Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sábado, 4 de março de 2023
INOCÊNCIA, no vai da valsa
GARRINCHA (1933-1983)
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Mané Garrincha completaria 90 anos neste 2023
Há 40 anos nos deixa lembrança
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Dona Nobis Pacem
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Dona Nobis Pacem (W. A. Mozart)
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Coro Giovanile Pistoiese
Concerto tenuto presso la Cattedrale di S. Zeno (Pistoia) il 20/12/2015
" É um futebol bonito. Mas é um futebol sem gol. Eu acho que não é o futebol brasileiro que estamos jogando hoje. Mas, enfim, tudo na vida muda. Tá bem. Eu aceito também."
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Dona Nobis Pacem | Canon (SSAA) | Choir with Lyrics and Piano | Sunday 7pm Choir
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Sunday 7pm Choir | Catholic & Christian Choral Music
24 de nov. de 2017
"Dona Nobis Pacem" (Grant Us Peace) is a beautiful Latin hymn, sung in canon by the female singers from our Sunday 7pm Choir.
Recorded live by Sunday 7pm Choir at St. Francis De Sales Church in Ajax, Ontario, Canada. Thanks for listening and God bless.
Lyrics:
Dona Nobis Pacem
Ooo ooo ooo
Dona Nobis Pacem
Thanks for listening to Dona Nobis Pacem | Canon (SSAA) | Choir with Lyrics and Piano | Sunday 7pm Choir
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sexta-feira, 3 de março de 2023
Luiz Carlos Azedo - Política energética definirá modelo econômico de Lula
Correio Braziliense
A clássica disputa entre o Ministério das Minas e Energia e a Petrobras se repete mais uma vez. Agora, opõe o ministro Alexandre da Silveira (PSD-MG) e o presidente da empresa, senador licenciado Jean Paul Prates (PT- RN). É um choque que tem a cara do governo Lula, porque opõe um liberal e um social-democrata, respectivamente, com esquemas diferentes de raciocínio econômico. Uma questão-chave para o futuro do país é a política energética; ela determinará nosso desenvolvimento.
Como em outras áreas do governo, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, vem tendo grande protagonismo na defesa da agenda desenvolvimentista do PT, que levou o partido ao segundo turno. Chegou a dizer que se a Petrobras não seguir a orientação que vem sendo dada pelo presidente Lula, estará se fazendo um "estelionato eleitoral". Ocorre que Lula somente venceu as eleições porque obteve apoio de partidos de centro e da chamada terceira via, com uma agenda social-liberal. Prates representa a agenda raiz, Silveira a da frente ampla, que obviamente é mais feijão com arroz.
Os fantasmas que rondam a queda de braços entre Prates e Silveira, como na disputa pelas indicações dos membros do Conselho de Administração da empresa, são o fracasso da "nova matriz energética" do governo Dilma Rousseff, que apostou no velho "capitalismo de Estado" como via de desenvolvimento; e os escândalos de corrupção na Petrobras, o chamado "petrolão", combustível da Lava-Jato e da crise ética que atingiu o nosso sistema partidário.
O "capitalismo de Estado" foi uma via de industrialização das ditaduras fascistas e "socialismo real". No Brasil, durante o Estado Novo e no regime militar pós-1964, sobretudo no governo Geisel, também. Há liberais que consideram o "capitalismo monopolista de Estado" uma parceria necessária entre o governo e as grandes empresas, com objetivo de fortalecê-las. Nesse caso, o Estado representa os interesses do grande capital em detrimento dos consumidores. Um modelo bem-sucedido com esse viés é o da Coreia do Sul.
A experiência dos "campeões nacionais" seguiu a fórmula coreana; durante o governo Dilma Rousseff, obteve alguns sucessos e colecionou fracassos. A participação no sistema de financiamento eleitoral, que permitia doações dessas empresas, envenenou o sistema político brasileiro, sendo substituído pelo financiamento público. Grandes empresas, a JBS e a Ambev, se transformaram em multinacionais; estatal, a Petrobras foi "canibalizada". O resultado do fracasso desse modelo foi o tsunami eleitoral de 2018, que elegeu Jair Bolsonaro à Presidência.
