Quer ser presidenta um dia? Não, hoje não. Eu desconfiaria de mim se quisesse isso.
Acho que a política combina com sonhos de transformação da sociedade, não com
ambição pessoal. Particularmente, não gosto das pessoas ambiciosas. Manuela D'ávila
ABC
do Parodiador
O hábito de tudo tolerar pode ser a
causa de muitos erros e de muitos perigos.
Cícero
XIII. DA DURAÇÃO DO PROCESSO E DA PRESCRIÇÃO QUANDO o delito é constatado e as provas são certas, é justo conceder
ao acusado o tempo e os meios de justificar-se, se lhe for possível; é preciso,
porém, que esse tempo seja bastante curto para não retardar demais o castigo
que deve seguir de perto o crime, se se quiser que o mesmo seja um freio útil
contra os celerados.
Cesare Beccaria Dos Delitos e Das Penas
Lula:
"Eu não pararei porque eu não sou mais um ser humano, eu sou uma
ideia"
"A forma religiosa do evento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi a sagração
política do subúrbio. O território da margem da sociedade do PT, que as
alianças erradas e a contaminação com o poderio do centro afastaram do destino
dos simples, que continuam à espera do retorno do rei encoberto, dom Sebastião." José de Souza Martins
[DISCURSO
DE LULA NO SINDICATO DOS METALÚRGICOS DO ABC]
Discurso Lula Da Silva antes de ser
detenido
Lute como uma garota
“Essa
garota, essa garota bonita. Garota militante do PC do B”
04 DE
MARÇO DE 2018, 14H15
Entrevista exclusiva com Manuela
D’Ávila: “É tempo de reinventar a política”
"É
inadmissível que o 1% da elite brasileira destrua os 99% formados por mulheres,
jovens, negros e outras parcelas que trabalham e produzem a riqueza do
país", analisa a pré-candidata do PCdoB
Por
Lucas Vasques
Depois
de uma longa trajetória, na qual predominou a já tradicional aliança com o PT
para a eleição presidencial, o PCdoB decidiu lançar candidatura própria em
2018. A pré-candidata do partido ao Palácio do Planalto é a deputada estadual,
pelo Rio Grande do Sul, Manuela D’Ávila.
Aos
36 anos, Manuela acumula uma larga experiência na política. Iniciou como
militante estudantil e dirigente da UNE, depois se elegeu a vereadora mais
votada em Porto Alegre, foi também a deputada federal mais votada da história
do Rio Grande do Sul por dois mandatos. Liderou a bancada gaúcha em Brasília,
foi líder do PCdoB na Câmara e presidente da Comissão de Direitos Humanos.
Manuela foi eleita deputada estadual em 2014, no Rio Grande do Sul.
“Em
outros países há políticos jovens em posição de destaque. A prefeita de Roma,
Virginia Raggi, foi eleita com 38; Macron, na França, foi eleito presidente com
39 anos; o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, assumiu a liderança do
país com 43, mesma idade de Kennedy quando eleito presidente dos Estados
Unidos”, ressalta.
Em
entrevista exclusiva à Fórum, a pré-candidata à Presidência da República
fala sobre as eleições deste ano, o julgamento de Lula, entre outras ideias
para o país.
Fórum
– O PCdoB tradicionalmente se alia ao PT e não lança candidato próprio a
presidente. O que levou à pré-candidatura do partido?
Manuela
D’Ávila – Minha pré-candidatura tem objetivo de colaborar com a busca de
soluções para a crise gravíssima que o Brasil enfrenta. Esta eleição é uma
oportunidade para discutirmos um projeto de desenvolvimento que retome o
crescimento econômico do país, promova a reindustrialização, garanta direitos
sociais e individuais e assegure políticas públicas para as mulheres, a
juventude, os negros, as periferias, enfim, para a população hoje empobrecida,
aviltada em seus direitos e alijada das decisões governamentais. Teremos um
programa para o Brasil se desenvolver como nação altiva e soberana no cenário
internacional, longe da postura subserviente aos interesses políticos e econômicos
de potências estrangeiras que prevalece atualmente. Queremos uma economia que
produza riquezas para serem distribuídas ao conjunto da sociedade. É
inadmissível que o 1% da elite brasileira representada por Temer e o capital
financeiro destrua os 99% formados por mulheres, jovens, negros e outras
parcelas que trabalham e produzem a riqueza do país. Essa é a razão da minha
pré-candidatura. Entro na disputa com a expectativa de levar essas ideias à
população e, consequentemente, merecer a confiança e o voto dos eleitores nesse
projeto de reinvenção do Brasil. Se queremos a reinvenção do país, é tempo
também de reinventar a política, de modo que as ideias transformadoras não
fiquem sufocadas pela pouca exposição na TV e pelas velhas formas de marketing.
