Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 23 de março de 2023
JURAS, JUROS E NOTAS
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"Em sociedades fragmentadas e plurais, a Ética do Discurso busca o princípio da universalização, sem assumir concepção particular de bem ou de vida boa. Distingue asserções valorativas daquelas rigorosamente normativas, que consideram possibilidades alternativas de regulamentação."
Ética do discurso
Marcio Henrique Pereira Ponzilacqua
Tomo Teoria Geral e Filosofia do Direito, Edição 1, Maio de 2017
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Banco Central mantém Selic pela 5ª vez seguida, a 13,75% ao ano, e mostra cautela com cenário volátil - InfoMoney
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Copom mantém a taxa Selic em 13,75% a.a.
22
Março
2023
Publicado
às 18:31
Atualizado
22/03 às 18:31
Desde a reunião anterior do Comitê de Política Monetária (Copom), o ambiente externo se deteriorou. Os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento. Em paralelo, dados recentes de atividade e inflação globais se mantêm resilientes e a política monetária nas economias centrais segue avançando em trajetória contracionista.
Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom. A inflação ao consumidor, assim como suas diversas medidas de inflação subjacente, segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus se elevaram desde a reunião anterior do Copom e encontram-se em torno de 6,0% e 4,1%, respectivamente.
Na mesma linha, as projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* elevaram-se para 5,8% em 2023 e para 3,6% em 2024. As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,2% em 2023 e 5,3% em 2024. O Comitê optou novamente por dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, referente ao terceiro trimestre de 2024, cuja projeção de inflação acumulada em doze meses situa-se em 3,8%. Em cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo de todo o horizonte relevante, as projeções de inflação situam-se em 5,7% para 2023, 3,3% para o terceiro trimestre de 2024 e 3,0% para 2024. O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual.
O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; (ii) a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública; e (iii) uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local; (ii) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em função de condições adversas no sistema financeiro global; e (iii) uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.
Por um lado, a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo. Por outro lado, a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária. O Comitê avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas.
Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a. O Comitê entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
Considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional, especialmente em prazos mais longos. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza e Renato Dias de Brito Gomes.
* No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 5,25, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária "amarela" em dezembro de 2023 e de 2024. O valor para o câmbio é obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.
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Isto é Matemática T01E10 Juras & Juros
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sigma3web
17 de dez. de 2012
Neste episódio de Isto é Matemática vamos falar das fórmulas que são habitualmente utilizadas pelas entidades financeiras para o cálculo de juros em aplicações financeiras e empréstimos bancários.
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Haddad: Comunicado do Copom é "preocupante" | CNN PRIMETIME
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CNN Brasil
22 de mar. de 2023 #CNNBrasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou nesta quarta-feira (22) sobre a decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros em 13,75%. #CNNBrasil
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QUEM TE VIU QUEM TE VE
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Quem te Viu, Quem te Vê
Monica Salmaso
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Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala
Você era a favorita onde eu era mestre-sala
Hoje a gente nem se fala mas a festa continua
Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua
Hoje o samba saiu, lá lalaiá, procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer
Quando o samba começava você era a mais brilhante
E se a gente se cansava você só seguia a diante
Hoje a gente anda distante do calor do seu gingado
Você só dá chá dançante onde eu não sou convidado
O meu samba assim marcava na cadência dos seus passos
O meu sonho se embalava no carinho dos seus braços
Hoje de teimoso eu passo bem em frente ao seu portão
Pra lembrar que sobra espaço no barraco e no cordão
Todo ano eu lhe fazia uma cabrocha de alta classe
De dourado eu lhe vestia pra que o povo admirasse
Eu não sei bem com certeza porque foi que um belo dia
Quem brincava de princesa acostumou na fantasia
Hoje eu vou sambar na pista, você vai de galeria
Quero que você assista na mais fina companhia
Se você sentir saudade por favor não dê na vista
Bate palmas com vontade, faz de conta que é turista
Composição de Chico Buarque
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Poesia | Provocações - Eu sou Mefistófeles...
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Johann Wolfgang von Goethe: Eu sou Mephistópheles. Mephistópheles,…
Eu sou Mephistópheles. Mephistópheles, é o diabo. E todos vocês são Faustos. Faustos, os que vendem a alma ao diabo.
Tudo é vaidade neste mundo vão, tudo é tristeza, é pop, é nada. Quem acredita em sonhos é porque já tem a alma morta. O mal da vida cabe entre nossos braços e abraços.
