-se a fantasia segundo a qual esse texto abre o caminho para golpes militares, a partir de uma malversação de mobilizações militares pelo instrumento da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Durante o governo de Michel Temer, por pouco não se chegou a uma utilização homófoba da GLO, permitindo a expedição de mandados coletivos de busca e apreensão para os moradores de uma rua, comunidade ou bairro. Ficou no talvez. Pode-se dar ao artigo 142 qualquer redação, e ainda assim o regime democrático poderá ser ameaçado por golpes militares, mas jamais haverá golpe sem a participação e o estímulo das vivandeiras civis. Se não houve golpe no ocaso do bolsonarismo, foi porque eram irrelevantes as vivandeiras, e prevaleceu na cúpula militar o sentimento legalista. É bom lembrar que o ex-ministro Anderson Torres, em cuja casa havia um projeto maluco de golpe, é um paisano. O regime mostrou-se blindado pela firmeza das posições do Judiciário e do Congresso. A discussão do texto do artigo 142 desloca o eixo da questão para o mundo da fantasia. Anderson Torres está preso, e presas estão centenas de pessoas que vandalizaram o Congresso, o Planalto e o Supremo Tribunal Federal. Os denunciados são 912. O ministro Alexandre de Moraes conduz a investigação do golpismo do 8 de Janeiro. Nas mãos desse magistrado está a responsabilização dos culpados, civis e militares. Nenhum dos 912 denunciados ou daqueles que se meteram com o 8 de Janeiro queria garantir os Poderes Constitucionais. Pelo contrário. É de um militar, o marechal Castello Branco, a melhor qualificação das vivandeiras: — Eu os identifico a todos. E são muitos deles, os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bulir com os granadeiros e provocar extravagâncias do Poder Militar. No ano do centenário da morte de Rui Barbosa, um campeão de campanhas civilistas, fica a lembrança de que a ação de vivandeiras, anterior a 1930, não se resume aos trogloditas dos vandalismos do 8 de Janeiro. No dia 9 de novembro de 1889, Rui bulia com os granadeiros, insinuando que o governo queria diluir a força do Exército, que “ir-se-á escoando, batalhão a batalhão, até desaparecer da capital do império o último soldado”. Na manhã do dia 15 deu-se a extravagância, e à tarde ele foi nomeado ministro da Fazenda. ***************************************************************************************************
*** Art. 9, inc. III, "a" do Código Penal Militar - Decreto Lei 1001/69 | Jusbrasil *** CPM - Decreto Lei nº 1.001 de 21 de Outubro de 1969 Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; *************************************
*** Artigo 9 do Decreto Lei nº 1.001 de 21 de Outubro de 1969 CPM - Decreto Lei nº 1.001 de 21 de Outubro de 1969 Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: I - os crimes de que trata êste Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017) a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996) d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; f) revogada. (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996) III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquêle fim, ou em obediência a determinação legal superior. § 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017) § 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017) b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017) c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; e (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017) d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017) Crimes militares em tempo de guerra *****************************************
*** quarta-feira, 1 de março de 2023 Bernardo Mello Franco - Militares no banco dos réus O Globo Alexandre de Moraes decidiu que fardados terão que responder à Justiça comum O ministro Alexandre de Moraes decidiu que os militares envolvidos no 8 de Janeiro responderão por seus atos na Justiça comum. A Polícia Federal identificou dezenas de fardados entre os criminosos que depredaram ou deixaram depredar as sedes dos Três Poderes. Depois de atentar contra a democracia, eles reivindicavam o privilégio de serem julgados por seus pares. Questionado pela PF, o ministro do Supremo esclareceu que a Justiça Militar julga “crimes militares”, e não “crimes de militares”. Como as acusações não dizem respeito a assuntos internos da caserna, oficiais e praças terão que se acomodar no banco dos réus ao lado de paisanos. Parece óbvio, mas a distinção já foi mais clara na legislação brasileira. Em 2017, o então presidente Michel Temer sancionou uma lei que ampliou o alcance da Justiça