terça-feira, 25 de julho de 2017

. A GRANDE BRETECHE

Os institutos do Emendatio e do Mutatio Libelli

- A senhora jurou sobre a cruz que ali não havia pessoa alguma.
Honoré de Balzac

Le cœur a des raisons que la raison connaît.
Blaise Pascal

- Vous avezjuré sur la croix qu'il n'y avait là personne.

O coração tem razões que a própria razão desconhece.


Illustration of Honoré de Balzac's The Grande Breteche (1831).
llegible - Honoré de Balzac, The Grande Breteche. Philadelphia: George Barrie & Son, 1897
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Macetes Jurídicos | Processo Penal - Profª. Ana Cristina Mendonça (06/11/12) # 45
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10.




HONORÉ DE BALZAC (1799-1850 | França)

Não, o gênio de Balzac não precisa de apresentação. Mas talvez poucos saibam que as páginas dos alentados volumes de A Comédia Humana, que existe em português graças ao trabalho admirável de Paulo Rónai, abrigam, além de romances (Eugenie Grandet, O Pai Goriot, As Ilusões Perdidas, A Mulher de Trinta Anos e outros, sem esquecer Um Caso Tenebroso, apontado como um antecessor do romance policial), algumas histórias curtas dignas de leitura. E que, como no caso desta A Grande Bretèche, têm tudo a ver com a nossa antologia: este conto, aliás, está incluído na Anthologie de la Nouvelle Noire e Policiere Française, como pioneiro do gênero.

Cerca de uma centena de passos de Vendôme, às margens do Loir, encontra-se uma velha casa marrom, encimada por telhados muito altos e tão completamente isolada que não há nos arredores nem curtume fedorento nem turbulento albergue, como se vê na entrada de quase todas as cidades pequenas. Defronte a esta morada há um jardim dando para o rio, onde os buxos, outrora aparados, que desenhavam as aléias, crescem agora a seu bel-prazer. Alguns salgueiros, nascidos no Loir, cresceram rapidamente como sebe de vedação, e meio que escondem a casa. As plantas que chamamos daninhas decoram com sua bela vegetação o declive da margem. As árvores frutíferas, negligenciadas há dez anos, não mais produzem colheita e seus rebentos transformam-se em mato. As latadas parecem ruelas arborizadas. Os caminhos, outrora cobertos de areia, encheram-se de beldroegas; mas, a bem da verdade, não há mais vestígio de caminho. Do alto da montanha sobre a qual pendem ruínas do velho castelo dos duques de Vendôme, o único local onde o olhar possa pousar neste cerrado, pensa-se que, num tempo difícil de determinar, este pedaço de terra fez as delícias de algum cavalheiro apreciador de rosas, de tulipas, de horticultura, enfim, mas sobretudo amante de boas frutas. Percebe-se um caramanchão, ou melhor, os restos de um caramanchão sob o qual há ainda uma mesa que o tempo não devorou por inteiro. Pelo aspecto deste jardim que não mais existe, adivinham-se as alegrias negativas da vida pacata que se goza na província, como se adivinha a existência de um bom negociante ao ler o epitáfio de seu túmulo. Para completar as idéias tristes e doces que tomam de assalto a alma, um dos muros oferece um relógio de sol ornamentado com esta inscrição burguesamente cristã: Ultimam cogita! Os telhados desta casa estão terrivelmente estragados, as persianas estão sempre fechadas, os balcões estão cobertos de ninhos de andorinhas, as portas ficam constantemente fechadas. Trepadeiras desenharam com linhas verdes as fendas das escadarias; as fechaduras estão enferrujadas. A lua, o sol, o inverno, o verão, a neve esburacaram as madeiras, empenaram as tábuas, corroeram as pinturas. O morno silêncio que ali reina é perturbado apenas pelos pássaros, gatos, fuinhas, ratos e camundongos, livres para correr, lutar, comer uns aos outros. Uma invisível mão escreveu por toda parte a palavra Mistério.

Se, levados pela curiosidade, fossem ver esta casa pelo lado da rua, perceberiam uma grande porta de olmo, arredondada no alto e na qual as crianças da região haviam feito inúmeros furos. Eu soube mais tarde que aquela porta estava condenada há dez anos. Pelas brechas irregulares, pode-se observar a perfeita harmonia que existe entre a fachada do jardim e a fachada do pátio. A mesma desordem reina por ali. Buquês de ervas emolduram os paralelepípedos. Enormes fendas sulcam os muros cujas cristas escurecidas estão envoltas por mil festões de trepadeiras. Os degraus do patamar estão deslocados, a corda do sino está podre, as biqueiras estão tortas. Que fogo caído do céu passou por ali? Que tribunal ordenou fosse semeado sal sobre esta morada? Alguém ali insultou Deus? Alguém ali traiu a França? É esta a pergunta que se faz. Os répteis rastejam sem responder. Essa casa vazia e deserta é um imenso enigma cuja solução é por todos desconhecida.

Ela era outrora um pequeno feudo e leva o nome de Grande Breteche. Por ocasião de minha estada em Vendôme, a vista dessa singular morada tornou-se um de meus mais intensos prazeres. Não era melhor do que uma ruína? A uma ruína se agregam algumas lembranças de irrefutável autenticidade, mas aquela habitação ainda de pé, embora lentamente demolida por uma mão vingativa, encerrava um segredo, um pensamento desconhecido; no mínimo, traía um capricho. Mais de uma vez, à tarde, fiz-me levar à sede tornada selvagem que protegia aquele tapume. Enfrentava os arranhões, entrava naquele jardim, sem senhor, naquela propriedade que não era mais nem pública nem particular; ali ficava horas inteiras contemplando sua desordem. Eu não teria vontade, para ter como prêmio a história à qual, sem dúvida, era devido aquele bizarro espetáculo, de fazer uma só pergunta a algum habitante tagarela de Vendôme. Ali eu compunha deliciosos romances, ali me entregava a pequenas orgias de melancolia que me deliciavam.

Se eu tivesse conhecido o motivo, talvez vulgar, daquele abandono, teria
perdido as poesias inéditas com as quais me inebriava. Para mim, aquele asilo
representava as mais variadas imagens da vida humana, ensombrecidas por suas
infelicidades: era ora a paz do claustro, sem os religiosos, ora a paz do cemitério,
sem os mortos que nos falam seu idioma epitáfico; hoje a casa do leproso,
amanhã a dos Átridas; mas era sobretudo a província com suas idéias recolhidas,
com sua vida de ampulheta. Ali chorei com freqüência, jamais ri. Mais de uma
vez experimentei terrores involuntários ao ouvir, sobre minha cabeça, o silvo
surdo provocado pelas asas de algum pombo apressado. O solo é úmido; é
preciso enfrentar lagartos, cobras, rãs que passeiam com a selvagem liberdade
da natureza; sobretudo é preciso não temer o frio, pois em alguns instantes sentese
um capote de gelo que desce sobre os ombros, como a mão do comendador
sobre o pescoço de Don Juan. Uma tarde, estremeci: o vento havia feito rodar
um velho cata-vento enferrujado, cujos gritos pareceram um gemido dado pela
casa no momento onde eu concluía um drama um tanto negro com o qual eu me
explicava aquela espécie de dor monumentalizada.

Voltei a meu albergue, cativo de idéias sombrias. Quando terminei de cear, a hospedeira entrou com ar de mistério em meu quarto e me disse:

- Meu senhor, eis o Sr. Regnault.

- Quem é o Sr. Regnault?

- Como? O senhor não conhece o Sr. Regnault? Ah! Ora vejam - disse ela indo embora. Subitamente vi aparecer um homem alto, esguio, vestido de negro, segurando nas mãos seu chapéu e que se apresentou como um carneiro prestes a cair sobre seu rival, mostrando-me uma testa fugidia, uma pequena cabeça pontuda e um rosto pálido, bastante semelhante a um copo de água suja. Poderse-ia dizer o contínuo de um ministério. Aquele desconhecido usava um velho terno muito gasto, mas tinha um diamante no peitilho de sua camisa e brincos de ouro em suas orelhas.

- Com quem tenho a honra de falar, senhor? - eu lhe disse. Ele sentou-se numa cadeira, colocou-se defronte ao meu fogo, pôs o chapéu sobre minha mesa e respondeu-me esfregando as mãos.

- Ah! Está bem frio. Senhor, eu sou o Sr. Regnault. Inclinei-me, dizendo a mim mesmo: "// bondo canil Pague para ver."

- Eu sou - continuou ele - tabelião em Vendôme.

- Encantado, senhor - exclamei -, mas não estou absolutamente pronto para fazer meu testamento, por razões que conheço bem.

- Momentinho - recomeçou ele, erguendo a mão como para me impor silêncio. -Permita-me, senhor, permita-me! Soube que o senhor vai algumas vezes passear no jardim da Grande Breteche.

- Sim, senhor.

- Momentinho - disse ele repetindo seu gesto -, este ato constitui um verdadeiro delito. Senhor, venho, em nome e como executor testamentário da finada Senhora Con-dessa de Merret, solicitar-lhe que descontinue suas visitas. Momentinho! Não sou um turco e absolutamente não quero cometer um crime. Aliás, o senhor tem todo o direito de ignorar as circunstâncias que me obrigam a deixar transformar-se em ruínas a mais bela mansão de Vendôme. Entretanto, senhor, o senhor parece ter instrução e deve saber que as leis proíbem, com penas graves, que se invada uma propriedade fechada. Uma sebe vale por um muro. Mas o estado no qual se encontra a casa pode servir de desculpas para sua curiosidade. Eu gostaria muitíssimo de deixá-lo livre para ir e vir naquela casa, mas, encarregado de executar as vontades da testamenteira, tenho a honra, senhor, de pedir-lhe que não entre mais no jardim. Eu mesmo, senhor, desde a abertura do testamento, não coloquei os pés naquela casa, que faz parte, como tive a honra de dízer-lhe, da sucessão da Senhora de Merret. Verificamos apenas as portas e janelas, a fim de estabelecer os impostos que pago anualmente sobre os fundos para tanto destinados pela finada Senhora Condessa. Ah, meu caro senhor, seu testamento provocou muito barulho em Vendôme!

Neste ponto, ele parou para se assoar, o digno homem! Respeitei sua loquacidade, compreendendo perfeitamente que a sucessão da Sra. de Merret era o acontecimento mais importante de sua vida, toda a sua reputação, sua glória, sua Restauração. Seria preciso dar adeus a meus belos devaneios, a meus romances; não me revoltei então com o prazer de saber a verdade de uma forma oficial.

- Senhor - eu lhe disse -, seria indiscreto perguntar-lhe as razões de tal esquisitice? - A estas palavras, um ar que demonstrava todo o prazer que sentem os homens habituados a mostrar seu brinquedo preferido passou pelo corpo do tabelião. Ele ergueu o colarinho de sua camisa com uma espécie de empáfia, tirou do bolso sua tabaqueira, abriu-a, ofereceu-me fumo e, diante de minha recusa, serviu-se de uma grande pitada. Estava feliz! Um homem que não tem um brinquedo ignora todo o partido que se pode tirar da vida. Um brinquedo é o meio exato entre a paixão e a monomania. Naquele momento, compreendi esta bonita expressão de Sterne em toda a sua extensão, e tive uma idéia completa da alegria com a qual o tio Tobias montava, Trim ajudando, seu cavalo de batalha.

- Senhor - disse-me o Sr. Regnault -, eu fui primeiro-ajudante de escrivão de Mestre Roguin, em Paris. Excelente cartório, do qual o senhor talvez tenha ouvido falar. Não? Contudo uma infeliz falência tornou-o famoso. Não tendo fortuna suficiente para fazer negócios em Paris, ao preço ao qual subiram as taxas em 1810, vim para cá adquirir o cartório de meu predecessor. Eu tinha parentes em Vendôme, entre outros uma tia muito rica, que me deu sua filha em casamento.

- Senhor - recomeçou ele após breve pausa -, três meses depois de ter sido aceito pelo Monsenhor Ministro da Justiça, fui chamado uma noite, no momento em que ia me deitar (eu não estava ainda casado). pela Senhora Condessa de Merret, em seu castelo de Merret. Sua camareira, uma boa moça que trabalha hoje nesta hotelaria, estava à minha porta com a carruagem da Senhora Condessa. Ah! Momentinho... Preciso dizer-lhe, senhor, que o Senhor Conde de Merret tinha ido morrer em Paris dois meses antes que eu chegasse aqui. Lá, morreu miseravelmente, entregando-se a todo tipo de excessos. O senhor compreende? No dia de sua partida, a Senhora Condessa abandonara a Grande Breteche e a havia desmobiliado. Algumas pessoas afirmam até que ela queimou os móveis, as tapeçarias, enfim, todas as coisas geralmente medíocres que guarneciam os locais presentemente alugados pelo dito senhor. .. (Ora veja, o que estou dizendo? Perdão, achei que estava ditando um contrato.) Que ela os queimou - recomeçou ele - nos campos de Merret. O senhor já foi a Merret? Não - disse ele, dando ele mesmo a resposta. - Ah! É um lugar muito bonito!

