E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo...
“...sem
parti pris...”
“...valendo-se de uma retórica igualmente passional...aferra-se
a mitos e atitudes defensivas, refratárias ao moderno que se renova em direções
inesperadas, surpreendentes e desafiadoras.” Marco Aurélio Nogueira*: Riscos desnecessários
POLÔNIO
(à parte) – Apesar de ser loucura, ainda assim revela método.
POLONIUS
(aside) Though
this be madness, yet there is method in ’t.—(to HAMLET) Will you walk out
of the air, my lord?
Mas,
para terminar como o começo
Cada fato é à idéia tão avesso
Que os planos ficam sempre insatisfeitos;
As idéias são nossas, não os feitos.9
Cada fato é à idéia tão avesso
Que os planos ficam sempre insatisfeitos;
As idéias são nossas, não os feitos.9
9 “Cito a tradução feita por Harold
Bloom em Shakespeare: a invenção do humano, p. 527.”
Milton
Nascimento e Chico Buarque - O que será?
O
que será?
Chico Buarque
“O que será? ” é uma canção do músico brasileiro Chico
Buarque, de 1976, composta para o filme “Dona Flor e seus dois maridos”,
baseado no livro homônimo de Jorge Amado. A canção tem três versões, que marcam
passagens diferentes da trama: “Abertura”, “À Flor da Terra” e “À Flor da
Pele”.
Segundo Chico Buarque, sua maior inspiração para compor
foi ‘Fotografias de Cuba’, que o jornalista Fernando Morais havia lhe mostrado,
embora garanta que as três letras não tenham a ver com o país em questão.
O dueto com Milton Nascimento foi casual. Após ouvir ao
acaso Francis Hime tocar a canção ao piano, nos estúdios da gravadora, o cantor
mineiro gostou e sugeriu que fosse cantada em duo. Chico Buarque e Francis Hime
gostaram da ideia e finalizaram os arranjos já considerando a voz de Milton
Nascimento. “O que será? (À flor da terra)” foi lançada no álbum “Meus Caros
Amigos”, de Chico Buarque (ouça adiante!), enquanto “O que será? (À flor
da pele)” saiu no álbum “Geraes”, de Milton Nascimento (ouça adiante!).
Na versão para o filme de Bruno Barreto, “O que será?
(Abertura)” foi interpretada pela cantora Simone (ouça adiante!).
Em 1992, Chico teve acesso ao conteúdo de sua ficha no
Dops-DPPS e achou curiosa a interpretação que os censores fizeram da letra. Em
declaração ao ‘Jornal do Brasil’, o compositor disse: “acho que eu mesmo não
sei o que existe por trás dessa letra e, se soubesse, não teria cabimento
explicar”.
Extraído de https://pt.wikipedia.org
O que sera ou A flor da terra (Chico Buarque) – Chico
Buarque & Milton Nascimento(1976)
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O que sera ou A flor da pele (Chico Buarque) – Milton
Nascimento & Chico Buarque(1976)
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O que sera ou Abertura (Chico Buarque) – Simone(1977)
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X.X.X.X.X.X.X.X.X
Chico
Buarque: As três versões de “O que será?”
1- Abertura
1- Abertura
O que será que será
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
O que será que lhe dá
O que será meu nego, será que lhe dá
Que não lhe dá sossego, será que lhe dá
Será que o meu chamego quer me judiar
Será que isso são horas de ele vadiar
Será que passa fora o resto do dia
Será que foi-se embora em má
companhia
Será que essa criança quer me agoniar
Será que não se cansa de desafiar
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
O que será meu nego, será que lhe dá
Que não lhe dá sossego, será que lhe dá
Será que o meu chamego quer me judiar
Será que isso são horas de ele vadiar
Será que passa fora o resto do dia
Será que foi-se embora em má
companhia
Será que essa criança quer me agoniar
Será que não se cansa de desafiar
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
O que será que será
Que dá dentro da gente e que não
devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não
sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem juízo…
Que dá dentro da gente e que não
devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não
sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem juízo…
2- À
flor da terra
O que será que será
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
Que gritam nos mercados, que com certeza
Está na natureza, será que será
O que não tem certeza, nem nunca terá
O que não tem conserto, nem nunca terá
O que não tem tamanho
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
Que gritam nos mercados, que com certeza
Está na natureza, será que será
O que não tem certeza, nem nunca terá
O que não tem conserto, nem nunca terá
O que não tem tamanho
O que será que será
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia-a-dia das meretrizes
No plano dos bandidos, dos desvalidos
Em todos os sentidos, será que será
O que não tem decência, nem nunca terá
O que não tem censura, nem nunca terá
O que não faz sentido
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia-a-dia das meretrizes
No plano dos bandidos, dos desvalidos
Em todos os sentidos, será que será
O que não tem decência, nem nunca terá
O que não tem censura, nem nunca terá
O que não faz sentido
O que será que será
Que todos os avisos não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno, vai abençoar
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem juízo
Que todos os avisos não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno, vai abençoar
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem juízo
3 –
À flor da pele
O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz
confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz
confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita
O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não
sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não
sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me
dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores que vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo.