castrense. O texto ressuscitou uma blindagem criada na ditadura para proteger militares acusados de atentar contra a vida de civis. A mudança foi festejada pelas Forças Armadas, que haviam pressionado o Congresso a aprová-la. A impunidade tem sido regra em processos contra militares envolvidos em violações de direitos humanos. Os casos se avolumaram com o aumento das operações de GLO (garantia da lei e da ordem), em que soldados assumem funções de polícia sem treinamento para atuar fora dos quartéis. Desde 2013, a Procuradoria-Geral da República pede que o Supremo restrinja o alcance da Justiça Militar em crimes contra a vida de civis. O tribunal cozinha o caso há quase uma década. Voltou a suspender o julgamento há duas semanas, após pedido de vista do ministro Ricardo Lewandowski. Os militares nunca fizeram questão de disfarçar os motivos do lobby pelo foro especial. Em 2017, o general Eduardo Villas Bôas deixou claro que a ideia era blindar os soldados do alcance da Justiça. “Como comandante, tenho o dever de protegê-los. A legislação precisa ser revista”, disse, em tom imperativo, enquanto o Congresso ainda debatia a mudança na lei. No 8 de Janeiro, seu sucessor no Forte Apache radicalizaria a defesa do corporativismo. Horas depois dos ataques, o general Júlio Cesar de Arruda ordenou que tanques bloqueassem as entradas do acampamento bolsonarista. O objetivo era impedir a polícia de prender criminosos em flagrante. **********************************************************
*** quarta-feira, 1 de março de 2023 Luiz Carlos Azedo - Militares golpistas romperam o pacto da anistia Correio Braziliense Decisão de Moraes teve como resposta da oposição bolsonarista a apresentação de requerimento para instalação de uma CPMI para investigar os fatos de 8 de janeiro O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu na segunda-feira ao pedido da Polícia Federal para que o STF julgue militares envolvidos nos ataques de 8 de janeiro aos palácios dos Três Poderes, em Brasília, tomou uma decisão histórica: tirou da esfera da Justiça Militar os crimes políticos e comuns cometidos por militares. É a primeira vez que isso acontece, num país que assistiu a inquéritos policiais militares contra civis serem instrumentos golpistas ou de repressão a oposicionistas. O magistrado também abriu investigação sobre a participação de militares da Polícia Militar do Distrito Federal e das Forças Armadas nos episódios de 8 de janeiro. Ao fazer o pedido, a PF justificou que policiais militares ouvidos na 5ª fase da Operação Lesa-Pátria “indicaram possível participação/omissão dos militares do Exército Brasileiro, responsáveis pelo Gabinete de Segurança Institucional e pelo Batalhão da Guarda Presidencial”. A decisão recebeu apoio do futuro presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Francisco Joseli Parente Camelo, e da ministra do STM Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha. Segundo o ministro Camelo, a decisão “dá a garantia do devido processo legal e respeita o princípio do juiz natural”. Para a ministra Maria Elizabeth, todos os envolvidos devem ser julgados pelo mesmo tribunal, do contrário, os civis seriam julgados pelo STF, os militares pelo STM e os policiais militares e bombeiros pelo TJ. Por ironia da história, foram os militares envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro que romperam o principal pacto da transição à democracia: a anistia recíproca de 1979, o primeiro passo efetivo para a redemocratização do país, que perdoou ex-guerrilheiros e agentes dos órgãos de segurança do regime militar. A Lei da Anistia de 1979 perdoou os crimes políticos cometidos entre 1961 e 1979, mas sempre foi polêmica e muito contestada pelos movimentos de defesa dos direitos humanos, por causa das torturas e assassinatos cometidos nos quartéis. Os militares, por sua vez, acusavam os ex-militantes da luta armada de cometerem assassinatos e justiçamentos. Aprovada pelo Congresso, no governo do general João Batista Figueiredo, a lei foi considerada “imexível” pelo Supremo. Todas as tentativas de julgar e punir os militares envolvidos nas torturas e assassinatos foram rechaçadas. Reação bolsonarista A decisão de Alexandre de Moraes teve como resposta da oposição bolsonarista a apresentação de requerimento para instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), para investigar os fatos ocorridos em 8 de janeiro, assinada por 31 senadores e 120 deputados federais. Articulada pelos senadores Marcos Do Val (Podemos-ES) e Rogério Marinho (PL-RN) e pelos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e