Você sabe a
diferença entre princípio da legalidade e o da reserva legal? Que se entende
por reserva legal proporcional?
Publicado por Luiz Flávio
Gomes
Princípio da legalidade deve
ser entendido em sentido amplo e em sentido estrito. Primeiro: (CF,
art. 5º,
inc. II).
Princípio da legalidade criminal significa que não há crime sem lei (CF,
art. 5º, XXXIX; CP,
art. 1º). Conta hoje com várias dimensões de garantia. Dentre elas acham-se o
princípio da reserva legal e o da anterioridade.
Princípio da reserva legal ou legalidade em sentido estrito: significa que em matéria penal somente o legislador pode intervir para
prever crimes e penas ou medida de segurança (garantia da lex populi). Medida
provisória, por exemplo, não pode criar crime ou pena. Mais: é cláusula pétrea.
Princípio da reserva legal proporcional (RE 635.659 – 21/8/15): a tutela penal, no entanto, pertence à
“discrição legislativa”, porém, sempre subordinada ao princípio da
proporcionalidade, que envolve a apreciação da necessidade e adequação da
providência adotada. Quer compreender com mais detalhes esse assunto? Veja o
vídeo que segue. Estamos juntos. Avante.
No link:
Princípio da legalidade é a mesma coisa que reserva legal?
https://www.youtube.com/watch?v=ZLTc6FSQtnw
Luiz Flávio Gomes
Por Um
Brasil Ético
Criador do
movimento de combate a corrupção, “Quero um Brasil Ético”. Professor, Jurista,
Deputado Federal por São Paulo e Membro da CCJ. Foi Delegado, Promotor de
Justiça e Juiz de Direito, exerceu também a advocacia. Fundou a Rede LFG,
democratizando o ensino jurídico no Brasil. Diretor-presidente do Instituto de
Mediação Luiz Flávio Gomes. Doutor em Direito Penal pela Faculdade de Direito
da Universidade Complutense de Madri. Mestre em Direito Penal pela Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo. Publicou mais de 60 livros, sendo o seu
mais recente “O Jogo Sujo da Corrupção”. Foi comentarista do Jornal da Cultura.
Escreve para sites, jornais e revistas sobre temas da atualidade, especialmente
sobre questões sociais e políticas, e seus desdobramentos jurídicos.
https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/231706513/voce-sabe-a-diferenca-entre-principio-da-legalidade-e-o-da-reserva-legal-que-se-entende-por-reserva-legal-proporcional
Era preciso
partir para o enfrentamento
Há 54 anos
Era fins de 1966
Tempo de escolhas
amplas e estritas
“A Rádio
Industrial de Juiz de Fora transmite direto do ginásio do Sport a apuração das
eleições. Aqui é Francisco Caputo na boca da urna, com Gelco na boca e a facit
calculando.”
No link:
Como operar na
Facit de calcular
•7 de mar. de 2018
Tutorial máquina
de calcular Facit
https://www.youtube.com/watch?v=LDHfeezSeI0&feature=youtu.be
Esta casa foi residència de Paulo A. Alves, dono dos Biscoitos Gelco.
Clique aqui para ver
outra foto deste mesmo local.
Clique aqui para ver
a propaganda do biscoito.
Patrocinador da
apuração das eleições de Juiz de Fora durante muitos anos.
"Na boca da
urna... com Gelco na boca".
Essa era a famosa vinheta que antecedia a apuração das eleições em Juiz de
Fora.
Patrocinado pelos biscoitos Gelco e
pela fabricante nacional de máquinas de escrever, a famosa vinheta daquela
emissora anunciava mais um boletim eleitoral. Era fins de 1966. A população
estava de ouvido colado ao aparelho para acompanhar a disputa entre o candidato
do MDB, Itamar Franco e Wandenkolk Moreira, da Arena, que concorriam ao cargo
de prefeito de Juiz de Fora.
