Julio
Cortázar
Gostávamos da casa porque, além de ser espaçosa e antiga (as casas antigas de
hoje sucumbem às mais vantajosas liquidações dos seus materiais), guardava as
lembranças de nossos bisavós, do avô paterno, de nossos pais e de toda a nossa
infância.
Acostumamo-nos Irene e eu a persistir sozinhos nela, o que era uma loucura,
pois nessa casa poderiam viver oito pessoas sem se estorvarem. Fazíamos a
limpeza pela manhã, levantando-nos às sete horas, e, por volta das onze horas,
eu deixava para Irene os últimos quartos para repassar e ia para a cozinha. O
almoço era ao meio-dia, sempre pontualmente; já que nada ficava por fazer, a
não ser alguns pratos sujos. Gostávamos de almoçar pensando na casa profunda e
silenciosa e em como conseguíamos mantê-la limpa. Às vezes chegávamos a pensar
que fora ela a que não nos deixou casar. Irene dispensou dois pretendentes sem
motivos maiores, eu perdi Maria Esther pouco antes do nosso noivado. Entramos
na casa dos quarenta anos com a inexpressada idéia de que o nosso simples e
silencioso casamento de irmãos era uma necessária clausura da genealogia
assentada por nossos bisavós na nossa casa. Ali morreríamos algum dia,
preguiçosos e toscos primos ficariam com a casa e a mandariam derrubar para
enriquecer com o terreno e os tijolos; ou melhor, nós mesmos a derrubaríamos
com toda justiça, antes que fosse tarde demais.
Irene era uma jovem nascida para não incomodar ninguém. Fora sua atividade
matinal, ela passava o resto do dia tricotando no sofá do seu quarto. Não sei
por que tricotava tanto, eu penso que as mulheres tricotam quando consideram
que essa tarefa é um pretexto para não fazerem nada. Irene não era assim,
tricotava coisas sempre necessárias, casacos para o inverno, meias para mim,
xales e coletes para ela. Às vezes tricotava um colete e depois o desfazia num
instante porque alguma coisa lhe desagradava; era engraçado ver na cestinha
aquele monte de lã encrespada resistindo a perder sua forma anterior. Aos
sábados eu ia ao centro para comprar lã; Irene confiava no meu bom gosto,
sentia prazer com as cores e jamais tive que devolver as madeixas. Eu
aproveitava essas saídas para dar uma volta pelas livrarias e perguntar em vão
se havia novidades de literatura francesa. Desde 1939 não chegava nada valioso
na Argentina. Mas é da casa que me interessa falar, da casa e de Irene, porque
eu não tenho nenhuma importância. Pergunto-me o que teria feito Irene sem o
tricô. A gente pode reler um livro, mas quando um casaco está terminado não se
pode repetir sem escândalo. Certo dia encontrei numa gaveta da cômoda xales
brancos, verdes, lilases, cobertos de naftalina, empilhados como num armarinho;
não tive coragem de lhe perguntar o que pensava fazer com eles. Não
precisávamos ganhar a vida, todos os meses chegava dinheiro dos campos que ia
sempre aumentando. Mas era só o tricô que distraía Irene, ela mostrava uma
destreza maravilhosa e eu passava horas olhando suas mãos como puas prateadas,
agulhas indo e vindo, e uma ou duas cestinhas no chão onde se agitavam
constantemente os novelos. Era muito bonito.
Como não me lembrar da distribuição da casa! A sala de jantar, lima sala com
gobelins, a biblioteca e três quartos grandes ficavam na parte mais afastada, a
que dá para a rua Rodríguez Pena. Somente um corredor com sua maciça porta de
mogno isolava essa parte da ala dianteira onde havia um banheiro, a cozinha,
nossos quartos e o salão central, com o qual se comunicavam os quartos e o
corredor. Entrava-se na casa por um corredor de azulejos de Maiorca, e a porta
cancela ficava na entrada do salão. De forma que as pessoas entravam pelo
corredor, abriam a cancela e passavam para o salão; havia aos lados as portas
dos nossos quartos, e na frente o corredor que levava para a parte mais
afastada; avançando pelo corredor atravessava-se a porta de mogno e um pouco
mais além começava o outro lado da casa, também se podia girar à esquerda
justamente antes da porta e seguir pelo corredor mais estreito que levava para
a cozinha e para o banheiro. Quando a porta estava aberta, as pessoas percebiam
que a casa era muito grande; porque, do contrário, dava a impressão de ser um
apartamento dos que agora estão construindo, mal dá para mexer-se; Irene e eu
vivíamos sempre nessa parte da casa, quase nunca chegávamos além da porta de
mogno, a não ser para fazer a limpeza, pois é incrível como se junta pó nos
móveis. Buenos Aires pode ser uma cidade limpa; mas isso é graças aos seus
habitantes e não a outra coisa. Há poeira demais no ar, mal sopra uma brisa e
já se apalpa o pó nos mármores dos consoles e entre os losangos das toalhas de
macramê; dá trabalho tirá-lo bem com o espanador, ele voa e fica suspenso no ar
um momento e depois se deposita novamente nos móveis e nos pianos.
Lembrarei sempre com toda a clareza porque foi muito simples e sem
circunstâncias inúteis. Irene estava tricotando no seu quarto, por volta das
oito da noite, e de repente tive a idéia de colocar no fogo a chaleira para o
chimarrão. Andei pelo corredor até ficar de frente à porta de mogno
entreaberta, e fazia a curva que levava para a cozinha quando ouvi alguma coisa
na sala de jantar ou na biblioteca. O som chegava impreciso e surdo, como uma
cadeira caindo no tapete ou um abafado sussurro de conversa. Também o ouvi, ao
mesmo tempo ou um segundo depois, no fundo do corredor que levava daqueles
quartos até a porta. Joguei-me contra a parede antes que fosse tarde demais,
fechei-a de um golpe, apoiando meu corpo; felizmente a chave estava colocada do
nosso lado e também passei o grande fecho para mais segurança.
Entrei na cozinha, esquentei a chaleira e, quando voltei com a bandeja do
chimarrão, falei para Irene:
— Tive que fechar a porta do corredor. Tomaram a parte dos fundos.
Ela deixou cair o tricô e olhou para mim com seus graves e cansados olhos.
— Tem certeza?
Assenti.
— Então — falou pegando as agulhas — teremos que viver deste lado.
Eu preparava o chimarrão com muito cuidado, mas ela demorou um instante para
retornar à sua tarefa. Lembro-me de que ela estava tricotando um colete cinza;
eu gostava desse colete.
Os primeiros dias pareceram-nos penosos, porque ambos havíamos deixado na parte
tomada muitas coisas de que gostávamos. Meus livros de literatura francesa, por
exemplo, estavam todos na biblioteca. Irene pensou numa garrafa de Hesperidina
de muitos anos. Freqüentemente (mas isso aconteceu somente nos primeiros dias)
fechávamos alguma gaveta das cômodas e nos olhávamos com tristeza.
— Não está aqui.
E era mais uma coisa que tínhamos perdido do outro lado da casa.