André Fernandes (PL-CE), é uma nova dor de cabeça para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma CPMI tem instalação praticamente garantida, desde que cumpra as exigências regimentais em termos de assinaturas. Um pedido de CPI com o mesmo objeto, protocolado pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS) anteriormente, depende de apreciação do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Na segunda-feira, o ministro Gilmar Mendes, do STF, havia estipulado o prazo de 10 dias para que Pacheco desse explicações em relação à instalação da CPI apresentada pela senadora Soraya. As duas comissões são iniciativas da oposição, que tenta responsabilizar o ministro da Justiça, Flávio Dino, pelas falhas do sistema de segurança da Esplanada no dia do vandalismo, e não esconde o objetivo de pôr sob suspeição o ministro Alexandre de Moraes como relator do processo. Em contrapartida, os parlamentares governistas apoiam Moraes e já lançaram a palavra de ordem “Anistia nunca mais”, exigindo a punição dos responsáveis pelos atos de vandalismo de 8 de janeiro. A Constituição de 1988 estabelece que a anistia é concedida pelo Congresso, após aprovação de projeto de lei pela Câmara e pelo Senado, dedicada especialmente aos crimes políticos. Crimes hediondos não podem ser anistiados. Anistia é o perdão que pode ser dado a indivíduos que precisam responder por seus crimes na Justiça. A concessão de anistia é mais relacionada a crimes políticos, e aquele que a recebe tem seus crimes apagados e sua ficha criminal limpa, tornando-se réu primário novamente. Existe também a anistia tributária. O Arquivo do Senado reúne farto material sobre a aprovação da Lei da Anistia, que resultou de uma ampla campanha política da oposição ao regime militar, inclusive no exterior. *********************************************
*** quarta-feira, 1 de março de 2023 Hélio Schwartsman - Convite ao corporativismo Folha de S. Paulo Moraes fez bem em tirar casos de golpistas da Justiça Militar Não sei se está tecnicamente correta, mas aplaudo a decisão do ministro Alexandre de Moraes de transferir da Justiça Militar para o STF as investigações e eventuais processos de praças e oficiais envolvidos no 8 de janeiro. Segundo a colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, a determinação deixou o pessoal da Justiça Militar furibundo. Integrantes do Superior Tribunal Militar (STM) e do Ministério Público Militar interpretaram o desaforamento como uma demonstração de que o Supremo não confia na Justiça Militar. E é justamente por isso que eu aplaudo a decisão. A Justiça Militar, a meu ver, não é mesmo confiável, não porque seus membros tenham problemas de caráter, mas por uma questão de desenho institucional. A principal diferença da Justiça Militar em relação à comum é que os casos castrenses são julgados, desde a primeira instância, por órgãos colegiados, compostos por um juiz togado (com formação em direito) e quatro oficiais, que não precisam ter conhecimentos jurídicos. Tal estrutura, que se reproduz com modificações nas instâncias superiores, é um convite ao corporativismo. Esses conselhos e tribunais podem ser bastante rigorosos quando julgam praças, a base da tropa, que, pensam eles, deve ser mantida sob rígida disciplina, mas se tornam extraordinariamente compreensivos quando deliberam sobre seus pares. As histórias de vida de julgadores e julgados são muito parecidas, o que favorece a ativação dos circuitos da empatia. Os réus poderiam ser filhos ou melhores amigos dos magistrados. Diferentemente do que escreveu Tolstói, tudo compreender talvez não seja tudo perdoar, mas é um bom primeiro passo. Levantamento da Folha de 2021 mostrou que, nos dez anos anteriores, o STM condenou um único general e arquivou 20 processos contra oficiais no topo da carreira. Alguém poderia achar que é porque oficiais generais são todos modelos de virtude. Não penso que seja o caso. ********************
*** quarta-feira, 1 de março de 2023 Bruno Boghossian – Uma relação indesejada Folha de S. Paulo Sem condições de vencer antipetismo na tropa, governo depositou aposta em grupos considerados legalistas Dias antes da demissão do último comandante do Exército, um ministro de Lula examinava as inclinações políticas da Força. As tropas, segundo ele, tinham um grande contingente de bolsonaristas, uma ala diminuta de lulistas e um bloco de antipetistas que poderiam ser considerados legalistas. "É com esse terceiro grupo que vamos ter que trabalhar", disse o auxiliar do presidente. Lula sabia que manobrava dentro de uma margem estreita quando