terça-feira, 11 de julho de 2017

Onde está o sujeito?

Mario Quintana: Da vez primeira em que me assassinaram,...

Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meus cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.



Sujeito oculto x Sujeito indeterminado x Oração sem sujeito
Betty Vibranovski 



Qual o sujeito das orações abaixo?
Não consigo parar de ler este livro.
Roubaram minha bolsa.
Havia dez pessoas na reunião.



Sujeito oculto
Sujeito oculto é o sujeito que está implícito na oração, ou seja, o sujeito não está expresso, mas é facilmente identificável pelo contexto ou pela desinência verbal. Por isso, esse tipo de sujeito é conhecido como oculto,  implícito, elíptico, subentendido ou desinencial. 
Não consigo parar de ler este livro. [Sujeito: “eu”, que se deduz pela desinência do verbo.]
Perdi um jeito de sorrir.
O menino  aproximou-se e contou uma longa história. [O sujeito, “o menino”, está expresso na primeira oração e elíptico na segunda: e (ele) contou uma longa história.]
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha. [O sujeito, “eu”, está expresso na segunda oração e elíptico na primeira: que (eu) tinha.]

Sujeito indeterminado
Apesar de o verbo indicar que houve uma ação praticada por alguém, a identidade do sujeito é indeterminada.
Indetermina-se o sujeito normalmente por três motivos:
Por não se saber sua identidade.
Por querer torná-lo desconhecido.
Por generalização.

Em português, assinala-se a indeterminação do sujeito de três modos:
1) Verbo na 3ª pessoa do plural sem sujeito explícito.
Normalmente falam pelas costas por ser mais conveniente. [Alguém fala, não se diz quem.] // Roubaram minha bolsa. [Alguém roubou, não se sabe quem.] // Da vez primeira em que me assassinaram, // Depois, a cada vez que me mataram, // Foram levando qualquer coisa minha. //

2) Verbo ativo na 3ª pessoa do singular + partícula de indeterminação do sujeito SE.
Vive-se bem neste lugar.
3) Verbo no infinitivo impessoal
Para conquistar sua confiança, é necessário trabalhar arduamente.  [ = Para (alguém) conquistar sua confiança, é necessário (esse alguém) trabalhar arduamente.]

Oração sem sujeito
As orações sem sujeito são construídas com os verbos impessoais, os quais não apresentam um sujeito promovendo a ação verbal. Tais verbos são usados na 3ª pessoa do singular.
São verbos impessoais:
1) HAVER com sentido de existência, ocorrência ou tempo decorrido.
Havia dez pessoas na reunião.
Houve dois feridos no acidente.
Eu não durmo bem há três noites.

2) FAZER, PASSAR, FICAR e ESTAR, com referência ao tempo ou aspectos naturais.
Faz dois anos que me formei.
Hoje fez muito calor.
Ficou escuro de repente.
Estava frio naquele dia.
Passava das cinco da tarde.

3) Verbos que indicam fenômenos naturais: chover, ventar, nevar, trovejar, relampejar, amanhecer, anoitecer.
Ventou muito durante a noite.
Chovia torrencialmente.
Usados em sentido figurado, esses verbos têm sujeito e deixam de ser impessoais.
O orador trovejava ameaças.
Chovem notícias tristes nos jornais.

Fontes:
 A Gramática para Concursos Públicos, de Fernando Pestana.
Novíssima Gramatica da Língua Portuguesahttp://ir-br.amazon-adsystem.com/e/ir?t=portusemmiste-20&l=as2&o=33&a=8504014118, de Domingos Paschoal Cegalla.

Referências

https://www.pensador.com/frase/NjYwMTA/
https://portuguessemmisterio.com.br/2016/06/20/sujeito-oculto-x-sujeito-indeterminado-x-oracao-sem-sujeito/

Nenhum comentário:

Postar um comentário