sexta-feira, 13 de novembro de 2020

A Visão Estratégica do Exército

 

“Nosso assunto é militar. Não nos metemos em áreas que não nos dizem respeito. Não queremos fazer parte da política governamental ou do Congresso Nacional e muito menos queremos que a política entre em nossos quartéis.” (Edson Leal Pujol, general e Comandante do Exército)

 

Pujol diz que Exército não tem recursos para garantir soberania do País

Gen Pujol descarta existir ameaça real ao Brasil e disse: 'Não queremos fazer parte da política governamental ou do Congresso Nacional e muito menos que a política entre em nossos quartéis'

13 de Novembro, 2020 - 06:00 ( Brasília )




 

 

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Pujol diz que Exército não tem recursos para garantir soberania do País

Nota DefesaNet

Vídeo do Webinar incluído abaixo.

O Editor


Marcelo Godoy
O Estado de São Paulo
12 de novembro de 2020
Publicado Portal Estadão

 
O comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, afirmou  nesta quinta-feira, que o Exército brasileiro não tem recursos suficientes para garantir a soberania do País. E citou a defesa antiaérea como um dos pontos em que a capacidade do Exército tem de melhorar. Pujol descartou existir alguma ameaça real ao Brasil e afirmou que tem atuado para impedir que política partidária entre nos quartéis. Ele defendeu a criação de uma Guarda Nacional, que assumiria funções, como o combate aos crimes ambientais na Amazônia, que hoje são repassadas ao Exército, chamado por ele de "posto Ipiranga".
 
As declarações foram feitas durante evento do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa do qual participaram os ex-ministros da Defesa Raul Jungmann e do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen. “O general Etchegoyen me perguntou se haveria algum país em nosso continente que seria uma ameaça ao Brasil. Eu digo. Hoje não, mas não sabemos daqui 3 ou 4 anos. Por isso fazemos nosso planejamento estratégico.”

O evento aconteceu dois dias de o presidente Jair Bolsonaro dizer, ao abordar as relações entre o Brasil e a futura gestão de Joe Biden nos EUA, que quando “a saliva acaba tem de que ter pólvora”. Para Pujol como não existe ameaça imediata às nossas fronteiras, a sociedade e os políticos deixam a política nacional como uma prioridade mais baixa.

Ao ser indagado por Jungmann sobre o envolvimento das Forças Armadas com a política, Pujol afirmou: “O que eu tenho a dizer é que nesses dois anos o Ministério da Defesa e as três Forças se preocuparam exclusivamente e exaustivamente com assuntos militares.” E aproveitou para fazer um diagnóstico. “Precisamos aumentar muito a nossa capacidade operacional.” Para ele, as Forças Armadas – e o Exército – são proporcionalmente as menores do mundo em relação ao tamanho de nosso território e da população e em relação  à importância geoestratégica e econômica do Brasil.

“Somos uma reserva de alimentos para as próximas décadas e de água e minerais estratégicos que serão necessários para a humanidade.” Ele comparou o total de caças como menor do que o de países pequenos da Europa. “Estamos muito aquém do que o Brasil precisa para que as Forças Armadas cumpram suas missões constitucionais”.




 

No link:

https://youtu.be/NyiFHrtx7vo



 

Pujol completou o raciocínio, defendendo o distanciamento do Exército da política partidária. “Nosso assunto é militar, preparo e emprego. As questões políticas? Não nos metemos em áreas que não nos dizem respeito. Não queremos fazer parte da política governamental ou do Congresso Nacional e muito menos queremos que a política entre em nossos quartéis.” Para o general, o fato de militares “serem chamados eventualmente para assumirem cargos no governo é decisão exclusiva da administração do Executivo".

Esta foi a primeira vez que Pujol se manifestou publicamente sobre a contaminação dos quartéis pela política, principalmente, pelo bolsonarismo.

O general também foi indagado sobre a “cobiça estrangeira” em relação à Amazônia. “O Brasil sempre se colocou e nós militares sempre pensamos que a Amazônia e nossa. Não podemos abrir mão. O que preservamos dela nesses 500 anos é incomparavelmente superior ao que aconteceu em outros continentes.”. Pujol afirmou que as Forças Armadas têm multiplicado a presença de militares das três Forças na Amazônia. “Buscando aumentar nossa capacidade de defender a soberania de nossa Amazônia”.

