sábado, 7 de novembro de 2020

Lei de retorno

 

“E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da  vida;  e  os  que  fizeram  o  mal,  para  a  ressurreição  da  condenação.” 

Jesus (João, 5:29)  

 

Em raras passagens do Evangelho, a lei reencarnacionista permanece tão  clara quanto aqui, em que o ensino do Mestre se reporta à ressurreição da condenação. 

Como entenderiam estas palavras os teólogos interessados na existência de um inferno ardente e imperecível? 

As criaturas dedicadas ao bem encontrarão a fonte da vida em se banhando  nas águas da morte corporal. Suas realizações do porvir seguem na ascensão justa, em correspondência direta com o esforço perseverante que desenvolveram no rumo  da espiritualidade santificadora, todavia, os que se comprazem no mal cancelam as próprias possibilidades de ressurreição na luz. 

Cumpre-­lhes a repetição do curso expiatório. 

É a volta à lição ou ao remédio. 

Não lhes surge diferente alternativa. 

A lei de retorno, pois, está contida amplamente nessa síntese de Jesus. 

Ressurreição é ressurgimento. E o sentido de renovação não se compadece com a teoria das penas eternas. 

Nas sentenças sumárias e definitivas não há recurso salvador. 

Através da referência do Mestre, contudo, observamos que a Providência Divina é muito mais rica e magnânima que parece. Haverá ressurreição para todos, apenas com a diferença de que os bons tê-la-­ão em vida nova e os maus em nova condenação, decorrente da criação  reprovável deles mesmos.

127 Lei de retorno Pão Nosso FEB COLEÇÃO FONTE VIVA 1950 30ª edição - 4ª impressão - 8/2017

 

 

 

AMAI OS VOSSO INIMIGOS

 

Se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe também a outra


7. Aprendestes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal que vos queiram fazer; que se alguém vos bater na face direita, lhe apresenteis também a outra; e que se alguém quiser pleitear contra vós, para vos tomar a túnica, também lhe entregueis o manto; e que se alguém vos obrigar a caminhar mil passos com ele, caminheis mais dois mil. Dai àquele que vos pedir e não repilais aquele que vos queira tomar emprestado. (Mateus, 5:38 a 42.)

8. Os preconceitos do mundo sobre o que se convencionou chamar “ponto de honra” produzem essa suscetibilidade sombria, nascida do orgulho e da exaltação da personalidade, que leva o homem a retribuir uma injúria com outra injúria, uma ofensa com outra, o que é tido como justiça por aquele cujo senso moral não se acha acima do nível das paixões terrenas. Por isso é que a lei moisaica prescrevia: olho por olho, dente por dente, de harmonia com a época em que Moisés vivia. Veio o Cristo e disse: “Retribuí o mal com o bem.” E disse ainda: “Não resistais ao mal que vos queiram fazer; se alguém vos bater numa face, apresentai-lhe a outra.” Ao orgulhoso este ensino parecerá uma covardia, porquanto ele não compreende que haja mais coragem em suportar um insulto do que em tomar uma vingança, e não compreende, porque sua visão não pode ultrapassar o presente.

Dever-se-á, entretanto, tomar ao pé da letra aquele preceito? Tampouco quanto o outro que manda se arranque o olho, quando for causa de escândalo. Levado o ensino às suas últimas consequências, importaria ele em condenar toda repressão, mesmo legal, e deixar livre o campo aos maus, isentando-os de todo e qualquer motivo de temor. Se se lhes não pusesse um freio às agressões, bem depressa todos os bons seriam suas vítimas. O próprio instinto de conservação, que é uma Lei da Natureza, obsta a que alguém estenda o pescoço ao assassino. Enunciando, pois, aquela máxima, não pretendeu Jesus interdizer toda defesa, mas condenar a vingança. 

Dizendo que apresentemos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal; que o homem deve aceitar com humildade tudo o que seja de molde a lhe abater o orgulho; que maior glória lhe advém de ser ofendido do que de ofender, de suportar pacientemente uma injustiça do que de praticar alguma; que mais vale ser enganado do que enganador, arruinado do que arruinar os outros. É, ao mesmo tempo, a condenação do duelo, que não passa de uma manifestação de orgulho. Somente a fé na vida futura e na Justiça de Deus, que jamais deixa impune o mal, pode dar ao homem forças para suportar com paciência os golpes que lhe sejam desferidos nos interesses e no amor-próprio. Daí vem o repetirmos incessantemente: Lançai para diante o olhar; quanto mais vos elevardes pelo pensamento, acima da vida material, tanto menos vos magoarão as coisas da Terra.

Amai os vossos inimigos O Evangelho Segundo o Espiritismo ALLAN KARDEC FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Rio - Brasil 1944 Tradução de Guillon Ribeiro da 3ª edição francesa revista, corrigida e modificada pelo autor em 1866

 

 

Queira o bem dos outros.

O que você faz aos outros 

a si mesmo faz.

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