Dois estudantes se valiam da distração
provocada pelo evento para pichar muros na Zona Sul. O protesto era contra o
partido criado para dar sustentação política ao governo militar.
“Pau na Arena”, “Pau na Arena”,
pichavam de peto em apoio a Itamar Franco que sagrou-se o vencedor, começando
em 1967 a carreira política que o levaria vinte e cinco anos mais tarde à
Presidência da República.
Os jovens pichadores Rogério de Campos
Teixeira, então com dezenove anos, e Antônio Rezende Guedes, um ano mais velho,
se interessaram por política quando
ainda jogavam bola na rua durante as disputas pelos times Nacional e Juventus.
Percorreram trajetórias diferentes até seus caminhos se encontrarem na
militância estudantil. Com o golpe militar, o que era apenas ideologia ganhou
novos contornos. Era preciso partir para o enfrentamento.
Fonte:
Arbex, Daniela
Cova 312 / Daniela Arbex
Geração Editorial, 2015
Untitled
No
link:
Elis
Regina - Comunicação - Alemanha 1972
Elis
canta Comunicação em um especial gravado na Alemanha em 1972.
https://www.youtube.com/watch?v=s_M0OeLSVWc
Comunicação
https://studiosol-a.akamaihd.net/uploadfile/letras/fotos/4/7/4/b/474b1b86b2e94d3eff92bbcaaef92b74-tb.jpg
Vanusa
No link:
"Roda,
roda, roda e avisa
Um minuto de comercial..."
Sigo um
anúncio e vejo
Em formas de desejo, um sabonete
Em forma de sorvete, acordo e durmo
Na televisão!
Creme
dental, saúde
Sigo num sorriso, o paraíso
Quase que jogado, impulsionado
Num comercial
Só tomava
chá
Quase que forçado, vou tomar café
Ligo o aparelho, vejo o rei Pelé
Vamos então repetir o Gol!
E na lua
sou
Mais um cosmonauta patrocinador
Chego atrasado, perco meu amor
Mais um anúncio sensacional
Ponho um
aditivo
Dentro da panela, gasolina
Passo na janela da cozinha
Tem mais um fogão
Tocam a
campainha
Mais uma pesquisa, eu respondo
Que enlouquecendo já sou fã
Do comercial!
Só tomava
chá
Quase que forçado vou tomar café
Ligo o aparelho, vejo o rei Pelé
Vamos então repetir o Gol!
E na lua
sou
Mais um cosmonauta patrocinador
Chego atrasado, perco meu amor
Mais um anúncio sensacional!
Ponho um
aditivo
Dentro da panela, gasolina
Passo na janela da cozinha
Tem mais um fogão.
Tocam a
campainha
Mais uma pesquisa, eu respondo
Que enlouquecendo já sou fã
Do comercial!
Só tomava
chá
Quase que forçado vou tomar café
Ligo o aparelho, vejo o rei Pelé
Vamos então repetir o Gol!
Lalaiá
laiá, Lalalalalalaiá laiá...
Gooool!!!
Lalaiá laiá, Lalalalalalaiá laiá...
"Roda,
roda, roda e avisa,
um minuto de comercial..."
Composição:
Edinho / Hélio Matheus
https://www.letras.mus.br/vanusa/444865/
TV Industrial é
resgatada após tombamento do prédio
No ano em que sua
fundação completa 55 anos, prédio sede continua abandonado, assim como o Morro
do Imperador
Por Mauro Morais
06/04/2019 às 16h50- Atualizada
06/04/2019 às 16h57
Detalhe dos
azulejos em azul e branco na fachada delimitando os três pavimentos do prédio
de autoria do engenheiro Armando Favato. (Foto: Fernando Priamo)
A pintura se perdeu, as paredes
apresentam infiltrações, há rachaduras atravessando os azulejos da fachada, as
janelas basculantes estão quebradas. Pelas frestas no portão empenado do
imóvel, é possível ver entulhos em seu sujo interior. Numa lateral há um buraco
bem no meio da parede, no mesmo lado onde uma janela aparece com o vidro estilhaçado.