Que me queima por dentro, será que me
dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores que vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo.
Extraído de http://jornalggn.com.br
X.X.X.X.X.X.X.X
Feita para o filme ‘Dona Flor e seus dois maridos’, de
Bruno Barreto, “O que será?” (à flor da terra) não ficou marcada apenas por
estar presente em um grande clássico do cinema brasileiro. A canção foi
censurada pela ditadura militar na justificativa de que o que Chico Buarque
fazia era uma alusão à Cuba. Porém, Chico explica até hoje que não entendeu o
porque da censura, já que nem ele mesmo sabe “o que será” e se soubesse não haveria
sentido explicar, já que a letra da música é uma pergunta.
Tendo a explicação que o ouvinte quiser, a canção é
belíssima. Se for para retratar Cuba, a letra se enquadra bem, pois mostra bem
a realidade cubana. Se for para criticar a ditadura, a letra também é bastante
apropriada. Se for apenas um homem apaixonado que não sabe explicar o que é o
amor, então a letra é perfeita. São essas hipóteses que torna a composição de
Chico tão fantástica.
Se o objetivo do compositor era deixar algo vago, que nem
ele sabe explicar, “O que será?” (à flor da terra)´realmente cumpriu com as
expectativas de seu autor.
Extraído de https://musicasbrasileiras.wordpress.com
X.X.X.X.X.X.X.X.X
Lançada por Chico Buarque em 1976, para a trilha sonora
do filme ‘Dona Flor e seus dois maridos’, de Bruno Barreto, a canção “O que
será” recebeu uma contundente e passional interpretação da cantora Simone, no
ano seguinte.
De fato, a canção já rendeu algumas boas interpretações,
sempre investindo na interioridade do sujeito que fala. A propósito, há mais de
uma versão para a letra de “O que será”. No livro ‘Histórias de canção: Chico
Buarque’, Wagner Homem reúne as três com seus subtítulos “Abertura”, “À flor da
pele” e “À flor da terra”.
Em 2008, o trompetista alemão Till Bronner reuniu um belo
repertório no disco inteiramente dedicado ao Brasil: Rio. Entre os convidados
brasileiros aparecem Milton Nascimento, Sergio Mendes, Luciana Souza e Vanessa
da Mata.
Coube a Vanessa cantar, de modo elegante e voz bem
colocada, “O que será (à flor da terra)” (Confira em ‘O tempo não apagou’).
Sem a densidade dramática das gravações anteriores, a canção envereda pelo
embalo gostoso da melodia jazzística, mas com um quê de bolero. Este arranjo
híbrido dá novas direções à letra.
A delicadeza da voz de Vanessa da Mata encontra na suavidade do trompete de Bronner o parceiro perfeito para cantar o enigma do sujeito: a pergunta sem resposta, eternamente e desde sempre cantada pelos poetas mais delirantes, jurada pelos profetas embriagados e que vive nas ideias dos amantes.
A delicadeza da voz de Vanessa da Mata encontra na suavidade do trompete de Bronner o parceiro perfeito para cantar o enigma do sujeito: a pergunta sem resposta, eternamente e desde sempre cantada pelos poetas mais delirantes, jurada pelos profetas embriagados e que vive nas ideias dos amantes.