A Petrobras não esteve apenas no epicentro dos escândalos de corrupção, a empresa foi protagonista do fracasso da estratégia de adensamento das cadeias produtivas nacionais por não se integrar de forma competitiva às cadeias globais de valor. Por exemplo, desperdiçou o boom do pré-sal: ao mesmo tempo em que o Brasil criava uma empresa a fórceps para produzir sondas de petróleo, a Sete Brasil, que se tornou um foco de corrupção, o governo suspendeu por vários anos os leilões de poços do pré-sal, porque a petroleira brasileira não tinha recursos para participar das disputas. Isso desorganizou todo o "cluster" de exploração de petróleo, que envolve milhares de empresas, especialistas e técnicos de várias nacionalidades, que se deslocam entre as bacias petrolíferas dos países produtores a cada etapa da exploração. O Rio de Janeiro foi do céu ao inferno nesse processo.
A recidiva do "capitalismo de Estado" no Brasil chegou a ser saudada como um modelo à brasileira, no momento em que diversos países tentavam reinventar o Estado, com regimes iliberais, para se modernizar e acompanhar a globalização. Foi mais um voo de galinha. Parceiros comerciais mais competitivos, principalmente a China, dominaram o nosso mercado e deslocaram a produção brasileira de mercados tradicionais de nossas exportações industriais, como a América Latina.
China, Índia, México, Polônia, Indonésia, Vietnã e Tailândia se beneficiaram mais do que os outros países da fragmentação da produção e da expansão das cadeias globais de valor. Entretanto, com 50 milhões de jovens, o Brasil desperdiçou o chamado "bônus demográfico", quando há, proporcionalmente, um maior número de pessoas em idade ativa aptas a trabalha. O aumento da população nessa faixa etária começou no início da década de 2010 e vive o seu auge, mas essa geração foi desperdiçada.
Também desperdiçamos o ciclo de commodities, ao aumentar o consumo sem ampliar os investimentos na infraestrutura e na educação. Na vanguarda da inteligência artificial e da internet das coisas, os Estados Unidos agora protagonizam uma rearranjo de suas cadeias globais, para reduzir a dependência à importação de componentes eletrônicos, principalmente da China. Quem mais se beneficiou disso até agora foi o Vietnã.
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"Chamo de ética o que as pessoas fazem quando ninguém está olhando. O que é feito quando todos estão olhando não chamo de nada."
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sexta-feira, 3 de março de 2023
Fernando Abrucio* - Desigualdade é monstro de várias faces
Eu & Fim de Semana / Valor Econômico
Para enfrentar esse desafio será necessário mudar a visão que parcela relevante e influente da sociedade tem do atual modelo de convivência e desenvolvimento do país
Os principais cientistas sociais e economistas, para não falar de grande parte dos políticos, apontam a desigualdade como o maior problema do país. Não é para menos: o fantasma da desigualdade acompanha cada crise brasileira. Foi assim, embora em formatos diferentes, nos casos recentes da tragédia humanitária dos Yanomami, do desastre no litoral norte de São Paulo e do trabalho escravo em vinícolas do Rio Grande do Sul. Diante dessa onipresença, uma pergunta se impõe: o que explica a força desse monstro de várias faces?
As profundezas da desigualdade residem, primeiramente, na história mais ampla de um país em que a ideia de igualdade não norteou o projeto de construção nacional. Somente recentemente, a partir da Constituição de 1988, a visão de que há direitos iguais para todos começou a se implantar numa escala maior. Mesmo assim, uma parcela influente da sociedade ainda não acredita num modelo civilizatório mais igualitarista e continua seguindo o diagnóstico feito pelo abolicionista Joaquim Nabuco: no Brasil, todo mundo quer ser senhor. E quem não pode ser Cavalcanti, para continuar no universo cultural dos pernambucanos, vira cavalgado.