E não há vigilância no local. Propriedade da mesma Prefeitura que decretou seu
tombamento, o prédio erguido para o funcionamento da TV Industrial é retrato de
um abandono pelo qual o instrumento de preservação é contrário. Ainda que o
tombamento, publicado no último dia 14, estabeleça a proteção da fachada e
volumetria do imóvel, o que representa é, sobretudo, a tentativa de conservação
de um projeto fundamental para a história recente da cidade. Não à toa, dentre
as cinco justificativas para o gesto, estão “o valor histórico e cultural da
edificação”, “que o referido edifício remete à chegada da TV em Juiz de Fora”,
e “que a edificação constitui um símbolo do pioneirismo da cidade, uma obra
moderna e inovadora”.
Projetado pelo engenheiro Armando
Favato, o prédio de características modernas servia ao estúdio, auditório,
redação, escritórios e torre de transmissão (duas vezes maior do que o
monumento ao Cristo) da emissora de televisão inaugurada em 29 de julho de
1964. A Industrial ficava num pedestal. E mesmo não sendo a primeira iniciativa
– já que a TV Mariano Procópio, dos Diários Associados, estreou em 1961 sem
aguardar a concessão – a emissora instalada no alto do Morro do Imperador
ganhou a longevidade e, também, a posteridade. “Tinha, no pano de fundo, uma
rivalidade, uma briga por concessão. A TV Mariano Procópio acabou ficando na
linha do experimento, puro e simplesmente, porque eles não conseguiram uma
concessão efetiva para transformar em emissora, e o grupo dos Mendes (família
dona da Industrial) conseguiu a concessão pela proximidade política deles com o
grupo trabalhista nacional. O status da Mariano Procópio acabou ficando no
teste e o status da TV Industrial foi o efetivo, o oficial, o consagrado”,
avalia o professor e pesquisador Frederico Belcavello, que em sua dissertação
de mestrado investigou a história do canal 10 local.
Prédio modernista
tem forma elíptica e helicoidal, refletindo cosmopolitismo associado à história
de Juiz de Fora. (Foto: Fernando Priamo)
“A narrativa da Industrial ficou tão
forte que, durante muitos anos, esqueceu-se completamente da TV Mariano
Procópio, ficando no imaginário a ideia de que a Industrial era a pioneira.
Ouvi, quando adolescente e durante a faculdade, a história de que a Industrial
era a primeira emissora geradora do interior do Brasil. Depois isso foi
questionado localmente e em outros lugares, como Bauru, que teve um movimento
histórico que demonstra que eles tiveram TV em 1959. O fato de essa narrativa
ter durado tanto tempo tem a ver com a força que o canal teve”, comenta
Belcavello, professor do curso de Comunicação Social do Centro de Ensino
Superior de Juiz de Fora e doutorando em linguística pela UFJF. Diretor,
produtor, apresentador, roteirista e editor na extinta TV Visão, ele se
interessou pelo assunto após os cinco anos, de 2003 a 2008, de atuação no canal
local transmitido pela Net, frequentemente associado ao projeto que chegou ao
fim em 1979, 15 anos após sua inauguração com show de Doris Monteiro.
Para Christina Ferraz Musse,
professora do curso de Comunicação Social da UFJF e autora do livro “Memórias
possíveis: personagens da televisão em Juiz de Fora”, em parceria com Cristiano
José Rodrigues, a TV Industrial representa um marco por sua localização
histórica. “É um momento da televisão brasileira tão diferente do momento
atual. As emissoras locais tinham uma identidade tão profunda com a comunidade,
com as coberturas de carnaval, programas de auditório, com um telejornalismo
que era praticamente um rádio na TV. As pessoas que viviam na cidade tinham um
espaço muito maior para serem vistas e ouvidas. Os intervalos comerciais eram
muito referentes a elas. Tinham muitas pessoas da comunidade que iam se
apresentar na TV Industrial, como, por exemplo, um colégio que fazia uma
apresentação de uma peça de teatro, ou um cabeleireiro que ia demonstrar seu
trabalho. São muitas as histórias curiosas”, pontua a pesquisadora carioca,
radicada em Juiz de Fora desde 1980, quando a TV Industrial já havia sido
vendida para Rede Globo, que começou a funcionar em abril daquele ano.
