“Nosso assunto é
militar. Não nos metemos em áreas que não nos dizem respeito. Não queremos
fazer parte da política governamental ou do Congresso Nacional e muito menos
queremos que a política entre em nossos quartéis.” (Edson Leal Pujol, general e
Comandante do Exército)
Pujol diz que
Exército não tem recursos para garantir soberania do País
Gen Pujol
descarta existir ameaça real ao Brasil e disse: 'Não queremos fazer parte da
política governamental ou do Congresso Nacional e muito menos que a política
entre em nossos quartéis'
13 de Novembro, 2020 - 06:00 (
Brasília )
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Pujol diz que
Exército não tem recursos para garantir soberania do País
Nota DefesaNet
Vídeo do Webinar incluído abaixo.
O Editor
Marcelo Godoy
O Estado de São Paulo
12 de novembro de 2020
Publicado Portal Estadão
O comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, afirmou nesta
quinta-feira, que o Exército brasileiro não tem recursos suficientes para
garantir a soberania do País. E citou a defesa antiaérea como um dos pontos em
que a capacidade do Exército tem de melhorar. Pujol descartou existir alguma
ameaça real ao Brasil e afirmou que tem atuado para impedir que política
partidária entre nos quartéis. Ele defendeu a criação de uma Guarda Nacional,
que assumiria funções, como o combate aos crimes ambientais na Amazônia, que
hoje são repassadas ao Exército, chamado por ele de "posto Ipiranga".
As declarações foram feitas durante evento do Instituto para Reforma das
Relações entre Estado e Empresa do qual participaram os ex-ministros da Defesa
Raul Jungmann e do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio
Etchegoyen. “O general Etchegoyen me perguntou se haveria algum país em nosso
continente que seria uma ameaça ao Brasil. Eu digo. Hoje não, mas não sabemos
daqui 3 ou 4 anos. Por isso fazemos nosso planejamento estratégico.”
O evento aconteceu dois dias de o presidente Jair Bolsonaro dizer, ao abordar
as relações entre o Brasil e a futura gestão de Joe Biden nos EUA, que quando
“a saliva acaba tem de que ter pólvora”. Para Pujol como não existe ameaça
imediata às nossas fronteiras, a sociedade e os políticos deixam a política
nacional como uma prioridade mais baixa.
Ao ser indagado por Jungmann sobre o envolvimento das Forças Armadas com a
política, Pujol afirmou: “O que eu tenho a dizer é que nesses dois anos o
Ministério da Defesa e as três Forças se preocuparam exclusivamente e
exaustivamente com assuntos militares.” E aproveitou para fazer um diagnóstico.
“Precisamos aumentar muito a nossa capacidade operacional.” Para ele, as Forças
Armadas – e o Exército – são proporcionalmente as menores do mundo em relação
ao tamanho de nosso território e da população e em relação à importância
geoestratégica e econômica do Brasil.
“Somos uma reserva de alimentos para as próximas décadas e de água e minerais
estratégicos que serão necessários para a humanidade.” Ele comparou o total de
caças como menor do que o de países pequenos da Europa. “Estamos muito aquém do
que o Brasil precisa para que as Forças Armadas cumpram suas missões
constitucionais”.
No link:
https://youtu.be/NyiFHrtx7vo
Pujol completou o raciocínio, defendendo o distanciamento do Exército da
política partidária. “Nosso assunto é militar, preparo e emprego. As questões
políticas? Não nos metemos em áreas que não nos dizem respeito. Não queremos
fazer parte da política governamental ou do Congresso Nacional e muito menos
queremos que a política entre em nossos quartéis.” Para o general, o fato de
militares “serem chamados eventualmente para assumirem cargos no governo é
decisão exclusiva da administração do Executivo".
Esta foi a primeira vez que Pujol se manifestou publicamente sobre a
contaminação dos quartéis pela política, principalmente, pelo bolsonarismo.
O general também foi indagado sobre a “cobiça estrangeira” em relação à
Amazônia. “O Brasil sempre se colocou e nós militares sempre pensamos que a
Amazônia e nossa. Não podemos abrir mão. O que preservamos dela nesses 500 anos
é incomparavelmente superior ao que aconteceu em outros continentes.”. Pujol afirmou
que as Forças Armadas têm multiplicado a presença de militares das três Forças
na Amazônia. “Buscando aumentar nossa capacidade de defender a soberania de
nossa Amazônia”.
