sábado, 1 de abril de 2017

“Estamos fritos.”

Quando genitálias camuflam...
...golpismos de despudorados



Peixe Vivo
Carequinha/Altamiro Carrilho

Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria?

Como poderei viver?
Como poderei viver?

Sem a tua, sem a tua?
Sem a tua companhia

Como pode o Juscelino
Viver longe de Brasília?

JK ta lá e cá
JK ta cá e lá

Juscelino bom menino
Que não cansa de voar
Lá vai ele


Discurso de Jango na Central do Brasil em 1964



Peixe Vivo


Peixe Vivo - Palavra Cantada
Por Um Nonô Diamantino



Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria
Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria

Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia

Os pastores desta aldeia
Fazem prece noite e dia
Os pastores desta aldeia
Fazem prece noite e dia

Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia

Peixe Morto

Povo Unido – Palavra Calada
Por um Diamantino Mourão


Como pode o povo unido
Viver sem democracia

Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua hierarquia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua hierarquia

Os soldados desta vila
Fazem marcha noite e dia
Os soldados desta vila
Fazem marcha noite e dia

Sem a tua, sem a tua
Sem a tua hierarquia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua hierarquia


Memorial da Democracia


O Real Itamar Uma Biografia Ivanir Yazebeck 
PP. 86-91 

Caroneiros das circunstâncias...

...Rodando sempre em boa companhia

Biografia de ex-presidente Itamar Franco o engrandece até na intriga...

...FHC tenta mais uma vez pegar carona.

A mais famosa frase cunhada por Ortega y Gasset, ele que era um escritor que construía frases memoráveis a cada página escrita, é: “Eu sou eu e a minha circunstância e se não a salvo, não salvo a mim mesmo”, posta no intróito ao livro Meditaciones del Quixote”. Depois da expressão “Penso, logo existo”, cunhada por Descartes, é a mais sensacional síntese filosófica que um pensador tenha conseguido. Ela diz muita coisa em filosofia, é a própria representação da razão vital orteguiana, que veio para superar o unilateralismo idealista e sepultar de vez um eventual resgate do realismo filosófico. Nivaldo Cordeiro




Mas a história tem outros agentes que não são apenas guiados pela ganância do poder pelo poder.

Se Itamar não salvasse a sua circunstância em 1964 e no episódio do carnaval de 1994 quando militares tentaram bulir com seu ser, provavelmente não poderia, posteriormente aos eventos citados, ajudar a salvar as circunstâncias de muitos que demonstraram, com ele vivo, e post mortem também, os seus pobres seres que nunca estiveram à altura da grandeza do ex-presidente garantidor do ser da democracia em nosso país apesar das circunstâncias que aparentemente lhe desfavoreciam.

“Ao lado de Dona Itália, atenta, semblante preocupado, na casa da Rua Sampaio, 376, o amigo e jornalista Ismair Zaghetto lia para Itamar as notícias do Correio da Manhã e do Jornal do Brasil de 14 de março de 1964. No dia anterior, uma aziaga sexta-feira, 13, acendera-se o pavio que detonaria o golpe contra o regime, três semanas depois. Não apenas os dois diários cariocas, mas toda a imprensa nacional destacou em manchetes alarmantes o comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro. A plateia foi estimada em 150 mil pessoas, justamente em frente à imponente sede do Ministério da Guerra, cercada de tropas em defesa do patrimônio contra os mis exaltados que urravam a cada palavra de ordem exigindo reformas políticas. A localização do comício acentuava ainda mais a impressão de provocação deliberada aos brios militares.”