Porém também tivemos algumas vantagens. A limpeza simplificou-se tanto que,
embora levantássemos bem mais tarde, às nove e meia por exemplo, antes das onze
horas já estávamos de braços cruzados. Irene foi se acostumando a ir junto
comigo à cozinha para me ajudar a preparar o almoço. Depois de pensar muito,
decidimos isto: enquanto eu preparava o almoço, Irene cozinharia os pratos para
comermos frios à noite. Ficamos felizes, pois era sempre incômodo ter que
abandonar os quartos à tardinha para cozinhar. Agora bastava pôr a mesa no
quarto de Irene e as travessas de comida fria.
Irene estava contente porque sobrava mais tempo para tricotar. Eu andava um
pouco perdido por causa dos livros, mas, para não afligir minha irmã, resolvi
rever a coleção de selos do papai, e isso me serviu para matar o tempo.
Divertia-nos muito, cada um com suas coisas, quase sempre juntos no quarto de
Irene que era o mais confortável. Às vezes Irene falava:
— Olha esse ponto que acabei de inventar. Parece um desenho de um trevo?
Um instante depois era eu que colocava na frente dos seus olhos um quadradinho
de papel para que olhasse o mérito de algum selo de Eupen e Malmédy. Estávamos
muito bem, e pouco a pouco começamos a não pensar. Pode-se viver sem pensar.
(Quando Irene sonhava em voz alta eu perdia o sono. Nunca pude me acostumar a
essa voz de estátua ou papagaio, voz que vem dos sonhos e não da garganta.
Irene falava que meus sonhos consistiam em grandes sacudidas que às vezes
faziam cair o cobertor ao chão. Nossos quartos tinham o salão no meio, mas à
noite ouvia-se qualquer coisa na casa. Ouvíamos nossa respiração, a tosse,
pressentíamos os gestos que aproximavam a mão do interruptor da lâmpada, as
mútuas e freqüentes insônias.
Fora isso tudo estava calado na casa. Durante o dia eram os rumores domésticos,
o roçar metálico das agulhas de tricô, um rangido ao passar as folhas do álbum
filatélico. A porta de mogno, creio já tê-lo dito, era maciça. Na cozinha e no
banheiro, que ficavam encostados na parte tomada, falávamos em voz mais alta ou
Irene cantava canções de ninar. Numa cozinha há bastante barulho da louça e
vidros para que outros sons irrompam nela. Muito poucas vezes permitia-se o
silêncio, mas, quando voltávamos para os quartos e para o salão, a casa ficava
calada e com pouca luz, até pisávamos devagar para não incomodar-nos. Creio que
era por isso que, à noite, quando Irene começava a sonhar em voz alta, eu
ficava logo sem sono.)
É quase repetir a mesma coisa menos as conseqüências. Pela noite sinto sede, e
antes de ir para a cama eu disse a Irene que ia até a cozinha pegar um copo
d'água. Da porta do quarto (ela tricotava) ouvi barulho na cozinha ou talvez no
banheiro, porque a curva do corredor abafava o som. Chamou a atenção de Irene
minha maneira brusca de deter-me, e veio ao meu lado sem falar nada. Ficamos
ouvindo os ruídos, sentindo claramente que eram deste lado da porta de mogno,
na cozinha e no banheiro, ou no corredor mesmo onde começava a curva, quase ao
nosso lado.
Sequer nos olhamos. Apertei o braço de Irene e a fiz correr comigo até a porta
cancela, sem olhar para trás. Os ruídos se ouviam cada vez mais fortes, porém
surdos, nas nossas costas. Fechei de um golpe a cancela e ficamos no corredor.
Agora não se ouvia nada.
— Tomaram esta parte — falou Irene. O tricô pendia das suas mãos e os fios
chegavam até a cancela e se perdiam embaixo da porta. Quando viu que os novelos
tinham ficado do outro lado, soltou o tricô sem olhar para ele.
— Você teve tempo para pegar alguma coisa? — perguntei-lhe inutilmente.
— Não, nada.
Estávamos com a roupa do corpo. Lembrei-me dos quinze mil pesos no armário do
quarto. Agora já era tarde.
Como ainda ficara com o relógio de pulso, vi que eram onze da noite. Enlacei
com meu braço a cintura de Irene (acho que ela estava chorando) e saímos assim
à rua. Antes de partir senti pena, fechei bem a porta da entrada e joguei a
chave no ralo da calçada. Não fosse algum pobre-diabo ter a idéia de roubar e
entrar na casa, a essa hora e com a casa tomada.
Filho de pai diplomata, Julio Cortázar nasceu por
acaso em Bruxelas, no ano de 1914. Com quatro anos de idade foi para a
Argentina. Com a separação de seus pais, o escritor foi criado pela mãe, uma
tia e uma avó. Com o título de professor normal em Letras, iniciou seus estudos
na Faculdade de Filosofia e Letras, que teve que abandonar logo em seguida, por
problemas financeiros. Para poder viver, deu aulas e diversos colégios do
interior daquele país. Por não concordar com a ditadura vigente na Argentina,
mudou-se para Paris, em 1951. Autor de contos considerados como os mais
perfeitos no gênero, podemos citar entre suas obras mais reconhecidas
“Bestiário” (1951), “Las armas secretas” (1959), ), “Rayuela”, (1963), “Todos
los fuegos el fuego” (1966), “Ultimo round” (1969), “Octaedro” (1974), “Pameos
y Meopas” (1971), “Queremos tanto a Glenda (1980), “Salvo el crepúsculo” —
póstumo (1984) e "Papéis inesperados" — póstumo (2010). O escritor
morreu em Paris, de leucemia, em 1984.
O texto acima foi publicado originalmente em "Bestiario" e extraído
do livro "Contos Latino-Americanos Eternos", Bom Texto Editora, Rio
de Janeiro — 2005, pág. 09, organização e tradução de Alicia Ramal.
Fonte:
releituras – textos
Disponível em: http://www.releituras.com/jcortazar_casa.asp
Acesso em: 04/11/2020
Roda Viva | Nélida Piñon | 02/11/2020
No Roda
Viva, a jornalista Vera Magalhães recebe a escritora Nélida Piñon. Com livros
publicados em várias línguas, Nélida Piñon foi a primeira mulher a presidir a
Academia Brasileira de Letras. Descendente de uma família de espanhóis, da Galícia,
o mundo ibérico está presente em sua obra. Em seu livro mais recente, Um Dia
Chegarei a Sagres, o personagem principal foi criado pelo avô, numa aldeia
portuguesa do século XIX. Nesta obra, ela também propõe uma reflexão
extremamente relevante: as utopias não são um privilégio dos ricos, mas estão
abertas a todas as pessoas. Preocupada com os rumos do país, Nélida revela uma
profunda decepção com o atual governo. Em entrevista ao jornal El País, chegou
a afirmar: "sinto um profundo descrédito do poder... É como se se pudesse
esperar o pior de Brasília".
Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=6TrlUXb0JPw
Acesso em:
04/11/2020
A REPÚBLICA
DOS SONHOS
Romance
vencedor do Prêmio da Associação dos Críticos de Arte de São Paulo e do Prêmio
Ficção Pen Club
– Cuidado, Eulália, desconfie das palavras. Elas tanto afirmam
quanto desdizem. E isto por conta da nossa vaidade. ( p.14)
Ler “A república dos
sonhos” é ler uma vida inteira. É ler a saga de uma família, três gerações. É
ler a história do Brasil, sua política, usos e costumes. É desvendar o
sentimento imigrante não importando a nacionalidade, há um sentimento comum a
todos. É ler a história da Galiza, suas gentes, lendas e superstições. É
descobrir que a família pode ser amor e ódio.
Ler esse livro
mostrou- me que o Brasil já está errando há tempo demais. A leitura do
Brasil nação é atual e acaba sendo triste. Não evoluímos, o tempo não jogou a
nosso favor. Ainda falta muito pra melhorar em todos os setores e temo que
esteja muito distante.
De que me vale a riqueza de ter duas pátrias, se as duas me
querem dividir, ambas me fazem sentir que não pertenço a lugar nenhum. (p.
182)
A memória, as vozes
do passado, raízes, família, pátria, amor e ódio dão o tom da narrativa.
Com esse livro,
Nélida Piñon alcançou o nível máximo na excelência da arte literária. Não
se pode escrever melhor! Eu havia lido seus contos e “A casa da paixão”, mas
essa narrativa prolixa e excepcional, me conquistou completamente! Posso
compará- la e colocá- la no mesmo patamar de Marcel Proust, Machado de
Assis ou Dostoiévski, nível A. Nélida Piñón é a Proust brasileira! Fiquei muito
impressionada com essa obra. Ah, também lembra “Cem anos de solidão”, de
Gabo. Nélida Piñón tem uma escritura fina, rica e elegante. Veja como começa:
Eulália começou a morrer na terça- feira. Esquecida do último
almoço de domingo, quando a família se reunira em torno da longa mesa especialmente
armada para receber filhos e netos. (…) (p.7)
O primeiro capítulo
serve como apresentação do casal protagonista, já idoso, que prepara- se para o
final de Eulália, que pressente a morte e prepara- se para tal. Essa obra
trata da história dessa família de imigrantes galegos que foram para o Brasil
em busca de um sonho. O povo da Galiza tem essa vocação imigrante, na própria
Espanha são conhecidos assim. Essas terras galegas não oferecem (até hoje) as
melhores condições de vida e trabalho, o tempo inclemente, muita gente
vive do mar e da terra, ofícios duros e sem boas expectativas de
futuro, o que os empurra a sair da sua terra. A neta Breta tenta reconstruir a
saga da sua família.
– O mar é a minha memória, Venâncio. (…) (Madruga, p. 11)
Alguns personagens:
Eulália: imigrante
galega (espanhola), casada com Madruga. Muito religiosa, mãe dedicada, submissa
ao marido, resignada, misteriosa. Forte e frágil ao mesmo tempo. Preparou
caixinhas com recordações para cada um dos filhos.
Madruga: imigrante
galego (espanhol), casado com Eulália. Imigrou adolescente para Rio de
Janeiro com muita força e ganância. Teve sorte, começou a trabalhar em um hotel
de um espanhol e logo passou a ser sócio do negócio. Assim começou o seu
império. Machista, frio com os filhos e a esposa, os filhos o consideram um
déspota.
Venâncio: velho
amigo de Madruga e Eulália, chegaram juntos no Brasil em um navio inglês, no
ano de 1913. Ao contrário de Madruga, não teve êxito financeiro, era seu
empregado. Seus valores e sentimentos eram muito diferentes, mas mantiveram- se
unidos até o final. Escreveu um diário, dessa forma podemos conhecer quem é e o
que pensa.
Dom Miguel: pai de
Eulália
Odete: a servente de
Eulália. Apesar da abolição da escravatura em meados do século XIX, a
escravidão no Brasil continuou no século XX. Até hoje vemos e sentimos as
consequências.
Breta: neta de
Eulália e Madruga, filha de Esperança, que morre (“spoilerzinho”!)
Xan: avô
de Madruga, distante, mas sempre presente
Urcesina: mãe de
Madruga
Ceferino: pai de
Madruga
Antônia: filha de
Madruga e Eulália
Tobias: o filho mais
velho de Madruga e Eulália.
Amália: esposa de
Tobias
Esperança: filha de
Madruga e Eulália
Bento: filho de
Madruga e Eulália
Miguel: filho de
Madruga e Eulália
Luís Filho:
genro de Madruga e Eulália, casado com Antônia
Tio Justo: irmão de
Madruga
Dona Aquilina: a
bruxa, uma “meiga” da Galiza
Maria e Viriato,
imigrantes portugueses, pais de Cláudio, soldado brasileiro na Itália na II
Guerra Mundial. Ele volta, mas sofre problemas mentais provocados pela guerra.
O segundo
capítulo começa com a história da família contada em 1º pessoa por Madruga, que
nasceu em Sobreira, Pontevedra (Espanha). Com 13 anos, planeja a viagem ao
Brasil, a América é o seu sonho, acha que não tem o que fazer naquele povoado,
mata virtualmente os pais, tenta retirar todo o vínculo emocional, só assim
poderia sobreviver na nova terra. Quem vai e fica emocionalmente dependente dos
que ficam, não consegue enfrentar a dor da separação. Ele pede ajuda financeira
(a passagem de navio) ao tio Justo, um sujeito solitário e irascível, que
migrou para o Brasil, mas retornou, não deu certo.
O livro inteiro é
destacável, são 705 páginas magistrais, por motivos óbvios, não vou poder
destacar tudo o que eu gostaria. O trecho abaixo, tão atual (a obra foi escrita
em 1984, mas poderia ser hoje) dito pelo filho de Madruga, é advogado e está
muito insatisfeito com a falta de valores nobres que rege o país:
“– As nossas franquias institucionais sempre representaram uma
farsa, padrinho. Começando pelo aparato jurídico que é capenga, amolece diante
dos regimes fortes. Por isso nos tornamos todos tiranos. Da estirpe de Getúlio,
Médici e outros mais. Oferecemos cafezinho às visitas, que mal nos chegam na
soleira da porta, com a chibata na mão. Não temos feito outra coisa que
dilapidar um patrimônio que uns chamam de nação, outros de país, ou de pátria.
O Brasil vem mentindo para si mesmo a cada hora. E não existe pior elite que a
nossa. Ela condena os fracos e os miseráveis ao extermínio ou ao exílio. O
exílio do silêncio e da não participação social. Da privação dos direitos
humanos.”
(Tobias ao padrinho Venâncio, p. 36)
O advogado Tobias
defende as pessoas sem recursos contra a ditadura. Tem muitos problemas
econômicos, enfrenta a mulher, pede empréstimos bancários, vai contra o pai,
com quem não se dá bem, não gosta do seu autoritarismo, o considera um déspota.
Tobias ia na contra- mão dos seus irmãos que acatavam as ordens do pai, que
trabalhavam nos negócios dele junto com o genro puxa- saco Luís Filho. Madruga
fez fortuna no Brasil.
No entanto, ser
imigrante não é nada fácil, uma verdade transportada à ficção de Nélida:
Ganhar a vida, em um país estrangeiro, equivalia no início a
dolorosas amputações. A perda da alma e da língua ao mesmo tempo. (p.67)
Essa obra nos conta
costumes brasileiros e espanhóis, sob a ótica dos galegos (nascidos na Galiza).