Planejamento estratégico
Pujol defendeu o planejamento estratégico do Exército e citou como exemplo de
desafios novos e citou o exemplo do emprego de drones contra forças blindadas
no recente conflito entre o Azerbaijão e a Armênia. “O combate convencional não
foi abandonado por nenhuma nação do mundo, mas existem novas demandas, como a
guerra cibernética, a guerra do futuro”, disse Pujol.
Ele defendeu 17 projetos estratégicos do Exército, como o programa Guarani de
blindados e o sistema Astro 2020, com os foguete e míssil tático brasileiro de
alcance de 300 quilômetros com “uma dispersão de oito metros em relação ao
alvo”. “Temos de dotar o Exército de uma capacidade de defesa antiaérea, que
está muito aquém de fazer frente a ameaças. Precisamos de um programa para
desenvolver a estrutura de nossa defesa antiaérea.”
Ele afirmou considerar que o País devia ter um Exército maior. “Mas a curto e
médio prazo não temos como fugir do orçamento (teto).” Pelos números de
Pujol, o Ministério da Defesa viu seu orçamento encolher de 2012 de R$ 19
bilhões para cerca de R$ 10,1 bilhões em 2019. “No ano que vem o orçamento será
de 11,7 bilhões, mesmo com problemas da pandemia.”
O comandante afirmou que a solução para o a falta de recursos passa pelo
aumento do número de militares temporários, além do aumento do tempo de
permanência de uma parte deles na Força, passando de oito anos para dez anos.
“Só podemos aumentar com recursos extraorçamentários, uma EmgeDefesa
(referencia à Emgepron, a empresa de projetos navais) , ou por meio da criação
de um fundo para a Defesa, como a Argentina aprovou.
Guarda Nacional
Por fim, o comandante afirmou considerar existir um exagero de operações de
Garantia da Lei e Ordem. “O problema começa lá pela previsão da Constituição.
Nosso principal negócio é a defesa da pátria, mas o nosso emprego tem sido
fundamental para cumprir outras missões e a necessidade da nação brasileira.”
Pujol afirmou, como exemplo, não ver soluções para problemas como os incêndios
na Amazônia que não envolva as Forças Armadas.
“Temos preocupação de que a Operação Verde Brasil se transforme em outra
Operação Pipa, em que o Exército está sendo empregada de 'forma emergencial'
desde 1998.” De acordo com Pujol, ele expôs essa preocupação ao ministro da
defesa, general Fernando Azevedo e Silva, quando foi decidido que o Exército
deveria participar da Operação Verde Brasil 2.
Segundo ele, a ideia do vice-presidente, Hamilton Mourão, é que o Brasil
precisa de uma guarda florestal forte ou uma guarda nacional para cumprir essas
missões. Mas enquanto não existir essa estrutura ou a Polícia Federal não tiver
efetivo suficiente para cuidar de nossas fronteiras, “fatalmente seremos
chamados”. “O ideal é que pudéssemos nos debruçar só com preparo e emprego da
tropa.”
Atualmente, o Exército tem 28 mil homens na Operação Covid, 5 mil na Operação
Verde Brasil 2, 3 mil na Operação Pipa. “E outros tantos na Operação Acolhida,
em Roraima”, disse. “Mas não vejo solução no curto prazo em razão de nossa
estrutura governamental e da extensão do Exército. Algumas coisas é só mesmo
chamando o Posto Ipiranga”, afirmou Pujol. “Domingo vamos participar em mais de
600 municípios na garantia da votação e apuração das eleições.”
https://www.defesanet.com.br/end/noticia/38747/Pujol-diz-que-Exercito-nao-tem-recursos-para-garantir-soberania-do-Pais/
Novo comandante
do Exército defende que militares fiquem fora da reforma
Edson Leal Pujol
conversou com a imprensa após cerimônia de troca de comando do Exército, antes
liderado por Eduardo Villas Bôas
Por Estadão Conteúdo
Publicado em: 11/01/2019 às 15h01Alterado
em: 01/02/2019 às 15h08access_timeTempo de leitura: 4 min
https://exame.com/wp-content/uploads/2019/01/vac_abr_11011910316df.jpg?quality=70&strip=info&resize=680,453
Edson Leal Pujol:
"Não devemos mudar nosso sistema',diz novo comandante do Exército sobre
aposentadoria" (Valter Campanato/Agência Brasil)
O novo comandante do Exército, Edson
Leal Pujol, considera que os militares devem
ficar fora da reforma da Previdência. Ele destacou que os
militares não fazem parte do sistema previdenciário e possuem “situação
diferenciada”. Pujol conversou com a imprensa após cerimônia de troca de
comando do Exército, antes liderado por Eduardo Villas Bôas. Como é de praxe,
apenas Villas Bôas discursou durante o evento.