Questionada pela Tribuna sobre a
perspectiva de revitalização do imóvel, que apresenta rachaduras, infiltrações
e janelas e parede quebradas, a assessoria de comunicação da Prefeitura
informou que, após visita técnica, foi constatado que não há comprometimento
estrutural do prédio. “Em 2017, já havia o interesse de fazer com que o espaço
abrigasse o projeto “Cineminas” – Programa Codemig de Apoio ao Cinema, o que só
não foi possível por restrições documentais. Atualmente, a Sedeta vem sendo
procurada por alguns entes privados que se interessam em restaurar, manter e
explorar o local, e entende que o espaço teria vocação para um equipamento de
difusão cultural, podendo passar, inclusive, pela gastronomia e pela
valorização da tradição na produção cervejeira de Juiz de Fora”, aponta a
assessoria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária
(Sedeta). Sobre a ausência de policiamento, a pasta assegura que a Polícia
Militar utiliza o espaço como ponto de referência para o patrulhamento regular.
Ainda, acerca dos vidros e telhados quebrados na área onde já funcionou
restaurante e boate, no complexo do Morro do Imperador, a Prefeitura indica que
“a manutenção nos vidros e no telhado será exigida ao futuro permissionário da
exploração do espaço. A Prefeitura não possui verbas específicas disponíveis
para a reposição destes tipos de materiais.”
Adesivos
reflexivos azuis substituíram a transparência original dos vidros do prédio e
estão registrados no dossiê de tombamento do imóvel. (Foto: Fernando
Priamo)
A TV tornou-se outra
Como uma
lenda, restou a história de que logo após a venda da TV Industrial para a TV
Globo de Roberto Marinho, um funcionário pegou todos os filmes da extinta
emissora e lançou no Rio Paraibuna. Não sobrou um fotograma sequer, nenhuma
imagem. “Os relatos das pessoas que atuaram na TV na segunda metade dos anos
1970 são de um trabalho muito amador, bastante improvisado. Mas o parâmetro da
época é difícil de entender também. Tinha um caráter familiar, e isso é muito
evidente”, analisa Frederico Belcavello. Se as águas levaram ou não os
registros, o que ficou preservada na memória dos juiz-foranos é a lembrança de
um veículo que se esforçou para retratar a cidade que via do alto. A
programação predominantemente local contava com, dentre outros, edições locais
de programas de auditórios vindos da rádio ou da TV no Rio de Janeiro. “Vinha
toda a trupe e montava aqui programas que, na verdade, já funcionavam e eram
conhecidos da época do rádio”, aponta Belcavello. “Acho que eles seguiram a
cartilha de reproduzir um conteúdo radiofônico. Como tinha a Rádio Industrial e
Juiz de Fora vivia um tempo profícuo de rádio entre a Industrial e a B3, com
radionovela, programas de auditórios, eles fizeram a transposição para a
televisão, como a Tupi tinha feito nos anos 1950. Não tenho qualquer tipo de
material que sustente a ideia de vanguardismo”, acrescenta.
