"Porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão.”
JESUS (Lucas, 6:38)
Para o esquimó, o céu é um continente de gelo,
sustentado a focas.
Para o selvagem da floresta, não há outro paraíso,
além da caça abundante.
Para o homem de religião sectária, a glória de além-túmulo
pertence exclusivamente a ele e aos que se lhe afeiçoam.
Para o sábio, este mundo e os círculos celestiais que
o rodeiam são pequeninos departamentos do Universo.
Transfere a observação para o teu campo de
experiência diária e não olvides que as situações externas serão
retratadas em teu plano interior, segundo o material de reflexão que
acolhes na consciência.
Se perseverares na cólera, todas as forças em torno te
parecerão iradas.
Se preferes a tristeza, anotarás o desalento, em cada
trecho do caminho.
Se duvidas de ti próprio, ninguém confia em
teu esforço.
Se te habituaste às perturbações e aos atritos,
dificilmente saberás viver em paz contigo mesmo.
Respirarás na zona superior ou inferior,
torturada ou tranqüila, em que colocas a própria mente. E, dentro da
organização na qual te comprazes, viverás com os gênios que invocas. Se te
deténs no repouso, poderás adquiri-lo em todos os tons e matizes, e, se te
fixares no trabalho, encontrarás mil recursos diferentes de servir.
Em torno de teus passos, a paisagem que te abriga será
sempre em tua apreciação aquilo que pensas dela, porque com a mesma medida que
aplicares à Natureza, obra viva de Deus, a Natureza igualmente te medirá.
72 Contempla mais
longe Pão Nosso FEB COLEÇÃO FONTE VIVA 1950 30ª edição - 4ª impressão - 8/2017
AMAI OS VOSSO INIMIGOS
Os inimigos desencarnados
A vingança
9. A vingança é um dos últimos remanescentes dos
costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens. É, como o duelo,
um dos derradeiros vestígios dos hábitos selvagens sob cujos guantes se debatia
a Humanidade, no começo da Era Cristã, razão por que a vingança constitui
indício certo do estado de atraso dos homens que a ela se dão e dos Espíritos
que ainda as inspirem. Portanto, meus amigos, nunca esse sentimento deve fazer
vibrar o coração de quem quer que se diga e proclame espírita. Vingar-se é, bem
o sabeis, tão contrário àquela prescrição do Cristo: “Perdoai aos vossos
inimigos”, que aquele que se nega a perdoar não somente não é espírita como
também não é cristão. A vingança é uma inspiração tanto mais funesta, quanto
tem por companheiras assíduas a falsidade e a baixeza. Com efeito, aquele que
se entrega a essa fatal e cega paixão quase nunca se vinga a céu aberto. Quando
é ele o mais forte, cai qual fera sobre o outro a quem chama seu inimigo, desde
que a presença deste último lhe inflame a paixão, a cólera, o ódio. Porém, as
mais das vezes assume aparências hipócritas, ocultando nas profundezas do coração
os maus sentimentos que o animam. Toma caminhos escusos, segue na sombra o
inimigo, que de nada desconfia, e espera o momento azado para sem perigo
feri-lo. Esconde-se do outro, espreitando-o de contínuo, prepara-lhe odiosas
armadilhas e, sendo propícia a ocasião, derrama-lhe no copo o veneno. Quando
seu ódio não chega a tais extremos, ataca-o então na honra e nas afeições; não
recua diante da calúnia, e suas pérfidas insinuações, habilmente espalhadas a
todos os ventos, se vão avolumando pelo caminho. Em consequência, quando o
perseguido se apresenta nos lugares por onde passou o sopro do perseguidor,
espanta-se de dar com semblantes frios, em vez de fisionomias amigas e
benevolentes que outrora o acolhiam. Fica estupefato quando mãos que se lhe
estendiam, agora se recusam a apertar as suas. Enfim, sente-se aniquilado, ao
verificar que os seus mais caros amigos e parentes se afastam e o evitam. Ah! o
covarde que se vinga assim é cem vezes mais culpado do que o que enfrenta o seu
inimigo e o insulta em plena face.
Fora, pois, com esses costumes selvagens! Fora com
esses processos de outros tempos! Todo espírita que ainda hoje pretendesse ter
o direito de vingar-se seria indigno de figurar por mais tempo na falange que
tem como divisa: Sem caridade não há salvação! Mas não, não posso
deter-me a pensar que um membro da grande família espírita ouse jamais, de
futuro, ceder ao impulso da vingança, senão para perdoar. – Júlio Olivier.
(Paris, 1862.)
Amai os vossos inimigos O Evangelho
Segundo o Espiritismo ALLAN KARDEC FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Rio - Brasil
1944 Tradução de Guillon Ribeiro da 3ª edição francesa revista, corrigida
e modificada pelo autor em 1866
Sua capacidade é fantástica.
O seu entendimento progride com o
exercício da mente.
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