decidiu trocar a chefia do Exército. O presidente demitiu um general que se recusava a mitigar a contaminação política das tropas e nomeou um substituto que, na visão do governo, atendia a requisitos mínimos para evitar uma crise com as Forças. O novo chefe do Exército parece ter sido escolhido dentro daquele terceiro grupo. Numa reunião com subordinados às vésperas da mudança de comando, o general Tomás Paiva criticou ações golpistas e questionou a credibilidade de teorias sobre fraude nas urnas, mas também admitiu estar entre os militares que lamentavam a vitória de Lula. "Não dá para falar com certeza que houve qualquer tipo de irregularidade. Infelizmente, foi o resultado que, para a maioria de nós, foi indesejado, mas aconteceu", disse Paiva, segundo uma gravação divulgada pelo podcast Roteirices. O governo não tinha ilusões de um alinhamento completo quando escolheu Tomás Paiva. Depois da mudança, Lula disse publicamente que o general "pensa exatamente" como ele sobre os militares, mas restringiu sua avaliação a um ponto: "As Forças Armadas não servem a um político". A aposta de Lula foi depositada no resgate de uma doutrina de respeito à lei e à autoridade do presidente, mesmo que o antipetismo permanecesse em setores influentes. Na conversa gravada, Paiva reconheceu esse cenário. "Nós estamos na bolha fardada, militarista, de direita e conservadora", declarou. Ele afirmou ainda que os militares devem agir para barrar o que chamou de "enquadramento" dos militares pelo governo do PT. ******************** *** José Carlos Drummond de Andrade *** E agora, José? A festa acabou A luz apagou O povo sumiu A noite esfriou E agora, José? E agora, você? Você que é sem nome Que zomba dos outros Você que faz versos Que ama, protesta? E agora, José? Está sem mulher Está sem discurso Está sem carinho Já não pode beber Já não pode fumar Cuspir já não pode A noite esfriou O dia não veio O bonde não veio O riso não veio Não veio a utopia E tudo acabou E tudo fugiu E tudo mofou E agora, José? E agora, José? Sua doce palavra Seu instante de febre Sua gula e jejum Sua biblioteca Sua lavra de ouro Seu terno de vidro Sua incoerência Seu ódio, e agora? Com a chave na mão Quer abrir a porta Não existe porta Quer morrer no mar Mas o mar secou Quer ir para Minas Minas não há mais José, e agora? Se você gritasse Se você gemesse Se você tocasse A valsa vienense Se você dormisse Se você cansasse Se você morresse Mas você não morre Você é duro, José! Sozinho no escuro Qual bicho-do-mato Sem teogonia Sem parede nua Para se encostar Sem cavalo preto Que fuja a galope Você marcha, José! José, para onde? Composição: Carlos Drummond de Andrade. *************************************************************** *** Só O Ôme Canção de Noriel Vilela *** Letras Ah mô fio do jeito que suncê tá Só o ôme é que pode ti ajudá Ah mô fio do jeito que suncê tá Só o ôme é que pode ti ajudá Suncê compra um garrafa de marafo Marafo que eu vai dizê o nome Meia noite suncê na incruziada Distampa a garrafa e chama o ôme O galo vai cantá suncê escuta Rêia tudo no chão que tá na hora E se guáda noturno vem chegando Suncê óia pa ele que ele vai andando Ah mô fio do jeito que suncê tá Só o ôme é que pode ti ajudá Ah mô fio do jeito que suncê tá Só o ôme é que pode ti ajudá Eu estou ensinando isso a suncê Mas suncê num tem sido muito bão Tem sido mau fio mau marido Inda puxa saco di patrão Fez candonga di cumpanheiro seu Ele botou feitiço em suncê Agora só o ôme à meia noite É que seu caso pode resolvê Composição: Edenal Rodrigues. ****************************************************
*** Atos terroristas em Brasília — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução ***
*** O Assunto #910: Militares golpistas - a investigação no STF Desde o resultado do 2º turno das eleições presidenciais, se avolumaram manifestantes golpistas nas portas dos quartéis do Exército. E nada foi feito. Quando as sedes dos três Poderes foram invadidas, em 8 de janeiro, há indícios de que não só os militares nada fizeram, como colaboraram com o ato terrorista. De lá para cá, a justiça civil denunciou mais de 900 pessoas, enquanto a justiça militar, zero. Na segunda-feira (27), o ministro Alexandre de Moraes decidiu atender a um pedido da PF e trouxe a investigação militar do tribunal correspondente para seu gabinete no STF. Para relatar e analisar esta história, Natuza Nery recebe Rafael Moraes Moura, repórter do jornal O Globo em Brasília, e o historiador Carlos Fico, professor da UFRJ. Por Natuza Nery https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2023/03/01/o-assunto-910-militares-golpistas-a-investigacao-no-stf.ghtml 