A
programação, segundo Christina Musse, era muito rica, “certamente com uma
qualidade muito precária, algo muito artesanal, o que não se compara à
tecnologia incorporada à TV depois que é vendida e se transforma na TV Globo de
Juiz de Fora”. Havia público, claque, torcidas e grandes debates. “Em termos da
representação da cidade, o Geraldo Magela contando sobre o ‘Sermão da
Montanha’, que eles fizeram no alto do Morro do Imperador, num dia de chuva, é
genial”, aponta a professora, referindo-se ao relato do jornalista morto em
2015 presente no livro “Memórias possíveis”. “Uma meia dúzia de pessoas de
guarda-chuvas e outras dentro do estúdio, José Carlos de Lery Guimarães
apresentando, o saudoso e imortal José Carlos. O câmera focalizava os guarda-chuvas.
Parecia que tinha uma multidão só. Lá dentro do estúdio um boom fazendo a
claque: ‘Já ganhou! Já ganhou!’. Parecia, a quem estava assistindo em casa,
pela TV, que tinha uma multidão no Morro do Cristo. E aquilo decidiu a eleição.
Foi o primeiro comício ao vivo transmitido por uma TV, foi na TV Industrial,
canal 10”, orgulha-se Magela, em depoimento a Christina. “Quando nós descemos,
depois do comício, que fomos ao bar, ao restaurante para jantar – era um
restaurante aqui próximo à antiga rodoviária, na Avenida Getúlio Vargas com a
Avenida Rio Branco – via-se a quantidade de gente que estava ali esperando e
que tinha visto o programa. E no outro dia também, só se comentava o programa
da TV Industrial que foi no último dia de campanha.”
Basculantes
circulares dos banheiros do prédio refletem deterioração do bem, que também
sofre com infiltrações e nenhuma ocupação. (Foto: Fernando Priamo)
Carregando câmeras pesadas morro
abaixo, a TV Industrial fazia a transmissão do carnaval local, também exibia as
famosas lutas livres, precursora das atuais e pomposas disputas de MMA. “É algo
tão artesanal e tão interessante, do espírito de uma época, que transmite tanto
sobre o que era o Brasil, o que era Minas e o que era Juiz de Fora naquele
período”, comenta Christina. Transportando um gigantesco piano de cauda morro
acima, a TV também exibia o programa “Panorama Social”, que tinha o empresário
Rafael Jorge, do Raffa’s, como apresentador. “A TV Industrial conseguiu
audiência porque ela focalizava rigorosamente as coisas de Juiz de Fora”,
reconhece Geraldo Magela Tavares, que de acordo com Christina tornou-se uma
figura de muito relevo para a compreensão da expressão da TV na cidade: “O
Geraldo foi uma figura interessantíssima, fazendo programas de transmissão
esportiva dos jogos do campeonato carioca e debates em que cada pessoa que
participava da mesa era torcedor de um time específico de futebol. Era uma
forma de programa jornalístico de esportes que antecedeu tudo o que vemos hoje
com as mesas esportivas.”
A TV agora é
outra
Quatro anos depois da inauguração da
Industrial, em 1968, sob a ditadura militar, entrava no ar o “A Hora é
Notícia”. “Começou em 1968, com uma hora e quinze de jornal. Havia cinco
locutores, às 18h começava; eram 16 quadros com 16 patrocinadores, diários. Era
aberto com uma espécie de crônica de opinião (editorial), ora lida por mim, ora
lida por Natálio (Luz), que teve sempre uma voz magnífica, belíssima. Nós
fazíamos esse editorial e depois vinham os locutores cada um dentro de quatro
ou cinco módulos do jornal, que falava sobre sociedade, arquitetura, condução,
moda, saúde”, rememora Marilda Ladeira, em entrevista conduzida por Christina
Musse para o livro “Memórias possíveis”. O formato, relatado pela jornalista
morta em 2016, serve como medida das transformações vividas pela televisão nas
últimas décadas e que, em alguma medida, justificam o fim da iniciativa
juiz-forana. “Acredito que tenha faltado ao grupo proprietário uma
possibilidade de investir mais seriamente na televisão, tornando ela mais competitiva.