O sentimento imigrante é muito parecido, não importa a nacionalidade. Em muitos
momentos identifiquei- me, infelizmente, com algumas coisas que não são muito
agradáveis de sentir na própria pele, trechos da página 173:
O peso:
“(…) Parecia, então,
estar arrastando Espanha às costas, como se fosse uma mochila de couro.
Enquanto o Brasil, a despeito do seu conteúdo jovem e falsamente lírico,
igualava- se em peso a uma pedra que devesse deslocar sozinho do chão.”
Só o esquecimento
salva do mal- estar diário:
“– Não se pode
conviver intensamente com dois países mortíferos como o Brasil e a Espanha.
Você terá que abrandar um deles dentro da alma. De outro jeito, eles terminam
por mata- lo (…)
A sensação de ser um
forasteiro, ainda que morando há muitos anos fora:
“(…) Pondo os
pés num país que, em movimentos díspares, retinha- o e expulsava- o
seguidamente. Somos e não pudesse esquecer que o Brasil não fora a sua primeira
manjedoura.”
Venâncio imigrou
junto com Madruga. Ele era empregado deste, que enriqueceu com um hotel. Sorte
de um e falta da mesma para outro. Venâncio é melancólico, não acaba de
arraigar- se no Brasil e sofre. Não tem família, não tem riqueza, parece viver
sem esperança. Madruga tem o consolo do dinheiro, do êxito, do sonho cumprido e
a ainda família numerosa para completar.
A história acontece
na década de 30, períodos políticos complicados, tanto no Brasil quanto na
Espanha. No Brasil, o suicida e ditador Getúlio Vargas teve quatro mandatos
como presidente que duraram 15 anos. Um golpe militar depôs o então presidente
Washington Luiz para entrar Getúlio. Anos de revoltas e assassinatos da
oposição, uma história confusa e complexa; na Espanha, também acontecia uma
guerra civil (1936- 1939). Ganhou a pior parte, o ditador Francisco Franco, que
governou o país durante 36 anos, até a sua morte em 1975. Um longo período em
que a Espanha não teve liberdade de expressão, não teve imigração, também não
existiam homossexuais e nenhum opositor, já que esses eram eliminados. O mundo
estava em pé- de- guerra, em 1939, também explodiu a II Guerra Mundial. Veja
(p.176):
Quem quiser conhecer melhor a história de Olga Benário leia
“Olga”, de Fernando Morais. Esse é um livro que ainda quero fazer uma resenha.
A história trágica dessa mulher (e de muitos outros) foi promovida por Getúlio
Vargas.
A diferença entre o Brasil e a Espanha? O brasileiro parece
desconhecer a história do próprio país. Uma das principais ruas da cidade que
eu morava em Feira de Santana, adivinha? “Avenida Getúlio Vargas”. Tenho
certeza que a população pensa que foi algum herói. Já na Espanha, os símbolos
franquistas da ditadura foram retirados das ruas, praças, cidades.
Os personagens estão inseridos nesse contexto político- social e
suas vidas, medos, condutas são influenciados por esses fatos. Venâncio temia
que a ditadura brasileira o expulsasse para a ditadura espanhola.
Passado e presente vão intercalando- se entre os cenário do Rio
de Janeiro e de Sobreira, na Galiza.
Merece destaque a relação da galega Eulália com a sua fiel
empregada Odete, negra, órfã, pobre e totalmente serviçal, sem vida própria.
Vivia entregada a servir a patroa sem horários e direitos, muito menos comer à
mesa com os patrões. Em 2016, continua igual em muitos lares do Brasil. Na
realidade baiana que conheço mais, afirmo sem medo de errar, que muitas
faxineiras, cozinheiras, babás, lavadeiras e passadeiras são tratadas
praticamente como se não fossem seres humanos. O lugar delas é na cozinha, a relação
não é como a de outro profissional qualquer, são tratadas de cima pra
baixo, como era a relação do senhor da Casa Grande e do escravo da senzala, de
Brasil Colônia. Eu vi, presenciei, ninguém me contou. Espero que algum com essa
doença psicológica/social/moral leia isto e caia a cara de vergonha.
Outra coisa: “pegar pra criar” alguma criança pobre, como se
fosse um favor, para usá- la como escrava na sua casa, para fazer todas as
tarefas domésticas não é ser “irmão ou irmã de criação”, isso tem outro nome:
ESCRAVIDÃO! Pois é, na Bahia isso ainda acontece. Irmão é irmão, não é escravo.
Eulália mantinha- se alheia aos acontecimentos políticos
brasileiros e do mundo, centrava- se nos afazeres domésticos: “(…) Nada
escraviza mais que a devoção integral às panelas, à roda de fiar, aos
utensílios, que põem uma tela escura à vista.” (p.376)
A relação entre Madruga, a esposa Eulália e o amigo Venâncio era
estranha. Fiquei desconfiada que Venâncio era apaixonado por Eulália e vice-
versa, e que o filho mais velho de Eulália era dele, não de Madruga. Venâncio
não casou, era muito reservado, solitário e muito preocupado com a situação
política da Espanha, não conseguia esquecer da terra natal. Madruga o
recriminava o tempo todo, achava que isso o impedia de ser feliz no
Brasil, queria que arranjasse uma mulher, tivesse família, mas Eulália
desculpava o amigo e colocava panos quentes. Madruga acabou descobrindo que o
amigo adoeceu. Quando o sonho se transforma em pesadelo, Venâncio (p. 183):
– Será que não existe na terra um só
lugar que acalme um homem ferido?
Nem todo mundo tem estrutura emocional para ser imigrante. Já vi
brasileiros na Espanha perderem a paz, a saúde, o juízo diante do fracasso,
seja qual for. Muitos ficam prisioneiros das próprias decisões, não podem ir e
nem ficar, mesmo porquê, muitos já nem têm para onde ir. Conheci brasileiros
que ficaram com depressão, que se auto- mutilavam, que tiveram derrame, que
entristeceram tanto afundando na depressão, que já nem sabiam quem eram. O lado
B da imigração que ninguém conta. Se olhar nas redes sociais, parece que todos
são ricos e felizes, enquanto carregam uma mochila de fracassos. E presta
atenção: nem sempre é questão de dinheiro. Vi gente enlouquecer com a conta
bancária recheada. Imigração é assunto complexo que mexe com perdas, como a
convivência com a família. Uma ruptura com o passado e todo o conhecido, entre
muitas outras coisas, que as pessoas mais sensíveis podem não suportar.
Venâncio internou- se na Beneficência Espanhola (p. 185):
– Não estou louco, Eulália. Só preciso
adaptar- me à realidade feita por homens como Madruga.
Esse livro fez- me pensar sobre a minha própria
condição. A conclusão foi muito positiva. Eu venho de uma tradição
imigrante, pais e avós, não somos de criar limo; aliás, a hera, o musgo me
remete sempre à sujeira, parasitas, grude, feiúra. Eu deixo o musgo para as
pedras, que acumulam taturanas, escorpiões, aranhas e lacraias. Descobri- me
uma imigrante orgulhosa. A única coisa que me arrependo é de não ter mudado mais.