“Primeiro ponto, que é constitucional,
os militares não fazem parte do sistema previdenciário, como na maior parte dos
países do mundo. É uma situação diferenciada. Nós temos uma diferença muito
grande de qualquer outro servidor público ou servidor privado. Nós não temos
hora extra, não temos adicional noturno, não podemos nos sindicalizar”,
justificou Pujol.
Questionado se os militares devem
ficar fora da reforma, ele disse que sua intenção, como comandante do Exército,
é que não se modifique o sistema de aposentadoria do Exército. “A nossa
intenção, minha como comandante do Exército, claro, é que nós não devemos
modificar o nosso sistema, se perguntarem a minha opinião como comandante do
Exército.”
Pujol afirmou que “há uma confusão
muito grande porque as Forças Armadas não fazem parte do sistema de Previdência
Social”. Ele argumentou que a separação está definida na Constituição. “Então
tudo que se fala a respeito de Previdência Social não se refere aos militares.
Este é o primeiro princípio legal que nós temos que pensar. O resto é pensar
qual a disposição do governo em mudanças nisso aí, mas tem que passar primeiro
pela Constituição.”
Sobre uma eventual iniciativa de o
presidente Jair Bolsonaro convencer os militares a participarem de “alguma cota
de sacrifício”, mesmo que seja feito por lei ordinária, Pujol disse que a
informação não chegou até ele. “Eu tenho tido contato quase que diário esta
semana com o presidente Bolsonaro e em nenhuma oportunidade ele falou comigo a
respeito. Então, se está tratando disso, está tratando em nível ministerial.
Ainda não chegou para mim, que era o futuro comandante da força e que assumi
hoje.” Pujol destacou, ainda, que os militares são “disciplinados” e irão cumprir
o que for decidido pelo governo e pela sociedade.
O comandante do Exército também alegou
que os militares “sempre tiveram a participação no esforço da nação”.
“Inclusive, há quase 20 anos, nós fomos os únicos que nos modificamos para nos
sacrificarmos em prol disso aí. Os outros setores da sociedade não se
modificaram. Havia uma intenção, mas nós fomos os únicos a nos modificarmos e
fizemos o sacrifício. Estamos sempre prontos a colaborar com a sociedade”,
declarou.
O sacrifício, neste caso, se refere a
uma Medida Provisória editada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em
2001, que acabou com a promoção automática dos militares que passam para a
reserva, o auxílio-moradia e o adicional de inatividade dos militares. A MP é
duramente criticada por militares e pelo próprio Bolsonaro.
Pujol admitiu que questões como o
aumento do tempo de contribuição para aposentadoria de 30 para 35 anos e a
cobrança de contribuição da pensão das viúvas dos militares estão em estudo.
Discurso
Durante a fala de Eduardo Villas Bôas,
o ex-comandante do Exército fez um forte discurso político no qual disse que o
presidente Jair Bolsonaro resgatou o Brasil das amarras ideológicas. “O senhor
traz a necessária renovação e a liberação das amarras ideológicas que
sequestraram o livre pensar e nublaram o discernimento e induziram a um
pensamento único e nefasto como assinala o jornalista americano Walter
Lippmann: ‘Quando todos pensam da mesma maneira é porque ninguém está
pensando'”, afirmou Villas Bôas.
Indagado sobre a fala de seu
antecessor, Pujol responde que ele “traduz o pensamento do Exército”. O novo
comandante também elogiou Villas Bôas e disse que ele é “insubstituível”.