Mas eu não sou o que vocês pensam. Eu não sou exatamente o que as Igrejas pensam. As Igrejas abominam-me. Deus me criou para que eu o imitasse de noite. Ele é o Sol, eu sou a Lua.
A minha luz paira sobre tudo que é fútil: margens de rios, pântanos, sombras.
Quantas vezes vocês viram passar uma figura velada, rápida, figura que lhe darei toda felicidade. Figura que te beijaria indefinidamente. Era eu. Sou eu.
Eu sou aquele que sempre procuraste e nunca poderá achar. Os problemas que atormentam os Deuses. Quantas vezes Deus me disse citando João Cabral de Melo Neto: Ai de mim, ai de mim. Quem sou eu?
Quantas vezes Deus me disse: Meu irmão, eu não sei quem eu sou.
Senhores, venham até mim, venham até mim, venham. Eu os deixarei em rodopios fascinantes, vivos nos castelos e nas trevas, e nas trevas vocês verão todo o esplendor.
De que adianta vocês viverem em casa como vocês vivem? De que adianta pagar as contas no fim do mês religiosamente, as contas de luz, gás, telefone, condomínio, IPTU?
Todos vocês são Faustos. Venham, eu os arrastarei por uma vida bem selvagem através de uma rasa e vã mediocridade, que é o que vocês merecem.
As suas bem humanas insaciabilidade, terão lábios, manjares, bebidas.
É difícil encontrar quem não queira vender sua alma ao diabo.
As últimas palavras de Goethe ao morrer foram: Luz, luz, mais luz!!
Johann Wolfgang von Goethe
http://pensador.uol.com.br/frase/NTI3MTg2/
https://www.youtube.com/watch?v=Wtmn4GdSc44
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Quem Te Viu, Quem Te Vê
Chico Buarque
Cifra: Versão 3 (violão e guitarra) Favoritar Cifra
Ouça "Quem Te Viu, Quem Te…"
Tom: G
Gm7 G7 Cm7 D7 Gm7
Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala
Cm7 F7 Bb7M
Você era a favorita onde eu era mestre-sala
Em7 A7 D7
Hoje a gente nem se fala mas a festa continua
Eº Bb7 A D7
Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua
G7M E7 Am7 B7 Em7
Hoje o samba saiu, la la la ia, procurando você
E7 Am7 D7 Bm7
Quem te viu, quem te vê
E7 Am7 B7/A Bm7(5-)
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
E7 A7 D7 G
Quem jamais esquece não pode reconhecer
Gm7 G7 Cm7 D7 Gm7
Quando o samba começava você era a mais brilhante
Cm7 F7 Bb7M
E se a gente se cansava você só seguia adiante
Em7 A7 D7
Hoje a gente anda distante do calor do seu gingado
Eº Bb7 A D7
Você só dá chá dançante onde eu não sou convidado
G7M E7 Am7 B7 Em7
Hoje o samba saiu, la la la ia, procurando você
E7 Am7 D7 Bm7
Quem te viu, quem te vê
E7 Am7 B7/A Bm7(5-)
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
E7 A7 D7 G
Quem jamais esquece não pode reconhecer
Gm7 G7 Cm7 D7 Gm7
O meu samba assim marcava na cadência os seus passos
Cm7 F7 Bb7M
O meu sonho se embalava no carinho dos seus braços
Em7 A7 D7
Hoje de teimoso eu passo bem em frente ao seu portão
Eº Bb7 A D7
Pra lembrar que sobra espaço no barraco e no cordão
G7M E7 Am7 B7 Em7
Hoje o samba saiu, la la la ia, procurando você
E7 Am7 D7 Bm7
Quem te viu, quem te vê
E7 Am7 B7/A Bm7(5-)
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
E7 A7 D7 G
Quem jamais esquece não pode reconhecer
Gm7 G7 Cm7 D7 Gm7
Todo ano eu lhe fazia uma cabrocha de alta classe
Cm7 F7 Bb7M
De dourado eu lhe vestia pra que o povo admirasse
Em7 A7 D7
Eu não sei bem com certeza porque foi que um belo dia
Eº Bb7 A D7
Quem brincava de princesa acostumou na fantasia
G7M E7 Am7 B7 Em7
Hoje o samba saiu, la la la ia, procurando você
E7 Am7 D7 Bm7
Quem te viu, quem te vê
E7 Am7 B7/A Bm7(5-)
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
E7 A7 D7 G
Quem jamais esquece não pode reconhecer
Gm7 G7 Cm7 D7 Gm7
Hoje eu vou sambar na pista, você vai de galeria
Cm7 F7 Bb7M
Quero que você me assista na mais fina companhia
Em7 A7 D7
Se você sentir saudade por favor não dê na vista
Eº Bb7 A D7
Bate palma com vontade, faz de conta que é turista
G7M E7 Am7 B7 Em7
Hoje o samba saiu, la la la ia, procurando você
E7 Am7 D7 Bm7
Quem te viu, quem te vê
E7 Am7 B7/A Bm7(5-)
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
E7 A7 D7 G
Quem jamais esquece não pode reconhecer
Tocar/Pausar Repetir Volume 03:49 / 04:03Configuração Mini player Modo teatro Tela inteira
Composição de Chico Buarque
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Jura Secreta
Zizi Possi
Ainda não temos a cifra desta música. Contribua!
Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que não roubei
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que não causei
Nada do que posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada do que quero me suprime
De que por não saber ainda não quis
Só uma palavra me devora
Aquela que meu coração não diz
Só o que me cega, o que me faz infeliz
É o brilho do olhar que não sofri
Composição de Abel Silva/Sueli Costa
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Análise: Haddad chama comunicado do BC de “preocupante” | CNN PRIMETIME
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CNN Brasil Economia
22 de mar. de 2023 #CNNBrasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o primeiro integrante do governo federal a comentar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros em 13,75%, em oposição ao desejo do governo. Os analistas da CNN Caio Junqueira, Fernando Nakagawa e Iuri Pitta comentam. #CNNBrasil
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quinta-feira, 23 de março de 2023
Vinicius Torres Freire - Um arrocho exagerado de juros
Folha de S. Paulo
Baixa de juro depende de recessão mundial, asfixia no crédito no país e de plano fiscal de Lula, diz BC
O Banco Central não deu a mínima para a falação do governo e outros críticos da taxa de juros. Fez questão de dizê-lo em várias das entrelinhas do comunicado em que anunciou sua decisão de manter a Selic em 13,75%. O BC nem mencionou a possibilidade de corte. Apenas citou a possibilidade de baixa da inflação caso a economia, aqui e lá fora, vá à breca.
Para quem se interessa pela política politiqueira da conversa econômica, este é o resumo da ópera.
O que o governo pode fazer? Como diz o clichê sobre o judô, usar a força do "adversário" para virar o jogo (sobre credores e sobre quem espera inflação alta). Se vier mais reação estabanada ou agressivamente maluca (mais gasto obrigatório, decretar juros e preços baixos etc.), a situação piora.
Sim, é bem possível que a economia vá ter falta de ar em breve. Maio? Vamos para um arrocho provavelmente exagerado por causa de querelas e ideias tolas e ignaras.
Ainda que a Selic baixasse logo e até 12% em dezembro, a situação mudaria da água para água com uma colherada de vinho. Melhora, claro, mas o problema básico não está aí.
Mas o governo acha que baixando decretos ou trocando a palavra "gasto" por "investimento", essas bobices, a coisa se resolve. É uma conversa muito primitiva e rudimentar.
O que pode fazer com que a inflação caia abaixo do que ora prevê o BC?
Nova queda dos preços das commodities, em reais: 1) o dólar tem de ajudar também; 2) Economia mundial esfriar mais do que o esperado, em especial por causa do tumulto financeiro; 3) No Brasil, arrocho de crédito maior do que o normalmente esperado.
O recado por ora é: só vai ser bom se for ruim. Note-se, de resto: mesmo com tais riscos, o BC não tratou de corte de juros.
Sim, ajuda se o governo aparecer com um plano duro de limitação de gastos e dívida —"duro mesmo" não vai acontecer. A novidade do BC foi a menção à asfixia de crédito —pode acontecer.
Pelos números cuspidos pelos modelos do BC, a Selic permanecerá em 13,75% até o dia de São Nunca, de tarde. Isto é, o IPCA apenas chega à meta de 3% de 2024 se a Selic continuar onde está até o final do ano que vem (é o chamado "cenário alternativo" do BC). Não deve ser tão ruim assim, mas esse é o alerta.
Não houve surpresa na decisão, na exposição de motivos ou na análise de conjuntura apresentados pelo BC, que seguiu o manual.
Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.
A expectativa de inflação de "o mercado" para 2023 e, mais relevante, para 2024, está "desancorada". Ou seja, aumentou desde a reunião anterior do Copom (início de fevereiro). Na verdade, praticamente parou de subir desde o início de março, mas estacionou nas alturas.
A previsão de inflação acumulada em 12 meses até o terceiro trimestre de 2024 é de 3,8% (piorou), sob a premissa de que a Selic caia como previsto pela mediana das projeções de economistas (é o "cenário de referência" do BC).
Há riscos de inflação ser maior do que a esperada, diz o BC, pois a carestia mundial pode ser persistente, há incerteza fiscal e "desancoragem" maior ou mais duradoura de expectativas de inflação.
O BC até começa sua exposição de motivos citando o sururu global. Logo em seguida, porém, diz que a atividade econômica e a inflação resistem. Seus pares nos Banco Central Europeu e no Fed, o BC americano, acreditam que o risco de inflação é maior do que o de crise na finança e seus efeitos recessivos ou convulsivos. O BCE elevou os juros na semana passada. Tem feito questão de dizer que crise financeira e inflação são temas que podem ser tratados à parte. O Fed disse nesta quarta que o tumulto bancário pode reduzir o crescimento e, talvez, assim, a inflação, mas é cedo para saber.
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quinta-feira, 23 de março de 2023
Celso Ming - Banco Central peita o governo
O Estado de S. Paulo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerou a decisão do BC “muito preocupante” e disse que as projeções do governo mostram que as contas públicas estão melhorando
Os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos tomaram nesta quarta-feira decisões de grande impacto macroeconômico – e político.
Apesar da impressionante pressão do governo Lula por uma derrubada imediata dos juros básicos (Selic), o Banco Central do Brasil manteve os 13,75% ao ano, como se esperava, decisão que pode ser interpretada como franco desafio ao governo.
No comunicado divulgado logo após a reunião, o Copom deixou claro que um dos mais importantes fatores de risco de alta para o cenário inflacionário é a incerteza que ronda sobre o arcabouço fiscal, ainda não divulgado pelo governo. E avisou que “conduzirá a política monetária (política de juros) necessária para o cumprimento das metas”.
O governo Lula quer juros substancialmente mais baixos para baixar o custo do crédito e acionar a retomada da atividade econômica e do emprego. Ou seja, quer que o Banco Central não maneje a política monetária apenas para conduzir a inflação para a meta, como está na lei, mas com objetivo contracíclico – para reverter a estagnação da economia.
O Banco Central, por sua vez, apega-se a seu mandato, que é o de combater a inflação, que tem hoje entre suas principais causas a excessiva expansão das contas públicas.
A depender do presidente Lula, as despesas correrão soltas. Para ele, gastos com saúde e educação deverão ficar fora do teto. O problema é que não são apenas despesas com saúde e educação. São também as de Bolsa Família, habitação popular, saneamento, combustíveis, emendas do relator e outras mais. Inúmeras distorções podem sair do baú e saltar para o imponderável e para a irresponsabilidade fiscal.
Os juros não são o problema de fundo, embora o governo não pense assim. Não seria um recuo de uns pontinhos na Selic que garantiria essa retomada esperada. Tendem a se intensificar agora as pressões políticas para o mergulho dos juros a canetadas, como no tempo da “presidenta”.
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) tinha preparado a opinião pública para uma puxada nos juros básicos (Fed funds) de pelo menos 0,5%. Mas, em apenas duas semanas, foi obrigado a desacelerar para um aumento de apenas 0,25 ponto porcentual, para tentar conter a fogueira que ameaça se espalhar sobre as finanças dos bancos regionais, insuflada pela alta dos juros. A prioridade escolhida pelo Fed foi o combate à inflação, que oscila nos Estados Unidos em torno dos 6% ao ano. E não ficou claro se essa opção foi a mais correta, num momento em que a ação dos bombeiros se torna mais importante do que a da arrumação da casa.
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quinta-feira, 23 de março de 2023
Luiz Carlos Azedo - "Sincericídio de Lula é prato feito para oposição"
Correio Braziliense
"‘Quem fala demais dá bom-dia a cavalo’, diz um velho ditado mineiro"
Shahriar era o rei da Persia, cujo império se estendia até a Índia e a China. Vendo-se enganado por sua esposa, ele se convence de que ninguém será fiel a ele; por isso, durante três anos, ele toma uma esposa à noite e manda executá-la na manhã seguinte, até se casar com a filha de seu vizir, Scherezade, notável por sua beleza e inteligência.