Herança do modelo escravocrata que perdurou por mais de 300 anos, o Brasil é uma sociedade na qual quem faz parte da elite ou mesmo consegue alguma ascensão social relevante procura manter essa posição por meio da criação de distinções em relação aos mais pobres e às populações mais vulneráveis socialmente. Tais barreiras podem derivar da divisão de renda e/ou propriedade, do acesso à educação, de formas diferenciadas de tratamento dos cidadãos por parte do Estado e da origem social/territorial de cada brasileiro, ou, como ocorre muitas vezes, de uma combinação variada desses marcadores de cidadania - nos casos mais extremos, com todos eles juntos atuando ao mesmo tempo.
Trata-se, então, de um monstro com várias facetas e combinações possíveis. Neste sentido, é um termo que deve geralmente ser conjugado no plural: há desigualdades no Brasil, sendo necessário entender como elas se estabelecem e se conectam em cada situação. A compreensão desse processo é importante não só do ponto de vista acadêmico, para explicar por qual razão somos desse jeito; ela também é essencial para pensar em soluções norteadas por políticas públicas contra as estruturas desiguais.
O caráter caleidoscópico da desigualdade brasileira fica patente nos tristes episódios de desgraça social vivenciados recentemente. No caso da tragédia humanitária dos Yanomami ficou claro, em primeiro lugar, que ser indígena no país ainda é estar numa categoria social inferior. Isso se percebe não só pelas mortes e falta de assistência estatal, como ainda pela maneira como muitos justificam o tratamento desigual dado aos povos originários. Como disse um político local em meio à crise, é mais importante proteger os nossos - leia-se os garimpeiros ilegais - do que os outros.
Na verdade, a ocupação territorial do país é uma história marcada, geralmente, por formas de multiplicação de desigualdade. No caso de Roraima, uma massa populacional mais pobre foi levada ao estado, já na década de 1970, por meio da promessa do “ganho fácil” do garimpo. Cabe frisar que no meio desse negócio tem muita gente do andar de cima ganhando em cima daqueles que fazem o trabalho sujo. São comerciantes de ouro ilegal, políticos locais, donos do transporte aéreo, compradores de pedras preciosas que moram no Sudeste do Brasil, entre os principais. Cria-se, aqui, uma cumplicidade entre quem ganha muito e sabe como se proteger das garras da lei e os que destroem o meio ambiente e matam os indígenas em nome de uma ascensão social quase impossível para quem não tem berço, escolaridade ou redes de amizade adequadas para pular as barreiras que separam os Cavalcantis dos cavalgados.
O desastre ambiental no litoral norte de São Paulo, cujo impacto maior foi na cidade de São Sebastião, é um resumo perfeito de um casamento com ganhos e desgraças divididos de forma completamente desigual. O paraíso do veraneio foi construído com o esforço de muitos trabalhadores vindo de fora do estado. Claro que isso gerou uma oportunidade que não havia em seus lugares de origem, porém, esse processo gerou uma divisão territorial nítida entre quem tem poder e quem tem de rezar para evitar uma catástrofe natural. Ao fim e ao cabo, a lista dos mortos revela um retrato cruel da desigualdade brasileira.
Quando recentemente o prefeito de São Sebastião quis construir casas populares decentes à população mais vulnerável, como reagiu a elite local para evitar a mudança de sua paisagem de férias? Contactou um alto funcionário do governo Bolsonaro - o presidente que defendia as vergonhosas barreiras da desigualdade em nome da liberdade - e assim conseguiu embargar o financiamento federal. Uma dessas lideranças disse que o projeto era problemático porque não contemplava bem a questão do saneamento básico. Ora, quem conhece o litoral norte paulista sabe que os mais ricos não tratam tão bem do esgoto quanto exigem dos mais pobres!