Além das mudanças interiores, que devem ser constantes, como a de escolher quem
deve estar ao meu lado. A vida é movimento desde que o mundo é
mundo; o contrário é a morte.
A história pula para 1969, o golpe militar no Brasil. Breta era
militante e teve que exilar- se na Europa. Primeiro na Espanha com o avô,
depois foi para a França.
A obra é contada sob várias perspectivas, em primeira e
terceira pessoa. “É preciso sentir para saber”. O outro que vê de fora,
julga e vê sem conhecimento de causa. Pode mudar a história inteira! As
verdades mudam, depende de quem conta.
Há muitos trechos que desvendam a conduta sexual dos
personagens, que tem relação direta com suas condutas sociais, psicológicas.
Inclusive, daria uma tese interessante “A sexualidade na obra de Nélida Piñón”.
Nesse livro e em “A casa da paixão”, já dá um bom material. Deixo como sugestão
para quem tiver interesse na área.
A relação entre os irmãos é complicadíssima, amor e ódio. A
relação entre os filhos e Madruga, idem. Não é uma história alegre, é triste e
complexa. O que me fez chegar à conclusão: a família pode ser a pior inimiga.
O que senti falta nesse livro é uma mais descrição física mais
detalhada dos personagens, houve pinceladas, mas tive dificuldade em imaginar a
maioria deles. Venâncio magro e de nariz adunco; Madruga, encorpado, de olhos
azuis, bonito, o mais bonito da família. Miguel, o mais bonito dos filhos, e
pouco mais, não há muitos detalhes para ajudar na visualização dos personagens.
A dificuldade com a nossa língua, do diário de Venâncio, que
serve como reflexão (p. 376):
A conquista desta língua portuguesa me é
penosa. Trava- me a língua, quando falo. Ela é tirânica e traiçoeira, e não
basta conhecê- la. sobretudo devo vencer aqueles sentimentos subalternos,
disciplinares e canónicos, de que ela se reveste. Esta língua lusa, como todas
as outras, organizou- se de forma a impedir que o povo tome a si e rompa- lhe
os grilhões. Os senhores da língua sempre temeram que o povo convivesse com
aquela camada subjacente da língua, capaz de conduzi-lo à apostasia do
imaginário. À liberdade.
O Brasil tem um “karma”, uma sorte, destino ruim, não pelo seu
início, mas porque ainda não se redimiu dos seus pecados. Estagnou. Os ricos de
sempre, as famílias tradicionais, conquistaram a sua riqueza com sangue e
exploração dos escravizados, mais frágeis e desvalidos; os novos ricos, idem,
exploram a riqueza e mão-de-obra barata. Sempre desconfio dos que fazem
fortuna, porque essa sempre depende da pobreza alheia. Infelizmente, isso está instituído.
O Brasil não é um país justo. O abismo social e financeiro, o apartheid continua
no ano 2016. Tais diferenças são mais notórias ainda no norte- nordeste do
país.
Tobias considera Venâncio o seu pai, na verdade, o seu padrinho.
Ele não gosta, tal como Venâncio, de como Madruga fez a sua fortuna. Eles
têm consciência dos problemas do Brasil e de como foi construído.
(…) O Brasil era todos nós. Desgarrados
e melancólicos. Seríamos, em conjunto, as falências e aspirações desta nação.
(p.385)
Temos a sensação de que o brasileiro estende tapete
vermelho para os estrangeiros, mas não é bem assim. Depende. Depende do bolso
do estrangeiro. Se for recheado é bem aceito. Vemos a imigração pobre que chega
da América do Sul e os haitianos, depois do terremoto, serem desprezados, mal
recebidos. O mito do brasileiro “acolhedor e gente boa”, é isso, só um mito, já
que é seletiva. Venâncio (p. 574):
– Quando desembarquei no Rio de Janeiro,
lá pelos idos de 1913, fui recebido com suspeitas. Como se fosse um salteador,
um assassino. O Brasil tinha vergonha da própria origem. E demonstrava um
sentimento de oposição ao estrangeiro.
Esse livro me fez pensar sobre a história do nosso país. Quem somos? De quantas nacionalidades somos feitos? O Brasil composto de imigrantes de todas as raças, privilegiando umas
mais que outras. O resultado
não está sendo bom. O Brasil está em dívida, uma dívida muito alta e difícil de
saldar. Viramos o século, mas parece que certas coisas nunca mudam.
A obra também vai te levar até a Galiza. Para quem se interessa
por essa região da Espanha (ou não) é muito interessante.
A sina do imigrante, sair de onde saiu, mas não saber aonde irá
terminar:
Parece que a república dos nossos sonhos, de estrangeiros e
nacionais, ainda é um projeto para as futuras gerações.
Nélida Piñón (Rio de Janeiro, 03/05/1937) é filha de Lino
Piñon Muiños e Olivia Carmen Cuiñas Piñon, galegos. A sua origem foi o
motivo da escritura dessa obra. Nélida entrou para a Academia Brasileira
de Letras em 1989 e foi a primeira mulher a presidi- la. Ganhou prêmios
importantes como o Jabuti no Brasil e o Príncipe de Astúrias na Espanha.
Veja aqui a
resenha de
“O calor das coisas”, contos de Nélida e “A casa da paixão”.
A autora com
sua cadelinha Susi (ela tem outro chamado “Gravetinho”. A escritora é solteira
e não tem filhos, optou pela liberdade (inteligente e esperta!). As fotos
foram tiradas na sua casa no Rio de Janeiro com vistas à Lagoa.
Fotos de Cadu
Pilotto para a revista Caras
Nélida é uma das escritoras brasileiras mais lidas na Espanha.
Aqui é possível encontrar sua obra em português e espanhol. Veja aqui nessa
livraria em Madri seus livros na estante.
Eu tive o privilégio e orgulho de entrevistar a
autora para a Revista BrazilcomZ, no último mês de março. Linda
entrevista, Nélida deu uma aula de literatura, de vida e humildade, realmente
uma pessoa e escritora muito especial! Você pode ler online a revista (páginas
13-17):
Eu sempre me sinto realizada depois de ler um livro assim, uma
obra “master blaster”. A edição lida foi essa, da editora portuguesa
Círculo de Leitores, que precisa ser revisada, há erros, não da autora, mas de
quem diagramou o livro. Há palavras separadas inadequadamente, deslizes de
revisão.
Piñón, Nélida. A república dos
sonhos. Círculo de Leitores, Lisboa, 2014. 705 páginas
Ps: Estou de férias e escrevi esse post do celular. De antemão,
peço desculpas pelos eventuais erros no texto. Quando chegar em casa irei
revisar.
Disponível em: https://falandoemliteratura.com/2016/07/08/resenha-a-republica-dos-sonhos-de-nelida-pinon/
Acesso em:
04/11/2020
Nélida Piñon
·
Discurso
proferido no I Centenário da Academia Brasileira de Letras
·
Discurso
de Posse na Presidência da ABL
·
Discurso
de abertura da exposição Machado Vive!
