sexta-feira, 21 de abril de 2017

O amoral Louis

"I dont believe in morality," says the amoral artist Louis Dubedat in the third act, which is set in his studio. "I'm a disciple of Bernard Shaw."

“Ele largou a medicina pelo teatro. Conta que quase matou os pais de susto, aos 22 anos de idade, quando criou coragem para dizer que não seria mais médico. Ele tinha até se especializado em obstetrícia, mas preferiu o palco. Meio século depois, em 1996, ele fez um primeiro balanço dessa troca. Transformou seus diários num livro autobiográfico, Fábrica de ilusão, 50 anos de teatro.” Comentarista Valéria Grillo apresentando Sérgio Britto (1923-2011) Memória Roda Viva

A verdade fundamental da moralidade

De B.B. para Louis Dubedat:

 “Se tivesse sido educado cientificamente, Sr. Dubedat, saberia quão raramente um caso real confirma um princípio. Na prática médica, um homem pode morrer quando, cientificamente falando, devia ter continuado a viver. Na verdade, eu bem sei que se morre às vezes de uma doença contra a qual se estava, cientificamente falando, imunizado. Mas isso não afeta a verdade fundamental da ciência. Exatamente do mesmo modo, nos casos morais, o comportamento de um homem pode ser perfeitamente inofensivo e mesmo benéfico, quando ele pode causar grande mal quando está agindo moralmente de acordo com os mais elevados princípios. Mas isso não afeta a verdade fundamental da moralidade.”

A imagem do médico
Moacyr Scliar
Este 18 de outubro, Dia do Médico, permite que se faça uma reflexão acerca da imagem do médico para o público em geral. Afinal, a data homenageia uma figura que, aparentemente, goza do respeito e da admiração do público. Mas será que sempre foi assim? E será que continua sendo assim?



A resposta mais provavelmente é negativa, mesmo porque os médicos nem sempre ocuparam esse lugar destacado. No Antigo Testamento médicos aparecem raramente. No melancólico Jeremias há uma metafórica, e desanimada, alusão aos médicos. E o rei Asa, portador de uma séria enfermidade dos pés, morre por ter consultado médicos ao invés de recorrer ao Senhor. Na Roma antiga os médicos frequentemente eram escravos. Molière, em suas peças, vê os doutores como charlatães enganadores, e também assim Bernard Shaw em O Dilema do Médico. Em O Alienista Machado de Assis vai ainda mais longe, descrevendo um médico que é um tirano alucinado.


Mas quando a medicina incorpora o método científico e passa realmente a curar enfermidades a coisa muda, e surge uma visão heroica da profissão. Em livros como A Cidadela, do escocês A.J. Cronin, e Olhai os Lírios do Campo, de Erico Verissimo, que levaram muitos jovens de minha geração à Faculdade de Medicina, o médico é um personagem generoso, que enfrenta bravamente não só as doenças como os erros e a má-fé da sociedade.


***


Agora temos de novo uma mudança. Mostra-o esta curiosa figura que é o dr. Gregory House, da série House. Interpretado por Hugh Laurie, House é um gênio do diagnóstico, mas um homem cínico, sarcástico, perturbado até; um médico que não mostra muita simpatia para com os pacientes. O personagem é parcialmente inspirado em Sherlock Holmes, o detetive ficcional criado, no final do século 19, por Sir Arthur Conan Doyle. Conan Doyle era médico, e, por sua vez, inspirou-se num famoso cirurgião de Edimburgo, o dr. Joseph Bell (1837-1911), com quem trabalhou.


Bell era capaz de fazer diagnósticos, ou de deduzir coisas acerca de seus pacientes antes mesmo que eles falassem. Mas Bell ficava contrariado quando lhe falavam de Sherlock Holmes, assim como muitos médicos devem ficar contrariados vendo o dr. House na tevê. Com razão. A medicina não é apenas conhecimento, inteligência ou domínio da técnica; a medicina implica uma relação especial entre pessoas. Recuperar esta relação é uma coisa que o dr. House precisa urgentemente fazer.

 


Zero Hora (RS), 17/10/2009 



National Theatre: The Doctor's Dilemma trailer


Doctor's Dilemma, The Original Trailer


THE DOCTOR'S DILEMMA (1958) excerpt [Eng 





The Doctor's Dilemma George Bernard Shaw Full original Movie


DILEMA DO MÉDICO 1958 dublado com Dirk Borgarde



The Doctor's Dilemma by George Bernard Shaw LibriVox


“Louis é um artista de caráter duvidoso que está padecendo em função da tuberculose. Sua esposa, apesar de ter ciência das falhas do amado, não medirá...”




Referência

https://books.google.com.br/books?id=b0BHjGSKVOgC&pg=PA187&lpg=PA187&dq=Louis+Dubedat+Amoral&source=bl&ots=jdNOi3Z1Et&sig=qGQxVcMyAWEshoLXPzMHt1sN4JA&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjytOrRw7XTAhWDvZAKHQjKBe0Q6AEIRTAF#v=onepage&q=Louis%20Dubedat%20Amoral&f=false
http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/416/entrevistados/sergio_britto_2003.htm
Shaw, Bernard O Dilema Do Médico 1906 Tradução de R. Magalhães Júnior Edições Melhoramentos São Paulo

http://www.academia.org.br/artigos/imagem-do-medico

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