"Há cerca de três meses - disse, continuando com um pequeno movimento de cabeça - o Senhor Conde e a Senhora Condessa haviam vivido de maneira singular: não recebiam mais, a Senhora vivia no térreo, e o Senhor, no primeiro andar. Quando a Senhora Condessa ficou só, mostrava-se apenas na Igreja. Mais tarde, em seu castelo, recusou-se a ver os amigos e amigas que iam visitá-Ia. Ela já estava muito mudada quando deixou a Grande Breteche para ir a Merret. Aquela querida mulher... (digo querida, porque este diamante me vem dela. Só a vi, aliás, uma única vez!) Então, a boa senhora estava muito doente; sem dúvida havia perdido as esperanças quanto à sua saúde, pois morreu sem querer chamar um médico. Além disto, muitas senhoras de nossa sociedade pensavam que ela não estava muito bem da cabeça. Meu senhor, minha curiosidade foi então especialmente aguçada ao saber que a Sra. de Merret precisava de meus serviços. Eu não era o único a me interessar por aquela história. Naquela mesma noite, embora fosse tarde, toda a cidade soube que eu ia a Merret. A camareira respondeu um tanto vagamente às perguntas que lhe fiz no caminho. Disse-me, mesmo assim, que sua patroa havia recebido os sacramentos do cura de Merret durante o dia e que ela parecia não conseguir passar daquela noite.

"Cheguei ao castelo às onze horas. Subi a grande escadaria. Depois de ter atravessado grandes cômodos altos e escuros, frios e úmidos como o diabo, cheguei ao quarto de dormir principal onde estava a Senhora Condessa. Pelos rumores que corriam a respeito daquela senhora (meu senhor, eu não pararia de falar se lhe repetisse todas as histórias que lhe foram atribuídas!), eu fazia dela a imagem de uma mulher linda e vaidosa. Imagine que tive muita pena ao encontrá-Ia sobre o grande leito no qual jazia. É verdade que, para iluminar aquele enorme quarto com frisos do Ancien Régime cobertos de poeira a ponto de fazer espirrar só ao serem vistos, ela tinha um daqueles antigos lampiões de Argant. Ah! mas o senhor não foi a Merret! Pois bem, meu senhor, o leito é um daqueles leitos de antigamente, com um dossel alto, coberto de chita estampada de ramagens. Uma pequena mesa de cabeceira estava junto à cama e vi sobre ela uma Imitação de Cristo que, entre parênteses, comprei para minha mulher, bem como o lampião. Havia também uma grande poltrona para a dama de companhia e duas cadeiras. Nenhum fogo, aliás. Eis a mobília. Não daria dez linhas num inventário.

"Ah ! Meu caro senhor... Se o senhor tivesse visto, como eu a vi então, aquele grande quarto forrado de tapeçarias marrons, acreditar-se-ia transportado para uma verdadeira cena de romance. Era glacial e, mais que isto, fúnebre - acrescentou ele erguendo o braço num gesto teatral e fazendo uma pausa. - De tanto olhar, chegando junto ao leito, acabei vendo a Sra. de Merret, ainda graças à luz do lampião, cuja claridade dava sobre os travesseiros. Seu rosto era branco como a cera e lembrava duas mãos postas. A Senhora Condessa usava uma touca de rendas que deixava ver belos cabelos, mas brancos como algodão. Ela estava sentada, mas parecia manter-se assim com muita dificuldade. Seus grandes olhos negros, sem dúvida abatidos pela febre e já quase mortos, mal se moviam sob os ossos onde ficam as sobrancelhas - disse-me ele, mostrando a arcada de seus olhos. - Sua testa estava úmida. Suas mãos descarnadas pareciam ossos recobertos por uma pele fina. Suas veias, seus músculos, viam-se perfeitamente. Ela deveria ter sido muito bela, mas, naquele momento, fui tomado por não sei qual sentimento pelo seu aspecto. Jamais, na opinião daqueles que a amortalharam, uma criatura viva chegara a tal magreza sem morrer. Enfim, era aterrador de se ver. O mal consumira tão bem aquela mulher que ela não era mais que um fantasma. Seus lábios de um roxo pálido me pareceram imóveis quando ela me falou. Ainda que minha profissão me tenha familiarizado com tais espetáculos, levando-me às vezes à cabeceira dos moribundos para constatar suas últimas vontades, confesso que as famílias em lágrimas e as agonias que vi nada eram diante daquela mulher solitária e silenciosa naquele enorme castelo.

"'tu não ouvia o menor ruído, não via o movimento que a respiração da doente deveria ter imprimido aos lençóis que a cobriam. E permanecia completamente imóvel, ocupado em olhar para ela com uma espécie de estupor. Parece que ainda estou lá. Finalmente seus grandes olhos se moveram, ela tentou erguer a mão direita que caiu sobre a cama e estas palavras saíram de sua boca como um sopro, porque sua voz não era mais uma voz:

"- Eu o esperava com muita impaciência. - Suas faces se coloriram vivamente. Falar, meu senhor, era um esforço para ela.

"- Senhora - eu lhe disse. Ela me fez sinal para me calar. Nesse momento, a velha dama de companhia levantou-se e me disse ao ouvido:

"- Não fale, a Senhora Condessa não está em estado de ouvir o menor ruído e o que o senhor dissesse poderia agitá-Ia.

"Sentei-me. Alguns instantes depois, a Sra. de Merret reuniu tudo o que lhe restava de forças para mover seu braço direito, colocou-o, não sem dores infinitas, sob seu travesseiro. Parou por um instante e depois fez um último esforço para retirar a mão e, quando apanhou um papel escondido, gotas de suor caíram de sua testa.

"- Eu lhe confio meu testamento - disse ela. Ah! Meu Deus! Ah!

"E foi tudo. Ela segurou um pequeno crucifixo que havia sobre a cama, levou-o rapidamente aos lábios e morreu. A expressão de seus olhos fixos ainda me faz estremecer quando me lembro. Ela deve ter sofrido muito! Havia alegria em seu último olhar, sentimento que ficou gravado em seus olhos mortos.

"Levei seu testamento e, quando foi aberto, vi que a Sra. de Merret me havia nomeado seu executor testamentário. Ela legava a totalidade de seus bens ao hospital de Vendôme, salvo alguns legados especiais. Mais eis quais foram suas disposições relativas à Grande Breteche. Ela me recomendou deixar a casa, durante cinqüenta anos completos, a partir do dia de sua morte, no estado em que a mesma se encontrasse no momento de seu falecimento, interditando a entrada dos aposentos a quem quer que fosse, proibindo que ali se fizesse o menor conserto e alocando até mesmo uma renda a fim de contratar guardas, se houvesse necessidade, para assegurar a total execução de suas intenções. Quando da expiração desse prazo, se o desejo da testamenteira houvesse sido realizado, a casa deve pertencer a meus herdeiros, pois o senhor sabe que os tabeliões não podem aceitar legados. Senão, a Grande Breteche voltaria a quem de direito, mas com a obrigação de preencher as condições indicadas num codicilo anexado ao testamento e que somente deve ser aberto ao expirarem os ditos cinqüenta anos. O testamento não foi contestado, então..."

Neste ponto e sem terminar sua frase, o alongado tabelião olhou-me com ar de triunfo. Eu o deixei bastante feliz dirigindo-lhe alguns cumprimentos.

- Senhor - disse-lhe eu encerrando -, o senhor me impressionou tão intensamente que creio ver essa moribunda mais pálida que seus lençóis. Seus olhos brilhantes me dão medo e sonharei com ela esta noite. Mas o senhor deve ter feito algumas conjecturas a propósito das disposições contidas neste bizarro testamento.

- Senhor - disse-me ele com uma reserva cômica -, jamais me permito julgar a conduta das pessoas que me honraram com a doação de um diamante.

Logo destravei a língua do escrupuloso tabelião, que me comunicou, não sem longas digressões, as observações devidas aos profundos políticos dos dois sexos cujas sanções são dignas de crédito em Vendôme. Mas tais observações eram tão contraditórias, tão difusas, que quase adormeci, apesar do interesse que eu tinha por aquela história autêntica. O tom surdo e o ritmo monótono daquele tabelião, sem dúvida habituado a ouvir a si mesmo e a se fazer ouvir por seus clientes ou seus compatriotas, triunfaram sobre minha curiosidade. Felizmente ele se foi.

- Ah! Ah! Senhor, muita gente - disse-me ele na escada - gostaria de viver mais 45 anos. Mas... momentinho! - E ele, com ar delicado, pousou o indicador de sua mão direita sobre sua narina, como se quisesse dizer: Preste muita atenção nisto! - Para chegar até lá, até lá - disse ele -, não se pode ser sexagenário.

Fechei minha porta, após ter sido tirado de minha apatia por esta última tirada que o tabelião achou muito espirituosa. Sentei-me então em minha poltrona, colocando os pés sobre os dois cães de minha lareira. Mergulhava num romance à la Radc/iffe construído sobre os dados jurídicos do Sr. Regnault quando minha porta, manobrada pela mão ágil de uma mulher, girou sobre seus gonzos. Vi chegar minha hospedeira, mulher gorda e feliz, de ótimo humor, que não realizara sua vocação: era uma nativa de Flandres que deveria ter nascido numa tela de Téniers.

- E então, meu senhor? - disse ela. - O Sr. Regnault com certeza repetiu-lhe sua história da Grande Breteche!

- Isto mesmo, Sra. Lepas.

- O que ele disse?

Repeti-lhe em poucas palavras a tenebrosa e fria história da Sra. de Merret.

A cada frase, minha hospedeira estendia o pescoço, olhando-me com uma perspicácia de velha dona de hospedaria, espécie de equilíbrio exato entre o instinto do guarda, a astúcia do espião e a esperteza do comerciante.

- Minha cara Sra. Lepas! - acrescentei finalizando -, a senhora parece saber mais sobre isto. Hein? Senão, por que teria subido até meu quarto?

- Ah! Palavra de mulher honesta, tão certo como me chamo Lepas...

- Não jure, seus olhos estão cheios de segredo. A senhora conheceu o Sr. de Merret. Que homem era ele?

- Ora, ora! O Sr. de Merret, veja bem, era um belo homem que a gente não acabava de ver, de tão alto que era! Um cavalheiro digno, vindo de Picarelle e que tinha, como dizemos aqui, um pavio muito curto. Pagava tudo à vista para não ter problemas com ninguém. Veja só, ele era violento. Todas as senhoras o achavam muito amável.

- Porque ele era violento! - eu disse à minha hospedeira.

- Deve ser - disse ela. - Pense bem, senhor, que era preciso ter algo especial, como se diz, para se casar com a Sra. de Merret, que, sem falar mal das outras, era a pessoa mais bela e mais rica de Vendôme. Ela possuía bem umas vinte mil libras de renda. Toda a cidade assistiu a seu casamento. A noiva era graciosa e elegante, uma verdadeira jóia de mulher. Ah! eles faziam um belo casal naquele tempo!

- Eles foram felizes no casamento?

- É... sim e não, até onde se pode deduzir, pois o senhor bem sabe que nós, nós s\:fúi, rào Vivíamos de cama e mesa com eles! A Sra. de Merret era uma boa mulher, muito gentil, que talvez devesse bem sofrer com a impetuosidade de seu marido. Embora um pouco orgulhoso, nós gostávamos dele. Bah! Era o jeito dele ser assim! Quando se é nobre, o senhor sabe...

- No entanto, deve ter havido alguma catástrofe para que o Sr. e a Sra. de Merret se separassem violentamente...

- Eu nunca disse que houve catástrofe, meu senhor. Eu não sei de nada.

- Muito bem. Agora tenho certeza de que a senhora sabe de tudo.

- Pois bem, meu senhor, vou dizer tudo. Quando vi o Sr. Regnault subir até seu quarto, pensei mesmo que ele lhe falaria da Sra. de Merret, por conta da Grande Breteche. Isso me deu a idéia de consultar o senhor, que me parece um homem de confiança e incapaz de trair uma pobre mulher como eu que nunca fez mal a ninguém e que mesmo assim se encontra atormentada pela sua consciência. Até hoje nunca ousei me abrir com as pessoas desta região, são todos uns falastrões de língua de trapo. Enfim, meu senhor, nunca tive um viajante que ficasse por tanto tempo quanto o senhor em meu albergue... e a quem eu pudesse contar a história dos quinze mil francos...