Para coroar essas semanas de histórias ilustrativas da desigualdade brasileira, surgiu o triste episódio do trabalho escravo em terras que fornecem uva às vinícolas gaúchas. De tempos em tempos, são encontrados trabalhadores escravizados em várias partes do território nacional, em carvoarias de Minas Gerais, em fazendas no Pará e em pequenas indústrias têxteis na cidade de São Paulo, recheadas de bolivianos escravizados tal qual os colonizadores fizeram com vários povos nas Américas. O fenômeno é mais recorrente do que se poderia imaginar de um país que acabou formalmente com a escravidão há 135 anos. Eu mesmo, quando trabalhei como jornalista em 1995, encontrei escravização num sítio do Rio de Janeiro onde crianças e adultos predominante negros trabalhavam como se 1888 não tivesse ocorrido.
O pior desse episódio de escravização no Rio Grande do Sul foram as justificativas das empresas. Primeiro, foi dito que eram fazendas terceirizadas que realizavam essa cruel prática. Já ouvimos essa história antes também. Ninguém sabe de onde vem parte da madeira e do ouro no Brasil, para não falar do jeans. Terceirizar não pode reduzir a responsabilidade de quem delega, nem juridicamente, muito menos moralmente. Com essa resposta, parecia, à primeira vista, que estavam fechando os olhos para algo ilegal e imoral, mas não defendiam que as relações trabalhistas fossem guiadas pela barbárie da escravidão.
Só que no momento em que deveriam pedir desculpas, os empresários desse setor resolveram justificar moralmente o crime. Soltaram nota dizendo que essa situação deriva da falta de mão de obra disposta a este tipo de trabalho e, pasmem, que tudo isso tinha a ver com políticas como o Bolsa Família e outras ações assistenciais do Estado. Trocando em miúdos, dar condições dignas aos mais pobres pode torná-los muitos exigentes. Não satisfeito, um vereador local foi mais transparente na defesa de sua visão de mundo: o problema está nos baianos que vêm trabalhar no Rio Grande do Sul e propôs que argentinos fossem contratados. Será que estes vão aceitar serem os escravos da elite brasileira?
Todos estes fenômenos têm raízes históricas profundas, trajetórias de décadas de construção da desigualdade. Isto ocorre também em outros cenários brasileiros, como o da relação entre morro e asfalto, entre patroas e empregadas domésticas, entre veranistas e migrantes vendedores de picolé na praia, todos interligados por distinções de renda, propriedade, região, gênero, escolaridade, cor e acesso privilegiado aos recursos estatais.
Mas esse barril de pólvora, que é o muro que separa drasticamente os cidadãos do país, estava sendo reduzido, em tamanho e espessura, pelas mudanças iniciadas pela Constituição de 1988. Faltava bastante coisa, porém, avanços em prol da igualdade eram nítidos, e talvez por isso começaram a incomodar.
Daí que, por ironias da fortuna, foi eleito em 2018 um presidente que era contra o Bolsa Família, que votara contra a garantia dos direitos das empregadas domésticas, que propôs o genocídio indígena para expandir as atividades piratas da mineração, que adorava fazer piadas racistas e misóginas para mostrar a superioridade de sua condição de homem branco, enfim, que achava as múltiplas desigualdades do país uma parte bela e necessária da civilização brasileira. Foram quatro anos propagando esse modelo bolsonarista. Não será fácil e rápido resolver esse novo e destrutivo legado.
Como combater esse monstro de várias facetas chamado desigualdade? Essa é a grande pergunta que o Brasil deve fazer nos próximos 20 anos se quiser se tornar uma civilização mais humana, justa e igualitária. Para enfrentar esse enorme desafio, será preciso aprimorar e reformar as políticas públicas dos três níveis de governo e articulá-los melhor entre si. Mas também será necessário mudar a visão que parcela relevante e influente da sociedade brasileira tem do atual modelo desigual de convivência e desenvolvimento do país. Sem alterar esses valores, uns mais profundos e outros alimentados recentemente pela barbárie bolsonarista, será muito difícil criar um mundo em que, em vez de senhores e escravos, haja cidadãos com direitos e oportunidades iguais.
*Fernando Abrucio, doutor em ciência política pela USP e professor da Fundação Getulio Vargas.