Temos de utilizar instrumentos inovadores de diálogo que despertem nas pessoas
a paixão pelo Brasil e reacendam o interesse pela participação política e
social. Vivemos uma situação limite no Brasil e no mundo, uma enorme crise. Em
situações assim, muitas vezes, o que é aparentemente improvável acontece.
Fórum
– Você tinha deixado Brasília dizendo que queria voltar à sua terra. Como
explica sua entrada na disputa que pode representar seu retorno a Brasília?
Manuela
D’Ávila – De fato, voltei para o Rio Grande, onde fui eleita deputada
estadual mais votada em 2014 e onde nasceu minha filha, que hoje está com dois
anos e meio. Quando tomei aquela decisão, o Brasil vivia outra situação
política, e nós participávamos da aliança que governava o país. Passados cinco
anos, houve um golpe, o país piorou muito, os brasileiros, principalmente os
mais pobres, as mulheres e a juventude, estão sofrendo terrivelmente com o
desemprego, com a eliminação de direitos sociais, civis e trabalhistas, com o
corte dos programas de combate à pobreza e com a falta de segurança. Eu estou
na política há mais de 20 anos lutando para construir um outro Brasil, temos um
projeto para o país superar esse momento trágico. Ao ser consultada pelo PCdoB,
refleti que, no cenário atual, não há saída para o Rio Grande do Sul descolada
de uma solução nacional para a crise. Por isso, decidi aceitar o desafio da
disputa presidencial e estou empolgada com a possibilidade de levar à população
uma mensagem de esperança.
“Tenho uma história ligada à
juventude, não só por ter sido líder estudantil, mas porque, durante minha
atividade parlamentar, tive iniciativas em favor dos direitos da infância e da
juventude” –
Foto: Divulgação
Fórum
– Quais os principais pontos de sua pré-candidatura?
Manuela
D’Ávila – Um projeto nacional de desenvolvimento que combine
crescimento econômico com justiça social, nível de investimento que favoreça o
crescimento, queda dos juros de forma incisiva e taxa de câmbio que torne
nossos produtos competitivos no mercado externo. Nossa proposta é recolocar a
indústria como setor-chave, aproveitando as inúmeras oportunidades trazidas
pela chamada indústria 4.0, com investimentos pesados em ciência, tecnologia e,
especialmente, em inovação. Isso permitirá construir laços fortes entre
universidades e empresas e incentivará o empreendedorismo. Os bancos públicos
devem estar a serviço do desenvolvimento. Defendo também que a segurança
pública seja assunto central do governo federal, em conjunto com governadores e
prefeitos dos grandes centros urbanos. Defendo uma política nessa área que
abarque a criação de um fundo nacional de segurança pública, reaparelhamento
tecnológico e de gestão das polícias, adoção de piso salarial nacional para os
policiais militares, constituição de uma autoridade nacional específica para
esta gestão e implantação de uma ouvidoria pública para garantir legitimidade
às polícias perante a coletividade. Essa política deve resultar de um debate
com a sociedade civil e os especialistas. Um pacto para o desenvolvimento e a
paz. Também terei planos de atenção à população da terceira idade, melhoria do
transporte público nas grandes cidades e a transformação do ensino infantil em
um tema nacional, uma tarefa a ser encarada pelo Ministério da Educação. A
minha campanha tem um olhar especial para as mulheres, especialmente para a
relação das mulheres com o mercado de trabalho. Hoje, há uma situação
inacreditavelmente injusta: por volta de 50% das mulheres que têm filhos não
conseguem retornar e permanecer no emprego que tinham antes. A ausência de
creches e escolas de educação infantil coloca as mulheres em desvantagem no
mercado de trabalho, e transforma as avós em cuidadoras permanentes. Há
pesquisas demonstrando que, em função de ter filhos, as mulheres são obrigadas
a aceitarem salários muito menores até que o de outras mulheres. Vamos acabar
com isso. Vou tratar a diferença salarial entre homens e mulheres como uma
verdadeira chaga nacional, pretendo acabar com isso tomando medidas duras. São
algumas das propostas que vamos debater na campanha.