O sujeito canta a irresistibilidade disso: daquilo “que
todos os avisos não vão evitar”; de algo tão sagrado e tão profano, tão
intensamente leve e arrebatador – suspensor do juízo; tão esperado e tão temido
por todos. Mas o que será isto sem nome ou figura que nos comove?
O sujeito dá pistas: está na natureza, está no dia-a-dia das meretrizes. Só cabe a ele circular (espalhar metáforas ao redor) esta coisa neutra e abstrata. A ele também é negado o acesso direto a isso sem decência e sem censura que, ao longo da canção, vai invadindo o ouvinte: impregnando pele e terra de desejo.
O sujeito dá pistas: está na natureza, está no dia-a-dia das meretrizes. Só cabe a ele circular (espalhar metáforas ao redor) esta coisa neutra e abstrata. A ele também é negado o acesso direto a isso sem decência e sem censura que, ao longo da canção, vai invadindo o ouvinte: impregnando pele e terra de desejo.
Extraído de http://365cancoes.blogspot.com.br
Roberto
Carlos e Chico Buarque - O Que Será ( À Flor Da Pele).m4v
“Feita para o filme "Dona Flor e Seus Dois
Maridos", a canção "O Que Será" tem três versões, que marcam
passagens diferentes da trama: "Abertura", "À Flor da Pele"
e "À Flor da Terra". Mas "O Que Será", em qualquer das
versões, é uma obra-prima, no nível das melhores criações de Chico Buarque, e
um épico cantado em dueto com o Rei Roberto Carlos no seu especial de 1993.
Simplesmente maravilhoso.”
Marco
Aurélio Nogueira*: Riscos desnecessários
- O Estado de S.Paulo
Acima de tudo e de todos, deve-se evitar que o País
degringole e fique sem opções
Falando sem parti
pris, o problema político dos brasileiros não é termos um governo de
direita ou extrema direita, nem ser Jair Bolsonaro um fundamentalista
retrógrado. O problema é que o presidente não conhece o País, não respeita
princípios democráticos básicos e não deseja governar. Estamos correndo riscos
desnecessários.
Desde sua posse o País depende muito mais do empenho da
Câmara dos Deputados que do Poder Executivo. Falam mal dos parlamentares, mas
sem eles teríamos tido um semestre trágico, estaríamos mergulhados numa
sequência de bravatas, provocações e ofensas promovidas por Bolsonaro e seu
entorno, que parecem dispostos a tratar todos como inimigos.
Combater a esquerda e o PT é legítimo e aceitável, mas é
uma patifaria quando feito na base de mentiras e agressões. A direita e a
esquerda fazem parte da vida, o revezamento delas no governo dos países é
normal, saudável e produtivo. Liberais, conservadores e socialistas são
famílias políticas essenciais, filhos legítimos da modernidade e de suas
transformações no correr do tempo. Querer eliminar um deles com argumentos de
autoridade é ir contra a lógica das coisas e os parâmetros democráticos de
civilidade.
Debochar de brasileiros do Nordeste, agredir ativistas,
professores, artistas, intelectuais e jornalistas, ameaçar a cultura e a
educação com a imposição de “filtros” que não passam de censura, tratar a
ciência com desprezo, beneficiar o próprio filho – tudo isso, verbalizado com
escárnio, faz a Presidência da República evaporar como instância de organização
do País e se transforme numa trincheira de combate.
Agindo assim, o presidente prejudica o País e a
população, além de criar dificuldades para si próprio. Sua guerra ideológica
contra partidos, “velhos políticos” e sociedade civil exaspera os
parlamentares, aumentando os custos da transação política na aprovação de
medidas e propostas governamentais. Enfraquece as instituições e os órgãos
públicos, varrendo-os para a margem. Suas ações não são “folclóricas”,
inocentes, mas ferem princípios básicos e fazem o País andar para trás, na
educação, na cultura, na política internacional, nos direitos, na saúde, no
meio ambiente, na economia. Impactam negativamente a sociedade, fomentando
divisões que não ajudam o País a enveredar por uma trilha de progresso, justiça
e bem-estar.
Um presidente que se comporta como se fosse chefe de uma
facção, não mede as palavras, confunde o público com o particular, move-se pela
emoção imediata e por cálculos improvisados é uma tragédia anunciada. Poderá
sobreviver ao mandato, e até prolongá-lo, mas de seu período governamental não
sairá um País melhor, uma sociedade mais coesa ou um Estado administrativo mais
eficiente.