Imagino que a falta de investimento em se atualizar, comprar novos
equipamentos. Televisão é uma coisa cara. Houve uma época, ainda nos anos 1970,
em que foi formada uma rede de emissoras independentes, na qual a TV Industrial
fez parte. Mas essa rede não conseguiu fazer frente a um esquema com um capital
financeiro muito alto de redes como a Globo, Excelsior, Continental e Band”,
explica a pesquisadora.
Torre, que no
passado já foi bem mais alta e é considerada a primeira em formato helicoidal
da América do Sul, tem projeto em concreto, mas foi executada em metal vazado
para resistir aos ventos. (Foto: Fernando Priamo)
“A Industrial era uma emissora na qual
a programação era praticamente toda local. Eles entravam em cadeia, mas tinham
um percentual de programas locais muito grande. Como uma emissora local poderia
fazer concorrência com a Tupi e suas novelas? Com a Globo, que nos anos 1970 já
vira uma campeã de audiência? Essa concorrência era dificílima, porque aí já
começa a haver o sistema por satélites, as transmissões com videotape. A TV
Industrial não conseguiu se manter estável economicamente, equilibrando
receitas e despesas, mas em termos de programação, ela mostrava a cara da
cidade”, lamenta Christina, chamando atenção para avanços tecnológicos que
permitiram, também, uma agilidade maior na oferta de notícias e uma cobertura
mais ampla dos acontecimentos. O próprio modelo representado pela Industrial, e
depois repassado a projetos que a sucederam com o a TV Visão e a TV Tiradentes,
remetem a uma experiência que perdeu seu lugar. “A televisão não vai acabar,
mas o modelo que a minha geração conheceu está em transição. O que comanda a
produção audiovisual é o acesso ao conteúdo por streaming, na hora que você
quer, sem obedecer a grade de programação, sem assistir dentro de casa, com uma
tendência cada vez maior de assistir em outra tela, seja no computador, Ipad ou
telefone. A maneira de fazer e assistir TV está num momento de mutação. Não sei
se a gente vai poder chamar, daqui a dez anos, isso de televisão, talvez exista
outro nome”, analisa a professora do curso de Comunicação Social da UFJF.
“O que percebi do meu levantamento é
que o legado é a sensação de que a sociedade juiz-forana clama por canais da
expressão local. De tempos em tempos, vamos sentindo a necessidade de ter um
espaço de identificação. Vemos um movimento de diminuição de grade local em
televisão, e ciclicamente se abre o caminho para aumentar, de redução de
programação local em rádio e isso mexe com a gente, de valorização por termos
um jornal local com a expressão da Tribuna, o que não é normal Brasil afora.
Esse é um legado importante: sentir que a cidade deseja e entende ser
fundamental se ver representada em veículos de comunicação”, comenta Frederico
Belcavello. Em seu trabalho no qual resgata a relevância da TV Industrial,
intitulado “A TV Industrial de Juiz de Fora: memórias da juizdeforaneidade
(1964-1979)”, Belcavello trabalha com o conceito que, em suas palavras, “situa
as coisas que aconteciam aqui e tinham um verniz de localidade e claramente se
antagonizava com a ideia geral de mineiridade”. A grande resistência de Juiz de
Fora em se ver representada politicamente e economicamente por Belo Horizonte e
pela região metropolitana, conforme aponta o pesquisador, manifestava-se na
programação e no conceito da TV Industrial. “Justamente por combinar as coisas
específicas da cidade e a valorização do Rio de Janeiro. Essa orientação de
olhar para o Rio de Janeiro e ressignificar as coisas aqui, como uma sucursal
carioca, parecia ser um traço bastante importante do que eles tentaram fazer na
TV Industrial. Ela se colocava como um canal local em contraposição a todas as
outras opções, que não eram muitas, e não eram locais. Juiz de Fora está em
Minas Gerais, mas não é como todo o estado. Está próxima do Rio de Janeiro, mas
longe de ser carioca. Esse lugar de passagem, que ficou marcado na história da
gente ao longo do tempo, continua sendo sentida, porque há uma busca por uma
identidade juiz-forana.”
https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/06-04-2019/tv-industrial-e-resgatada-apos-tombamento-do-predio.html
No link:
Vanusa canta
Comunicação no Festival de MPB 1969 - TV Record
Arquivos1000
As músicas que exalam a
contemporaneidade do momento sempre soam melhores ainda com o passar do tempo.
