sábado, 14 de novembro de 2020

Contempla mais longe

 

"Porque  com  a  mesma  medida  com  que  medirdes  também vos medirão.” 

JESUS (Lucas, 6:38)  

Para o esquimó, o céu é um continente de gelo, sustentado a focas.

Para o selvagem da floresta, não há outro paraíso, além da caça abundante.

Para o homem de religião sectária, a glória de além-­túmulo  pertence exclusivamente a ele e aos que se lhe afeiçoam.

Para o sábio, este mundo e os círculos celestiais que o rodeiam são  pequeninos departamentos do Universo.

Transfere a observação para o teu  campo de experiência diária e não  olvides que as situações externas serão retratadas em teu plano interior, segundo o  material de reflexão que acolhes na consciência.

Se perseverares na cólera, todas as forças em torno te parecerão iradas.

Se preferes a tristeza, anotarás o desalento, em cada trecho do caminho.

Se duvidas de ti próprio, ninguém confia em teu esforço.

Se te habituaste às perturbações e aos atritos, dificilmente saberás viver em paz contigo mesmo.

Respirarás na zona superior ou  inferior, torturada ou  tranqüila, em que colocas a própria mente. E, dentro da organização na qual te comprazes, viverás com os gênios que invocas. Se te deténs no repouso, poderás adquiri-­lo em todos os tons e matizes, e, se te fixares no trabalho, encontrarás mil recursos diferentes de servir.

Em torno de teus passos, a paisagem que te abriga será sempre em tua apreciação aquilo que pensas dela, porque com a mesma medida que aplicares à Natureza, obra viva de Deus, a Natureza igualmente te medirá.

72 Contempla mais longe Pão Nosso FEB COLEÇÃO FONTE VIVA 1950 30ª edição - 4ª impressão - 8/2017

 

 

 

AMAI OS VOSSO INIMIGOS

 

Os inimigos desencarnados

A vingança

9. A vingança é um dos últimos remanescentes dos costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens. É, como o duelo, um dos derradeiros vestígios dos hábitos selvagens sob cujos guantes se debatia a Humanidade, no começo da Era Cristã, razão por que a vingança constitui indício certo do estado de atraso dos homens que a ela se dão e dos Espíritos que ainda as inspirem. Portanto, meus amigos, nunca esse sentimento deve fazer vibrar o coração de quem quer que se diga e proclame espírita. Vingar-se é, bem o sabeis, tão contrário àquela prescrição do Cristo: “Perdoai aos vossos inimigos”, que aquele que se nega a perdoar não somente não é espírita como também não é cristão. A vingança é uma inspiração tanto mais funesta, quanto tem por companheiras assíduas a falsidade e a baixeza. Com efeito, aquele que se entrega a essa fatal e cega paixão quase nunca se vinga a céu aberto. Quando é ele o mais forte, cai qual fera sobre o outro a quem chama seu inimigo, desde que a presença deste último lhe inflame a paixão, a cólera, o ódio. Porém, as mais das vezes assume aparências hipócritas, ocultando nas profundezas do coração os maus sentimentos que o animam. Toma caminhos escusos, segue na sombra o inimigo, que de nada desconfia, e espera o momento azado para sem perigo feri-lo. Esconde-se do outro, espreitando-o de contínuo, prepara-lhe odiosas armadilhas e, sendo propícia a ocasião, derrama-lhe no copo o veneno. Quando seu ódio não chega a tais extremos, ataca-o então na honra e nas afeições; não recua diante da calúnia, e suas pérfidas insinuações, habilmente espalhadas a todos os ventos, se vão avolumando pelo caminho. Em consequência, quando o perseguido se apresenta nos lugares por onde passou o sopro do perseguidor, espanta-se de dar com semblantes frios, em vez de fisionomias amigas e benevolentes que outrora o acolhiam. Fica estupefato quando mãos que se lhe estendiam, agora se recusam a apertar as suas. Enfim, sente-se aniquilado, ao verificar que os seus mais caros amigos e parentes se afastam e o evitam. Ah! o covarde que se vinga assim é cem vezes mais culpado do que o que enfrenta o seu inimigo e o insulta em plena face.

Fora, pois, com esses costumes selvagens! Fora com esses processos de outros tempos! Todo espírita que ainda hoje pretendesse ter o direito de vingar-se seria indigno de figurar por mais tempo na falange que tem como divisa: Sem caridade não há salvação! Mas não, não posso deter-me a pensar que um membro da grande família espírita ouse jamais, de futuro, ceder ao impulso da vingança, senão para perdoar. – Júlio Olivier. (Paris, 1862.)

Amai os vossos inimigos O Evangelho Segundo o Espiritismo ALLAN KARDEC FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Rio - Brasil 1944 Tradução de Guillon Ribeiro da 3ª edição francesa revista, corrigida e modificada pelo autor em 1866

 

 

Sua capacidade é fantástica.

O seu entendimento progride com o exercício da mente.

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