quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Lumiar e escuridão no Amapá

 

Juiz federal afasta diretores da Aneel e do ONS por 30 dias por apagão no Amapá

Ele ressalta que não há dúvidas que houve omissão, em um ‘apagão de gestão’ em relação à distribuição de energia no estado

ANA POMPEU

BRASÍLIA

19/11/2020 14:35Atualizado em 19/11/2020 às 18:23




 

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Macapá apagão amapáMercado no bairro de Santa Rita, em Macapá, no dia 7 de novembro de 2020 / Crédito: Rudja Santos/Amazônia Real

 

O juiz federal João Bosco Costa Soares da Silva, da 2ª Vara Cível do Amapá, afastou, nesta quinta-feira (19/11), por 30 dias a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e também do Operador Nacional do Sistema (ONS) para evitar interferências na apuração das responsabilidades pelo apagão no estado. Leia a íntegra de decisão. […]

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“Povo tratado como rebanho bovino”, diz juiz que afastou diretores da Aneel

Amapá sofre há 17 dias com a falta de energia. Magistrado criticou a capacidade de resposta do governo federal durante crise energética

OTÁVIO AUGUSTO

19/11/2020 15:58,ATUALIZADO 19/11/2020 16:15




 

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falta de energia em amapá dificulta a rotina dos moradores do estado1HUGO BARRETO/METRÓPLES

Adecisão do juiz federal João Bosco, que determinou o afastamento da direção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Operador Nacional do Sistema (ONS) por 30 dias, não repercutiu bem entre os integrantes da comitiva que viajam ao Amapá acompanhando o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque.

O estado sofre há 17 dias com a falta de energia. Nesta quinta-feira (19/11), o juiz decidiu pelo afastamento e argumentou que a medida é para preservar a integridade das investigações.

O magistrado usou termos fortes e fez duras críticas às respostas dada pelo governo federal para o problema até o momento. Em determinado trecho, ele escreveu: “Povo tratado como rebanho bovino”, logo após assinalar que o Amapá vive um “pavoroso cenário de crise”.

Um dos trechos mais enfáticos da decisão, João Bosco diz que os responsáveis por solucionar o problema cometeram uma “sucessão de erros e condenáveis negligências”.

“Mostram o lado triste de uma face oculta do Estado Brasileiro que, ao não se planejar e ao não se organizar adequadamente para o futuro, figurando demasiadamente conivente com a corrupção (promiscuidade entre interesses econômicos e políticos), está nos conduzindo ao ‘neocolonialismo’, e não ao papel de uma grande nação que poderíamos vir a ser”, frisou.

 

Veja a decisão completa:

Decisão – Afastamento diretoria da ANEEL.pdf by Metropoles on Scribd

 

A medida é considerada extrema, sobretudo pelo fato de os diretores serem escolhidos pelo Poder Executivo e chancelados pelo Poder Legislativo. O próprio juiz reconheceu a complexidade da decisão.

 

“Apagão de gestão”

Segundo o juiz, o “lamentável blecaute” foi reflexo de um “autêntico apagão de gestão”. “[O problema foi] provocado por uma sucessão de governos federais que negligenciaram o planejamento adequado de políticas públicas de produção, transmissão e distribuição de energia elétrica, deixando o sistema entregue a própria sorte e em mãos de grupos políticos e econômicos que se unem estritamente para fins de enriquecimento ilícito, tratando o povo como ‘rebanho bovino’ e não como sujeitos de direitos”, afirmou.




 

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falta de energia em amapá dificulta a rotina dos moradores do estado1

Polícia Federal investiga o casoHugo Barreto/Metróples

falta de energia em amapá dificulta a rotina dos moradores do estado1

População do Amapá sofre com o apagãoHugo Barreto/Metróples

falta de energia em amapá dificulta a rotina dos moradores do estado1

Novo apagão atingiu o Amapá na terça (17/11)Hugo Barreto/Metróples

falta de energia em amapá dificulta a rotina dos moradores do estado1

Eleições municipais foram adiadas em Macapá por causa da falta de energiaHugo Barreto/Metróples

falta de energia em amapá dificulta a rotina dos moradores do estado1

Apagão no AmapáHugo Barreto/Metróples

falta de energia em amapá dificulta a rotina dos moradores do estado1

Em todo o estado, 13 dos 16 municípios foram atingidosHugo Barreto/Metróples

falta de energia em amapá dificulta a rotina dos moradores do estado1

Polícia Federal investiga o casoHugo Barreto/Metróples

falta de energia em amapá dificulta a rotina dos moradores do estado1

População do Amapá sofre com o apagãoHugo Barreto/Metróples

 