É o caso da música Comunicação, 3ª colocada no Festival de Música Popular
Brasileira de 1969, promovido pela TV Record - o último da história da emissora.
A gravação em estúdio da canção é muito melhor. Não só na interpretação de
Vanusa, como na bem-humorada de Elis Regina e na também correta dos Golden Boys
- são alguns que registraram em disco a música. Reparem também na forma que a
TV Record encontrou para colocar a letra da música no vídeo para que os
telespectadores acompanhassem em casa - e os erros de ortografia. Gravado do
programa TV Ano 40, no especial Festival da MPB, exibido em 1990 pela TV
Record. Imagens conseguidas junto a um amigo.
https://www.youtube.com/watch?v=Zib9Z3c-Cws&feature=youtu.be
jun 22, 2015
admin
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Entrevista com
Daniela Arbex, autora de “Cova 312”.
http://geracaoeditorial.com.br/wp-content/uploads/2015/06/blog-1024x747.jpg
O que essa
história traz de novo de um tema que já foi contato inúmeras vezes?
É uma história contada de uma forma diferente, porque não tem a
pretensão de detalhar a ditadura e sim como cada personagem resistiu a
ela. Além disso, o livro descreve todo o processo de investigação jornalística
da descoberta da Cova 312 e a reviravolta dessa investigação.
O que levou a
escrever sobre um guerrilheiro desconhecido?
Exatamente o fato de Milton Soares de Castro ser o único civil da
guerrilha do Caparaó e também o único encontrado morto na Penitenciária de
Linhares, em Mina Gerais, um dos presídios políticos mais importantes do
país. Cova 312 é a história de Milton e também de muitos militantes que
ficaram presos em Linhares. Revela a rotina de uma cadeia desconhecida
para os brasileiros.
Cova 312 também
nasceu de uma reportagem premiada em 2002 (a autora ganhou os prêmios
Esso, Vladimir Herzog e o europeu Natali Prize), 13 anos se passaram, o
que te manteve tanto tempo nesta história?
O fato de eu nunca me desligar das histórias que conto. Essa, em especial,
ainda tinha peças desencaixadas. Sempre quis tentar reconstituir os
últimos passos de Milton e encontrar provas que revelassem a farsa do seu
suicídio. Só agora, eu consegui.
Milton Soares de
Castro é uma das centenas de vítimas que o governo brasileiro ainda não
revelou, como foi o trabalho de investigação para chegar nesta conclusão
bombástica?
Foi um percurso que durou doze anos e
que me levou aos porões da história. Tive que percorrer vários estados do
país em busca das peças perdidas desse quebra cabeças. Realizei mais de
cinquenta entrevistas. Localizei milhares de documentos e fiz o caminho
de volta até o coração da família de Milton no Rio Grande do Sul.
Uma longa jornada.
Por que o livro
foi dividido em três partes?
Porque a primeira é de apresentação do
personagem principal dessa história. A segunda é a anatomia da
Penitenciária de Linhares onde ele e outros centenas de militantes
políticos do país ficaram presos. E a terceira é todo o caminho que fiz
para investigar a morte do guerrilheiro do Caparaó.
O tema é duro,
pesado, trágico, mas tanto o editor Luiz Fernando Emediato , como o
jornalista e escritor Laurentino Gomes, que assina o prefácio, dizem que
você conseguiu transformar sem perder o foco, e a narrativa jornalística
para um tanto poética em algumas situações, qual o segredo?