“Substituí-lo seria impossível, eu vou sucedê-lo”, declarou.
https://exame.com/economia/novo-comandante-do-exercito-defende-que-militares-fiquem-fora-da-reforma/
"Antigamente
ninguém estranhava quando 8 ministros aqui da Esplanada eram
ex-guerrilheiros."José Maria Trindade, Comentarista Jovem Pan, 13/11/2020
Bolsonaro
é irritantemente coerente até nos erros e vacilos, mas foi eleito assim
Não
faltam manchetes estridentes para a fala de um presidente da República num só
dia
Por José
Maria Trindade
11/11/2020
08h46
https://jpimg.com.br/uploads/2020/09/jair-bolsonaro-evento.jpg
Carolina
Antunes/PRNesta terça-feira, Bolsonaro disse que Brasil tem que ‘deixar
de ser país de maricas’ no combate à Covid-19
Num único
dia, o presidente Jair Bolsonaro comemorou a
suspensão da pesquisa da vacina contra o novo
coronavírus, ameaçou declarar guerra contra os Estados
Unidos, minimizou as mais de 160 mil mortes de brasileiros em
decorrência da pandemia, apontou para os jornalistas como “urubuzada”, disse
que vivemos num país de maricas, alertou que todos os que estavam ao seu redor
iriam morrer e desafiou o povo brasileiro a enfrentar de peito aberto a
possibilidade de morte, encarando o vírus que matou mais de um milhão de
pessoas no mundo e já contabiliza mais de 30 milhões de casos em 188 países.
Não faltam manchetes estridentes para a fala de um presidente da República num
só dia. O presidente Jair Bolsonaro é irritantemente coerente até nos erros e
vacilos, mas foi eleito assim. Este é o discurso de campanha, cortante como
faca.
São
palavras, gestos e posicionamento que chocam por partir de um presidente da
República, mas esta é a fala do povo. Ninguém sabe se haverá limites para este
discurso, mas o certo é que o presidente definiu claramente pontos importantes
do seu governo. Sobre a pandemia, desde o início enfrentou até integrantes da
sua equipe para dizer que fechar o país seria errado e “mataria mais do que o
próprio vírus”. Chegou a falar: “Tem medo de que?! Enfrenta o vírus como
homem”. O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, saiu do
governo na disputa pelo trancamento geral. Perdeu. Do presidente Jair Bolsonaro
e da realidade. O povo decretou o fim da quarentena,
mas os números de infectados e mesmo vítimas fatais continuam mais ou menos no
mesmo patamar. A economia é que desabou, conforme
alertou o presidente. Não fossem as ações caras, que custaram mais de R$ 700
bilhões, a situação estaria ainda mais crítica.
Por outro
lado, a frase dita pelo presidente de que quando a diplomacia se esgota, a
pólvora fala, mostra que um país não pode deixar os adversários tranquilos de
que nunca haverá revide. Foi a segunda vez que o presidente se expressou com
uma avaliação militar. Na primeira referência, o presidente se referia às
negociações com a Venezuela. Não é exatamente uma ameaça de
decretação de guerra. A fala do presidente tem como base a campanha e o seu
princípio de “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Não é normal também
que um candidato à presidência de um país ameace intervir na gestão das
florestas de um aliado. Mesmo se este país for o aliado histórico, o poderoso
Estados Unidos.
A
comemoração do presidente com a suspensão dos testes da vacina foi um erro de
avaliação, mas o debate do presidente é sobre a obrigatoriedade da vacina,
defendida por setores importantes do governo de São
Paulo. O presidente desconfia da vacina em teste que tem o
Butantan como parceiro. O presidente faz alerta de que é preciso muito cuidado
antes de decidir por uma vacina e perigoso demais falar em vacina obrigatória.
O assunto já está judicializado e o ministro do Supremo Ricardo
Lewandowski já notificou a Anvisa para
explicar os motivos da suspensão do teste. Voluntários marcados para a
vacinação já foram dispensados à espera da autorização de retomada dos testes.
Neste processo, o governo sustenta que só o governo federal pode regulamentar a
vacinação em massa, quando o produto for finalizado. Se houver esta definição,
a CoronaVac vai
sobrar e deve ser isolada pelo Ministério
da Saúde. O efeito colateral da rejeição é que o governo chinês, de
longe, monitora a situação. Trata-se do nosso principal parceiro comercial, o
segundo é a América.
https://jovempan.com.br/opiniao-jovem-pan/comentaristas/jose-maria-trindade/bolsonaro-e-irritantemente-coerente-ate-nos-erros-e-vacilos-mas-foi-eleito-assim.html
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