Fórum
– Falando em segurança pública, como avalia a intervenção federal no Rio de
Janeiro?
Manuela
D’Ávila – O PCdoB votou contra o decreto na Câmara dos Deputados e no
Senado. A crise no Estado do Rio de Janeiro, especialmente dramática na
segurança pública, é um problema que diz respeito a todo o país, e o Brasil
precisa ser parceiro do estado na construção de saídas. Mas a intervenção não
soluciona, até porque a atividade precípua das Forças Armadas não é fazer
policiamento, e sim garantir a defesa nacional. O governo federal vem fazendo
uso indiscriminado, indesejável e perigoso das Forças Armadas em ações de
segurança pública. Infelizmente, o drama vivido no Rio não é exceção. Há outros
estados nos quais a crise econômica, agravada pela política de recuperação
fiscal praticada pela União federal, o desemprego e outras medidas desastrosas
do governo Temer, tem levado a situações também muito difíceis, que podem
piorar. Governos neoliberais são culpados pela crise, porque abandonam
investimentos públicos (basta ver que a PEC 95 congela investimentos por vinte
anos), fazem cortes orçamentários e eliminam políticas de crescimento
econômico, o que reduz a arrecadação. Isso leva à falência dos estados. Bem
lembrou meu amigo Orlando Silva, novo líder da bancada do PCdoB na Câmara dos
Deputados, o Brasil é governado por um presidente desmoralizado, sem legitimidade,
afundado em corrupção e que fez cortes nos recursos destinados à justiça,
cidadania e segurança a partir de 2016. Aí, aproveitando-se do colapso da
segurança pública no Rio, aparece com uma medida demagógica para iludir a
população com o uso político-eleitoral das Forças Armadas. O decreto de
intervenção não veio precedido de planejamento de medidas e indicação de
orçamento para efetivar o combate ao crime organizado. ‘É um salto sem rede no
escuro’, disse Orlando. E eu reitero o que comentei ali acima: é necessário um
Plano Nacional de Segurança Pública, com novas perspectivas para combater a
violência, que causa impacto em muitas outras áreas. Na educação, por exemplo,
de acordo com o Observatório das Favelas, os números de 2016 provocam atraso de
um ano na vida escolar das crianças (vida escolar de 14 anos). Se repetirem os
dados de 2017, o impacto será de dois anos e meio. É muito grave. Friso também
que a atual política de combate às drogas é uma tragédia, fomentadora de
encarceramento em massa, violência policial, racismo, formação de facções…
Pedro Abramovay, que foi secretário nacional de Justiça, diz que, na prática, a
guerra às drogas estabeleceu o critério de que “branco é usuário, negro é
traficante”, e isso passou a reger a atuação dos órgãos incumbidos de aplicar a
lei. Como resultado, mais de 60 mil pessoas morrem por ano de forma violenta no
país, sendo 40 mil jovens – quase todos negros e pobres – vitimados nessa
guerra. Isso é inconcebível. É preciso uma política que preserve a vida e
combata o crime organizado.
Fórum
– Quais serão as diretrizes econômicas de um eventual governo do PCdoB?
Manuela
D’Ávila – O Estado deve ter papel central na condução da política
econômica, ser o indutor do desenvolvimento econômico-social e agir com mão
firme na proteção dos interesses e das riquezas nacionais. É preciso que o país
exerça uma gestão dos preços macroeconômicos tendo como centro o
desenvolvimento, como ensina o professor Bresser Pereira. Hoje, essa gestão
obedece a objetivos fiscalistas que servem, principalmente, aos bancos e aos
grandes especuladores. Isso, infelizmente, não mudou de forma substantiva nos
13 anos de governo democrático e popular. Faltou firmeza para, nas horas de
dificuldade, não ceder ao mercado. O Brasil esteve, da Revolução de 1930 até
1980, entre os países que mais cresceram no mundo. A partir da década de 1980
perdemos o bonde, entramos em uma situação na qual pequenos avanços no
crescimento são logo anulados por retrocessos. A chamada “Ásia dinâmica”,
especialmente a China, mas também países como a Coreia do Sul, Indonésia e
Cingapura, mostram o caminho: é preciso um projeto nacional que tenha a
industrialização no centro. O setor financeiro tem a sua importância em um
projeto como esse, mas trata-se de um lugar subordinado. O setor de serviços só
tende a ganhar com o desenvolvimento e a reindustrialização. Estudos demonstram
que o crescimento da renda média nas sociedades industriais se espalha pelo
conjunto do tecido social. E devemos valorizar o setor de serviços complexos.