Se houvesse um, eu jamais revelaria.
(rs) Acho que a força das histórias que conto está na humanização dos
personagens. Procuro revelar cada um dentro de suas complexidades.
Nenhum deles é só bom ou mal. É múltiplo, como todo ser humano.
Você é conhecida
por emocionar os seus leitores, como você faz para não se envolver nas
histórias? Ou isso não acontece?
Isso não acontece. Me apaixono pelas
histórias que conto e também pelas pessoas. Essas pessoas não passam
simplesmente pela minha vida. Elas ficam.
Quanto tempo você
levou para apurar esse livro?
Mais de um ano de
viagens por quatro estados do país. Uma maratona.
Como foi o
processo de levantamento de dados?
Minucioso. No começo, tinha várias peças desencaixadas e sabia que
precisava encontrar uma a uma para tentar me aproximar da verdade dos
fatos.
O presídio de
Linhares, foi a detenção que funcionou pelo maior tempo durante a ditadura
militar e abrigou um número altíssimo de presos políticos, como foi entrar
neste lugar que nenhum jornalista havia entrado nos últimos cinquenta
anos?
Emocionante. Quando pisei na Galeria
A, eu tive a certeza de que a história que eu ia contar seria
surpreendente.
As histórias se
entrelaçam em Cova 312, podemos dizer que não é um livro apenas de um
personagem?
É um livro que tem como personagem
principal Milton Soares de Castro, mas também alguns de seus companheiros
da guerrilha e militantes conhecidos da história recente do Brasil, além
de ilustres anônimos. É um livro de gente, que fala sobre dores, amores, abandonos,
ideais. Até onde um ser humano pode ir por um ideal? Eu tento responder
isso.
Foi difícil
construir essa narrativa?
Foi difícil mergulhar nela. Escrever é
uma viagem muito solitária e dolorosa, mas que nos permite revisitar a
história e isso é o mais fascinante.
A determinação é
uma das suas principais características, mas a sorte é um elemento muito
presente, podemos dizer que não existe sorte sem determinação?
Detesto a palavra sorte, porque ela
tira o mérito das pessoas. Não existe acasos na vida. Sem suor e muita
sola de sapato, não há sorte neste mundo capaz de ajudar alguém a fazer um
bom trabalho.
Qual a diferença
desse lançamento para o Holocausto Brasileiro?
Os dois livros têm muito em comum,
porque falam de abusos cometidos em nome do estado e da tentativa de
desumanizar indivíduos. Ambas são histórias trágicas, mas ainda
bem desconhecidas da sociedade, apesar de a ditadura ser
considerada tema recorrente.
O
livro-reportagem é a saída para os jornalistas que querem contar as suas
histórias como mais detalhes?
O livro-reportagem é uma grande
instrumento para apresentar o Brasil aos brasileiros.
Nas últimas
manifestações, tanto a de março, como a de abril de 2015 um número até
considerável de pessoas pediam uma intervenção militar, como você enxergou
isso?
Puro desconhecimento do que foi o
Brasil durante os anos de chumbo. A Cova 312 vai ajudar as novas gerações
a entender esse Brasil de tanta sombra.
As Comissões das
Verdades têm muito o que explicar para o povo brasileiro dos crimes
realizados pelos representantes do Estado na época (1964 a 1985) , você
acredita que eles estão no caminho certo?
Acho que sim. Há um esforço das
comissões de localizar documentos, ouvir relatos que ajudem a resgatar a
memória das vítimas do período. O trabalho delas é muito importante, mas
a busca por respostas deve ser permanente.
http://geracaoeditorial.com.br/entrevista-com-daniela-arbex-autora-de-cova-312/
No link:
Elis Regina - Comunicação - Alemanha 1972
Elis canta Comunicação em um especial gravado na Alemanha em 1972.
https://www.youtube.com/watch?v=s_M0OeLSVWc
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