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BOOKTRAILER: 'Sociologia do desconhecimento', de José de Souza Martins
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Editora Unesp
28 de jan. de 2022 #Lançamento #Sociologia #EditoraUnesp
Vivemos em uma sociedade regida por “urgências e impaciências”, que a tornam, em última análise, uma “sociedade do instante”. Diante do caráter fragmentário, móvel, veloz e instantâneo do mundo pós-moderno, a sociologia se torna mais do que nunca ferramental de combate à anomia, pavimentando caminhos mais seguros de reflexão, de conhecimento e autoconhecimento individual e coletivo. Para melhor compreender esse mundo de fronteiras cada vez mais borradas, o sociólogo José de Souza Martins explora possibilidades e limites da análise sociológica diante dessa epidêmica alienação, retrato real de um Brasil dividido, em Sociologia do desconhecimento: ensaios sobre a incerteza do instante, lançamento da Editora Unesp.
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sexta-feira, 3 de março de 2023
José de Souza Martins* - O fim do romantismo fabril
Eu & Fim de Semana / Valor Econômico
Os doces brincavam com a vontade de ser adulto e de viver o amanhã; não eram apenas coisas que se comia, mas coisas com as quais se brincava
Uma página inteira na “Folha de S. Paulo” revelou nesta semana que a Fábrica de Chocolates Pan, de São Caetano do Sul (SP), não longe do centenário, entrou com pedido de falência e fechou. O aroma adocicado do cacau que, por tanto tempo, perfumou todos os dias o bairro em que se situava já não será mais sentido, como lamentam seus moradores.
Não são muitas as empresas, como essa, que no Brasil nasceram e ficaram durante tão longo tempo no imaginário popular como marcos da história social e da formação da vida cotidiana entre nós. Os marcos do advento da modernidade num país mal saído da escravidão. Que apenas fingira modernismo na Semana de Arte Moderna de 1922.
A fábrica de chocolates teve seu protagonismo nesse cenário em decorrência de serem alimentícios e de consumo cotidiano os seus produtos. Basicamente porque não repetiu os concorrentes das barras retangulares de chocolate, forma de expressão da racionalidade de enquadramento própria do industrialismo.
A transformação social rápida, como aconteceu em todas as partes, acarretava novas necessidades. Uma delas, a necessidade social de doçura, mas também a necessidade social de inconformismo em todos os campos da vida, mesmo no modo de comer e no formato que era comido. A da insurgência contra as formas velhas, mas também contra as novas, originadas da lógica retilínea da estética industrialista, como a das retangulares barras de chocolate.
Osvaldo Falchero e Aldo Aliberti, engenheiros, fundadores da Pan, lançaram chocolates em forma de peixes, moedas e, também, a dos famosos cigarros de chocolate. Os doces brincavam com a vontade de ser adulto e de viver o amanhã. Não eram apenas coisas que se comia, mas coisas com as quais se brincava. Um diálogo com o imaginário infantil, um precoce reconhecimento da criança como protagonista de vontade social.
Fundada em 1935, o prestígio de um dos produtos da Fábrica de Chocolates Pan, que duraria décadas, o das balas Paulistinha, carregava no nome a memória da recente Revolução de 1932, derrotada pelo Exército e pelo regime de Vargas. Na boca de cada um, porém, crianças e adultos, os derrotados derrotavam quem os vencera, saboreando a continuidade invicta do que não terminara nem terminaria. Era como se mastigassem e engolissem o adversário, ainda décadas depois daquela derrota política amarga e inesquecível. Segredos da boca. Memória da saliva.
A Pan não foi apenas uma fábrica de sabores. Ela propôs às crianças de sua época um diálogo com o futuro. Isto é, além do banal e do diário. Em 1937, os dois engenheiros italianos anunciaram num jornal que no dia seguinte um foguete seria disparado de São Paulo. Uma multidão foi ao Campo de Marte supondo que ele partiria de lá. Não houve foguete nenhum. Era o lançamento de um símbolo, derivado da sigla Pan. O foguete ganhou o espaço.