Fórum
– Em sua avaliação como devem ser tratadas questões como aborto, homofobia
e outros temas de difícil diálogo com parcelas mais conservadoras e religiosas
da sociedade?
Manuela
D’Ávila – O aborto é um problema de saúde pública que não pode ser
escamoteado. É necessário mudar o viés desse debate que diz respeito a milhões
de mulheres no Brasil, e a decisão da mulher deve ser preponderante. De acordo
com a Pesquisa Nacional de Aborto (PNA) de 2016, que conta com informações do
relatório Mundial da “Human Rights Watch”, no Brasil houve mais de 400 mil
abortos clandestinos em 2015, a maior parte feita por mulheres e meninas
negras, pardas e indígenas, pobres e com baixa escolaridade, que, além de
sujeitas a serem criminalizadas, enfrentam riscos de sequelas e de morte. Há
quem entenda que os números possam ser maiores, mas o fato é que a mulher é
quem sofre as consequências, e a sociedade não pode fechar os olhos para esse
drama social. O Brasil é tido por especialistas como o país onde há mais
assassinatos de pessoas LGBT no mundo. Que triste ostentar esse tipo de
ranking. Homofobia, transfobia e lgbtfobia são flagelos que precisam ser
combatidos de forma firme e interdisciplinar, em todos os ambientes da vida. O
melhor caminho é pela educação e pela escola, assim como é necessário haver
políticas públicas multifacetadas e, principalmente, o fim da impunidade para
quem comete crime.
Fórum
– Por ser a candidata mais jovem, acredita que terá o apoio de um eleitorado
também jovem e não tão ligado aos personagens mais conhecidos da política
nacional?
Manuela
D’Ávila – Tenho uma história ligada à juventude, não só por ter sido
líder estudantil, mas porque, durante minha atividade parlamentar, tive
iniciativas em favor dos direitos da infância e da juventude. Lembro, por
exemplo, que fui relatora do Estatuto da Juventude na Câmara dos Deputados,
ocasião em que mantive diálogo com muitos representantes da juventude
brasileira. No estatuto, que é a carta de direitos para jovens entre 15 e 29
anos, incluímos a concessão de meia-entrada em eventos culturais e esportivos.
Também fui autora da Lei do Estágio e relatora do projeto do Vale-Cultura.
Minha atuação nos assuntos ligados à internet também me aproxima da juventude
conectada. Isso fortalece meu vínculo com essa gigantesca parcela da população.
Outra parcela que sempre busco representar em minha atividade política são as
mulheres. Sou candidata para defender o espaço das mulheres na política e a
necessidade de sermos protagonistas da construção de saídas para o país. Quero
mostrar que as mulheres podem e devem ter lugar de destaque na política e em
todos os ambientes de poder.
Fórum
– Em caso de vitória, o que faria de diferente em relação às gestões do PT?
Manuela
D’Ávila – Os governos dos presidentes Lula e Dilma significaram um
enorme avanço em termos de inclusão social, combate à pobreza, elevação do
poder aquisitivo, inserção no mercado de consumo, programas para a juventude,
legislações e outras medidas de proteção às mulheres, relevância do Brasil no
cenário mundial, entre muitas iniciativas que mudaram a vida de milhões de
brasileiros e resgataram a dignidade do país. Mas não conseguiram recolocar o
país em um rumo de desenvolvimento sustentável, em função de uma política
econômica zigue-zague que, diante das dificuldades, cedia aos interesses da
banca e do capital financeiro. Faltou convicção e resiliência para manter um
rumo desenvolvimentista. Ambos os governos foram brilhantes em abrir as portas
da universidade e do ensino técnico para milhões de pessoas que não teriam essa
chance de outro modo. Mas não tomaram medidas mais duras para combater a
desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho, por
exemplo. Outra questão que foi subestimada é a segurança pública. Por não
ser obrigação constitucional do presidente da República tratar da segurança,
deixamos de ter uma política nacional nessa área e não levamos adiante o
esforço para a implantação do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública
com Cidadania). O próximo presidente precisa compreender que só haverá
desenvolvimento com paz. O povo brasileiro merece viver em paz.