Planejamento estratégico

Pujol defendeu o planejamento estratégico do Exército e citou como exemplo de desafios novos e citou o exemplo do emprego de drones contra forças blindadas no recente conflito entre o Azerbaijão e a Armênia. “O combate convencional não foi abandonado por nenhuma nação do mundo, mas existem novas demandas, como a guerra cibernética, a guerra do futuro”, disse Pujol.

Ele defendeu 17 projetos estratégicos do Exército, como o programa Guarani de blindados e o sistema Astro 2020, com os foguete e míssil tático brasileiro de alcance de 300 quilômetros com “uma dispersão de oito metros em relação ao alvo”. “Temos de dotar o Exército de uma capacidade de defesa antiaérea, que está muito aquém de fazer frente a ameaças. Precisamos de um programa para desenvolver a estrutura de nossa defesa antiaérea.”

Ele afirmou considerar que o País devia ter um Exército maior. “Mas a curto e médio prazo não temos como fugir do orçamento (teto).”  Pelos números de Pujol, o Ministério da Defesa viu seu orçamento encolher de 2012 de R$ 19 bilhões para cerca de R$ 10,1 bilhões em 2019. “No ano que vem o orçamento será de 11,7 bilhões, mesmo com problemas da pandemia.”

O comandante afirmou que a solução para o a falta de recursos passa pelo aumento do número de militares temporários, além do aumento do tempo de permanência de uma parte deles na Força, passando de oito anos para dez anos. “Só podemos aumentar com recursos extraorçamentários, uma EmgeDefesa (referencia à Emgepron, a empresa de projetos navais) , ou por meio da criação de um fundo para a Defesa, como a Argentina aprovou.

Guarda Nacional

Por fim, o comandante afirmou considerar existir um exagero de operações de Garantia da Lei e Ordem. “O problema começa lá pela previsão da Constituição. Nosso principal negócio é a defesa da pátria, mas o nosso emprego tem sido fundamental para cumprir outras missões e a necessidade da nação brasileira.” Pujol afirmou, como exemplo, não ver soluções para problemas como os incêndios na Amazônia que não envolva as Forças Armadas.
 
“Temos preocupação de que a Operação Verde Brasil se transforme em outra Operação Pipa, em que o Exército está sendo empregada de 'forma emergencial' desde 1998.” De acordo com Pujol, ele expôs essa preocupação ao ministro da defesa, general Fernando Azevedo e Silva, quando foi decidido que o Exército deveria participar da Operação Verde Brasil 2.

Segundo ele, a ideia do vice-presidente, Hamilton Mourão, é que o Brasil precisa de uma guarda florestal forte ou uma guarda nacional para cumprir essas missões. Mas enquanto não existir essa estrutura ou a Polícia Federal não tiver efetivo suficiente para cuidar de nossas fronteiras, “fatalmente seremos chamados”. “O ideal é que pudéssemos nos debruçar só com preparo e emprego da tropa.”

Atualmente, o Exército tem 28 mil homens na Operação Covid, 5 mil na Operação Verde Brasil 2, 3 mil na Operação Pipa. “E outros tantos na Operação Acolhida, em Roraima”, disse. “Mas não vejo solução no curto prazo em razão de nossa estrutura governamental e da extensão do Exército. Algumas coisas é só mesmo chamando o Posto Ipiranga”, afirmou Pujol. “Domingo vamos participar em mais de 600 municípios na garantia da votação e apuração das eleições.”

https://www.defesanet.com.br/end/noticia/38747/Pujol-diz-que-Exercito-nao-tem-recursos-para-garantir-soberania-do-Pais/

 

 

 

 

Novo comandante do Exército defende que militares fiquem fora da reforma

Edson Leal Pujol conversou com a imprensa após cerimônia de troca de comando do Exército, antes liderado por Eduardo Villas Bôas

Por Estadão Conteúdo

Publicado em: 11/01/2019 às 15h01Alterado em: 01/02/2019 às 15h08access_timeTempo de leitura: 4 min




 