De certo modo, são fatos das exterioridades significativas, que dão sentido ao modo como se definiu e permaneceu na memória social a indústria não só como lugar de produção de coisas. Neste caso não só como fábrica de balas e de chocolate. Mas como fábrica de significações, de relacionamentos sociais, de sentimentos e concepções mediados pela indústria e pelo produto industrial, como conexões de um modo de pertencer à sociedade e de nela permanecer.
A fábrica de chocolates deu forma, cor e sabor aos afetos da realidade social nascente, tornou-a portátil, de bolso. Trouxe a infância para a cultura da indústria, revestiu-a de estilo como expressão de uma sociedade estruturada pela produção industrial.
Essa foi uma face saborosa mas oculta de uma versão pouco considerada do modernismo paulista. O modernismo não nasceu da barulhenta declaração de ruptura no modo de ver o mundo, de expressá-lo, de deformá-lo para compreendê-lo da semana de fevereiro de 1922 no Theatro Municipal de São Paulo. Nem a ele se limitou. Nasceu da trama crítica da indústria e da industrialização. Muitos modernistas foram antes operários.
Falchero e Aliberti sugeriram e situaram o chocolate e as balas da Pan no cenário do modernismo. Enfrentaram os concorrentes com a crítica imaginária, doce, às formas compulsórias da lógica industrial na alimentação. Situaram o modernismo comestível no futuro. Ocuparam o presente indeciso com a doçura da espera e da certeza. O lá diante como possibilidade do agora.
Fizeram de chocolates e balas instrumentos antimodernistas de uma pós-modernidade precipitada, um romantismo que adoça até hoje a memória de várias gerações. O fechamento da fábrica de chocolates encerra uma época da mentalidade popular e de nossa história social, a do nosso romantismo fabril. Começa uma época sem doçura imaginária.
*José de Souza Martins é sociólogo. Professor Emérito da Faculdade de Filosofia da USP. Professor da Cátedra Simón Bolivar, da Universidade de Cambridge, e fellow de Trinity Hall (1993-94). Pesquisador Emérito do CNPq. Membro da Academia Paulista de Letras. Entre outros livros, é autor de "As duas mortes de Francisca Júlia A Semana de Arte Moderna antes da semana" (Editora Unesp, 2022).
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Altamiro Carrilho 1962 - VAI DA VALSA
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1. Saudades de Ouro Preto
(Tradicional)
2. Tardes Em Lindóia
(Zequinha de Abreu / Pinto Martins)
3. Terna Saudade (Por Um Beijo)
(Anacleto de Medeiros / Catulo da Paixão Cearense)
4. Suely
(Antenógenes Silva / Miguel Lima)
5. Teus Ciúmes
(Lacy Martins / Aldo Cabral)
6. Ledinha
(Altamiro Carrilho)
7. No Tempo do Onça
(Denis Brean)
8. Vieni Sul Mar
(Tradicional)
9. Morrer Sem Ter Amado
(Zequinha de Abreu / Naro Demostenes)
10. Raio de Sol
(Tafarella)
11. Só Pelo Amor Vale a Vida
(Zequinha de Abreu)
12. Valsa da Meia-noite
(Amodio)
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Chamamos de ética o que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O que é feito quando ninguém está olhando chamamos de caráter.
– Oscar Wilde
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A frase é célebre: "As notícias sobre minha morte foram muito exageradas". Foi como o escritor americano Mark Twain (1835-1910) reagiu à infundada notícia de que havia morrido.
Maria Hermínia Tavares* - Devagar com o otimismo
Folha de S. Paulo
Estudos têm mostrado que os populistas antes acumulam perdas do que ganhos
...refere-se ao exercício de alguma forma de poder e, naturalmente, às múltiplas consequências desse exercício.
João Ubaldo Ribeiro.
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A cruel desigualdade social na Coreia do Norte se baseia no SONGBUN, o sistema de castas políticas que define o futuro de cada norte-coreano.
Nesta thread faço um breve resumo de um longo artigo que escrevi (link no final) c/ conteúdos inéditos em português e muitas fontes (+)
@leonardo1opes
https://twitter.com/leonardo1opes/status/1303313580683653121?s=48&t=ktKYSPjXZt7aNJNoyIUL3w
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A morte e a morte de Joaquim Borba foi publicada em 1961 pelo escritor baiano universal Jorge Amado (1912-2001).