Fórum
– Com a condenação de Lula em segunda instância, como você acha possível
que ele ainda consiga concorrer este ano?
Manuela
D’Ávila – Penso que cabe ao povo fazer, nas urnas, o julgamento
político do ex-presidente Lula, e considero que será mais um profundo golpe na
democracia se ele for impedido de se candidatar. Destruir Lula, como quer a
maior parte de elite brasileira, fala muito sobre quem é a classe dominante do
país. Este ódio resultará em prejuízo para todos, inclusive para a elite.
Ninguém governa um país fraturado, e a tentativa de destruir Lula resultará em
uma dessas fraturas difíceis de curar.
“Penso que cabe ao povo fazer, nas
urnas, o julgamento político do ex-presidente Lula, e considero que será mais
um profundo golpe na democracia se ele for impedido de se candidatar” – Foto: Adriana Franciosi
Fórum
– O que acha da sentença do juiz Sergio Moro, do julgamento no TRF-4 e da
condução do processo contra Lula?
Manuela
D’Ávila – Conforme falei antes, acho que foi feito um julgamento
político, e julgamento político só deveria ser feito pela população e, mais
especificamente, pelos eleitores, por meio do voto na urna.
Fórum
– Não existe a menor possibilidade de abandonar a sua candidatura para
fazer uma aliança com o PT, como vice, por exemplo, em nome de uma Frente
Progressista, tão propalada pelo campo mais à esquerda?
Manuela
D’Ávila – São vários pré-candidatos representando as ideias
progressistas (Ciro Gomes, Lula, eu, o Boulos, o PSB que está discutindo nome).
Tenho certeza de que no segundo turno todos esses candidatos, junto com os
partidos, instituições, entidades, movimentos e pessoas progressistas,
estaremos unidos em torno da candidatura que expressar um futuro melhor para o
Brasil.
Fórum
– Como enxerga ser viável a formalização de uma Frente Progressista,
envolvendo, talvez, PT, PCdoB, PDT, PSOL, PSB, por exemplo?
Manuela
D’Ávila – O PCdoB defende a formação de uma ampla frente programática
para além dos partidos e para além das eleições, com objetivo de discutir os
rumos do país. A crise é tão grave que requer união de muitas forças e a soma
de muitos esforços para encontrar soluções. Em parte, a formulação de um
programa com esse objetivo já está em curso, por meio das fundações vinculadas
ao PCdoB, PSB, PDT, PT e PSOL, que elaboraram um documento com pontos em comum
que servirão de plataforma para os candidatos progressistas e poderá ser a base
da união em um segundo turno. Esse manifesto será lançado em 15 de março, no
Fórum Social Mundial, em Salvador, com a presença dos pré-candidatos dessas
legendas.
Fórum
– Como analisa o crescimento de Jair Bolsonaro nas pesquisas? Isso demonstra a
força da extrema direita?
Manuela
D’Ávila – É o candidato que converte em ódio o medo legítimo que a
maioria da população tem diante da crise econômica, do desemprego, do desespero
por não saber se haverá dinheiro para dar comida aos filhos. Mas o medo e o ódio
não são propostas para sair da crise. O Brasil é maior que isso, e com o bom
senso das pessoas nós faremos um debate sobre essas ideias retrógradas e as
derrotaremos nas urnas. A solução para a crise precisa ser democrática,
solidária, humanista e desenvolvimentista.
Fórum
– E o nome de Luciano Huck, seria uma tentativa de buscar o novo ou apenas a
falta de uma opção mais popular dentro do universo centro-direita?
Manuela
D’Ávila – Existe um enredo já conhecido, no caso o programa liberal,
à procura de um personagem/candidato que o torne palatável perante os
eleitores. É o chamado Estado mínimo, para os pobres, claro, porque para os
ricos sempre vale o Estado máximo. Mas acho que a população já está vacinada
contra esse pensamento nefasto que tem em Temer o seu maior praticante. O
eleitorado saberá enxergar o Temer que há por trás de qualquer um desses que se
apresentam como “novos” políticos ou “não políticos”.
Fórum
– Uma de suas ideias é a realização de referendos para tratar da reforma
trabalhista e outros temas polêmicos. Como seria?