·
120
anos da Academia Brasileira de Letras - Uma utopia Brasileira
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Biografia
Quinta
ocupante da Cadeira 30, eleita em 27 de julho de 1989, na sucessão de Aurélio
Buarque de Holanda e recebida em 3 de maio de 1990 pelo Acadêmico Lêdo Ivo. Em
1996-1997 tornou-se a primeira mulher, em 100 anos, a presidir a Academia
Brasileira de Letras, no ano do seu I Centenário.
Nélida Piñon
nasceu no Rio de Janeiro, descendente de Galegos, desde criança escolheu o
oficio de escritor. Ainda muito menina escrevia pequenas histórias e as vendia
ao pai e familiares. Formou-se no curso de Jornalismo, da Faculdade de
Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Com vasta
bibliografia suas obras foram traduzidas em mais de 30 países, e contemplam
romances, contos, ensaios, discursos, crônicas e memórias.
Em sua
trajetória, repleta de singulares conquistas, pode-se destacar aquelas em que
figura como o primeiro escritor de língua portuguesa, ou ainda a primeira
mulher, ou a primeira brasileira tais como:
- Membro
da Academia Brasileira de Letras desde 1989, em 1996-1997 tornou-se a
primeira mulher, em 100 anos, a presidir a Academia Brasileira de Letras,
no ano do seu I Centenário, e primeira mulher a presidir uma Academia de
Letras no mundo;
- Recebeu
o Premio de Literatura Latinoamericana y del Caribe Juan Rulfo para
conjunto de obras. Primeiro autor de língua portuguesa e primeira mulher a
receber o prêmio, em 1995. A laudatio foi feita por
Carlos Fuentes;
- Prêmio
Ibero-Americano de Narrativa Jorge Isaacs para conjunto de obras.
Outorgado pelo Festival Internacional de Arte de Cali, Colômbia. Primeiro
autor de língua portuguesa e primeira mulher a receber o prêmio, em 2001;
- Recebeu
o XVII Prêmio Internacional Menéndez Pelayo das mãos da Ministra de
Educação e Cultura de Espanha, Pilar Del Castillo, em 10 de julho de 2003.
Primeiro autor de língua portuguesa e primeira mulher a receber este
prêmio. A laudatio foi feita pelo
escritor Mário Vargas Llosa;
- Prêmio
Puterbaugh Fellow, 2004, oferecido pela Universidade de Oklahoma e a
revista The
World Literature Today (abril de 2004). Primeiro escritor
brasileiro a receber esta láurea, concedida anteriormente a Octavio Paz,
Carlos Fuentes, Mario Vargas Llosa;
- Em
2005 recebe o Prêmio Príncipe de Astúrias – Letras, entregue pelo
Príncipe de Astúrias. A autora chegou às últimas votações do júri ao lado
dos escritores norte-americanos Paul Auster e Philip Roth e do israelense
Amos Oz. Primeiro escritor de língua portuguesa a receber esta láurea;
- Recebeu
o Doutor Honoris Causa da Universidade de Santiago de Compostela, Espanha,
1998. Primeira mulher a receber este título em 503 anos.
- No
dia 09/11/2011 foi inaugurada a biblioteca Nélida Piñon no Instituto
Cervantes em Salvador/Bahia. Primeira vez que uma biblioteca do Instituto
Cervantes foi batizada com o nome de um escritor de língua não hispânica.
O Instituto Cervantes é uma instituição pública da Espanha criada para o
ensino e difusão da língua e da cultura da Espanha e Hispanoamericana.
Está presente nos 5 continentes.
- Em
1969 inaugurou e foi primeira professora, por três semestres, da Cadeira
de Criação Literária da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ)
- Em
setembro de 2012 a escritora Nélida Piñon inaugurou na cidade de Madrid, o
novo programa da Residencia de Estudiantes intitulado Narrador
en Residencia, que segue a tradição de algumas universidades
inglesas e norteamericanas, e tem como objetivo por meio de uma extensa
programação que inclui cursos, leituras e palestras, difundir sua obra,
compartilhar seu conhecimento e favorecer o aprendizado dos jovens
estudantes. Já passaram pela Residencia de Estudiantes grandes nomes das
mais diversas áreas como Albert Einstein, Paul Valéry, Marie Curie, Igor
Stravinsky, John M. Keynes, Alexander Calder, Walter Gropius, Henri
Bergson e Le Corbusier, entre outros.
- No
dia 21 de setembro de 2012 no marco da XXII Cumbre Iberoamericana de Jefas
y Jefes de Estado e por ocasião da celebração do Bicentenário da
Constituição de Cádiz, foi nomeada Embajadora Iberoamericana de
la Cultura atendendo ao convite formalizado pelo
Dr. Enrique Iglesias da Secretaría Geral Iberoamericana y el Ayuntamiento
de Cádiz. Tal distinção nas palavras do Dr. Iglesias é um reconhecimento
ao talento e a trajetória da escritora Nélida Piñon.
- Em
dezembro de 2013, Nélida Piñon foi a primeira mulher e primeiro autor de
língua portuguesa a receber o prêmio Cátedra Enrique Iglesias outorgado
pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, em Washington, USA.
- Aos
16 de fevereiro de 2015, na qualidade de primeira ganhadora, recebeu o
Prêmio El Ojo Crítico Iberoamericano, outorgado pela Rádio Nacional de
Espanha.
- Em
outubro de 2014 foi lançado o Prêmio Nélida Piñon, uma iniciativa do
Concello de Cotobade, com a colaboração da Consellería de Cultura,
Educación e Ordenación Universitaria da Xunta de Galicia. Primeiro
brasileiro a receber essa distinção na Espanha.
- Em
março de 2015, na qualidade de primeira brasileira, tomou posse como
titular da Cátedra José Bonifácio pertencente ao Instituto das Relações
Internacionais da Universidade de São Paulo – USP. A respectiva Cátedra trata
de assuntos Iberoamericanos e foi inaugurada em 2013, tendo como primeiro
ocupante o Ex-Presidente do Chile, Ricardo Lagos, em 2014, sucedido por
Enrique Iglesias, Ex-Presidente do BID e da Secretaria General
Iberoamericana.
- Em
outubro de 2014 foi lançado o Prêmio de Relato Breve Nélida Piñon, uma
iniciativa do Concello de Cotobade, com a colaboração da Consellería de
Cultura, Educación e Ordenación Universitaria da Xunta de Galicia.