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(Weberson Santiago/VEJA)
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Política
Forte apache
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Com seus quase trinta anos de mandato como deputado, Jair Bolsonaro não é alguém a quem se possa atribuir desconhecimento sobre os caminhos em que as cobras andam no Congresso. Tendo sido o presidente eleito durante aquele período de sócio atleta do clube de um baixo clero catedrático nas manhas e artimanhas do Parlamento, por mais razão não se devem subestimar seus conhecimentos na matéria.
Mais do que você, eu ou qualquer um dos brasileiros tidos como expertos no tema, Jair Bolsonaro tem ciência de que a guarda compartilhada das relações com deputados e senadores entre o deputado Onyx Lorenzoni e o general Carlos Alberto dos Santos Cruz não é uma aposta necessariamente certeira.
Portanto, ele deve ter um plano cujas informações essenciais garantidoras da eficácia do projeto ainda reserva para si. Se não tiver, pior para todos nós, tripulantes do mesmo barco, sobretudo considerando que o novo mandatário passou muito menos tempo no quartel do que na Câmara e, por isso, percebe (ou deveria perceber) com nitidez que na vigência da democracia é mais fácil o Congresso levar o general Santos Cruz na conversa que os parlamentares aceitarem submeter-se à disciplina militar.
A nomeação de quantidade inédita de militares em governo civil em si não configura risco ao regime nem uma ameaça ao estado de direito, reconquistado a penas duríssimas. É evidente que militares formados (alguns até nascidos) nos anos posteriores à ditadura são diferentes daqueles forjados em critérios anteriores à reformulação constitucional que desde 1988 sustenta o Brasil democrático e que o submeteu a reiterados e exitosos testes de firmeza institucional.
O problema pode vir a ser o método. Militares têm uma dinâmica própria, cuja pedra de toque está fundada na obediência cega à hierarquia. Outra muito diferente (para não dizer oposta) é a lógica condutora do sistema de poder predominantemente civil. Neste, a palavra de ordem é negociação; naquele, a base reside na garantia da ordem pela obediência cega aos ditames da hierarquia.
Militar algum negocia coisa nenhuma com superiores ou com subalternos. Pois bem: parlamentar nenhum presta reverência a ordens-unidas sem que a isso corresponda uma contrapartida, seja ela lícita, ilícita, programática ou de mera conveniência. É da natureza da função, assim como é inerente ao militar o respeito irrestrito à hierarquia funcional.
Na complexidade das relações democráticas entre Poderes, mais importante que a obediência ao comandante é a submissão ao abecedê da mandante de campo hoje, e de modo consolidado para sempre, que responde pelo nome de Constituição do Brasil.
O mantra do avô.
Tão atual quanto inesquecível é a frase que ouvi ainda bem jovem de Roberto Campos em 1999, cujo neto ocupará o Banco Central a partir de 2019: “Minha filha, não é a lei que precisa ser forte, é a carne que não pode ser fraca”.
Publicado em VEJA de 5 de dezembro de 2018, edição nº 2611
O Congresso é melhor em levar na conversa que em bater continência
Por Dora Kramer 30 nov 2018, 07h00
Leia mais em: https://veja.abril.com.br/coluna/dora-kramer/forte-apache/
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Jards Macalé, 80 anos: 'Não sei se sou compreendido, mas pelo menos me aceitam' · Um dos grandes provocadores da MPB aproveita o aniversário para ...
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EMISSÃO DE CO2 BATE RECORDE EM 2022
80 ANOS DE JARD'S MACALÉ
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Jornal da Cultura | 03/03/2023
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Jornalismo TV Cultura
Transmissão ao vivo realizada há 98 minutos #JornalDaCultura #JC
No Jornal da Cultura desta sexta-feira (03), você vai ver: Abin tem novo chefe e agência passa para a Casa Civil; Salário mínimo é pauta de encontro entre sindicalistas e Haddad; Com alta de 2,9% do PIB, Brasil é agora 12ª economia global; Atividade pós-pandemia aumenta emissão de CO2; Desmatamento altera ciclo de chuvas nas florestas tropicais.