- Minha cara Sra. Lepas! - respondi cortando o fluxo de suas palavras. - Se a natureza de sua confiança é capaz de me comprometer, por nada neste mundo eu gostaria de merecê-Ia.

- Não tenha medo - disse ela, interrompendo-me. - O senhor verá.

Aquela pressa me fez acreditar que eu não era o único a quem minha boa hospedeira tivesse comunicado o segredo do qual eu deveria ser o único depositário, e eu a escutei.

- Meu senhor - disse ela -, quando o imperador mandou para cá os espanhóis prisioneiros de guerra ou outros, tive que hospedar, por conta do governo, um jovem espanhol enviado a Vendôme sob a guarda da Justiça. Apesar desta guarda, ele ia todos os dias apresentar-se ao subprefeito. Era um Grande de Espanha! Sem tirar nem pôr! Tinha um nome em os e em dia, como Bagos de Feredia. Tenho seu nome escrito em meus registros, o senhor poderá ler, se quiser. Ah! Era um rapaz bonito para um espanhol, que dizem ser todos feios. Não tinha mais que um metro e sessenta, mas era bem feito. Tinha mãos pequenas, que ele tratava, ai, dava gosto ver. Tinha tantas escovas para as mãos quanto uma mulher tem para todos os seus cuidados! Tinha cabelos compridos e negros, um olhar de fogo, uma pele um pouco acobreada, mas que me agradava assim mesmo. Usava roupas finas como nunca vi em ninguém, embora eu tenha hospedado princesas e, entre outros, o general Bertrand, o duque e a duquesa de Abrantes, o Sr. Decazes e o rei da Espanha. Ele não comia muita coisa, tinha maneiras tão polidas, tão amáveis, que não era possível zangar-se com ele. Ah! Eu gostava muito dele, embora não dissesse quatro palavras por dia e fosse impossível ter com ele qualquer conversa. Se alguém lhe falava, ele não respondia: era um tique, uma mania que todos eles têm, pelo que me disseram. Ele lia seu breviário como um padre, ia regularmente à missa e a todos os ofícios. Onde se sentava? (Observamos isto mais tarde.) A dois passos da capela da Sra. de Merret. Como ele se colocou ali desde a primeira vez que foi à igreja, ninguém imaginou que houvesse naquilo alguma intenção. Aliás, ele não erguia o nariz de seu livro de orações, o pobre rapaz! No máximo, meu senhor, à tarde ele passeava na montanha, nas minas do castelo. Era o único divertimento daquele pobre homem, ali ele se lembrava de seu país. Dizem que tudo são montanhas, na Espanha!

"Desde os primeiros dias de sua detenção, ele se atrasou. Eu fiquei inquieta vendo-o chegar só quase à meia-noite, mas nós todos nos acostumamos com sua fantasia; ele ficou com a chave da porta e nós não o esperávamos mais. Ele ficava na casa que nós tínhamos na rua das Casernas. Então, um de nossos cavalariços nos disse que, uma noite, tendo ido dar banho nos cavalos, havia visto o Grande de Espanha nadando ao longe no rio como um verdadeiro peixe. Quando voltou, eu lhe disse para tomar cuidado com a vegetação. Ele pareceu contrariado por ter sido visto na água.

"Enfim, meu senhor, um dia, ou melhor, uma manhã, nós não mais o encontramos em seu quarto, ele não tinha voltado. De tanto mexer em tudo, vi um bilhete na gaveta de sua mesa onde havia cinqüenta moedas de ouro espanholas, que são chamadas de portuguesas e que valiam cerca de cinco mil francos, além de uns dez mil francos em diamantes numa pequena caixa escondida. Seu bilhete dizia então que, caso ele não voltasse, ele nos deixava aquele dinheiro e os diamantes, com a condição de que mandássemos rezar missas para agradecer a Deus por sua evasão e por seus interesses. Naquele tempo, eu ainda tinha meu homem, e ele correu à procura dele. E eis agora o estranho da história! Ele trouxe as roupas do espanhol que descobriu debaixo de uma pedra grande, numa espécie de pilotis na margem do rio, do lado do castelo, quase em frente à Grande Breteche.

"Meu marido tinha ido lá de manhã tão cedo que ninguém o havia visto. Ele queimou as roupas depois de ter lido a carta, e nós proclamamos, conforme o desejo do Conde Feredia, que ele fugira. O subprefeito colocou toda a sua guarda no seu encalço, mas, nada! ninguém o encontrou. Lepas acreditou que o espanhol tinha se afogado. Mas eu, meu senhor, eu não penso assim, acho mais que aquilo ali tem algo a ver com o caso da Sra. de Merret, já que Rosalie me disse que o crucifixo do qual sua patroa gostava tanto que se fez enterrar com ele era de ébano e prata. Ora, nos primeiros tempos de sua estada, o Sr. Feredia tinha um, de ébano e prata, que eu nunca mais vi. Agora, meu senhor, não é verdade que não devo ter remorsos pelos quinze mil francos do espanhol e que eles são mesmo meus?"

- Com certeza. Mas a senhora não tentou interrogar Rosalie? - peguntei-lhe.

- Ah!, claro que sim, meu senhor. Mas o que o senhor quer? Aquela garota lá é um túmulo. Ela sabe de alguma coisa, mas é impossível fazê-Ia abrir a boca.

Depois de ter ainda conversado comigo por uns instantes, minha hospedeira deixou-me à mercê de pensamentos vagos e tenebrosos, de uma curiosidade romanesca, de um terror religioso bastante semelhante ao sentimento profundo que nos toma quando entramos à noite numa igreja escura na qual entrevemos uma débil luz longínqua sob grandes arcos. Um vulto indeciso desliza, um roçar de vestido ou de batina se faz ouvir. .. estremecemos. A Grande Breteche e sua vegetação alta, suas janelas condenadas, suas ferragens enferrujadas, suas portas fechadas, seus aposentos desertos, surgiu de repente fantasticamente diante de mim. Tentei penetrar naquela morada misteriosa, buscando ali a solução daquela história solene, o drama que havia matado três pessoas. Rosalie tor-nou-:,e a meus olhos o ser mais interessante de Vendôme. Descobri, ao examiná-la, os vestígios de um pensamento íntimo; apesar da saúde brilhante que resplandecia em seu rosto rechonchudo, havia nela um princípio de remorsos ou de esperança. Sua atitude anunciava um segredo, como a das devotas que rezam em excesso ou a da moça infanticida que continua a ouvir o último grito de seu filho. Seus modos, entretanto, eram ingênuos e grosseiros, seu sorriso bobo nada tinha de criminoso e todos a teriam julgado inocente só de ver o grande lenço de quadrados vermelhos e azuis que recobria seu busto vigoroso, enquadrado, apertado e amarrado por um vestido de listras brancas e roxas.

Não, pensei, não deixarei Vendôme sem saber toda a história da Grande Breteche. Para atingir meus objetivos, me tornarei íntimo de Rosalie, se for mesmo preciso.

- Rosalie! - eu lhe disse uma tarde.

- Às suas ordens, senhor.

- Você não é casada?

Ela estremeceu levemente.

- Oh! Não me faltarão homens quando a fantasia de ser infeliz tomar conta de mim! - disse ela rindo. Ela recuperou-se rapidamente de sua emoção interior, pois todas as mulheres, desde a grande dama até as serviçais de albergues, inclusive, têm um sangue-frio que lhes é peculiar.

- Você é muito viçosa, muito apetitosa para não ter apaixonados! Mas digame, Rosalie, por que se tornou empregada de albergue ao deixar a Sra. de Merret? Ela não lhe deixou uma renda?

- Ah, claro que sim! Mas, senhor, meu emprego é o melhor de Vendôme inteira. Aquela resposta era uma das que os juizes e advogados chamam de dilatórias.

Rosalie me parecia situada naquela história romanesca como a casa que se encontra no meio de um tabuleiro de damas. Ela ficava exatamente no centro do interesse e da verdade, ela me parecia enlaçada na rede. Não se tratava mais de uma simples sedução a tentar, havia naquela moça o último capítulo de um romance. Assim, desde aquele momento, Rosalie tornou-se o objeto de minha predileção. De tanto estudar aquela moça, reconheci nela, como em todas as mulheres a quem tornamos nosso principal pensamento, um sem-número de qualidades: ela era limpa, cuidadosa. Em pouco tempo, ela teve todos os atrativos que nosso desejo empresta às mulheres, em qualquer situação que possam estar. Quinze dias após a visita do tabelião, uma tarde, ou melhor, numa manhã, pois era bem cedo, eu disse a Rosalie:

- Então você me conta tudo o que sabe sobre a Sra. de Merret?

- Oh! - respondeu ela com terror. - Não me peça isto, Sr. Horace!

Seu belo rosto tornou-se sombrio, suas cores vivas e animadas empalideceram, e seus olhos não mais tiveram seu inocente brilho úmido.

- Pois bem - recomeçou ela -, já que o senhor quer, eu lhe direi, mas guarde muito bem esse segredo!

- Está bem, minha pobre filha, guardarei todos os segredos com a honradez de um ladrão, é a mais leal que existe.

- Se para o senhor der na mesma - disse-me ela -, prefiro que seja com a sua. Nisto, ela arrumou seu xale e sua postura para contar. Pois certamente há uma atitude de confiança e de segurança necessária para fazer uma narrativa. As melhores histórias são contadas numa determinada hora. Ninguém contou coisa alguma de pé ou em jejum. Mas se fosse preciso reproduzir fielmente a difusa eloqüência de Rosalie, um volume inteiro mal bastaria. Ora, como o acontecimento do qual ela me deu o confuso conhecimento encontra-se entre a tagarelice do tabelião e a da Sra. Lepas, tão exatamente quanto os meios termos de uma proporção aritmética se encontram entre os dois extremos, nada mais tenho senão lhes contar em poucas palavras. Abrevio, portanto.

O quarto que a Sra. de Merret ocupava na Breteche ficava no térreo. Um pequeno compartimento com cerca de um metro e pouco de profundidade, criado no interior da parede, servia-lhe de guarda-roupa. Três meses antes da noite da qual vou lhe contar os fatos, a Sra. de Merret tinha estado tão seriamente indisposta a ponto de seu marido a deixar sozinha em seus aposentos; ele dormia num quarto no primeiro andar. Por um desses acasos impossíveis de prever, ele voltou, naquela noite, duas horas mais tarde do que de costume do Círculo onde ia ler os jornais e conversar sobre política com os habitantes do lugar. Sua mulher o acreditava em casa, deitado, dormindo. Mas a invasão da França havia sido objeto de uma discussão muito animada, a partida de bilhar esquentara, ele tinha perdido quarenta francos, quantia enorme em Vendôme, onde todos juntam dinheiro e onde os hábitos são contidos dentro dos limites de uma modéstia que merece elogios, que talvez se torne a fonte de uma verdadeira felicidade da qual não desconfia qualquer parisiense.

Já há algum tempo o Sr. de Merret se contentava em perguntar a Rosalie se sua mulher estava deitada. Diante da resposta sempre afirmativa dessa moça, ele ia imediatamente para seus aposentos, com aquela bonomia criada pelo hábito e pela confiança. Ao voltar, tivera a fantasia de ir até a Sra. de Merret para lhe contar sua desventura, talvez até para se consolar. Durante o jantar, ele achara a Sra. de Merret muito elegante. Dissera a si mesmo, ao ir do Círculo para casa, que sua mulher não sofria mais, que sua convalescença a havia embelezado. E ele percebia isto, como os maridos percebem tudo, um pouco tarde. Em vez de chamar Rosalie, que estava naquele momento ocupada na cozinha vendo a cozinheira e o cocheiro ocupados em jogar cartas, o Sr. de Merret dirigiu-se ao quarto de sua mulher, à luz de seu lampião, que havia colocado no primeiro degrau da escada. Seu passo fácil de ser reconhecido ecoava pelas abóbadas do corredor. No momento em que o cavalheiro girou a chave do quarto de sua mulher, acreditou ouvir ser fechada a porta do compartimento do qual já lhe falei, mas, quando entrou, a Sra. de Merret estava sozinha, de pé diante da lareira. O marido pensou ingenuamente consigo mesmo que Rosalie estava no compartimento, contudo uma suspeita que ecoou em seus ouvidos com um barulho de sinos colocou-o na defensiva. Ele olhou para sua mulher e achou-lhe nos olhos um não sei o quê de perturbação e ferocidade.

- O senhor está chegando bem tarde - disse ela.

Aquela voz em geral tão pura e graciosa pareceu-lhe ligeiramente alterada. O Sr. de Merret nada respondeu, pois naquele momento entrou Rosalie. Aquilo foi como um raio para ele. Ele passeou pelo quarto, indo de uma janela a outra num movimento uniforme e com os braços cruzados.