Por mil e uma noites seguidas, Scherezade recita um conto para ele até o amanhecer, tomando o cuidado de criar um suspense e deixar o desfecho para a noite seguinte. Ansioso para saber o final da história, Shahriar deixa a princesa viver mais um dia.
O pai da princesa Scherezade, Jafar, era o responsável pelas execuções. Até que chegou o dia em que todas as mulheres solteiras do reino foram executadas ou fugiram. Para livrar o pai de uma retaliação, por não encontrar mais uma noiva para o rei, Scherezade se oferece para se casar com Shahriar.
Inutilmente, o vizir tenta convencer a filha: "Aquele que não sabe adaptar-se às realidades do mundo sucumbe infalivelmente aos perigos que não soube evitar. Aquele que não prevê a consequência dos seus atos não pode conservar os favores do século", adverte-a.
Nem chegou às 100 noites de seu novo governo e o presidente Lula se depara com a situação descrita pelo vizir: não está sabendo se adaptar às novas realidades do mundo, corre perigos que poderia evitar e parece não medir as consequências de suas declarações. Na quarta-feira, na entrevista que deu aos jornalistas Leonardo Attuch, Helena Chagas, Tereza Cruvinel e Luís Costa Pinto, na TV 247, a primeira que concedeu ao vivo, atravessou a rua para escorregar na casca de banana.
Muito à vontade, pois estava entre profissionais que o apoiaram na eleição, Lula não se deu conta de que não era um programa gravado e editado, no qual pudesse falar em off, como é comum entre os políticos. Ao comentar sua prisão, disparou: "De vez em quando, um procurador entrava lá de sábado, ou de semana, para visitar, se estava tudo bem. Entravam três ou quatro procuradores e perguntavam 'tá tudo bem?'. Eu falava 'não está tudo bem. Só vai estar bem quando eu foder esse Moro'. Vocês cortam a palavra 'foder' aí…".
Liderança moral
Já era tarde, a frase viralizou nas redes e explicitou um ressentimento que Lula mal consegue esconder. Pior, coincidiu com uma operação realizada por Polícia Federal, Ministério Público e Polícia Civil de São Paulo, com a participação da Polícia do Senado, para desbaratar um grupo de nove criminosos escalados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar e matar o ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil-PR), a deputada Rosangela Moro (União Brasil-SP), sua esposa, e o promotor paulista Lincoln Gakiya, entre outras autoridades e servidores públicos.
O bombardeio bolsonarista contra Lula ontem foi intenso, ligava a declaração à investigação da PF. O ministro da Justiça, Flávio Dino, teve até que dar uma entrevista repudiando as ilações: "Eu fico espantado com o nível de mau-caratismo de quem tenta politizar uma investigação séria, tão séria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador de oposição ao nosso governo", disse.
Na mesma entrevista, comentando a Lava-Jato, Lula acusou os Estados Unidos de fomentar as investigações e defendeu as empresas denunciadas na operação da força-tarefa de Curitiba: "Tenho consciência de que a Lava-Jato fazia parte de uma mancomunação entre o Ministério Público brasileiro, a Polícia Federal brasileira e a Justiça americana, o Departamento de Justiça", para arrematar: "Era para destruir. Porque as empresas da construção civil brasileira estavam ocupando espaço no mundo inteiro".
"Quem fala demais dá bom-dia a cavalo", diz um velho ditado mineiro. As declarações tiveram péssima repercussão, inclusive internacional. Lula exumou politicamente a Operação Lava-Jato, que foi encerrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas ainda tem muito apoio popular. Jurado de morte pelo PCC e agredido por Lula, quem fez do limão a limonada foi Sergio Moro, que ressuscitou seu velho projeto de endurecimento das penas contra o crime organizado, elaborado quando era ministro da Justiça de Bolsonaro.
Até ontem, Moro era uma figura apagada no Senado, onde circulava como quem havia caído de um caminhão de mudanças. Virou a estrela do dia, recebeu a solidariedade de todos os pares, inclusive do líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA), constrangido pelas declarações de Lula. Moro voltou a empunhar a bandeira da ética na política e de um ator relevante na disputa pela liderança moral da sociedade, que é o maior desafio do governo Lula.
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