ATO DO COMANDO SUPREMO DA REVOLUÇÃO Nº 1, DE 10 DE ABRIL DE 1964
ATO Nº 1- SUSPENDE DIREITOS POLITICOS.
O Comando Supremo da Revolução resolve, nos têrmos do art. 10 do Ato Institucional, de 9 de abril de 1964, suspender, pelo prazo de dez anos, os direitos políticos dos seguintes cidadãos:
1. Luiz Carlos Prestes
2. João Belchior Marques Goulart
3. Janio da Silva Quadros
4. Miguel Arrais de Alencar
5. Darci Ribeiro
6. Raul Riff
7. Waldir Pires
8. Gen. R/1 Luiz Gonzaga de Oliveira Leite
9. Gen. R/1 Sampson da Nóbrega Sampaio
10. Leonel de Moura Brizola
11. Clodsmith Riani
12. Clodomir Moraes
13. Hercules Correa dos Reis
14. Dante Pelacani
15. Oswaldo Pacheco da Silva
16. Samuel Wainer
17. Santos Vahlis
18. Lincoln Cordeiro Oest
19. Heber Maranhão
20. José Campelo Filho
21. Desembargador Osni Duarte Pereira
22. Ministro José de Aguiar Dias
23. Francisco Mangabeira
24. Jesus Soares Pereira
25. Hugo Regis dos Reis
26. Jairo José Farias
27. José Jofily
28. Celso Furtado
29. Marechal R/1 Osvino Ferreira Alves
30. Josué de Castro
31. João Pinheiro Neto
32. Antonio Garcia Filho
33. Djalma Maranhão
34. Huberto Menezes Pinheiro
35. Ubaldino Santos
36. Raphael Martinelli
37. Raimundo Castelo de Souza
38. Rubens Pinho Teixeira
39. Felipe Ramos Rodrigues
40. Alvaro Ventura
41. Antonio Pereira Netto
42. João Batista Gomes
43. Ademar Latrilha
44. Feliciano Honorato Wanderley
45. Othon Canedo Lopes
46. Paulo de Santana
47. Luiz Hugo Guimarães
48. Luiz Viegas da Mota Lima
49. Severino Schnaipp
50. Meçando Rachid
51. Newton Oliveira
52. Demistóclides Baptista
53. Roberto Morena
54. Benedicto Cerqueira
55. Humberto Melo Bastos
56. Hermes Caíres de Brito
57. Aluisio Palhano Pedreira Ferreira
58. Salvador Romano Lossaco
59. Olympio Fernandes de Mello
60. Waldir Gomes dos Santos
61. Amauri Silva
62. Almino Monteiro Alvares Afonso
63. José Guimarães Neiva Moreira
64. Clovis Ferro Costa
65. Silvio Leopoldo de Macambira Braga
66. Adahil Barreto Cavalcante
67. Abelardo de Araujo Jurema
68. Arthur Lima Cavalcante
69. Francisco Julião
70. José Lamartine Tavora
71. Murilo Costa Rego
72. Pelopidas Silveira
73. Barros Barreto
74. Waldemar Alves
75. Henrique Cordeiro Oest
76. Fernando de Sant'Ana
77. Helio Vitor Ramos
78. João Doria
79. Mario Soares Lima
80. Ramon de Oliveira Netto
81. Luiz Fernando Bocayuva Cunha
82. Luiz Gonzaga de Paiva Muniz
83. Adão Pereira Nunes
84. Eloy Angelo Coutinho Dutra
85. Marco Antonio
86. Max da Costa Santos
87. Roland Cavalcante Albuquerque Corbisier
88. Sergio Nunes de Magalhães Junior
89. José Aparecido de Oliveira
90. Plinio Soares de Arruda Sampaio
91. José Antonio Rogé Ferreira
92. Rubens Paiva
93. Paulo de Tarso Santos
94. Moysés Lupion
95. Milton Garcia Dutra
96. Ney Ortiz Borges
97. Paulo Mincaroni
98. Armando Temperani Pereira
99. Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo
100. José Anselmo dos Santos
Rio de Janeiro, GB., 10 de abril de 1964. 
Arthur da Costa e Silva , General-de-Exército
Francisco de Assis Correia de Mello , TenenteBrigadeiro
Augusto Hamann Rademaker Grunewald , Vice-Almirante. 

Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União - Seção 1 de 10/04/1964


Publicação:
Diário Oficial da União - Seção 1 - 10/4/1964, Página 3217 (Publicação Original)



“A intuição – ou visão de futuro de Itamar – foi fundamental para sua sobrevivência política, não apenas naquele momento crucial, mas em toda a trajetória política, desde o tempo em que se fez reconhecido pela capacidade de trabalho e o “cuidado obsessivo ao lidar com as coisas públicas”.