- O senhor recebeu alguma notícia triste, ou não se sente bem? - perguntoulhe timtàêlmtrite sua mulher enquanto Rosalie a despia.

Ele continuou em silêncio.

- Retire-se - disse a Sra. de Merret a sua camareira. - Eu mesma colocarei meus papelotes.

Ela adivinhou alguma infelicidade só pela aparência do rosto de seu marido e quis ficar sozinha com ele. Quando Rosalie saiu, ou deveria ter saido, pois ela ficou durante alguns instantes no corredor, o Sr. de Merret colocou-se diante de sua mulher e lhe disse friamente:

- Senhora, há alguém em seu compartimento!

Ela olhou para o marido com ar calmo e respondeu com simplicidade:

- Não, meu senhor.

Aquele "não" perturbou o Sr. de Merret, ele não acreditava e, no entanto, jamais sua mulher lhe parecera mais pura ou mais religiosa do que parecia ser naquele momento. Ele se levantou para ir abrir o compartimento. A Sra. de Merret o segurou pela mão, parou-o, olhou-o com um ar melancólico e lhe disse com a voz especialmente emocionada:

- Se o senhor não encontrar alguém, pense que tudo estará acabado entre nós. A incrível dignidade estampada na atitude de sua mulher fez brotar no cavalheiro uma profunda estima por ela e inspirou-lhe uma dessas resoluções às quais nada falta além de um grande palco para se tornarem imortais.

- Não - disse ele -, Joséphine, eu não irei. Num e noutro caso estariamos separados para sempre. Ouça, conheço toda a pureza de sua alma e sei que você leva uma vida santa, você não iria querer cometer um pecado mortal às custas de sua vida.

A essas palavras, a Sra. de Merret encarou seu marido com um olhar desvairado.

- Tome, eis o seu crucifixo - acrescentou aquele homem. - Jure-me diante de Deus que ninguém está ali; eu acreditarei, jamais abrirei aquela porta.

A Sra. de Merret segurou o crucifixo e disse:

- Juro.

- Mais alto - disse o marido. - E repita: Juro perante Deus que ninguém está neste compartimento.

Ela repetiu a frase sem se perturbar.

- Está bem - disse friamente o Sr. de Merret. Após um instante de silêncio: - A senhora tem uma coisa muito bonita que eu não conhecia - disse ele examinando aquele crucifixo de ébano incrustado de prata e artisticamente esculpido.

- Encontrei-o na loja de Duvivier, que, quando aquela tropa de prisioneiros passou por Vendôme no ano passado, o havia comprado de um religioso espanhol.

- Ah! - disse o Sr. de Merret, recolocando o crucifixo no prego, e tocou a sineta. Rosalie não se fez esperar. O Sr. de Merret foi rapidamente ao seu encontro, levou-a até o vão da janela que dava para o jardim e disse-lhe em voz baixa:

- Eu sei que Gorenflot quer se casar com você, só a pobreza impede que vivam juntos e você lhe disse que não seria mulher dele se ele não encontrasse um jeito de se tornar mestre pedreiro. Pois bem, vá buscá-lo, diga-lhe para vir aqui com sua colher de pedreiro e suas ferramentas. Trate de não acordar outra pessoa além dele na casa. Sua fortuna será maior que o que desejam. E principalmente saia daqui sem falar, senão...

Ele franziu as sobrancelhas. Rosalie partiu, ele a chamou novamente.

- Tome, leve meu salvo-conduto.

- Jean! - gritou para o corredor o Sr. de Merret com voz de trovão. Jean, que era ao mesmo tempo seu cocheiro e seu homem de confiança, deixou o jogo e veio.

- Vão todos dormir - disse-lhe o patrão fazendo-lhe sinal para que se aproximasse. E o cavalheiro acrescentou, mas em voz baixa: - Quando todos estiverem dormindo, dormindo, entenda bem, você descerá para me avisar.

O Sr. de Merret, que não havia perdido de vista sua mulher enquanto dava ordens, voltou tranqüilamente para perto dela junto ao fogo e se pôs a lhe contar os acontecimentos da partida de bilhar e as discussões do Circulo. Quando Rosalie voltou, encontrou o Sr. e a Sra. de Merret conversando muito amigavelmente. O cavalheiro havia recentemente mandado consertar o teto de todos os cômodos que compunham seus aposentos de recepção no térreo. O gesso é muito raro em Vendôme, o transporte aumenta muito o preço. O cavalheiro havia então mandado vir uma quantidade bastante grande, sabendo que sempre encontraria compradores suficientes para o que lhe sobrasse. Esta circunstância inspirou-lhe o projeto que pôs em execução.

- O Sr. Gorenflot está ai - disse Rosalie em voz baixa.

- Que entre! - respondeu alto o cavalheiro.

A Sra. de Merret empalideceu ligeiramente ao ver o pedreiro.

- Gorenflot - disse o marido -, vá apanhar tijolos na cocheira e traga o suficiente para emparedar a porta deste compartimento. Você usará o gesso que me resta para cobrir a parede. - E então, puxando para si Rosalie e o operário: - Ouça, Gorenflot - disse ele em voz baixa -, você vai dormir aqui esta noite. Mas amanhã pela manhã você terá um passaporte para ir para um pais estrangeiro, numa cidade que direi. Darei seis mil francos para a viagem. Você ficará dez anos nessa cidade, se não gostar de lá, poderá se estabelecer em outra, contanto que seja no mesmo pais. Você passará por Paris, onde irá me esperar. Lá, vou garantir por contrato outros seis mil francos, que serão pagos na sua volta, caso tenha cumprido as condições de nosso pacto. Por este preço, você guardará o mais profundo silêncio sobre o que terá feito aqui esta noite. Quanto a você, Rosalie, darei dez mil francos que só serão entregues no dia do seu casamento, com a condição que se case com Gorenflot. Mas, para se casar, é preciso calar. Senão, nada de dote.

- Rosalie, venha me pentear - disse a Sra. de Merret.

O marido passeou tranqüilamente de um lado para outro, vigiando a porta, o pedreiro e sua mulher, mas sem deixar transparecer uma desconfiança ofensiva. Gorenflot foi obrigado a fazer barulho. A Sra. de Merret aproveitou um momento em que o operário descarregava seus tijolos e seu marido estava do outro lado do quarto para dizer a Rosalie:

- Mil francos de renda para você, minha cara menina, se conseguir dizer a Gorenflot para deixar uma fenda embaixo. - E então, alto, ela lhe disse com sangue-frio: - Vá ajudá-lo!

O Sr. e a Sra. de Merret permaneceram em silêncio durante todo o tempo que Gorenflot levou para emparedar a porta. Aquele silêncio era calculado no marido, que não queria dar a sua mulher o pretexto de lançar palavras de duplo sentido. Na Sra. de Merret, foi fruto de prudência ou orgulho.

Quando o muro estava com a metade de sua altura, o esperto pedreiro aproveitou um momento em que o cavalheiro estava de costas para dar um golpe com a enxada num dos dois vidros da porta. Tal ato fez com que a Sra. de Merret compreendesse que Rosalie havia falado com Gorenflot. Os três viram então um rosto de homem sombrio e moreno, cabelos negros, olhar de louco. Antes que seu marido se voltasse, a pobre mulher teve o tempo de fazer um gesto com a cabeça ao estrangeiro, para quem o gesto queria dizer: "Tenha esperança!" Às quatro horas, de manhãzinha, pois se estava no mês de setembro, a construção foi terminada. 0 pedreiro ficou sob a guarda de Jean e o Sr. de Merret dormiu no quarto de sua mulher.

Na manhã seguinte, ao se levantar, disse com ar despreocupado: - Ah, diabos! Tenho que ir à Prefeitura para o passaporte. - Colocou o chapéu na cabeça, deu três passos para a porta, mudou de idéia, apanhou o crucifixo. Sua mulher estremeceu de felicidade. Ele vai à loja de Duvivier, pensou ela.

Tão logo o cavalheiro saiu, a Sra. de Merret tocou a sineta chamando Rosalie. E então, com uma voz horrível, exclamou: - A enxada! A enxada! E ao trabalho! Eu vi ontem como Gorenflot fez, teremos tempo para fazer um buraco e fechá- lo de novo.

Num piscar de olhos, Rosalie trouxe uma espécie de machado para sua patroa que, com um ardor do qual nada poderia dar idéia, começou a demolir a parede. Já tinha feito cair alguns tijolos quando, ao tomar impulso para aplicar um golpe ainda mais vigoroso que os outros, viu o Sr. de Merret atrás dela. Ela desmaiou.

- Coloque a senhora em sua cama - disse friamente o cavalheiro.

Prevendo o que deveria acontecer na sua ausência, ele lançara uma armadilha. Simplesmente escrevera ao prefeito e mandara buscar Duvivier. 0 joalheiro chegou no momento em que a desordem dos aposentos acabava de ser arrumada.

- Duvivier - perguntou-lhe o cavalheiro -, o senhor não comprou crucifixos aos espanhóis que passaram por aqui?

- Não, senhor.

- Bem, eu lhe agradeço - disse ele trocando com sua mulher um olhar de tigre. -Jean - acrescentou ele, voltando-se para seu homem de confiança -, você servirá minhas refeições no quarto da Sra. de Merret. Ela está doente, eu não a deixarei enquanto não se restabelecer.

0 cruel cavalheiro ficou vinte dias junto de sua mulher. Nos primeiros momentos, quando algum ruído era feito no compartimento emparedado e Joséphine queria implorar pelo desconhecido moribundo, ele respondia, sem permitir que ela dissesse uma só palavra:

- A senhora jurou sobre a cruz que ali não havia pessoa alguma.

Tradução de Celina Portocarrero

La Grande Bretêche
Honoré De Balzac
(FIN DE AUTRE ETUDE DE FEMME.)
- Ah ! madame, répliqua le docteur, j'ai des histoires terribles dans mon répertoire ; mais chaque récit a son heure dans une conversation, selon ce joli mot rapporté par Chamfort et dit au duc de Fronsac : - Il y a dix bouteilles de vin de Champagne entre ta saillie et le moment où nous sommes.
- Mais il est deux heures du matin, et l'histoire de Rosine nous a préparées, dit la maîtresse de la maison.
- Dites, monsieur Bianchon !... demanda-t-on de tous côtés.
A un geste du complaisant docteur, le silence régna.