01/03/2023 00h44 Atualizado há 11 horas ********************************************
*** YUVAL NOAH HARARI O que Yuval Harari, autor de Sapiens, tem a nos ensinar sobre o futuro Por Olívia Baldissera | 15, Junho 2021 "Num mundo inundado por informações irrelevantes, clareza é poder. E a censura não funciona bloqueando o fluxo de informações, e, sim, inundando as pessoas com desinformação e distrações.” Yuval Noah Harari, na apresentação do livro “21 lições para o século 21” Em um mundo onde novas informações são produzidas a todo instante, em que devemos prestar atenção? A obra de Yuval Harari é um guia para responder a esta pergunta. As ideias do historiador israelense o tornaram um dos principais intelectuais do século 21, ao abordar o passado, o presente e o futuro da humanidade. Seus livros já foram traduzidos para 60 idiomas e mais de 27,5 milhões de cópias foram vendidas em todo o mundo Neste artigo, você saberá quem é Yuval Harari, professor convidado da Pós PUCPR Digital, e quais as principais lições que ele tem a ensinar sobre o futuro da humanidade. Boa leitura! Quem é Yuval Harari Yuval Noah Harari nasceu em Qiryat Atta, em Israel, em 1976. Especializou-se em história medieval e militar antes de concluir o PhD na Universidade de Oxford, em 2002. Atualmente é professor do Departamento de História da Universidade Hebraica de Jerusalém. Hoje se concentra na pesquisa dos processos da macro-história. Yuval Harari tenta responder questões como: existe justiça na história? As pessoas ficaram mais felizes com o desenrolar da história? Que questões éticas a ciência e a tecnologia levantam no século 21? O livro que o tornou mundialmente famoso, "Sapiens: uma breve história da humanidade", foi publicado em 2014. Em seguida, vieram "Homo Deus: Uma breve história do amanhã" e "21 lições para o século 21". Mais recentemente, Yuval Harari tem dado entrevistas e proferidos palestras sobre as consequências da COVID-19 ao futuro da humanidade. Suas principais ideias sobre a crise sanitária foram reunidas no livro “Notas sobre a pandemia: E breves lições para o mundo pós-coronavírus”. Hoje ele dá palestras ao redor do mundo e escreve artigos para os jornais The Guardian, Financial Times, The New York Times, The Wall Street Journal e The Economist. Em 2019, Yuval Harari fundou a Sapienship, instituição de impacto social com projetos nas áreas de entretenimento e educação. Os livros de Yuval Harari sobre a humanidade De onde surgimos, onde estamos e para onde vamos. Estes são os fios condutores dos livros mais recentes de Yuval Harari. Confira as principais ideias de cada um deles: Sapiens: uma breve história da humanidade yuval-harari-sapiens Yuval Harari conseguiu a façanha de compactar 75 mil anos da história do homo sapiens em 464 páginas. O historiador tenta entender como a espécie humana conseguiu superar os demais seres vivos e dominar o planeta Terra. Para ele, é graças à nossa capacidade imaginativa que conquistamos o topo da cadeia alimentar. Somos a única espécie que consegue acreditar em coisas que não são naturais, como o governo, o dinheiro e os direitos humanos. O historiador divide a história da humanidade em três grandes revoluções: a cognitiva, a agrícola e a científica. A primeira se inicia a partir do desenvolvimento da capacidade de abstração e memória do cérebro humano. A segunda abrange a capacidade humana de produzir grandes quantidades de alimentos, o que permitiu o crescimento de grandes civilizações. Já a terceira e última começou no século XVIII e alcança o momento atual em que vivemos, e ainda está em curso. A revolução científica só aconteceu porque a humanidade pode acumular alimentos o suficiente para não ter que se preocupar em buscar comida o tempo todo. Apesar de termos subjugado as outras espécies, Yuval Harari ressalta que o ser humano é insignificante se comparado à dimensão do universo. Ele encerra o livro “Sapiens” com uma reflexão sobre o futuro da humanidade. Para onde o desenvolvimento da inteligência artificial e a busca pela imortalidade pode nos levar? Este é o ponto de partida de “Homo Deus”. Homo Deus: Uma breve história do amanhã futuro-da-humanidade-homo-deus Yuval Harari tenta decifrar quais são os objetivos da humanidade no início do terceiro milênio. Após uma revisão das ideias apresentadas em Sapiens, o autor analisa o antropoceno e a revolução humanista. O ser humano alterou de forma radical a natureza, processo que ganhou o nome de Antropoceno. Paralelamente, nossa capacidade de abstração nos permitiu superar as demais espécies