FHC lembra em livro da genitália que virou crise
Por Josias de Souza


A foto no camarote da Marquês do Sapucaí com Lilian Ramos com uma genitália desnuda e o presidente Itamar Franco ao lado rendeu polêmica na imprensa e Congresso depois daquele Carnaval de 1994


Num instante em que o valor do político brasileiro é medido pela quantidade de mochilas que ele recebeu da Odebrecht num cabaré, é interessante recordar que houve no Brasil um presidente atípico. Chamava-se Itamar Franco. A exemplo de Michel Temer, foi uma espécie de interlúdio entre um impeachment e a eleição seguinte. Balançou no cargo. Quase caiu. Mas o escândalo que estremeceu sua autoridade foi causado não por propinas ou desvios milionários de verbas públicas, mas por uma calcinha. Ou, por outra, o cargo de Itamar esteve por um fio em função da falta de uma calcinha. Fernando Henrique Cardoso desenterrou o caso no seu novo livro, o terceiro volume da série Diários da Presidência, que acaba de chegar às prateleiras.
A encrenca nasceu no Carnaval de 1994. Acompanhado de um séquito de auxiliares, Itamar foi ao Sambódromo, no Rio de Janeiro. Desimpedido, derreteu-se por Lilian Ramos, uma modelo que exibira suas formas no desfile da Escola de Samba Grande Rio. Olha daqui, repara dali, a foliã foi parar no camarote presidencial, ao lado de Itamar. Vestia apenas um camisão que lhe recobria as formas do torso ao início das coxas. No mais, estava como viera ao mundo. Desavisado, Itamar deixou-se fotografar, de baixo para cima, ao lado da genitalha desnuda de sua acompanhante. As imagens correram o noticiário. Seguiu-se em Brasília um estrépito mais forte do que o barulho de todas as baterias que haviam soado no Sambódromo do Rio
Ministro da Fazenda de Itamar, FHC conta que foi procurado pelo general Romildo Canhim, então ministro da Administração. Falando em nome dos comandantes militares, Canhim queria saber se o interlocutor toparia permanecer à frente da pasta onde se costurava o Plano Real na hipótese de Itamar ser afastado da Presidência da República. “Eu disse ao Canhim que não, que nem um dia”, escreveu o grão-tucano no seu livro. As memórias de FHC resultam de uma coleção de segredos e impressões que ele ditou para um gravador ao longo dos oito anos de sua presidência. No caso da crise da calcinha FHC foi econômico nas palavras. Absteve-se de revelar os detalhes.
O episódio veio à luz pela primeira vez no final de 1994, nas páginas do livro “A História Real, trama de uma sucessão”, escrito por mim e pelo repórter Gilberto Dimenstein. A obra resultou de um projeto que visava contar aos bastidores da sucessão presidencial em que FHC, cavalgando o Plano Real, prevaleceu sobre Lula pela primeira vez. Entre janeiro de 1994 e a abertura das urnas, fizemos 124 entrevistas. A maioria dos entrevistados concordou em falar sob a condição de que as informações só fossem publicadas depois das eleições presidenciais.
Conversei com o general Romildo Canhim (1933-2006) por mais de três horas. Nessa conversa, ele relatou o que sucedera nas pegadas da aventura carnavalesca de Itamar. Antes de procurar FHC, Canhim tivera uma longa conversa com o então ministro do Exército, general Zenildo de Lucena. Ouvira um relato sobre a inquietação dos quarteis com as cenas do Sambódromo. Preocupados, os ministros militares haviam discutido a encrenca numa reunião sigilosa.
Pela Constituição, o presidente da República é o “comandante em chefe” das Forças Armadas. E os ministros fardados avaliavam que, depois de ser flagrado em público ao lado de uma genitália sem camuflagem, esse preceito constitucional parecia revogado.

Para eles, a dignidade do cargo de presidente fora, por assim dizer, carnavalizada, trincando o princípio da autoridade, tão caro para um militar quanto o ar que ele respira. Os ministros discutiram a sério a hipótese de substituição do presidente.

Os militares mencionavam um “complicador”. Como se não bastasse o presidente ter sido fotografado de mãos dadas com uma modelo sem calças, o então ministro da Justiça, Maurício Corrêa, entornara no Sambódromo mais álcool do que seria recomendável para uma pessoa na sua posição. Até as fotos, estáticas, denunciavam um Corrêa trôpego, copo de uísque na mão. Tramou-se negociar com Itamar a sua renúncia, abrindo espaço para uma solução constitucional.

O plano esbarrou na recusa de FHC de permanecer no cargo sem Itamar e na má qualidade das opções de substituto. Percorrendo a linha sucessória, a eventual renúncia de Itamar levaria, nessa ordem, aos presidentes da Câmara e do Senado, deputado Inocêncio Oliveira e senador Humberto Lucena. Que os militares consideraram desqualificados. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Octávio Gallotti, terceiro na linha de sucessão, era visto como um personagem fraco, sem pulso. A turma do quepe concluiu que a República nunca estivera em mãos tão débeis. Avaliou-se que o resultado da troca não compensaria o desgaste de uma articulação para a saída de Itamar.