- A une centaine de pas environ de Vendôme, sur les bords du Loir, dit-il, il se trouve une vieille maison brune, surmontée de toits très-élevés, et si complétement isolée qu'il n'existe à l'entour ni tannerie puante ni méchante auberge, comme vous en voyez aux abords de presque toutes les petites villes. Devant ce logis est un jardin donnant sur la rivière, et où les buis, autrefois ras qui dessinaient les allées, croissent maintenant à leur fantaisie. Quelques saules, nés dans le Loir, ont rapidement poussé comme la haie de clôture, et cachent à demi la maison. Les plantes que nous appelons mauvaises décorent de leur belle végétation le talus de la rive. Les arbres fruitiers, négligés depuis dix ans, ne produisent plus de récolte, et leurs rejetons forment des taillis. Les espaliers ressemblent à des charmilles. Les sentiers, sablés jadis, sont remplis de pourpier ; mais, à vrai dire, il n'y a plus trace de sentier. Du haut de la montagne sur laquelle pendent les ruines du vieux château des ducs de Vendôme, le seul endroit d'où l'oeil puisse plonger sur cet enclos, on se dit que, dans un temps qu'il est difficile de déterminer ce coin de terre fit les délices de quelque gentilhomme occupé de roses, de tulipiers, d'horticulture en un mot, mais surtout gourmand de bons fruits. On aperçoit une tonnelle, ou plutôt les débris d'une tonnelle sous laquelle est encore une table que le temps n'a pas entièrement dévorée. A l'aspect de ce jardin qui n'est plus, les joies négatives de la vie paisible dont on jouit en province se devinent, comme on devine l'existence d'un bon négociant en lisant l'épitaphe de sa tombe. Pour compléter les idées tristes et douces qui saisissent l'âme, un des murs offre un cadran solaire orné de cette inscription bourgeoisement chrétienne : ULTIMAM COGITA ! Les toits de cette maison sont horriblement dégradés, les persiennes sont toujours closes, les balcons sont couverts de nids d'hirondelles, les portes restent constamment fermées. De hautes herbes ont dessiné par des lignes vertes les fentes des perrons, les ferrures sont rouillées. La lune, le soleil, l'hiver, l'été, la neige ont creusé les bois, gauchi les planches, rongé les peintures. Le morne silence qui règne là n'est troublé que par les oiseaux, les chats, les fouines, les rats et les souris libres de trotter, de se battre, de se manger. Une invisible main a partout écrit le mot : Mystère . Si, poussé par la curiosité, vous alliez voir cette maison du côté de la rue, vous apercevriez une grande porte de forme ronde par le haut, et à laquelle les enfants du pays ont fait des trous nombreux. J'ai appris plus tard que cette porte était condamnée depuis dix ans. Par ces brèches irrégulières, vous pourriez observer la parfaite harmonie qui existe entre la façade du jardin et la façade de la cour. Le même désordre y règne. Des bouquets d'herbes encadrent les pavés. D'énormes lézardes sillonnent les murs, dont les crêtes noircies sont enlacées par les mille festons de la pariétaire. Les marches du perron sont disloquées, la corde de la cloche est pourrie, les gouttières sont brisées. Quel feu tombé du ciel a passé par là ? Quel tribunal a ordonné de semer du sel sur ce logis ? - Y a-t-on insulté Dieu ? Y a-t-on trahi la France ? Voilà ce qu'on se demande. Les reptiles y rampent sans vous répondre. Cette maison, vide et déserte, est une immense énigme dont le mot n'est connu de personne. Elle était autrefois un petit fief, et porte le nom de la Grande-Bretèche . Pendant le temps de son séjour à Vendôme, où Desplein m'avait laissé pour soigner une riche malade, la vue de ce singulier logis devint un de mes plaisirs les plus vifs. N'était-ce pas mieux qu'une ruine ? A une ruine se rattachent quelques souvenirs d'une irréfragable authenticité ; mais cette habitation encore debout, quoique lentement démolie par une main vengeresse, renfermait un secret, une pensée inconnue ; elle trahissait un caprice tout au moins. Plus d'une fois, le soir, je me fis aborder à la haie devenue sauvage qui protégeait cet enclos. Je bravais les égratignures, j'entrais dans ce jardin sans maître, dans cette propriété qui n'était plus ni publique ni particulière ; j'y restais des heures entières à contempler son désordre. Je n'aurais pas voulu, pour prix de l'histoire à laquelle sans doute était dû ce spectacle bizarre, faire une seule question à quelque Vendomois bavard. Là, je composais de délicieux romans ; je m'y livrais à de petites débauches de mélancolie qui me ravissaient. Si j'avais connu le motif, peut-être vulgaire, de cet abandon, j'eusse perdu les poésies inédites dont je m'enivrais. Pour moi, cet asile représentait les images les plus variées de la vie humaine, assombrie par ses malheurs : c'était tantôt l'air du cloître, moins les religieux ; tantôt la paix du cimetière, sans les morts qui vous parlent leur langage épitaphique ; aujourd'hui la maison du lépreux, demain celle des Atrides ; mais c'était surtout la province avec ses idées recueillies, avec sa vie de sablier. J'y ai souvent pleuré, je n'y ai jamais ri. Plus d'une fois j'ai ressenti des terreurs involontaires en y entendant, au-dessus de ma tête, le sifflement sourd que rendaient les ailes de quelque ramier pressé. Le sol y est humide ; il faut s'y défier des lézards, des vipères, des grenouilles qui s'y promènent avec la sauvage liberté de la nature ; il faut surtout ne pas craindre le froid, car en quelques instants vous sentez un manteau de glace qui se pose sur vos épaules, comme la main du commandeur sur le cou de don Juan. Un soir j'y ai frissonné : le vent avait fait tourner une vieille girouette rouillée, dont les cris ressemblèrent à un gémissement poussé par la maison au moment où j'achevais un drame assez noir par lequel je m'expliquais cette espèce de douleur monumentalisée. Je revins à mon auberge, en proie à des idées sombres. Quand j'eus soupé, l'hôtesse entra d'un air de mystère dans ma chambre, et me dit : - Monsieur, voici monsieur Regnault. - Qu'est monsieur Regnault ? - Comment, monsieur ne connaît pas monsieur Regnault ? Ah ! c'est drôle ! dit-elle en s'en allant. Tout à coup je vis apparaître un homme long, fluet, vêtu de noir, tenant son chapeau à la main, et qui se présenta comme un bélier prêt à fondre sur son rival, en me montrant un front fuyant, une petite tête pointue et une face pâle, assez semblable à un verre d'eau sale. Vous eussiez dit de l'huissier d'un ministre. Cet inconnu portait un vieil habit, très-usé sur les plis ; mais il avait un diamant au jabot de sa chemise et des boucles d'or à ses oreilles. - Monsieur, à qui ai-je l'honneur de parler ? lui dis-je. Il s'assit sur une chaise, se mit devant mon feu, posa son chapeau sur ma table, et me répondit en se frottant les mains : - Ah ! il fait bien froid. Monsieur, je suis monsieur Regnault. Je m'inclinai, en me disant à moi-même : - Il bondo cani ! Cherche. - Je suis, reprit-il, notaire à Vendôme. - J'en suis ravi, monsieur, m'écriai-je, mais je ne suis point en mesure de tester, pour des raisons à moi connues. - Petit moment, reprit-il en levant la main comme pour m'imposer silence. Permettez, monsieur, permettez ! J'ai appris que vous alliez vous promener quelquefois dans le jardin de la Grande Bretèche. - Oui, monsieur. - Petit moment ! dit il en répétant son geste, cette action constitue un véritable délit. Monsieur, je viens, au nom et comme exécuteur testamentaire de feu madame la comtesse de Merret, vous prier de discontinuer vos visites. Petit moment ! Je ne suis pas un Turc et ne veux point vous en faire un crime. D'ailleurs, bien permis à vous d'ignorer les circonstances qui m'obligent à laisser tomber en ruines le plus bel hôtel de Vendôme. Cependant, monsieur, vous paraissez avoir de l'instruction, et devez savoir que les lois défendent, sous des peines graves, d'envahir une propriété close. Une haie vaut un mur. Mais l'état dans lequel la maison se trouve peut servir d'excuse à votre curiosité. Je ne demanderais pas mieux que de vous laisser libre d'aller et venir dans cette maison ; mais, chargé d'exécuter les volontés de la testatrice, j'ai l'honneur, monsieur, de vous prier de ne plus entrer dans le jardin. Moi-même, monsieur, depuis l'ouverture du testament, je n'ai pas mis le pied dans cette maison, qui dépend, comme j'ai eu l'honneur de vous le dire, de la succession de madame de Merret. Nous en avons seulement constaté les portes et fenêtres, afin d'asseoir les impôts que je paye annuellement sur des fonds à ce destinés par feu madame la comtesse. Ah ! mon cher monsieur, son testament a fait bien du bruit dans Vendôme ! Là, il s'arrêta pour se moucher, le digne homme ! Je respectai sa loquacité, comprenant à merveille que la succession de madame de Merret était l'événement le plus important de sa vie, toute sa réputation, sa gloire, sa Restauration. Il me fallait dire adieu à mes belles rêveries, à mes romans ; je ne fus donc pas rebelle au plaisir d'apprendre la vérité d'une manière officielle. - Monsieur, lui dis-je, serait-il indiscret de vous demander les raisons de cette bizarrerie ? A ces mots, un air qui exprimait tout le plaisir que ressentent les hommes habitués à monter sur le dada , passa sur la figure du notaire. Il releva le col de sa chemise avec une sorte de fatuité, tira sa tabatière, l'ouvrit, m'offrit du tabac ; et, sur mon refus, il en saisit une forte pincée. Il était heureux ! Un homme qui n'a pas de dada ignore tout le parti que l'on peut tirer de la vie. Un dada est le milieu précis entre la passion et la monomanie. En ce moment, je compris cette jolie expression de Sterne dans toute son étendue, et j'eus une complète idée de la joie avec laquelle l'oncle Tobie enfourchait, Trim aidant, son cheval de bataille. - Monsieur, me dit monsieur Regnault, j'ai été premier clerc de maître Roguin, à Paris. Excellente étude, dont vous avez peut-être entendu parler ? non ! cependant une malheureuse faillite l'a rendu célèbre. N'ayant pas assez de fortune pour traiter à Paris, au prix où les charges montèrent en 1816, je vins ici acquérir l'Etude de mon prédécesseur. J'avais des parents à Vendôme, entre autres une tante fort riche, qui m'a donné sa fille en mariage. - Monsieur, reprit-il après une légère pause, trois mois après avoir été agréé par Monseigneur le Garde des Sceaux, je fus mandé un soir, au moment où j'allais me coucher (je n'étais pas encore marié), par madame la comtesse de Merret, en son château de Merret. Sa femme de chambre, une brave fille qui sert aujourd'hui dans cette hôtellerie, était à ma porte avec la calèche de madame la comtesse. Ah ! petit moment ! Il faut vous dire, monsieur, que monsieur le comte de Merret était allé mourir à Paris deux mois avant que je ne vinsse ici. Il y périt misérablement en se livrant à des excès de tous les genres. Vous comprenez ? Le jour de son départ, madame la comtesse avait quitté la Grande Bretèche et l'avait démeublée. Quelques personnes prétendent même qu'elle a brûlé les meubles, les tapisseries, enfin toutes les choses généralement quelconques qui garnissaient les lieux présentement loués par ledit sieur... (Tiens, qu'est-ce que je dis donc ? Pardon, je croyais dicter un bail.) Qu'elle les brûla, reprit-il, dans la prairie de Merret. Etes-vous allé à Merret, monsieur ? Non, dit-il en faisant lui-même ma réponse. Ah ! c'est un fort bel endroit ! Depuis trois mois environ, dit-il en continuant après un petit hochement de tête, monsieur le comte et madame la comtesse avaient vécu singulièrement ; ils ne recevaient plus personne, madame habitait le rez-de-chaussée, et monsieur le premier étage. Quand madame la comtesse resta seule, elle ne se montra plus qu'à l'église. Plus tard, chez elle, à son château, elle refusa de voir les amis et amies qui vinrent lui faire des visites. Elle était déjà très-changée au moment où elle quitta la Grande Bretèche pour aller à Merret. Cette chère femme-là... (je dis chère, parce que ce diamant me vient d'elle, je ne l'ai vue, d'ailleurs, qu'une seule fois !) Donc, cette bonne dame était très-malade ; elle avait sans doute désespéré de sa santé, car elle est morte sans vouloir appeler de médecins ; aussi, beaucoup de nos dames ont-elles pensé qu'elle ne jouissait pas de toute sa tête. Monsieur, ma curiosité fut donc singulièrement excitée en apprenant que madame de Merret avait besoin de mon ministère. Je n'étais pas le seul qui s'intéressât à cette histoire. Le soir même, quoiqu'il fût tard, toute la ville sut que j'allais à Merret. La femme de chambre répondit assez vaguement aux questions que je lui fis en chemin ; néanmoins, elle me dit que sa maîtresse avait été administrée par le curé de Merret pendant la journée, et qu'elle paraissait ne pas devoir passer la nuit. J'arrivai sur les onze heures au château. Je montai le grand escalier. Après avoir traversé de grandes pièces hautes et noires, froides et humides en diable, je parvins dans la chambre à coucher d'honneur où était madame la comtesse. D'après les bruits qui couraient sur cette dame (monsieur, je n'en finirais pas si je vous répétais tous les contes qui se sont débités à son égard !), je me la figurais comme une coquette. Imaginez-vous que j'eus beaucoup de peine à la trouver dans le grand lit où elle gisait. Il est vrai que, pour éclairer cette énorme chambre à frises de l'ancien régime, et poudrées de poussière à faire éternuer rien qu'à les voir, elle avait une de ces anciennes lampes d'Argant. Ah ! mais vous n'êtes pas allé à Merret ! Eh ! bien, monsieur, le lit est un de ces lits d'autrefois, avec un ciel élevé, garni d'indienne à ramages. Une petite table de nuit était près du lit, et je vis dessus une Imitation de Jésus-Christ , que, par parenthèse, j'ai achetée à ma femme, ainsi que la lampe. Il y avait aussi une grande bergère pour la femme de confiance, et deux chaises. Point de feu, d'ailleurs. Voilà le mobilier. Ça n'aurait pas fait dix lignes dans un inventaire. Ah ! mon cher monsieur, si vous aviez vu, comme je la vis alors, cette vaste chambre tendue en tapisseries brunes, vous vous seriez cru transporté dans une véritable scène de roman. C'était glacial, et mieux que cela, funèbre, ajouta-t-il en levant le bras par un geste théâtral et faisant une pause. A force de regarder, en venant près du lit, je finis par voir madame de Merret, encore grâce à la lueur de la lampe dont la clarté donnait sur les oreillers. Sa figure était jaune comme de la cire, et ressemblait à deux mains jointes. Madame la comtesse avait un bonnet de dentelles qui laissait voir de beaux cheveux, mais blancs comme du fil. Elle était sur son séant, et paraissait s'y tenir avec beaucoup de difficulté. Ses grands yeux noirs, abattus par la fièvre, sans doute, et déjà presque morts, remuaient à peine sous les os où sont les sourcils. - Ça, dit-il en me montrant l'arcade de ses yeux. Son front était humide. Ses mains décharnées ressemblaient à des os recouverts d'une peau tendre ; ses veines, ses muscles se voyaient parfaitement bien ; elle avait dû être très-belle ; mais, en ce moment ! je fus saisi de je ne sais quel sentiment à son aspect. Jamais, au dire de ceux qui l'ont ensevelie, une créature vivante n'avait atteint à sa maigreur sans mourir. Enfin, c'était épouvantable à voir ! Le mal avait si bien rongé cette femme qu'elle n'était plus qu'un fantôme. Ses lèvres d'un violet pâle me parurent immobiles quand elle me parla. Quoique ma profession m'ait familiarisé avec ces spectacles en me conduisant parfois au chevet des mourants pour constater leurs dernières volontés, j'avoue que les familles en larmes et les agonies que j'ai vues n'étaient rien auprès de cette femme solitaire et silencieuse dans ce vaste château. Je n'entendais pas le moindre bruit, je ne voyais pas ce mouvement que la respiration de la malade aurait dû imprimer aux draps qui la couvraient, et je restai tout à fait immobile, occupé à la regarder avec une sorte de stupeur. Il me semble que j'y suis encore. Enfin ses grands yeux se remuèrent, elle essaya de lever sa main droite qui retomba sur le lit, et ces mots sortirent de sa bouche comme un souffle, car sa voix n'était déjà plus une voix. - " Je vous attendais avec bien de l'impatience. " Ses joues se colorèrent vivement. Parler, monsieur, c'était un effort pour elle. - " Madame, " lui dis-je. Elle me fit signe de me taire. En ce moment, la vieille femme de charge se leva et me dit à l'oreille : " Ne parlez pas, madame la comtesse est hors d'état d'entendre le moindre bruit ; et ce que vous lui diriez pourrait l'agiter. " Je m'assis. Quelques instants après, madame de Merret rassembla tout ce qui lui restait de forces pour mouvoir son bras droit, le mit, non sans des peines infinies, sous son traversin ; elle s'arrêta pendant un petit moment ; puis, elle fit un dernier effort pour retirer sa main ; et lorsqu'elle eut pris un papier cacheté, des gouttes de sueur tombèrent de son front. - " Je vous confie mon testament, dit-elle. Ah ! mon Dieu ! Ah ! " Ce fut tout. Elle saisit un crucifix qui était sur son lit, le porta rapidement à ses lèvres, et mourut. L'expression de ses yeux fixes me fait encore frissonner quand j'y songe. Elle avait dû bien souffrir ! Il y avait de la joie dans son dernier regard, sentiment qui resta gravé sur ses yeux morts. J'emportai le testament ; et, quand il fut ouvert, je vis que madame de Merret m'avait nommé son exécuteur testamentaire. Elle léguait la totalité de ses biens à l'hôpital de Vendôme, sauf quelques legs particuliers. Mais voici quelles furent ses dispositions relativement à la Grande Bretèche. Elle me recommanda de laisser cette maison pendant cinquante années révolues, à partir du jour de sa mort, dans l'état où elle se trouverait au moment de son décès, en interdisant l'entrée des appartements à quelque personne que ce fût, en défendant d'y faire la moindre réparation, et allouant même une rente afin de gager des gardiens, s'il en était besoin, pour assurer l'entière exécution de ses intentions. A l'expiration de ce terme, si le voeu de la testatrice a été accompli, la maison doit appartenir à mes héritiers, car monsieur sait que les notaires ne peuvent accepter de legs ; sinon, la Grande Bretèche reviendrait à qui de droit, mais à la charge de remplir les conditions indiquées dans un codicille annexé au testament, et qui ne doit être ouvert qu'à l'expiration desdites cinquante années. Le testament n'a point été attaqué, donc... A ce mot, et sans achever sa phrase, le notaire oblong me regarda d'un air de triomphe, je le rendis tout à fait heureux en lui adressant quelques compliments. - Monsieur, lui dis-je en terminant, vous m'avez si vivement impressionné, que je crois voir cette mourante plus pâle que ses draps ; ses yeux luisants me font peur, et je rêverai d'elle cette nuit. Mais vous devez avoir formé quelques conjectures sur les dispositions contenues dans ce bizarre testament. - Monsieur, me dit-il avec une réserve comique, je ne me permets jamais de juger la conduite des personnes qui m'ont honoré par le don d'un diamant. Je déliai bientôt la langue du scrupuleux notaire vendômois, qui me communiqua, non sans de longues digressions, les observations dues aux profonds politiques des deux sexes dont les arrêts font loi dans Vendôme. Mais ces observations étaient si contradictoires, si diffuses, que je faillis m'endormir, malgré l'intérêt que je prenais à cette histoire authentique. Le ton lourd et l'accent monotone de ce notaire, sans doute habitué à s'écouter lui-même et à se faire écouter de ses clients ou de ses compatriotes, triompha de ma curiosité. Heureusement il s'en alla. - Ah ! ah ! monsieur, bien des gens, me dit-il dans l'escalier, voudraient vivre encore quarante-cinq ans ; mais, petit moment ! Et il mit, d'un air fin, l'index de sa main droite sur sa narine, comme s'il eût voulu dire : Faites bien attention à ceci ? - Pour aller jusque-là, jusque-là, dit-il, il ne faut pas avoir la soixantaine. Je fermai ma porte, après avoir été tiré de mon apathie par ce dernier trait que le notaire trouva très-spirituel ; puis, je m'assis dans mon fauteuil, en mettant mes pieds sur les deux chenets de ma cheminée. Je m'enfonçai dans un roman à la Radcliffe, bâti sur les données juridiques de monsieur Regnault, quand ma porte, manoeuvrée par la main adroite d'une femme, tourna sur ses gonds. Je vis venir mon hôtesse, grosse femme réjouie, de belle humeur, qui avait manqué sa vocation ; c'était une Flamande qui aurait dû naître dans un tableau de Teniers. - Eh ! bien, monsieur ? me dit-elle. Monsieur Regnault vous a sans doute rabâché son histoire de la Grande Bretèche. - Oui, mère Lepas. - Que vous a-t-il dit ? Je lui répétai en peu de mots la ténébreuse et froide histoire de madame Merret. A chaque phrase, mon hôtesse tendait le cou, en me regardant avec une perspicacité d'aubergiste, espèce de juste milieu entre l'instinct du gendarme, l'astuce de l'espion et la ruse du commerçant. - Ma chère dame Lepas ! ajoutai-je en terminant, vous paraissez en savoir davantage. Hein ? Autrement, pourquoi seriez-vous montée chez moi ? - Ah ! foi d'honnête femme, et aussi vrai que je m'appelle Lepas... - Ne jurez pas, vos yeux sont gros d'un secret. Vous avez connu monsieur de Merret. Quel homme était-ce ? - Dame, monsieur de Merret, voyez-vous, était un bel homme qu'on ne finissait pas de voir, tant il était long ! un digne gentilhomme venu de Picardie, et qui avait, comme nous disons ici, la tête près du bonnet. Il payait tout comptant pour n'avoir de difficulté avec personne. Voyez-vous, il était vif. Nos dames le trouvaient toutes fort aimable. - Parce qu'il était vif ! dis-je à mon hôtesse. - Peut-être bien, dit-elle. Vous pensez bien, monsieur, qu'il fallait avoir eu quelque chose devant soi, comme on dit, pour épouser madame de Merret qui, sans vouloir nuire aux autres, était la plus belle et la plus riche personne du Vendômois. Elle avait aux environs de vingt mille livres de rente. Toute la ville assistait à sa noce. La mariée était mignonne et avenante, un vrai bijou de femme. Ah ! ils ont fait un beau couple dans le temps ! - Ont-ils été heureux en ménage ? - Heu, heu ! oui et non, autant qu'on peut le présumer, car vous pensez bien que, nous autres, nous ne vivions pas à pot et à rôt avec eux ! Madame de Merret était une bonne femme, bien gentille, qui avait peut-être bien à souffrir quelquefois des vivacités de son mari ; mais quoiqu'un peu fier, nous l'aimions. Bah ! c'était son état à lui d'être comme ça ! Quand on est noble, voyez-vous... - Cependant il a bien fallu quelque catastrophe pour que monsieur et madame de Merret se séparassent violemment ? - Je n'ai point dit qu'il y ait eu de catastrophe, monsieur. Je n'en sais rien. - Bien. Je suis sûr maintenant que vous savez tout. - Eh ! bien, monsieur, je vais tout vous dire. En voyant monter chez vous monsieur Regnault, j'ai bien pensé qu'il vous parlerait de madame de Merret, à propos de la Grande Bretèche. Ça m'a donné l'idée de consulter monsieur, qui me paraît un homme de bon conseil et incapable de trahir une pauvre femme comme moi qui n'ai jamais fait de mal à personne, et qui se trouve cependant tourmentée par sa conscience. Jusqu'à présent, je n'ai point osé m'ouvrir aux gens de ce pays-ci, ce sont tous des bavards à langues d'acier. Enfin, monsieur, je n'ai pas encore eu de voyageur qui soit demeuré si long-temps que vous dans mon auberge, et auquel je pusse dire l'histoire des quinze mille francs... - Ma chère dame Lepas ! lui répondis-je en arrêtant le flux de ses paroles, si votre confidence est de nature à me compromettre, pour tout au monde je ne voudrais pas en être chargé. - Ne craignez rien, dit-elle en m'interrompant. Vous allez voir. Cet empressement me fit croire que je n'étais pas le seul à qui ma bonne aubergiste eût communiqué le secret dont je devais être l'unique dépositaire, et j'écoutai. - Monsieur, dit-elle, quand l'Empereur envoya ici des Espagnols prisonniers de guerre ou autres, j'eus à loger, au compte du gouvernement, un jeune Espagnol envoyé à Vendôme sur parole. Malgré la parole, il allait tous les jours se montrer au Sous-Préfet. C'était un Grand d'Espagne ! Excusez du peu ? Il portait un nom en os et en dia , comme Bagos de Férédia. J'ai son nom écrit sur mes registres ; vous pourrez le lire, si vous le voulez. Oh ! c'était un beau jeune homme pour un Espagnol qu'on dit tous laids. Il n'avait guère que cinq pieds deux ou trois pouces, mais il était bien fait ; il avait de petites mains qu'il soignait, ah ! fallait voir. Il avait autant de brosses pour ses mains qu'une femme en a pour toutes ses toilettes ! Il avait de grands cheveux noirs, un oeil de feu, un teint un peu cuivré, mais qui me plaisait tout de même. Il portait du linge fin comme je n'en ai jamais vu à personne ; quoique j'aie logé des princesses, et entre autres le général Bertrand, le duc et la duchesse d'Abrantès, monsieur Decazes et le roi d'Espagne. Il ne mangeait pas grand'chose ; mais il avait des manières si polies, si aimables, qu'on ne pouvait pas lui en vouloir. Oh ! je l'aimais beaucoup, quoiqu'il ne disait pas quatre paroles par jour et qu'il fût impossible d'avoir avec lui la moindre conversation ; si on lui parlait, il ne répondait pas ; c'était un tic, une manie qu'ils ont tous, à ce qu'on m'a dit. Il lisait son bréviaire comme un prêtre, il allait à la messe et à tous les offices régulièrement. Où se mettait-il (nous avons remarqué cela plus tard) ? à deux pas de la chapelle de madame de Merret. Comme il se plaça là dès la première fois qu'il vint à l'église, personne n'imagina qu'il y eut de l'intention, dans son fait. D'ailleurs, il ne levait pas le nez de dessus son livre de prières, le pauvre jeune homme ! Pour lors, monsieur, le soir il se promenait sur la montagne, dans les ruines du château. C'était son seul amusement à ce pauvre homme, il se rappelait là son pays. On dit que c'est tout montagnes en Espagne ! Dès les premiers jours de sa détention, il s'attarda. Je fus inquiète en ne le voyant revenir que sur le coup de minuit ; mais nous nous habituâmes tous à sa fantaisie ; il prit la clef de la porte, et nous ne l'attendîmes plus. Il logeait dans la maison que nous avons dans la rue des Casernes. Pour lors, un de nos valets d'écurie nous dit qu'un soir, en allant faire baigner les chevaux, il croyait avoir vu le Grand d'Espagne nageant au loin dans la rivière comme un vrai poisson. Quand il revint, je lui dis de prendre garde aux herbes ; il parut contrarié d'avoir été vu dans l'eau. - Enfin, monsieur, un jour, ou plutôt un matin, nous ne le trouvâmes plus dans sa chambre, il n'était pas revenu. A force de fouiller partout, je vis un écrit dans le tiroir de sa table où il y avait cinquante pièces d'or espagnoles qu'on nomme des portugaises et qui valaient environ cinq mille francs ; puis des diamants pour dix mille francs dans une petite boîte cachetée. Son écrit disait donc qu'au cas où il ne reviendrait pas, il nous laissait cet argent et ces diamants, à la charge de fonder des messes pour remercier Dieu de son évasion et pour son salut. Dans ce temps-là, j'avais encore mon homme, qui courut à sa recherche. Et voilà le drôle de l'histoire ! il rapporta les habits de l'Espagnol qu'il découvrit sous une grosse pierre, dans une espèce de pilotis sur le bord de la rivière, du côté du château, à peu près en face de la Grande Bretèche. Mon mari était allé là si matin que personne ne l'avait vu. Il brûla les habits après avoir lu la lettre, et nous avons déclaré, suivant le désir du comte Férédia, qu'il s'était évadé. Le Sous-Préfet mit toute la gendarmerie à ses trousses ; mais, brust ! on ne l'a point rattrapé. Lepas a cru que l'Espagnol s'était noyé. Moi, monsieur, je ne le pense point, je crois plutôt qu'il est pour quelque chose dans l'affaire de madame de Merret, vu que Rosalie m'a dit que le crucifix auquel sa maîtresse tenait tant qu'elle s'est fait ensevelir avec, était d'ébène et d'argent ; or, dans les premiers temps de son séjour, monsieur Férédia en avait un d'ébène et d'argent que je ne lui ai plus revu. Maintenant, monsieur, n'est-il pas vrai que je ne dois point avoir de remords des quinze mille francs de l'Espagnol, et qu'ils sont bien à moi ? - Certainement. Mais vous n'avez pas essayé de questionner Rosalie ? lui dis-je. - Oh ! si fait, monsieur. Que voulez-vous ! Cette fille-là, c'est un mur. Elle sait quelque chose ; mais il est impossible de la faire jaser. Après avoir encore causé pendant un moment avec moi, mon hôtesse me laissa en proie à des pensées vagues et ténébreuses, à une curiosité romanesque, à une terreur religieuse assez semblable au sentiment profond qui nous saisit quand nous entrons à la nuit dans une église sombre où nous apercevons une faible lumière lointaine sous des arceaux élevés ; une figure indécise glisse, un frottement de robe ou de soutane se fait entendre... nous avons frissonné. La Grande Bretèche et ses hautes herbes, ses fenêtres condamnées, ses ferrements rouillés, ses portes closes, ses appartements déserts, se montra tout à coup fantastiquement devant moi. J'essayai de pénétrer dans cette mystérieuse demeure en y cherchant le noeud de cette solennelle histoire, le drame qui avait tué trois personnes. Rosalie fut à mes yeux l'être le plus intéressant de Vendôme. Je découvris, en l'examinant, les traces d'une pensée intime, malgré la santé brillante qui éclatait sur son visage potelé. Il y avait chez elle un principe de remords ou d'espérance ; son attitude annonçait un secret, comme celle des dévotes qui prient avec excès ou celle de la fille infanticide qui entend toujours le dernier cri de son enfant. Sa pose était cependant naïve et grossière, son niais sourire n'avait rien de criminel, et vous l'eussiez jugée innocente, rien qu'à voir le grand mouchoir à carreaux rouges et bleus qui recouvrait son buste vigoureux, encadré, serré, ficelé par une robe à raies blanches et violettes. - Non, pensai-je, je ne quitterai pas Vendôme sans savoir toute l'histoire de la Grande Bretèche. Pour arriver à mes fins, je deviendrai l'ami de Rosalie, s'il