Versão oficial

A Aneel ainda não foi formalmente notificada sobre a decisão, mas afirmou que vai recorrer. “A Agência informa que, assim que for notificada, vai interpor o recurso cabível para reverter a decisão”, comunicou.

O Metrópoles questionou as assessorias de imprensa do ONS e do Ministério de Minas e Energia sobre a decisão da Justiça Federal. Os órgãos não responderam até a última atualização desta reportagem. O espaço continua aberto.

ANEELONSAMAPÁAPAGÃO ELÉTRICO

https://www.metropoles.com/brasil/povo-tratado-como-rebanho-bovino-diz-juiz-que-afastou-diretores-da-aneel#:~:text=A%20decis%C3%A3o%20do%20juiz%20federal,Minas%20e%20Energia%2C%20almirante%20Bento

 

 

 

 

 

O apagão no Amapá poderia ter sido evitado

 Jorge Motta

 

 18/11/2020 às 19:28                                                      

 

 

É de conhecimento público a enorme importância da energia elétrica na vida das pessoas, embora comumente, só percebam essa importância, quando ela falta. Nesse aspecto, a segurança do suprimento de energia elétrica se assemelha muito à segurança aeronáutica.

Na sociedade moderna, praticamente nada funciona sem energia elétrica. Dependem dela televisões, geladeiras, “freezers”, fogões, fornos, lavadoras de roupa e de louça, “smartphones”, sistemas de ar condicionados residenciais e comerciais, porteiros eletrônicos, bombas d água, sistemas de segurança residencial e empresarial, sistemas de refrigeração comerciais e industriais, elevadores, escadas rolante, metrôs, trens, hospitais, postos de saúde, escolas, bancos, redes de empresas de telefonia, postos de combustíveis, iluminação pública, iluminação de lojas comerciais e de residências, sinalização de trânsito e por aí vai.

Resumindo, toda a atividade comercial, industrial e boa parte das residências param se faltar energia elétrica. A vida dos cidadãos se torna caótica e o caos cresce direta e exponencialmente em função do tempo de duração da interrupção do suprimento.

Além desses impactos, a continuidade de suprimento de energia tem fundamental importância na questão da segurança pública e na manutenção da ordem social. Dá para se imaginar a catástrofe que poderá ocorrer em uma cidade de médio ou grande porte se houver um apagão simultaneamente a aglomerações sociais como manifestações e jogos de futebol, por exemplo.

No caso do atual apagão no Estado do Amapá, os principais problemas enfrentados pela população estão sendo a paralisação do abastecimento de água, dos sistemas bancários eletrônicos como pagamento por cartão e os caixas eletrônicos, dos celulares, que saíram do ar por estarem sem sinal da operadora ou por esgotamento da bateria, a perda de alimentos armazenados sob refrigeração nas residências e no comércio, a falta de alimentos nas prateleiras dos supermercados, a ocorrência de saques e assaltos ao comércio e a transeuntes.

Ao se analisar as causas que levaram a perda do suprimento ao Estado e consequentemente ao caos, a primeira coisa que salta aos olhos e que é absolutamente inaceitável um Estado da Federação e sua capital sejam supridos por um sistema elétrico sem redundância (voltando à semelhança com a segurança aeronáutica, é como se grandes jatos operassem com apenas uma turbina).

Ressalta-se que tal situação viola os critérios de planejamento e os procedimentos de operação do sistema elétrico brasileiro que é planejado e operado para suportar, sem consequências, a perda de pelo menos um de seus elementos (critério N-1 de suprimento).

Originalmente, a subestação de Macapá, a única responsável por abastecer praticamente a totalidade do Estado, além da capital, dispunha de três transformadores instalados, dois deles atendiam à carga e o outro era considerado reserva.