Manuela
D’Ávila – As reformas que pretendo submeter a referendos revogatórios
foram impostas por um governo golpista, que traiu duplamente o país: ao fazer o
impeachment sem crime de responsabilidade da presidenta Dilma e ao rasgar o
programa de governo escolhido nas urnas em 2014. Como as reformas foram feitas
pelo presidente ilegítimo – e vão no caminho contrário ao que a população havia
decidido em 2014 –, nós queremos que o povo opine sobre o que fazer.
Playvolume00:00/00:50revistaforum
Video 2018-04-07_19-27Truvid
Lucas
Vasques
Jornalista e redator da Revista Fórum.
Jornalista e redator da Revista Fórum.
Lula é mulher
Observação
nas redes sociais: Lula tratou Guilherme Boulos como herdeiro e Manuela D’Ávila
como “menina bonita do PC do B”.
É um
tipo de tratamento que costumava deixar feministas indignadas. Mas não há
nenhuma indignação à vista.
Certamente,
é porque Lula também é mulher.
A paródia de Lula
Brasil 07.04.18
12:37
Lula
repete a sentença “Eu sonhei…”, claramente inspirado no histórico “I have a dream” de Martin Luther
King Jr, de agosto de 1963.
No
caso de Lula, se trata de uma paródia.
07-04-2018,
14h17
Discurso de Lula evoca
carta-testamento de Vargas
Frase
de rosas e primavera é de Che Guevara
KENNEDY
ALENCAR
BRASÍLIA
BRASÍLIA
Lula
fez hoje um discurso que evocou a carta-testamento de Getúlio Vargas,
estimulando partidários a levar suas ideias adiante. A frase sobre rosas e
primavera é de Che Guevara.
O
ex-presidente deu destaque a Manuela D’ávila (PC do B) e Guilherme Boulos
(PSOL), apontados como futuros herdeiros _numa simbólica transição geracional
na esquerda.
Confirmou
o que o blog já informara, que nunca cogitou descumprir mandado da Justiça e
que o juiz Sergio Moro e uma parcela da sociedade teriam o “sonho de
consumo” de vê-lo preso.
Ouçam
o comentário na rádio CBN, porque está bem mais completo do que este rápido
resumo:
Revista CBN - Entrevista
Discurso
de Lula se assemelha à carta testamento de Getúlio
00:49
08:10
José de Souza Martins: Sagração do
subúrbio
- Eu
& Fim de Semana | Valor Econômico
É
pouco provável que a maioria das pessoas tenha compreendido o verdadeiro
significado da celebração religiosa de 7 de abril no Sindicato dos Metalúrgicos
do ABC. Aliás, aniversário da abdicação de dom Pedro I ao trono do Brasil, por
pressões políticas, em favor de seu filho criança dom Pedro de Alcântara. No 7
de abril de agora, Lula não abdicou de nada, embora herdeiros tenham sido
indicados: Manuela d'Ávila, do PCdoB, e Guilherme Boulos, do PSol. Rompimento
tardio com o centrismo da coalizão que levou o PT ao poder e ao desastre.
Teatralidade
sebastianista, na coalizão alternativa de missa, comício e manifestação
popular, a cerimônia foi equivocadamente anunciada por leigos em ritos e
religiões como missa em homenagem à falecida esposa do líder petista. Só Deus é
homenageado na missa. Aos mortos restam as missas fúnebres por eles, e não para
eles, para implorar do todo-poderoso o alívio das penas a que estão sujeitos
todos os pecadores. Portanto, foi missa em memória de uma pessoa.
A
todo instante, com dificuldade, o celebrante, o bispo dom Angélico Sândalo
Bernardino, velho amigo de Lula, teve que chamar a distraída congregação de
volta ao propósito da celebração. Foi uma cerimônia pós-moderna, em que se
combinam o sagrado e o profano, o arcaico e o atual, o desalento e a esperança.
Era o que dava para fazer.
O
caráter semirreligioso do ato de apresentação de Luiz Inácio à Polícia Federal,
para cumprimento da pena a que foi condenado pela Justiça Federal, tem um alto
significado. Diferentemente de todos os outros partidos políticos, o Partido
dos Trabalhadores foi concebido no marco de uma aspiração católica e de algumas
igrejas protestantes à participação de seus membros no processo político
brasileiro. Nos dois lados, inicialmente por meio de presença nos sindicatos de
trabalhadores.