le faut absolument. - Rosalie ! lui dis-je un soir. - Plaît-il, monsieur ? - Vous n'êtes pas mariée ? Elle tressaillit légèrement. - Oh ! je ne manquerai point d'hommes quand la fantaisie d'être malheureuse me prendra ! dit-elle en riant. Elle se remit promptement de son émotion intérieure, car toutes les femmes, depuis la grande dame jusqu'aux servantes d'auberge inclusivement, ont un sang-froid qui leur est particulier. - Vous êtes assez fraîche, assez appétissante pour ne pas manquer d'amoureux ! Mais, dites-moi, Rosalie, pourquoi vous êtes-vous faite servante d'auberge en quittant madame de Merret ? Est-ce qu'elle ne vous a pas laissé quelque rente ? - Oh ! que si ! Mais, monsieur, ma place est la meilleure de tout Vendôme. Cette réponse était une de celles que les juges et les avoués nomment dilatoires . Rosalie me paraissait située dans cette histoire romanesque comme la case qui se trouve au milieu d'un damier ; elle était au centre même de l'intérêt et de la vérité ; elle me semblait nouée dans le noeud. Ce ne fut plus une séduction ordinaire à tenter, il y avait dans cette fille le dernier chapitre d'un roman ; aussi, dès ce moment, Rosalie devint-elle l'objet de ma prédilection. A force d'étudier cette fille, je remarquai chez elle, comme chez toutes les femmes de qui nous faisons notre pensée principale, une foule de qualités : elle était propre, soigneuse ; elle était belle, cela va sans dire ; elle eut bientôt tous les attraits que notre désir prête aux femmes, dans quelque situation qu'elles puissent être. Quinze jours après la visite du notaire, un soir, ou plutôt un matin, car il était de très bonne heure, je dis à Rosalie : - Raconte-moi donc tout ce que tu sais sur madame de Merret ? - Oh ! répondit-elle avec terreur, ne me demandez pas cela, monsieur Horace ! Sa belle figure se rembrunit, ses couleurs vives et animées pâlirent, et ses yeux n'eurent plus leur innocent éclat humide. - Eh ! bien, reprit-elle, puisque vous le voulez, je vous le dirai ; mais gardez-moi bien le secret ! - Va ! ma pauvre fille, je garderai tous tes secrets avec une probité de voleur, c'est la plus loyale qui existe. - Si cela vous est égal, me dit-elle, j'aime mieux que ce soit avec la vôtre. Là-dessus, elle ragréa son foulard, et se posa comme pour conter ; car il y a, certes, une attitude de confiance et de sécurité nécessaire pour faire un récit. Les meilleures narrations se disent à une certaine heure, comme nous sommes là tous à table. Personne n'a bien conté debout ou à jeun. Mais s'il fallait reproduire fidèlement la diffuse éloquence de Rosalie, un volume entier suffirait à peine. Or, comme l'événement dont elle me donna la confuse connaissance se trouve placé, entre le bavardage du notaire et celui de madame Lepas, aussi exactement que les moyens termes d'une proportion arithmétique le sont entre leurs deux extrêmes, je n'ai plus qu'à vous le dire en peu de mots. J'abrège donc. La chambre que madame de Merret occupait à la Bretèche était située au rez-de-chaussée. Un petit cabinet de quatre pieds de profondeur environ, pratiqué dans l'intérieur du mur, lui servait de garde-robe. Trois mois avant la soirée dont je vais vous raconter les faits, madame de Merret avait été assez sérieusement indisposée pour que son mari la laissât seule chez elle, et il couchait dans une chambre au premier étage. Par un de ces hasards impossibles à prévoir, il revint, ce soir-là, deux heures plus tard que de coutume du Cercle où il allait lire les journaux et causer politique avec les habitants du pays. Sa femme le croyait rentré, couché, endormi. Mais l'invasion de la France avait été l'objet d'une discussion fort animée ; la partie de billard s'était échauffée, il avait perdu quarante francs, somme énorme à Vendôme, où tout le monde thésaurise, et où les moeurs sont contenues dans les bornes d'une modestie digne d'éloges, qui peut-être devient la source d'un bonheur vrai dont ne se soucie aucun Parisien. Depuis quelque temps monsieur de Merret se contentait de demander à Rosalie si sa femme était couchée ; sur la réponse toujours affirmative de cette fille, il allait immédiatement chez lui, avec cette bonhomie qu'enfantent l'habitude et la confiance. En rentrant, il lui prit fantaisie de se rendre chez madame de Merret pour lui conter sa mésaventure, peut-être aussi pour s'en consoler. Pendant le dîner, il avait trouvé madame de Merret fort coquettement mise ; il se disait, en allant du Cercle chez lui, que sa femme ne souffrait plus, que sa convalescence l'avait embellie, et il s'en apercevait, comme les maris s'aperçoivent de tout, un peu tard. Au lieu d'appeler Rosalie, qui dans ce moment était occupée dans la cuisine à voir la cuisinière et le cocher jouant un coup difficile de la brisque, monsieur de Merret se dirigea vers la chambre de sa femme, à la lueur de son falot qu'il avait déposé sur la première marche de l'escalier. Son pas facile à reconnaître retentissait sous les voûtes du corridor. Au moment où le gentilhomme tourna la clef de la chambre de sa femme, il crut entendre fermer la porte du cabinet dont je vous ai parlé ; mais, quand il entra, madame de Merret était seule, debout devant la cheminée. Le mari pensa naïvement en lui-même que Rosalie était dans le cabinet ; cependant un soupçon qui lui tinta dans l'oreille avec un bruit de cloches le mit en défiance ; il regarda sa femme, et lui trouva dans les yeux je ne sais quoi de trouble et de fauve. - Vous rentrez bien tard, dit-elle. Cette voix ordinairement si pure et si gracieuse lui parut légèrement altérée. Monsieur de Merret ne répondit rien, car en ce moment Rosalie entra. Ce fut un coup de foudre pour lui. Il se promena dans la chambre, en allant d'une fenêtre à l'autre par un mouvement uniforme et les bras croisés. - Avez-vous appris quelque chose de triste, ou souffrez-vous ? lui demanda timidement sa femme pendant que Rosalie la déshabillait. Il garda le silence. - Retirez-vous, dit madame de Merret à sa femme de chambre, je mettrai mes papillotes moi-même. Elle devina quelque malheur au seul aspect de la figure de son mari, et voulut être seule avec lui. Lorsque Rosalie fut partie, ou censée partie, car elle resta pendant quelques instants dans le corridor, monsieur de Merret vint se placer devant sa femme, et lui dit froidement : - Madame, il y a quelqu'un dans votre cabinet ! Elle regarda son mari d'un air calme, et lui répondit avec simplicité : - Non, monsieur. Ce non navra monsieur de Merret, il n'y croyait pas ; et pourtant jamais sa femme ne lui avait paru ni plus pure ni plus religieuse qu'elle semblait l'être en ce moment. Il se leva pour aller ouvrir le cabinet, madame de Merret le prit par la main, l'arrêta, le regarda d'un air mélancolique, et lui dit d'une voix singulièrement émue : - Si vous ne trouvez personne, songez que tout sera fini entre nous ! L'incroyable dignité empreinte dans l'attitude de sa femme rendit au gentilhomme une profonde estime pour elle, et lui inspira une de ces résolutions auxquelles il ne manque qu'un plus vaste théâtre pour devenir immortelles. - Non, dit-il, Joséphine, je n'irai pas. Dans l'un et l'autre cas, nous serions séparés à jamais. Ecoute, je connais toute la pureté de ton âme, et sais que tu mènes une vie sainte, tu ne voudrais pas commettre un péché mortel aux dépens de ta vie. A ces mots, madame de Merret regarda son mari d'un oeil hagard. - Tiens, voici ton crucifix, ajouta cet homme. Jure-moi devant Dieu qu'il n'y a là personne, je te croirai, je n'ouvrirai jamais cette porte. Madame de Merret prit le crucifix et dit : - Je le jure. - Plus haut, dit le mari, et répète : Je jure devant Dieu qu'il n'y a personne dans ce cabinet. Elle répéta la phrase sans se troubler. - C'est bien, dit froidement monsieur de Merret. Après un moment de silence : - Vous avez une bien belle chose que je ne connaissais pas, dit-il en examinant ce crucifix en ébène incrusté d'argent, et très-artistement sculpté. - Je l'ai trouvé chez Duvivier, qui, lorsque cette troupe de prisonniers passa par Vendôme l'année dernière, l'avait acheté d'un religieux espagnol. - Ah ! dit monsieur de Merret en remettant le crucifix au clou, et il sonna. Rosalie ne se fit pas attendre. Monsieur de Merret alla vivement à sa rencontre, l'emmena dans l'embrasure de la fenêtre qui donnait sur le jardin, et lui dit à voix basse : - Je sais que Gorenflot veut t'épouser, la pauvreté seule vous empêche de vous mettre en ménage, et tu lui as dit que tu ne serais pas sa femme s'il ne trouvait moyen de s'établir maître maçon... eh ! bien, va le chercher, dis-lui de venir ici avec sa truelle et ses outils. Fais en sorte de n'éveiller que lui dans sa maison ; sa fortune passera vos désirs. Surtout sors d'ici sans jaser, sinon.... Il fronça le sourcil. Rosalie partit, il la rappela. - Tiens, prends mon passe-partout, dit-il. - Jean, cria monsieur de Merret d'une voix tonnante dans le corridor. Jean, qui était tout à la fois son cocher et son homme de confiance, quitta sa partie de brisque, et vint. - Allez vous coucher tous, lui dit son maître en lui faisant signe de s'approcher ; et le gentilhomme ajouta, mais à voix basse : - Lorsqu'ils seront tous endormis , entends-tu bien ? tu descendras m'en prévenir. Monsieur de Merret, qui n'avait par perdu de vue sa femme, tout en donnant ses ordres, revint tranquillement auprès d'elle devant le feu, et se mit à lui raconter les événements de la partie de billard et les discussions du Cercle. Lorsque Rosalie fut de retour, elle trouva monsieur et madame de Merret causant très-amicalement. Le gentilhomme avait récemment fait plafonner toutes les pièces qui composaient son appartement de réception au rez-de-chaussée. Le plâtre est fort rare à Vendôme, le transport en augmente beaucoup le prix ; le gentilhomme en avait donc fait venir une assez grande quantité, sachant qu'il trouverait toujours bien des acheteurs pour ce qui lui resterait. Cette circonstance lui inspira le dessein qu'il mit à exécution. - Monsieur, Gorenflot est là, dit Rosalie à voix basse. - Qu'il entre ! répondit tout haut le gentilhomme picard. Madame de Merret pâlit légèrement en voyant le maçon. - Gorenflot, dit le mari, va prendre des briques sous la remise, et apportes-en assez pour murer la porte de ce cabinet ; tu te serviras du plâtre qui me reste pour enduire le mur. Puis attirant à lui Rosalie et l'ouvrier : - Ecoute, Gorenflot, dit-il à voix basse, tu coucheras ici cette nuit. Mais, demain matin, tu auras un passe-port pour aller en pays étranger dans une ville que je t'indiquerai. Je te remettrai six mille francs pour ton voyage. Tu demeureras dix ans dans cette ville ; si tu ne t'y plaisais pas, tu pourrais t'établir dans une autre, pourvu que ce soit au même pays. Tu passeras par Paris, où tu m'attendras. Là, je t'assurerai par un contrat, six autres mille francs qui te seront payés à ton retour au cas où tu aurais rempli les conditions de notre marché. A ce prix, tu devras garder le plus profond silence sur ce que tu auras fait ici cette nuit. Quant à toi, Rosalie, je te donnerai dix mille francs qui ne te seront comptés que le jour de tes noces, et à la condition d'épouser Gorenflot ; mais, pour vous marier, il faut se taire. Sinon, plus de dot. - Rosalie, dit madame de Merret, venez me coiffer. Le mari se promena tranquillement de long en large, en surveillant la porte, le maçon et sa femme, mais sans laisser paraître une défiance injurieuse. Gorenflot fut obligé de faire du bruit. Madame de Merret saisit un moment où l'ouvrier déchargeait des briques et où son mari se trouvait au bout de la chambre, pour dire à Rosalie : - Mille francs de rente pour toi, ma chère enfant, si tu peux dire à Gorenflot de laisser une crevasse en bas. Puis, tout haut, elle lui dit avec sang-froid : - Va donc l'aider ! Monsieur et madame de Merret restèrent silencieux pendant tout le temps que Gorenflot mit à murer la porte. Ce silence était calcul chez le mari, qui ne voulait pas fournir à sa femme le prétexte de jeter des paroles à double entente ; et chez madame de Merret ce fut prudence ou fierté. Quand le mur fut à la moitié de son élévation, le rusé maçon prit un moment où le gentilhomme avait le dos tourné pour donner un coup de pioche dans l'une des deux vitres de la porte. Cette action fit comprendre à madame de Merret que Rosalie avait parlé à Gorenflot. Tous trois virent alors une figure d'homme sombre et brune, des cheveux noirs, un regard de feu. Avant que son mari ne se fût retourné, la pauvre femme eut le temps de faire un signe de tête à l'étranger pour qui ce signe voulait dire : - Espérez ! A quatre heures, vers le petit jour, car on était au mois de septembre, la construction fut achevée. Le maçon resta sous la garde de Jean, et monsieur de Merret coucha dans la chambre de sa femme. Le lendemain matin en se levant, il dit avec insouciance : - Ah ! diable, il faut que j'aille à la mairie pour le passe-port. Il mit son chapeau sur sa tête, fit trois pas vers la porte, se ravisa, prit le crucifix. Sa femme tressaillit de bonheur. - Il ira chez Duvivier, pensa-t-elle. Aussitôt que le gentilhomme fut sorti, madame de Merret sonna Rosalie ; puis, d'une voix terrible : - La pioche, la pioche, s'écria-t-elle, et à l'ouvrage ! J'ai vu hier comment Gorenflot s'y prenait, nous aurons le temps de faire un trou et de le reboucher. En un clin d'oeil, Rosalie apporta une espèce de merlin à sa maîtresse, qui, avec une ardeur dont rien ne pourrait donner une idée, se mit à démolir le mur. Elle avait déjà fait sauter quelques briques, lorsqu'en prenant son élan pour appliquer un coup encore plus vigoureux que les autres, elle vit monsieur de Merret derrière elle ; elle s'évanouit. - Mettez madame sur son lit, dit froidement le gentilhomme. Prévoyant ce qui devait arriver pendant son absence, il avait tendu un piége à sa femme ; il avait tout bonnement écrit au maire, et envoyé chercher Duvivier. Le bijoutier arriva au moment où le désordre de l'appartement venait d'être réparé. - Duvivier, lui demanda le gentilhomme, n'avez-vous pas acheté des crucifix aux Espagnols qui ont passé par ici ? - Non, monsieur. - Bien, je vous remercie, dit-il en échangeant avec sa femme un regard de tigre. - Jean, ajouta-t-il en se tournant vers son valet de confiance, vous ferez servir mes repas dans la chambre de madame de Merret, elle est malade, et je ne la quitterai pas qu'elle ne soit rétablie. Le cruel gentilhomme resta pendant vingt jours près de sa femme. Durant les premiers moments, quand il se faisait quelque bruit dans le cabinet muré et que Joséphine voulait l'implorer pour l'inconnu mourant, il lui répondait, sans lui permettre de dire un seul mot : - Vous avez juré sur la croix qu'il n'y avait là personne.
Après ce récit, toutes les femmes se levèrent de table, et le charme sous lequel Bianchon les avait tenues fut dissipé par ce mouvement. Néanmoins quelques-unes d'entre elles avaient eu quasi froid en entendant le dernier mot.
http://www.french-book.net/text/Biblio/Fr/Balzac/balzac_breteche.html




