"I dont believe in
morality," says the amoral artist Louis Dubedat in the
third act, which is set in his studio. "I'm a disciple of Bernard
Shaw."
“Ele
largou a medicina pelo teatro. Conta que quase matou os pais de susto, aos 22
anos de idade, quando criou coragem para dizer que não seria mais médico. Ele
tinha até se especializado em obstetrícia, mas preferiu o palco. Meio século
depois, em 1996, ele fez um primeiro balanço dessa troca. Transformou seus
diários num livro autobiográfico, Fábrica de ilusão, 50 anos de
teatro.” Comentarista Valéria Grillo apresentando Sérgio
Britto (1923-2011) Memória Roda Viva
A verdade fundamental da moralidade
De B.B. para Louis Dubedat:
“Se
tivesse sido educado cientificamente, Sr. Dubedat, saberia quão raramente um
caso real confirma um princípio. Na prática médica, um homem pode morrer quando,
cientificamente falando, devia ter continuado a viver. Na verdade, eu bem sei
que se morre às vezes de uma doença contra a qual se estava, cientificamente
falando, imunizado. Mas isso não afeta a verdade fundamental da ciência.
Exatamente do mesmo modo, nos casos morais, o comportamento de um homem pode
ser perfeitamente inofensivo e mesmo benéfico, quando ele pode causar grande
mal quando está agindo moralmente de acordo com os mais elevados princípios.
Mas isso não afeta a verdade fundamental da moralidade.”
A imagem do médico
Moacyr Scliar
Este
18 de outubro, Dia do Médico, permite que se faça uma reflexão acerca da imagem
do médico para o público em geral. Afinal, a data homenageia uma figura que,
aparentemente, goza do respeito e da admiração do público. Mas será que sempre
foi assim? E será que continua sendo assim?
A resposta mais provavelmente é negativa, mesmo porque os médicos nem sempre ocuparam esse lugar destacado. No Antigo Testamento médicos aparecem raramente. No melancólico Jeremias há uma metafórica, e desanimada, alusão aos médicos. E o rei Asa, portador de uma séria enfermidade dos pés, morre por ter consultado médicos ao invés de recorrer ao Senhor. Na Roma antiga os médicos frequentemente eram escravos. Molière, em suas peças, vê os doutores como charlatães enganadores, e também assim Bernard Shaw em O Dilema do Médico. Em O Alienista Machado de Assis vai ainda mais longe, descrevendo um médico que é um tirano alucinado.
Mas
quando a medicina incorpora o método científico e passa realmente a curar
enfermidades a coisa muda, e surge uma visão heroica da profissão. Em livros
como A Cidadela, do escocês A.J. Cronin, e Olhai os Lírios do Campo,
de Erico Verissimo, que levaram muitos jovens de minha geração à Faculdade de
Medicina, o médico é um personagem generoso, que enfrenta bravamente não só as
doenças como os erros e a má-fé da sociedade.
***
Agora
temos de novo uma mudança. Mostra-o esta curiosa figura que é o dr. Gregory
House, da série House. Interpretado por Hugh Laurie, House é um gênio do
diagnóstico, mas um homem cínico, sarcástico, perturbado até; um médico que não
mostra muita simpatia para com os pacientes. O personagem é parcialmente
inspirado em Sherlock Holmes, o detetive ficcional criado, no final do século
19, por Sir Arthur Conan Doyle. Conan Doyle era médico, e, por sua vez,
inspirou-se num famoso cirurgião de Edimburgo, o dr. Joseph Bell (1837-1911),
com quem trabalhou.
Bell
era capaz de fazer diagnósticos, ou de deduzir coisas acerca de seus pacientes
antes mesmo que eles falassem. Mas Bell ficava contrariado quando lhe falavam
de Sherlock Holmes, assim como muitos médicos devem ficar contrariados vendo o
dr. House na tevê. Com razão. A medicina não é apenas conhecimento,
inteligência ou domínio da técnica; a medicina implica uma relação especial
entre pessoas. Recuperar esta relação é uma coisa que o dr. House precisa
urgentemente fazer.
Zero
Hora (RS), 17/10/2009
National
Theatre: The Doctor's Dilemma trailer
Doctor's
Dilemma, The Original Trailer
THE
DOCTOR'S DILEMMA (1958) excerpt [Eng
The
Doctor's Dilemma George Bernard Shaw Full original Movie
DILEMA
DO MÉDICO 1958 dublado com Dirk Borgarde
The Doctor's Dilemma by George Bernard Shaw LibriVox
The Doctor's Dilemma by George Bernard Shaw LibriVox
“Louis é um artista de caráter
duvidoso que está padecendo em função da tuberculose. Sua esposa, apesar de ter
ciência das falhas do amado, não medirá...”
Referência
https://books.google.com.br/books?id=b0BHjGSKVOgC&pg=PA187&lpg=PA187&dq=Louis+Dubedat+Amoral&source=bl&ots=jdNOi3Z1Et&sig=qGQxVcMyAWEshoLXPzMHt1sN4JA&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjytOrRw7XTAhWDvZAKHQjKBe0Q6AEIRTAF#v=onepage&q=Louis%20Dubedat%20Amoral&f=false
http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/416/entrevistados/sergio_britto_2003.htm
Shaw,
Bernard O Dilema Do Médico 1906 Tradução de R. Magalhães Júnior Edições
Melhoramentos São Paulo
http://www.academia.org.br/artigos/imagem-do-medico
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