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O Presidente Jair Bolsonaro participa da solenidade de passagem de Comando do Exército do general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas ao general Edson Leal Pujol. Valter Campanato/Agência Brasil

Edson Leal Pujol: "Não devemos mudar nosso sistema',diz novo comandante do Exército sobre aposentadoria" (Valter Campanato/Agência Brasil)

 

O novo comandante do Exército, Edson Leal Pujol, considera que os militares devem ficar fora da reforma da Previdência. Ele destacou que os militares não fazem parte do sistema previdenciário e possuem “situação diferenciada”. Pujol conversou com a imprensa após cerimônia de troca de comando do Exército, antes liderado por Eduardo Villas Bôas. Como é de praxe, apenas Villas Bôas discursou durante o evento.

 

 

“Primeiro ponto, que é constitucional, os militares não fazem parte do sistema previdenciário, como na maior parte dos países do mundo. É uma situação diferenciada. Nós temos uma diferença muito grande de qualquer outro servidor público ou servidor privado. Nós não temos hora extra, não temos adicional noturno, não podemos nos sindicalizar”, justificou Pujol.

Questionado se os militares devem ficar fora da reforma, ele disse que sua intenção, como comandante do Exército, é que não se modifique o sistema de aposentadoria do Exército. “A nossa intenção, minha como comandante do Exército, claro, é que nós não devemos modificar o nosso sistema, se perguntarem a minha opinião como comandante do Exército.”

Pujol afirmou que “há uma confusão muito grande porque as Forças Armadas não fazem parte do sistema de Previdência Social”. Ele argumentou que a separação está definida na Constituição. “Então tudo que se fala a respeito de Previdência Social não se refere aos militares. Este é o primeiro princípio legal que nós temos que pensar. O resto é pensar qual a disposição do governo em mudanças nisso aí, mas tem que passar primeiro pela Constituição.”

Sobre uma eventual iniciativa de o presidente Jair Bolsonaro convencer os militares a participarem de “alguma cota de sacrifício”, mesmo que seja feito por lei ordinária, Pujol disse que a informação não chegou até ele. “Eu tenho tido contato quase que diário esta semana com o presidente Bolsonaro e em nenhuma oportunidade ele falou comigo a respeito. Então, se está tratando disso, está tratando em nível ministerial. Ainda não chegou para mim, que era o futuro comandante da força e que assumi hoje.” Pujol destacou, ainda, que os militares são “disciplinados” e irão cumprir o que for decidido pelo governo e pela sociedade.

O comandante do Exército também alegou que os militares “sempre tiveram a participação no esforço da nação”. “Inclusive, há quase 20 anos, nós fomos os únicos que nos modificamos para nos sacrificarmos em prol disso aí. Os outros setores da sociedade não se modificaram. Havia uma intenção, mas nós fomos os únicos a nos modificarmos e fizemos o sacrifício. Estamos sempre prontos a colaborar com a sociedade”, declarou.

O sacrifício, neste caso, se refere a uma Medida Provisória editada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2001, que acabou com a promoção automática dos militares que passam para a reserva, o auxílio-moradia e o adicional de inatividade dos militares. A MP é duramente criticada por militares e pelo próprio Bolsonaro.

Pujol admitiu que questões como o aumento do tempo de contribuição para aposentadoria de 30 para 35 anos e a cobrança de contribuição da pensão das viúvas dos militares estão em estudo.

Discurso

Durante a fala de Eduardo Villas Bôas, o ex-comandante do Exército fez um forte discurso político no qual disse que o presidente Jair Bolsonaro resgatou o Brasil das amarras ideológicas. “O senhor traz a necessária renovação e a liberação das amarras ideológicas que sequestraram o livre pensar e nublaram o discernimento e induziram a um pensamento único e nefasto como assinala o jornalista americano Walter Lippmann: ‘Quando todos pensam da mesma maneira é porque ninguém está pensando'”, afirmou Villas Bôas.