Entretanto, os comandantes militares decidiram que Itamar precisava lhes fornecer algo que pudessem exibir à tropa. O escalpo de Maurício Corrêa pareceu-lhes uma compensação adequada. Enxergaram em FHC a melhor pessoa para informar ao presidente sobre a conveniência de levar à bandeja a cabeça do ministro da Justiça, seu velho amigo. Acionado pelo general Romildo Canhin, FHC encontrou-se com Itamar fora da agenda, na Base Aérea de Brasília.

Ao farejar o cheiro de queimado, Itamar não opôs resistência à substituição do titular da Justiça. Tinha inclusive o nome de um substituto no bolso do colete: Alexandre Dupeyrat, um advogado que o assessorava no Planalto. Informados, os militares serenaram os ânimos. Mandaram circular pelos quartéis a informação sobre a queda iminente de Maurício Corrêa. Do Planalto, vazaram informações a respeito da decisão do presidente de trocar o titular da Justiça.

Maurício Corrêa ainda teria uma sobrevida de dois meses na Justiça. Itamar recusou-se a demiti-lo com humilhação. Deixou o posto a pretexto de disputar o governo de Brasília —candidatura que seria inviabilizada posteriormente. O caso da calcinha, por folclórico, escorregou naturalmente das manchetes para o esquecimento. Hoje, frequenta as páginas de livros como uma passagem pitoresca de um Brasil que ainda não sabia que seus flagelos se tornariam mais se tornariam mais superlativos do que o Collorgate, escândalo que levou o vice Itamar à poltrona de presidente. A crise brasileira apaixonou-se pela desinência ‘ão’. E foi plenamente correspondida no mensalão, no petrolão, na recessão… Tudo isso mais o mochilão da Odebrecht, nova unidade monetária do país da corrupção.





A armadilha da “pornostar”

“Um dos poucos registros na imprensa dando ao fato sua real dimensão levava a assinatura do colunista Ricardo Boechat, em O Globo:”

“A apaixonada ligação de Itamar com a modelo Lilian Ramos, ontem, assemelhou-se a uma confissão de um cordeiro por uma onça. Ao franquear a extensão de seu telefone para que os repórteres ouvissem a conversa, que seu ingênuo interlocutor supunha privada, a moça mostrou que é profissional de larga experiência.                E bota experiência nisso.”

“Em respeito ao presidente da República, mantemos o silêncio” – declarou o secretário-geral da CNBB, dom Celso Queiroz.

A igreja católica não embarcaria mais uma vez em canoa furada.



Comício da Central do Brasil 1964

O começo do fim

22 de agosto de 1976, Resende, Rio de Janeiro




Os 40 anos da morte de Juscelino Kubitschek


Referência

Yazbeck, Ivanir O Real Itamar: uma biografia / Ivanir Yazbeck. - Belo Horizonte: Editora Gutenberg, 2011
http://www.ebc.com.br/cidadania/2014/03/discurso-de-jango-na-central-do-brasil-em-1964
https://www.google.com.br/search?q=jo%C3%A3o+goulart+e+maria+thereza+no+palanque+do+Com%C3%ADcio+da+Central+do+Brasil+em+1964&newwindow=1&rlz=1C1PRFB_enBR559BR559&espv=2&tbm=isch&imgil=00tDSwuKfzTlvM%253A%253BQDS1ZG5xFbePlM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fm.memorialdademocracia.com.br%25252Fcard%25252Fcomicio-da-central-300-mil-apoiam-reformas&source=iu&pf=m&fir=00tDSwuKfzTlvM%253A%252CQDS1ZG5xFbePlM%252C_&usg=__WMo_2XUEYgPg6vETAp2LkJFhFQM%3D&biw=1067&bih=513&ved=0ahUKEwiKuaDZ2fXSAhXGWpAKHQF4AeMQyjcIJw&ei=UIHYWIrRBMa1wQSB8IWYDg#imgrc=00tDSwuKfzTlvM:
http://nivaldocordeiro.net/blog/2013/06/11/ortega-y-gasset-e-as-circunstancias/
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/atocsr/1960-1969/atodocomandosupremodarevolucao-1-10-abril-1964-364826-publicacaooriginal-1-csr.html
http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2017/03/26/fhc-lembra-em-livro-da-genitalia-que-virou-crise/

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