e desenvolver as noções de religião e ciência. Segundo Yuval Harari, a sociedade contemporânea tem uma visão de mundo humanista, ou seja, o livre-arbítrio do indivíduo e da comunidade é a autoridade suprema. Se antes as maiores preocupações da humanidade eram a fome, as pestes e as guerras, no século 21 as pessoas têm objetivos mais ambiciosos. Para o autor, estamos em busca da felicidade e da imortalidade, tentando nos igualar a Deus. No entanto, o humanismo tem entrado em conflito com o dataísmo, em decorrência do Big Data. As informações se tornaram a maior autoridade de uma sociedade e o valor de uma organização ou fenômeno passa a ser medido pela contribuição que dá ao processamento de dados. Yuval Harari alerta que haverá um desacoplamento entre a consciência e a inteligência humana. Ele acredita que, em breve, organizações e não os indivíduos determinarão o futuro da humanidade, por meio de algoritmos que dizem o que devemos sentir, pensar e fazer. 21 lições para o século 21 futuro-da-humanidade-21-licoes-para-o-seculo-21 O livro é uma coletânea de artigos e palestras proferidas por Yuval Harari e foi lançado em 2018. O historiador tenta entender o que acontece no mundo atual e qual o sentido destes eventos, bem como devemos nos guiar através deles. As 21 lições para o século 21 são: Desilusão - o fim da história foi adiado: segundo Yuval Harari, ao longo do século XX três narrativas foram suficientes para explicar o passado e o futuro, o fascismo, o comunismo e o liberalismo. Este último foi o vencedor do trio, mas hoje está em crise. Os ideais liberais não são mais suficientes para sobreviver em um mundo que foi completamente transformado pela tecnologia, o que deixa as pessoas inseguras e assustadas. Trabalho - quando você crescer, talvez não tenha um emprego: pela primeira vez na história da humanidade, a automação pode representar uma onda de desemprego em massa, graças aos avanços da Inteligência Artificial (IA). As pessoas terão que se acostumar a aprender novas habilidades e a se reinventar ao longo da vida se não quiserem fazer parte de uma nova classe social, a dos “inúteis”. Liberdade – Big Data está vigiando você: hoje os algoritmos já nos ajudam a escolher qual filme assistir ou que influenciador seguir no Instagram. No futuro, confiaremos mais neles do que em nossos sentimentos para tomar decisões, inclusive na resolução de dilemas éticos. Igualdade – os donos dos dados são os donos do futuro: se governos não tomarem uma medida desde já para regulamentar a posse e uso dos dados, os donos das organizações que os coletam hoje concentrarão em suas mãos a riqueza e o poder global. Além da desigualdade social e econômica, uma desigualdade biológica pode surgir com os avanços da biotecnologia. Comunidade – os humanos tem corpos: o processo de globalização prometeu um mundo sem fronteiras e maior igualdade social. No entanto, as pessoas nunca se sentiram tão sozinhas. O senso de comunidade da humanidade está fragilizado e, para Yuval Harari, as redes sociais são as principais responsáveis disso. Civilização - só existe uma civilização no mundo: apesar do subtítulo do capítulo, Harari aborda o fenômeno do "choque de civilizações", representado principalmente pelo embate de valores ocidentais e orientais. Para o autor, o radicalismo cresceu nos últimos anos por conseguir se comunicar com os anseios dos jovens, desiludidos com o futuro. Nacionalismo - problemas globais exigem respostas globais: temos assistido o crescimento de um nacionalismo extremo nos 5 continentes. Além da xenofobia, Harari se pergunta se um país isolado conseguiria resolver o problema da poluição e das mudanças climáticas. Apesar de não estar presente no capítulo, podemos levantar a mesma dúvida sobre a pandemia de Covid-19. Religião - Deus agora serve à nação: para Yuval Harari, a religião não é a resposta para as principais questões políticas e sociais do mundo. A religiosidade em si não é um problema, o perigo está na manipulação de preceitos religiosos para justificar atos que vão contra os direitos humanos. Imigração - algumas culturas talvez sejam melhores que outras: a questão dos refugiados marca o século 21. O aumento da imigração para países da Europa, seja pela guerra ou pela estabilidade financeira, gerou ondas de xenofobia pelo continente. Para Yuval Harari, se os europeus não forem capazes de aceitar as diferenças culturais, veremos cenas de histeria coletiva. Terrorismo - não entre em pânico: o terrorismo é uma estratégia adotada por pessoas que têm pouco poder e que nunca poderiam entrar em uma guerra e vencer. Os