Na ocorrência do dia 03/11/2020 houve um incêndio em um dos transformadores em operação (TR1) que causou perda total do equipamento. Este incêndio também causou dano nas buchas do outro transformador (TR3), ficando esse equipamento impedido de voltar à operação e se encontra aguardando reparo; o qual, na melhor das hipóteses, levará alguns dias. O transformador que seria o reserva (TR2) já se encontrava avariado desde dezembro de 2019(!), aguardando manutenção corretiva.

Em uma análise preliminar, o que aconteceu aponta para uma grave falha da empresa proprietária da SE Macapá, a empresa privada Linhas de Macapá Transmissora de Energia –LMTE. Esta por sua vez é de propriedade da empresa, também privada, Gemini Energy S.A. (Isolux).

Adicionalmente pode ter havido também negligência por parte da agência reguladora ANEEL, responsável por fiscalizar rotineiramente as instalações do sistema elétrico, e falha de instituições como o Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico do Ministério de Minas e Energia – CMSE/MME e do Operador Nacional do Sistema – ONS que não exigiram tempestivamente providências à LMTE para garantir a confiabilidade de suprimento ao Estado.

As explicações de autoridades, publicadas na imprensa, de que

“…foi uma fatalidade, acidente natural” e que “um raio pode ter atingido transformador que pode ter explodido…” são explicações patéticas e equivocadas.

Esclarecendo: quando se constrói uma subestação, seu projeto de coordenação de isolamento serve para, entre outras coisas, evitar que surtos atmosféricos (raios) ou surtos de manobra danifiquem equipamentos.

Poderíamos supor também de forma preliminar, como origem do apagão, as seguintes hipóteses:

 

1.falha de manutenção do transformador sinistrado;

2.falha na execução/manutenção dos aterramentos dos equipamentos e dos pararraios da subestação Macapá;

3,falha na execução/manutenção da malha de terra;

4.falha de projeto de coordenação de isolamento. (pouquíssimo provável).

 

Mais uma vez, comparando com a questão da segurança aeronáutica, nunca uma falha apenas derruba um avião. Em geral ocorrem várias falhas que levam ao desastre.

No caso do Amapá, outra grande falha que parece ter ocorrido é não ter sido considerada a hipótese de indisponibilidade de dois transformadores por parte dos órgãos de planejamento da expansão e da operação. Afinal a subestação de Macapá é o único ponto de suprimento ao Estado, o que mereceria uma abordagem mais conservadora, com a disponibilização de uma reserva dupla, preparando assim a SE Macapá para uma perda dupla (critério de suprimento n-2). Se assim o fosse, hoje nada estaria acontecendo no Amapá.

A preocupação com uma maior confiabilidade no suprimento às capitais e ao Distrito Federal não é nova e já foi tema de reunião do Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico, do MME.

Em 21/08/2013, o MME publicou a PORTARIA Nº 276, com o seguinte texto:

 

“O MINISTRO DE ESTADO DE MINAS E ENERGIA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 87, parágrafo único, incisos II e IV, da Constituição, tendo em vista o disposto na Lei no 10.848, de 15 de março de 2004, o que consta do Processo no 48000.001465/2013-37, e considerando 

que constituem princípios e objetivos da Política Energética Nacional preservar o interesse nacional e identificar soluções mais adequadas para o suprimento de energia elétrica nas diversas Regiões do País; 

o Estudo EPE-DEE-RE-023/2012-rev1 – “Estudo de Atendimento a Brasília” indicou o conjunto de obras da Rede Básica e da Rede de Distribuição necessárias para o atendimento ao Critério “N-2” na Região Central de Brasília, tendo por base os trabalhos do Grupo instituído no âmbito do Ministério de Minas e Energia, com a participação do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, Empresa de Pesquisa Energética – EPE, Furnas Centrais Elétricas S.A. e Companhia Energética de Brasília – CEB Distribuição S.A.; e 

o Critério de Confiabilidade “N-2” é um padrão determinístico de segurança, segundo o qual o sistema elétrico deve ser capaz de suportar a perda de até dois de seus elementos, sem que ocorra restrição de atendimento à carga, resolve: 

Art. 1º Determinar a adoção do Critério de Confiabilidade “N-2” para o suprimento de energia elétrica a Brasília-DF, nos serviços públicos de transmissão e de distribuição, tendo em vista a deliberação do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE em sua 118a Reunião. 

Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. 

EDISON LOBÃO”

 

A ideia, à época, era começar por Brasília e estender o critério N-2 a todas as capitais. Mais uma vez, se assim o fosse, hoje nada estaria acontecendo em Macapá e no restante do Estado.

Para surpresa e consternação, a referida portaria foi revogada no ano passado, pela Portaria MME nº 366, de 24 de setembro de 2019. Um passo enorme do nosso País em direção ao atraso. Quem teria sido o “gênio” que assinou tal revogação?

Em uma análise mais estratégica, falha maior ainda é deixar na mão de uma empresa privada de pequeno porte, sem escala e de competência duvidosa, o suprimento a um Estado da federação. Tanto é assim que praticamente todas as medidas para corrigir os problemas de suprimento ao Amapá estão sendo executadas, emergencialmente, pela estatal ELETRONORTE, subsidiária da ELETROBRÁS.

Cabe perguntar então:

 

E se a ELETROBRÁS e suas subsidiárias já tivessem sido privatizadas? Quem executaria a tarefa? A que custo? Em quanto tempo?

Por essas e outras, de igual teor estratégico, o sistema elétrico brasileiro, devido a seu porte e estágio de desenvolvimento, ainda exigirá por muito tempo a presença e a atuação de grandes empresas estatais com porte e escala que garantam um suprimento confiável de energia elétrica à população brasileira. Não se pode entregar a empresas privadas que visam essencialmente o lucro, o que é normal, uma área tão estratégica e essencial para o desenvolvimento do País e para a segurança e o bem estar social de sua população. O que faltou, e muito, foi FISCALIZAÇÃO.

O leitor desse artigo poderá questionar:  Como esse Jorge Motta, jornalista, pode ter tanto conhecimento técnico sobre o funcionamento do Sistema Elétrico Brasileiro?

Antecipadamente respondo: De eletricidade apenas sei apertar o interruptor para acender, apagar a luz e não colocar o dedo na tomada para não levar choque.

Consegui de engenheiros e técnicos renomados da Eletrobras, as informações que ilustram esse artigo, engenheiros e  técnicos  que foram chamados de “vagabundos” pelo atual presidente da Empresa,  entreguista em permanente campanha para privatizar a Empresa, com nova denominação de  capitalização, como quer o “Posto Ypiranga”, do Governo, Ministro Paulo Guedes.

A segunda FONTE de informação foi o “GRANDE MESTRE GOOGLE”.

A ELETROBRAS é patrimônio do povo brasileiro|

Sigo acreditando que o Congresso Nacional não aprovará a tal capitalização.

Os parlamentares ao votarem, certamente se lembrarão desse apagão e do grande sofrimento atual do povo do Amapá, vítima de uma péssima gestão da concessionária privada  e da falta de fiscalização das autoridades públicas, estaduais e federais, notadamente as da área do Ministério das Minas e Energia.

                                                                        Jorge Motta é jornalista

https://diariodopoder.com.br/opiniao/o-apagao-no-amapa-poderia-ter-sido-evitado

 

 

 

 

 

De Volta Ao Começo

Gonzaguinha




 

No link:

https://youtu.be/XWksMoRbyxM

 

E o menino com o brilho do sol
Na menina dos olhos
Sorri e estende a mão
Entregando o seu coração
E eu entrego o meu coração
E eu entro na roda
E canto as antigas cantigas
De amigo irmão
As canções de amanhecer
Lumiar e escuridão
E é como se eu despertasse de um sonho
Que não me deixou viver
E a vida explodisse em meu peito
Com as cores que eu não sonhei
E é como se eu descobrisse que a força
Esteve o tempo todo em mim
E é como se então de repente eu chegasse
Ao fundo do fim
De volta ao começo
Ao fundo do fim

Composição: Luiz Gonzaga. 

https://www.letras.mus.br/gonzaguinha/267598/

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