- Em
outubro de 2015, foi inaugurada em Cotobade, Galícia, terra dos ancestrais
de Nélida Piñon, a Casa de Cultura Nélida Piñon
De sua
biografia constam mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, e mais de 40
condecorações nacionais e internacionais entre elas:
- Ordem
do Cruzeiro do Sul, entregue pelo Presidente da República - Brasil;
- Comenda
do Barão do Rio Branco, no grau oficial, entregue pelo Presidente da
República - Brasil;
- Lazo
de Dama, de Isabel La Católica, concedida pelo rei Juan Carlos, da
Espanha;
- Medalha
Castelao, outorgada pelo Parlamento galego e condecorada pelo Presidente
da Galícia;
- Medalha
Dom Afonso Henriques, concedida pelo Presidente de Portugal;
- Medalha
Aquila do México, concedida pelo Presidente da República do México;
- Ordem
do Mérito Cultural, concedida pelo Presidente da República - Brasil;
- Chevalier
des Arts et des Lettres, concedido pelo Governo Francês;
- Condecoração
Reina Isabel, La Católica, concedida pelo Rei de Espanha;
- Ordem
do Cruzeiro do Sul, entregue pelo Presidente da República - Brasil;
- Medalha
Tiradentes, concedida pela Assembéia Legislativa do Estado do Rio de
Janeiro – Brasil;
- Medalha
Gabriela Mistral, comemorativa dos 50 anos de outorga do Prêmio Nobel à
poetisa chilena, entregue pelo presidente do Chile, Eduardo Frei;
- Ordem
do Mérito Cultural, concedida pelo Presidente da República do Brasil;
- Medalha
Tiradentes, concedida pelo Governo de Minas Gerais - Brasil;
- Ordem
do Infante Dom Henrique, no grau de Grande Oficial;
- Ordem
do Mérito da Mulher, concedido pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro -
Brasil;
- Medalha
de Honor de la Emigración, oferecida pelo Governo Espanhol.
- Título
de Filla Adoptiva de Cotobade
- Título
de Embajadora Iberoamericana de la Cultura
- Comenda
da Ordem Padre José de Anchieta.
Recebeu
sete títulos Honoris Causa:
- Doctor Honoris Causa da
Université de Poitiers, França;
- Doctor Honoris Causa da
Universidade de Santiago de Compostela, Espanha;
- Doctor Honoris Causa da
Florida Atlantic University, EUA;
- Doctor Honoris Causa da
Universidade de Rutgers, EUA;
- Doctor Honoris Causa da
Universidade de Montreal, Canadá;
- Doctor
Honoris Causa da Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre,
Brasil;
- Doctor
Honoris Causa da UNAM, México.
Em
1970, inaugura a primeira cadeira de Criação Literária da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Brasil.
Como
escritora convidada figura, entre outras, como Visiting-Writer de:
- Columbia
University, Nova York;
- John
Hopkins University, Baltimore;
- Harvard
University, Cambridge;
- Georgetown
University, Washington, DC;
- Ocupante
da Cátedra Júlio Cortazar, fundada por Gabriel Garcia Márquez e Carlos
Fuentes, em Guadalajara, México;
- Ocupante
da Cátedra Alfonso Reyes, fundada por Carlos Fuentes e outros
intelectuais, em Guadalajara, México (setembro de 2002).
Foi
Titular da Cátedra Henry King Stanford em Humanidades, da Universidade de Miami
no período de 1990 a 2003 (ocupada anteriormente por Isaac Baschevis Singer,
prêmio Nobel de Literatura de 1978).
Participou de
inúmeros Congressos Nacionais e Internacionais.
Realizou
inúmeras Palestras no Brasil e no Exterior.
Inúmeros
estudos, dissertações de Mestrado e teses de Doutorado, nacionais e
estrangeiros, foram feitos sobre sua obra.
Jurada
dos Prêmios:
- Prêmio
Neustadt – World Literature Today (Oklahoma, EUA, fev. de 1980);
- Prêmio
Casa de las Américas (Havana, Cuba, 1983);
- Prêmio
Latino-Americano de Literatura (Manágua, Nicarágua, 1987);
- Prêmio
Guimarães Rosa (Paris, França, 1992-93);
- Prêmio
Iberoamericano de Novela Santiago del Nuevo Extremo (Santiago, Chile,
15-23 nov. 1993);
- Prêmio
UCLA de Literatura Latino-Americana (1996);
- Prêmio
Internacional Juan Rulfo (Guadalajara, México, 1996);
- Prêmio
Camões (Lisboa, Portugal, 1997);
- Prêmio
Alfaguara (Madri, 2003);
- Prêmio
Menendez Pelayo (Madri, 2004);
- Prêmio
Norma (Cali, Colômbia, 2005).
- Prêmio
Dom Quixote de La Mancha, em Madri e Toledo, 2010;
- Prêmio
José Saramago (Lisboa, Portugal, 1999, 2001, 2003, 2005, 2007, 2009, 2011,
2013 e 2015)
- Prêmio
Bienal de Novela Vargas Llosa, primeira edição em 2014;
- Comité
de Honor del Premio FIL 2015, Guadalajara, México.
Prêmios
literários
Nacionais:
- Prêmio
Walmap, pelo romance Fundador (1970, Rio de Janeiro);
- Prêmio
Mario de Andrade, da APCA, São Paulo, pelo romance A Casa da Paixão,
Melhor Livro do Ano (1973);
- Prêmio
da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), São Paulo, pelo romance A
República dos Sonhos, Melhor Livro do Ano (1985);
- Prêmio
Ficção PEN Clube, pelo romance A República dos Sonhos, Melhor Livro
do Ano (1985, Rio de Janeiro);
- Prêmio
José Geraldo Vieira (União Brasileira de Escritores de São Paulo), pelo
romance A Doce Canção de Caetana, Melhor Romance do Ano (1987);
- Prêmio
Golfinho de Ouro, pelo Conjunto de Obras, oferecido pelo Governo do Estado
do Rio de Janeiro e pelo Conselho Estadual de Cultura (1990);
- Prêmio
Bienal Nestlé, Categoria Romance, pelo Conjunto de Obras (1991, São
Paulo);
- Prêmio
Adolpho Bloch, concedido pela Federação Israelita do Estado do Rio de
Janeiro (19 de nov. 1996);
- Prêmio
de Honra ao Mérito do Rotary Club do Rio de Janeiro (1997).
- Prêmio
Alejandro José Cabassa, da União Brasileira de Escritores, pelo seu
livro O Pão de Cada Dia.
- Prêmio
Jabuti - categoria romance - por Vozes do Deserto (2005).
- Prêmio
Jabuti – melhor livro do ano na categoria geral – por Vozes do
Deserto (2005)
Internacionais:
- Uma das
dez mulheres homenageadas com o Prêmio Simón Bolívar (Miami, Flórida, maio
de 1992);
- Prêmio
Simon Dawidowitz, em Miami, como uma das dez mulheres internacionais do
ano (1992);
- Prêmio
Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe
(conjunto de obras), Júri integrado por Maria Kodama (Argentina), Raymond
L. Williams (Estados Unidos), Abelardo Oquendo (Peru), Jorge Ruffinelli
(Uruguai), Julio Ortega (Peru), Amos Segala (Itália), Ciaran Cosgrove
(Irlanda), Gérard de Cortanze (França) e Adolfo Castañón (México),
determinou, por unanimidade, outorgar pela primeira vez a uma mulher e a
um autor de língua portuguesa (México, Guadalajara, Jalisco, 31 de julho
1995);
- Prêmio
Ibero-Americano de Narrativa Jorge Isaacs, de Cali, Colômbia – para
conjunto de obra (setembro de 2001). Primeiro autor de língua portuguesa e
primeira mulher a receber tal prêmio.