The Mysterious Mansion, Horror Audiobook, by Honore de Balzac, Gothic

Balzac
Escritor francês
Por Dilva Frazão
Biografia de Balzac
Balzac (1799-1850) foi um escritor francês. Entre suas obras destacam-se "A Comédia Humana", "A Mulher de Trinta Anos", da qual se originou o termo, "balzaquiana", "O Lírio do Vale" e "Um Caso Tenebroso". Foi o grande retratista da burguesia do século XIX. A Comédia Humana é uma obra composta de 95 romances, ligados uns aos outros como se fossem os diversos momentos da vida.
Honoré de Balzac (1799-1850) nasceu em Tours, França, em 20 de maio de 1799. Filho do funcionário público Bernard François Balzac e Laure Sallambier. Entre os anos de 1807 e 1813, estuda no Colégio dos Oratorianos de Vendôme. Desde pequeno sonhava viver entre aristocratas, imortalizado pela atividade literária. Logo que aprendeu a escrever passou assinar Balzac e acrescentou um "de", marca de nobreza na França, "Honoré de Balzac".
Em 1814, a família vai morar em Paris. Com 20 anos formou-se em Direito e foi estagiar no escritório de Goyonnet de Merville, que mais tarde se transformaria em Derville, em uma série de romances que chamou de "A Comédia Humana". Os anos de estágio lhe forneceram material para vários romances como "A Duquesa de Langlois", "César Birotteau", e "O Contrato de um Casamento". Os sofrimentos dos réus, as artimanhas dos advogados, os tribunais, a força do dinheiro, todos os problemas na justiça francesa, dessa época, estão nas várias obras de Balzac.
A família se muda para Villeparisis, lugarejo próximo a Paris. Balzac resolve permanecer na cidade, abandonar o estágio e viver de literatura. Sem apoio da família, teria só um ano de mesada, foi morar num quarto da Rua Lesdiguières. Estava convencido que seria um grande escritor. Em 1820, depois de um ano, passado entre leituras, passeios e dúvidas, conclui "Cromwell", uma tragédia composta de versos alexandrinos.
O prazo de um ano havia terminado. Os romances sentimentais estavam na moda, publicados em fascículos mensais. Balzac sabia não ser esse o caminho da arte. Publica vários romances, elaboradas entre 1822 e 1825, sob os pseudônimos de "Lord R'hoone" e "Horace de Saint Aubin", foram alguns dos nomes que assinou. Desgostoso com o que produzia, vai a Villeparisis, onde conhece seu primeiro amor, Laure de Berny, amiga da família, 22 anos mais velha que ele, casada e mãe de sete filhos.
Em 1825, com recursos da família e de Laura de Berny, monta uma editora, mas em 1827, sem sucesso, volta a escrever. Inspirado no escritor Walter Scott, criador de romance histórico, publica "Os Chouans" e a "Fisiologia do Casamento", romances que lhe abriram as portas de importantes círculos literários, assinando seu nome pela primeira vez. Colabora com revistas e periódicos de sucesso. Em um único ano escreve inúmeros artigos, dezenove novela e romances, entre eles, "Catarina de Médicis", "A Pele de Onagro", "Beatriz" e "Pequenas Misérias da Vida Conjugal".
Em 1832, Balzac candidata-se a deputado, mas não teve os votos esperados. Os fidalgos não aceitam em seu meio, um provinciano plebeu. Nesse mesmo ano recebe uma carta de uma mulher que assinava "A Estrangeira", mais tarde descobriu ser a condessa polonesa Eveline Hanska, casada e bem mais velha que ele. Encontram-se na Suíça e tornaram-se amantes.
Em 1834, publica, "Pai Goriot", iniciando o sistema de repetição de personagens de uma obra para outra. Sentiu que podia fazer romances sem começo nem fim, ligados uns aos outros, representando os diversos momentos da vida. Nesse mesmo ano publica "A Comédia Humana", composta de 95 romances, dividido em três partes: "Estudos de Costumes", "Estudos Filosóficos" e "Estudos Analíticos". Publica ainda "O Contrato de Casamento", "O Lírio do Vale", onde celebra sua "Dileta" sob o nome de "Senhora Mortsauf" e "Memórias de Uma Jovem Esposa". Em 1942 publica "A Mulher de Trinta Anos", romance que deu origem a expressão "Balzaquiana", que faz referência às mulheres mais maduras.
Honoré de Balzac faleceu em Paris, França, no dia 18 de agosto de 1850, sem ter sido um aristocrata. É enterrado no Cemitério de Père-Lachaise. Vitor Hugo pronuncia o discurso fúnebre.




La Grande Bretèche


João Gilberto - Aos Pés Da Cruz - São Paulo – 1994

Palace São Paulo
13 de abril de 1994

João Gilberto: Violão,voz

"Aos pés da cruz" - J. Gonçalves / Marino Pinto


Aos pés da Santa Cruz, voce se ajoelhou
Em nome de Jesus, um grande amor voce jorou
Jurou, mas nao cumpriu, fingiu e me enganou
Pra mim voce mentiu, pra Deus voce pecou
O coraçao tem razoes, que a própria razao desconhece
Faz promessas e juras depois esquece
Seguindo este princípio, voce também prometeu
Chegou até a jurar um grande amor, mas depois esqueceu




Heineken Concerts:




Projeto/Produção
LPC Projetos Culturais
Direção Artística - Toy Lima

Gravação: TV Cultura de São Paulo


Referências

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/23/BalzacGrandBreteche01.jpg
https://youtu.be/gI9aYPeg5Wk
http://www.rota83.com/wp-content/uploads/2009/01/lupa.gif
http://www.french-book.net/text/Biblio/Fr/Balzac/balzac_breteche.html
https://youtu.be/wWXH9AMurYA
https://www.ebiografia.com/balzac/
https://youtu.be/cRw50gieMck
OS 100 MELHORES CONTOS DE CRIME E MISTÉRIO DA LITERATURA UNIVERSAL EDIOURO FLÁVIO MOREIRA DA COSTA Seleção introdução e notas

https://youtu.be/IWKZrl-uE2s

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