Em vez de nos ajudar a superar a polarização fratricida
que reinou nos últimos anos, ele a agrava, a esvazia de dignidade e a empurra
para a violência explícita.
Jair Bolsonaro venceu as eleições de 2018 de forma
inquestionável, cristalina. Mostrou senso de oportunidade ao endossar um
figurino específico na hora mesma em que o eleitorado demonstrava estar cansado
das ofertas políticas usuais. Suas proposições autoritárias, seu estilo
informal, o uso abusivo que fez de valores religiosos e moralistas, sua
habilidade em utilizar as redes sociais encontraram eco nos eleitores, que
viram nele uma opção ou para derrotar o PT e virar a página, ou para depositar
esperanças num líder de novo tipo.
Sua vitória, porém, também foi conseguida porque a
esquerda petista se mediocrizou e a esquerda democrática não conseguiu abraçar
o campo liberal-democrático e, junto com ele, virou farinha, que engrossou o
pirão da extrema direita. Foi uma vitória do senso de oportunidade combinado
com incompetência política. Sem isso o resultado teria sido diferente.
A vitória eleitoral, no entanto, não deu a Bolsonaro o
direito de se comportar como o tirano platônico que se deixa dominar pelos
desejos mais baixos e por seus demônios internos, postos em movimento pela
paixão que aguça a imoderação. Numa República democrática o presidente deve ser
um agente da moderação, um construtor de consensos, um promotor do diálogo
coletivo. Tem suas preferências, seu credo e seu mapa de navegação, mas não
está autorizado a agir por impulso, conforme uma rotina passional que só produz
caos e confusão.
A conduta errática e acrimoniosa de Bolsonaro ainda não
levou a sociedade à convulsão. Em parte porque só se passaram seis meses, em
parte porque a população tem conseguido manter alguma coesão, em parte porque o
Congresso tem governado o País, construindo consensos e tomando decisões
estratégicas.
Faltam entrar em cena os partidos, os movimentos cívicos
e os cidadãos ativos perfilados no campo democrático progressista. Até agora,
eles parecem trabalhar nos bastidores, em silêncio, dando até mesmo a impressão
de estarem a hibernar A oposição que orbita o PT não consegue produzir
propostas e entendimentos, limita-se a mimetizar com sinal trocado a conduta
presidencial, valendo-se de uma retórica igualmente passional, que divide e
inflama a população. Em vez de se lançar com coragem no mar aberto da renovação
procedimental e discursiva, aferra-se a mitos e atitudes defensivas,
refratárias ao moderno que se renova em direções inesperadas, surpreendentes e
desafiadoras.
Temos de girar a chave e abrir novas portas. Buscar maior
interlocução, abandonar projetos parciais de poder e cálculos eleitorais de
curto prazo. Pode ser que se tenha de ajudar o governo a governar, a cometer
menos erros e a causar menores prejuízos. Não há por que ter preconceito contra
isso. Acima de tudo e de todos deve estar a preocupação de evitar que o País
degringole e fique sem opções. Resistir é preciso, mas sem medo de olhar para a
frente e ousar, correndo riscos que valham a pena.
*Professor titular de teoria política e coordenador do
núcleo de estudos e análises internacionais da Unesp
O
Que Será? (À Flor da Pele) by Till Brönner featuring Vanessa da Mata
Rio Album 2008
O
Que Será?
Vanessa
da Mata
O que será, que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho...
O que será, que será?
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos...
Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido...
O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo...(2x)
Composição: Francisco Buarque De Hollanda
Referências
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302002000100002
https://youtu.be/lkRe-6evscY
https://www.youtube.com/watch?v=lkRe-6evscY
http://qualdelas.com.br/o-que-sera-2/
https://youtu.be/p8TqnnpxwEA
https://www.youtube.com/watch?v=p8TqnnpxwEA
http://gilvanmelo.blogspot.com/2019/07/marco-aurelio-nogueira-riscos.html
https://youtu.be/5v0jjD9Zk6g
https://secondhandsongs.com/performance/766723
https://youtu.be/5m94zubbRVc
https://www.letras.com/vanessa-da-mata/1412445/
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