Nos
anos 1950, foi primeiro bispo da região do ABC dom Jorge Marcos de Oliveira,
oriundo da Ação Católica, movimento conservador do papa Pio XI. Após a morte do
também conservador Pio XII, a Ação Católica inclinou-se para o
"personalismo" do pensador católico Emmanuel Mounier, fundador da
revista "Esprit", e dos padres humanistas.
No
plano político-ideológico, esse movimento acabou se exprimindo na chamada
"esquerda católica" e nas obras do marxismo-estruturalista do
franco-argelino Louis Althusser e de sua divulgadora, a chilena Marta
Harnecker, ambos oriundos da Ação Católica. Esse marxismo formalista e
antimarxiano teve efeitos empobrecedores no pensamento da esquerda brasileira e
aprisionou a esquerda católica num binarismo antidialético e anti-histórico. A
crise do PT o expressa.
Dom
Jorge concebeu não só o modo do envolvimento dos operários católicos nas
organizações sindicais como também a figura de operário que personificaria esse
envolvimento. Concebeu Lula antes que soubesse de sua existência e antes que
este soubesse que seu destino já estava traçado. Ele seria o elo católico para
enfrentar o monopólio comunista das demandas sociais, camponesas e operárias.
Uma grande e peculiar inovação no cenário político brasileiro que subtrai da
explicação vulgar os acontecimentos políticos destes dias.
Essas
influências definem a retirada de Lula, como um rito sacrifical, ele se
desvelando como personificação e reavivamento do sebastianismo brasileiro.
Getúlio despediu-se dizendo "Saio da vida para entrar na história".
Lula anunciou sua própria ressurreição nas novas gerações: na prisão já não
será Lula, será uma ideia. Deu uma dimensão mística à sua despedida.
Nas
eleições presidenciais de 2002, houve um fato novo e original na história
política do Brasil dominada por composições de partidos e candidatos do
clientelismo rural e do populismo urbano. O fato novo estava nas poderosas
candidaturas de dois nomes igualmente originários de um bairro e do subúrbio
industrial de São Paulo: José Serra, da Mooca, e Luiz Inácio Lula da Silva, da
região do ABC, ambos politicamente originários do movimento católico.
A
eleição foi vencida por Lula. Poderia ter sido vencida por Serra. Em qualquer
caso, o vencedor representaria o novo imaginário do poder e o novo sujeito
territorial da política brasileira: o subúrbio e o suburbano. O Brasil fazendo
política e falando pela margem, pelas rebarbas do urbano, o incompleto e
transitório. Não uma classe social, mas uma situação social de meio do caminho.
A
forma religiosa do evento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi a sagração
política do subúrbio. O território da margem da sociedade do PT, que as
alianças erradas e a contaminação com o poderio do centro afastaram do destino
dos simples, que continuam à espera do retorno do rei encoberto, dom Sebastião.
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*José
de Souza Martins é sociólogo. Professor Emérito da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da USP. Membro da Academia Paulista de Letras. Entre
outros livros, autor de “A Política do Brasil Lúmpen e Místico” (Contexto).
Referências
https://jornalggn.com.br/noticia/um-perfil-da-deputada-manuela-davila
https://www.faneesp.edu.br/site/documentos/delitos_penas.pdf
https://youtu.be/J5I2YMJ29ME
https://youtu.be/J5I2YMJ29ME
https://youtu.be/dvGIbsd9Wco
https://www.revistaforum.com.br/wp-content/uploads/2018/03/manuela-com-camiseta-lute-como-uma-garota-foto-de-vangli-figueiredo-683x1024.jpg
https://www.revistaforum.com.br/wp-content/uploads/2018/03/manuela-com-camiseta-lute-como-uma-garota-foto-de-vangli-figueiredo-683x1024.jpg
https://www.revistaforum.com.br/wp-content/uploads/2018/03/manuela-com-lula-em-poa-jan.2018-foto-de-adriana-franciosi.jpg
https://www.revistaforum.com.br/entrevista-exclusiva-com-manuela-davila-e-tempo-de-reinventar-politica/
https://www.oantagonista.com/brasil/lula-e-mulher/
https://www.oantagonista.com/brasil/parodia-de-lula/
http://www.blogdokennedy.com.br/discurso-de-lula-evoca-carta-testamento-de-vargas/
http://gilvanmelo.blogspot.com.br/2018/04/jose-de-souza-martins-sagracao-do.html
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