terroristas promovem o pavor de propósito para controlar a situação. Guerra – nunca subestime a estupidez humana: o risco de uma nova guerra mundial é o tema deste capítulo. Yuval Harari explica que, se em 1914 e 1939 entrar em uma guerra trazia vantagens econômicas, hoje o conflito não é mais lucrativo. Ainda, ele representa um suicídio em massa desde a invenção da bomba atômica. Humildade - você não é o centro do mundo: assim como ouvimos constantemente que não somos o centro do universo, uma nação precisa lembrar que ela tampouco o é. Um país também precisa de humildade, ainda mais se quiser evitar uma guerra. Deus - não tomarás o nome de Deus em vão: a humanidade deve parar de usar o nome de Deus para alimentar preconceitos e segregações. Além disso, para Yuval Harari, não precisamos seguir uma religião específica para sermos éticos e amarmos o próximo. Secularismo - tenha consciência de sua sombra: exercitar a moralidade também é um valor secularista. Ignorância - você sabe menos do que pensa que sabe: as pessoas devem aceitar que não conhecem a história do próprio país nem o que está acontecendo no mundo. Alcançar a verdade absoluta é impossível. Justiça - nosso senso de justiça pode estar desatualizado: assim como devemos questionar nossas certezas, devemos analisar nosso senso de justiça. Uma situação pode parecer justa ou injusta dependendo da forma que você a interpreta. Pós-verdade - algumas fake news duram para sempre: apesar de fazerem parte da história da humanidade, as fake news ganharam força nos últimos anos. Elas iniciaram um fenômeno chamado de "pós-verdade", caracterizado pela influência das crenças pessoais e opiniões nos fatos objetivos. Ficção científica - o futuro não é o que você vê nos filmes: o futuro da humanidade pode e deve ser influenciado pela ficção científica. Para Harari, ela nos ajudará a entender questões tecnológicas que enfrentamos no presente e a criar um mundo baseado no que idealizamos para o futuro. Educação - a mudança é a única constante: se não sabemos quais profissões existirão no futuro, como iremos educar as próximas gerações? Para Yuval Harari, as crianças precisam ser ensinadas hoje a lidar com a quantidade de informações que tem à disposição, além de desenvolverem a resiliência. Sentido – a vida não é uma história: apesar do que estamos acostumados a pensar, nossas vidas não tem um destino nem uma trajetória bem definida. O autoconhecimento é necessário para construir seu próprio sentido de vida. Meditação - apenas observe: Yuval Harari encerra "21 lições para o século 21" compartilhando suas experiências pessoais com a meditação Vipassana. A prática o ajudou no autoconhecimento. Uma frase de Yuval Harari em "21 Lições para o século 21" já se tornou icônica: "Em um mundo inundado de informações, clareza é poder". Com esta reflexão, o autor concentra-se no futuro da humanidade mais imediato, em um mundo onde informações irrelevantes são produzidas em massa. A publicação tem o objetivo de mostrar como as perspectivas de longo prazo dos livros “Sapiens” e “Homo Deus” dão clareza aos debates políticos atuais. Notas sobre a pandemia: e breves lições para o mundo pós-coronavírus yuval-harari-pandemia Em setembro de 2020, Yuval Harari lançou mais uma coletânea de artigos e entrevistas, desta vez relacionadas à pandemia do novo coronavírus. O historiador defende que o vírus só será vencido com informação, confiança e colaboração global. Ele alerta para o fato de que uma pandemia em qualquer país coloca em risco o futuro da humanidade. Para Yuval Harari, a pandemia é mais do que um teste para o conhecimento científico. É um teste de cidadania global. As decisões que serão tomadas no combate à Covid-19 moldarão o mundo nas próximas décadas. O autor encerra o "Notas sobre a pandemia" afirmando que, caso as pessoas não acreditem nas informações que recebem e não ajam movidas pela confiança, poderão ser obrigadas a viver em um regime de monitoramento. Como a meditação ajudou Yuval Harari a escrever seus livros Na última lição de “21 lições para o século 21”, Yuval Harari compartilha com os leitores sua experiência com a meditação Vipassana – não como uma solução para todos os problemas apresentados no livro, mas como uma ferramenta para obter mais clareza em um mundo inundado de informações. Já nas entrevistas para o lançamento de “Sapiens”, Harari comentava sobre seu hábito de meditar. Além de separar duas horas do dia para a prática, o historiador realiza um retiro de 60 dias uma vez por ano, desconectando-se da escrita, das notícias, das aulas na universidade e de eventos