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Romanos 8:2-6
Almeida Revista e Corrigida 2009
2 Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. 3 Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, 4 para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. 5 Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito. 6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.
Read full chapter
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a lei e a carne
Tão atual quanto inesquecível é a frase que ouvi ainda bem jovem de Roberto Campos em 1999, cujo neto ocupará o Banco Central a partir de 2019: “Minha filha, não é a lei que precisa ser forte, é a carne que não pode ser fraca”.
Publicado em VEJA de 5 de dezembro de 2018, edição nº 2611
Leia mais em: https://veja.abril.com.br/coluna/dora-kramer/forte-apache/
Lula falará com Juscelino na 2ª: 'se não provar inocência, sai'
há 15 horas — O presidente Lula (PT) afirmou que conversará na segunda-feira (6) com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), ...
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Zanin: STF confirma a inocência de Lula
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Lula
28 de setembro de 2022 ·
O advogado Cristiano Zanin explica a nova decisão da Justiça que reafirma a anulação dos processos contra Lula e a inocência do ex-presidente. #EquipeLula
🎥: Ricardo Stuckert
Ver menos
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Após o "Com a 'Paquita de Lula na CNN brasil'", o "Com o 'Influencer deLe' na BandNews FM"
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Isabella Cavalcante
Do UOL, em São Paulo
01/03/2023 15h55Atualizada em 01/03/2023 16h28
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Bolsonaro abriu uma live hoje enquanto cortava o cabelo em Orlando, nos Estados Unidos.
O que aconteceu:
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Bolsonaro disse que irá a um encontro de conservadores no sábado (4), onde o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump deve discursar. O ex-presidente criticou a reoneração dos impostos sobre os combustíveis, anunciada ontem pelo governo Lula: "Hoje o brasileiro acordou com o combustível mais caro". Ele insinuou que isso causará um aumento na inflação brasileira. Ministro da Fazenda, Haddad disse hoje ao UOL Entrevista que a medida não irá pressionar a inflação. Bolsonaro defendeu as políticas de preço adotadas no seu governo e, novamente, culpou a alta dos combustíveis em seu tempo a fatores externos, como a pandemia da covid-19 e a guerra entre a Ucrânia e a Rússia.
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"Governo diferente, de um tremendo gastador. Ele criou mais 14 Ministérios e tem que tirar dinheiro de algum lugar, criando outros impostos".
Bolsonaro sobre volta dos impostos dos combustíveis
Entenda a reoneração:
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Ontem o governo Lula anunciou a volta da cobrança de imposto sobre os combustíveis, que havia sido suspensa pela gestão Bolsonaro em junho do ano passado. O preço dos combustíveis causava insatisfação popular e o então presidente removeu a cobrança dos impostos para aliviar o valor cobrado. Ministros de Lula chamaram a desoneração de "medida eleitoreira" de Bolsonaro.
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"O que está na ata do BC é que esta medida tomada ontem pelo Lula, com muita sabedoria, contribui para a política de redução de juros. Nós estamos lembrando que esta medida não é inflacionária. Segundo o próprio Banco Central, a médio e a longo prazo, ela concorre para a redução das taxas de juros, o nosso principal problema econômico hoje."
Fernando Haddad durante o UOL Entrevista
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2023/03/01/bolsonaro-live-preco-gasolina-lula-trump.htm
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Em live, Bolsonaro critica preço da gasolina e diz que encontrará Trump
AO VIVO: Bolsonaro fala sobre aumento de preços dos combustíveis
"Aqui do meu lado, né? Nunca atrás."
[...]
"Então, a todos vocês, depois do corte do David, a quem agradeço, né? Mando um abraço a todos Brasil, dizendo que o Brasil é uma terra maravilhosa. Obrigado todos Brasil. Até um dia se Deus quiser."
Orlando - 01/03
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