Indagado sobre a fala de seu antecessor, Pujol responde que ele “traduz o pensamento do Exército”. O novo comandante também elogiou Villas Bôas e disse que ele é “insubstituível”. “Substituí-lo seria impossível, eu vou sucedê-lo”, declarou.

https://exame.com/economia/novo-comandante-do-exercito-defende-que-militares-fiquem-fora-da-reforma/





"Antigamente ninguém estranhava quando 8 ministros aqui da Esplanada eram ex-guerrilheiros."José Maria Trindade, Comentarista Jovem Pan, 13/11/2020

 

Bolsonaro é irritantemente coerente até nos erros e vacilos, mas foi eleito assim

Não faltam manchetes estridentes para a fala de um presidente da República num só dia

Por José Maria Trindade

 

11/11/2020 08h46




 

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Carolina Antunes/PRNesta terça-feira, Bolsonaro disse que Brasil tem que ‘deixar de ser país de maricas’ no combate à Covid-19

Num único dia, o presidente Jair Bolsonaro comemorou a suspensão da pesquisa da vacina contra o novo coronavírus, ameaçou declarar guerra contra os Estados Unidos, minimizou as mais de 160 mil mortes de brasileiros em decorrência da pandemia, apontou para os jornalistas como “urubuzada”, disse que vivemos num país de maricas, alertou que todos os que estavam ao seu redor iriam morrer e desafiou o povo brasileiro a enfrentar de peito aberto a possibilidade de morte, encarando o vírus que matou mais de um milhão de pessoas no mundo e já contabiliza mais de 30 milhões de casos em 188 países. Não faltam manchetes estridentes para a fala de um presidente da República num só dia. O presidente Jair Bolsonaro é irritantemente coerente até nos erros e vacilos, mas foi eleito assim. Este é o discurso de campanha, cortante como faca. 

São palavras, gestos e posicionamento que chocam por partir de um presidente da República, mas esta é a fala do povo. Ninguém sabe se haverá limites para este discurso, mas o certo é que o presidente definiu claramente pontos importantes do seu governo. Sobre a pandemia, desde o início enfrentou até integrantes da sua equipe para dizer que fechar o país seria errado e “mataria mais do que o próprio vírus”. Chegou a falar: “Tem medo de que?! Enfrenta o vírus como homem”. O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, saiu do governo na disputa pelo trancamento geral. Perdeu. Do presidente Jair Bolsonaro e da realidade. O povo decretou o fim  da quarentena, mas os números de infectados e mesmo vítimas fatais continuam mais ou menos no mesmo patamar. A economia é que desabou, conforme alertou o presidente. Não fossem as ações caras, que custaram mais de R$ 700 bilhões, a situação estaria ainda mais crítica. 

Por outro lado, a frase dita pelo presidente de que quando a diplomacia se esgota, a pólvora fala, mostra que um país não pode deixar os adversários tranquilos de que nunca haverá revide. Foi a segunda vez que o presidente se expressou com uma avaliação militar. Na primeira referência, o presidente se referia às negociações com a Venezuela. Não é exatamente uma ameaça de decretação de guerra. A fala do presidente tem como base a campanha e o seu princípio de “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Não é normal também que um candidato à presidência de um país ameace intervir na gestão das florestas de um aliado. Mesmo se este país for o aliado histórico, o poderoso Estados Unidos.

A comemoração do presidente com a suspensão dos testes da vacina foi um erro de avaliação, mas o debate do presidente é sobre a obrigatoriedade da vacina, defendida por setores importantes do governo de São Paulo.  O presidente desconfia da vacina em teste que tem o Butantan como parceiro. O presidente faz alerta de que é preciso muito cuidado antes de decidir por uma vacina e perigoso demais falar em vacina obrigatória. O assunto já está judicializado e o ministro do Supremo Ricardo Lewandowski já notificou a Anvisa para explicar os motivos da suspensão do teste. Voluntários marcados para a vacinação já foram dispensados à espera da autorização de retomada dos testes. Neste processo, o governo sustenta que só o governo federal pode regulamentar a vacinação em massa, quando o produto for finalizado. Se houver esta definição, a CoronaVac vai sobrar e deve ser isolada pelo Ministério da Saúde. O efeito colateral da rejeição é que o governo chinês, de longe, monitora a situação. Trata-se do nosso principal parceiro comercial, o segundo é a América.

https://jovempan.com.br/opiniao-jovem-pan/comentaristas/jose-maria-trindade/bolsonaro-e-irritantemente-coerente-ate-nos-erros-e-vacilos-mas-foi-eleito-assim.html


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