e palestras. Para ele, a meditação o tornou um historiador melhor e o permitiu alcançar o sucesso científico. Yuval Harari conta que, caso não tivesse começado a meditar, ainda estaria pesquisando história militar medieval. Ele conseguiu se dedicar à futurologia e à história de longa-duração porque a meditação o permitiu aprimorar sua habilidade em focar. É graças ao foco que o autor de "21 lições para o século 21" consegue discernir o que realmente importa e todo o resto. Harari também desenvolveu disciplina e a capacidade de reconhecer as próprias emoções. A pandemia sob a ótica de Yuval Harari No Expert ESG de março de 2021, evento realizado pela XP Investimentos, Yuval Harari resume suas principais ideias sobre a pandemia do novo coronavírus. Para o historiador, este momento da história da humanidade foi uma vitória científica e uma derrota política. Yuval Harari relembra que, em outros momentos da história, populações foram dizimadas pela Peste Negra ou por pandemias de varíola. Hoje, sob o ponto de vista científico, a humanidade nunca foi tão poderosa ao lidar com um vírus, descobrindo seu funcionamento e desenvolvendo testes e vacinas. Por outro lado, sob o ponto de vista político, governos não conseguiram ou não se empenharam em disponibilizar as soluções para a pandemia desenvolvidas pela ciência. Yuval Harari lamenta que, até o momento, não houve uma liderança global que procurasse proteger a humanidade como um todo. O que Yuval Harari tem a dizer sobre o futuro da humanidade Em eventos e palestras sobre o futuro da humanidade, em especial ao longo do século 21, Yuval Harari aponta três desafios existenciais para a espécie humana: o retorno da guerra, o colapso econômico e a disrupção tecnológica. O primeiro deles é um risco para a era mais pacífica da história humana. Antes, o conflito bélico era entendido como algo natural e paz era sinônimo de uma falta temporária de guerra. Hoje, o termo está relacionado à improbabilidade da disputa armada. Yuval Harari alerta que a guerra pode voltar. Basta a decisão de um indivíduo para deflagrar um conflito em um formato ainda pior e com forças mais poderosas. O segundo está relacionado com o colapso ambiental. O crescimento econômico é desejado por todos os países, mas a única esperança para que ele não leve o mundo a um desastre ecológico é o desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis. Por fim, a disrupção tecnológica já transforma o mundo do trabalho e da educação que conhecemos hoje. Segundo Yuval Harari, a inteligência artificial e a biotecnologia evoluíram tanto que o ser humano ainda não sabe o que fazer com o poder que conquistou. O terceiro desafio existencial envolve uma classe trabalhadora urbana que poderá ser substituída pela automação e gerações futuras de estudantes que não têm ideia de qual trabalho exercerão, pois ele ainda não existe. Por isso Yuval Harari defende que as pessoas busquem novos conhecimentos e habilidades constantemente, pois precisarão se reinventar a vida inteira. Se no passado era preciso lutar contra a exploração, hoje os profissionais lutam para serem relevantes em suas áreas de atuação. Você pode aprender tudo isso na superclass de Yuval Harari na Pós PUCPR Digital. Em uma aula 100% online e em primeira pessoa, o historiador abordará as questões mais importantes do século XXI que impactam o seu presente – e o seu futuro. Alavanque sua carreira com os cursos da Pós PUCPR Digital! Yuval Noah Harari SOBRE O AUTOR Olívia Baldissera Olívia Baldissera Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo da Pós PUCPR Digital. Gisele Silva do Carmo 06/05/2022, 13:58:45 O tema interessa ao meu trabalho de TCC Reply to Gisele Silva do Carmo ROBERTO 11/05/2022, 22:37:03 x Reply to ROBERTO Flávia Cerveira Iegli 05/06/2022, 16:59:00 Sou professora, e abordo este livro em antropologia com meus alunos Reply to Flávia Cerveira Iegli Sandra Aiache Menta 12/07/2022, 12:04:47 Sou professora e gostaria de saber mais sobre o autor. Reply to Sandra Aiache Menta elisete 08/08/2022, 08:00:29 excelente Reply to elisete Jefferson Santos da Silva 30/08/2022, 10:02:01 nenhum Reply to Jefferson Santos da Silva Natalia Roman Da Silva 12/09/2022, 21:10:14 Muito bom Reply to Natalia Roman Da Silva **************************************** *** VEREADOR RACISTA TEM QUE SER CASSADO *** Fala, M.R. 1 de mar. de 2023 Sandro Fantinel até pediu desculpas naquele estilo "tenho até amigo baiano". Mas o que ele disse sobre os brasileiros escravizados para vinícolas é inaceitável no mundo político.

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