- Prêmio
Rosalía de Castro, para conjunto de obra em língua portuguesa – Galícia,
Espanha, concedido pelo PEN Clube da Galícia (maio de 2002);
- Prêmio
Internacional Menéndez Pelayo – entregue em Santander pela Ministra de
Educação e Cultura de Espanha (10 de julho de 2003). Primeiro intelectual
de língua portuguesa e primeira mulher a receber este prêmio;
- Prêmio
Puterbaugh Fellow, 2004, oferecido pela Universidade de Oklahoma e a
revista The World Literature Today (abril de 2004). Primeiro
escritor brasileiro a receber esta láurea, concedida anteriormente a
Octavio Paz, Carlos Fuentes, Mario Vargas Llosa;
- Prêmio
Príncipe de Astúrias, Letras, indicada por um júri formado por 20
intelectuais espanhóis, presidido pelo Presidente da Real Academia, Don
Victor Garcia de La Concha, em Oviedo, Espanha. Entregue pelos Príncipes
de Astúrias no dia 21 de outubro de 2005, em Oviedo. A autora chegou às
últimas votações do júri ao lado dos escritores norte-americanos Paul
Auster e Philip Roth e do israelense Amos Oz. Primeiro escritor de língua
portuguesa a receber esta láurea;
- Prêmio
Woman Together, entregue em 3 de abril de 2006 na sede da ONU em Nova
York, por sua “implicação na consecução dos Objetivos do Milênio Através
do Desenvolvimento da Mulher, a luta contra a pobreza, a educação, a arte
e a cultura”;
- Prêmio
Cervantes da Fundação Cervantina de Guanajuato, México (2006);
- Prêmio
Casa de las Americas, Cuba - 2010, pela obra Aprendiz de Homero;
- VI
Prêmio Internacional Terenci Moix de Literatura, Espanha - 2010, na
categoria de melhor livro do ano - Corazón Andariego;
- Prêmio
Cátedra Enrique Iglesias, outorgado pelo Banco interamericano de
Desenvolvimento – BID, em 2013;
- Prêmio
El Ojo Crítico Iberoamericano, outorgado pela Rádio Nacional de Espanha,
em 2015.
Instituições
a que pertence
No
Brasil:
- Membro
da Academia Brasileira de Letras;
- Membro
do PEN Clube do Brasil;
- Membro
do Instituto Brasileiro de Cultura Hispânica;
- Sócio
correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal
(Brasília, 1995);
- Acadêmico
Honorário da Academia de Cultura de Curitiba (1997).
- Academia
de Filosofia do Brasil (2004)
- Membro
do Conselho da Fundação Santillana, no Brasil (2008)
No
exterior:
- Membro
do PEN Clube Internacional;
- Membro
do International Pen Women Writer’s Committee (Kathmandu, Nepal);
- Membro
do Phi Beta Delta, da Beta Theta Chapter, Honor Society for International
Scholar, da University of Miami (EUA, Miami, 1993);
- Membro
do Brasil Advisory Committee, The Florida Brazil Institute Report (EUA,
Miami, 1994);
- Membro
de Honra da Phi Beta Kappa – University of Miami (Miami, 25 abr 1996).
- Acadêmica
correspondente da Academia das Ciências de Lisboa (1998).
- Acadêmica
correspondente da Real Academia Espanhola (2009).
- Acadêmica
correspondente da Academia Mexicana de La Lengua
- Acadêmica
de honra da Real Academia Galega (2013)
Membro,
entre outros Conselhos, do:
- Membro
do Conselho da Fundação Casa França-Brasil (1995);
- Membro
do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, nomeada pelo Presidente da
República (Brasília, 1995);
- Membro
do Conselho Deliberativo da Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional
(Rio de Janeiro, Fundação Biblioteca Nacional, 1996);
- Membro
da Comissão de Honra dos festejos do V Centenário dos Descobrimentos,
nomeada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso (1999);
- Membro
do Conselho da Cátedra Alfonso Reyes, em Monterey, 2003;
- Membro
do Conselho da Cátedra Júlio Cortázar, Guadalajara, 2004;
- Membro e
integrante do Conselho da Fundação Santillana;
- Membro e
integrante do Conselho do Foro Ibero-Americano constituído por Carlos
Fuentes, no ano 2000, que conta com 30 intelectuais, empresários,
políticos de todas as Américas e da Península Ibérica.
- Membro
do Conselho da Fundação Roberto Marinho;
- Membro
do Conselho da Associação Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro;
- Conselho
Federal de Cultura;
- Conselho
Estadual de Cultura;
- Conselho
Nacional dos Direitos da Mulher;
- Centro
de Liderança da Mulher;
- Conselho
Consultivo revista Nexo, México;
- Conselho
Revista Tempo Brasileiro.
Algumas
Resenhas:
- “Obra
extraordinária, literatura de primeiríssima qualidade. A dimensão
amazônica da imaginação de Nélida Piñon faz com que ela seja alçada à
categoria de gênio”. Publishers Weekly – New York;
- “Uma
romancista de inquestionável estatura internacional”. Washington Post Book
World;
- “Nélida
Piñon fez dos sonhos de sua república não apenas aqueles de uma família,
mas de todo o Brasil, e talvez de toda a América Latina”. New York
Times Book Review – New York;
- “Nélida
Piñon aparece, sem contestação, como um dos maiores temperamentos da
cultura brasileira, não hesitando jamais em se engajar em todas as formas
de luta para consolidar sua originalidade”. Le Monde
– Paris;
- “Nélida
Piñon é uma das pessoas mais encantadoras que já conheci, não apenas uma
escritora muito fina mas uma mulher extraordinária...Gosto muito em Nélida
o fato de haver nela, por uma parte, uma enorme compreensão e aceitação da
vida em tudo o que tem, em sua complexidade e diversidade, e, ao mesmo
tempo, uma elegância para dar a tudo isso umas formas que, para mim,
representam a civilização. Isso eu vi em poucas pessoas como em
Nélida”. Mario Vargas Llosa;
- ““Com
Deus eu me entendo”, diz a escritora. “Com os homens é mais difícil.” Mas
a magia de Nélida Piñon consiste em aliar imaginação e compaixão, para dar
a seus personagens e seus leitores “uma pele com a temperatura igual à
deles””. Carlos Fuentes;
- “Nélida
reorganizou e renovou o romance através de uma linguagem densamente
simbólica e metafórica... ela criou um romance feminino na sua imagerie,
substância e seus princípios”. Naomi
Hoki Moniz – Harvard University;
- “Belo e
complexo... A ironia finíssima de Nélida Piñon elevou o seu humor a um
grau que é privilégio exclusivo dos mestres”. Folha de
São Paulo – Brasil;
- “Escritora
madura, em plena posse de seus instrumentos e que não se sente prisioneira
dos ditos “temas brasileiros”, circulando com desenvoltura pelos grandes
desfiladeiros da cultura universal”. José
Castello – O Estado de São Paulo – Brasil.
- “Há
símbolos a decifrar, máscaras a revelar; o que encontramos é um exercício
intelectual intenso, quase absorvente, mas sustentado por uma linguagem de
rara precisão.” Clarín – Argentina
- “Monumental
narrativa...Personagens muito bem construídas...A república dos sonhos
eleva nossa prosa de ficção e emerge como um monumento.” IstoÉ
- “Com tão
evidente preocupação com os materiais de sua arte, Nélida Piñon revela-se
um dos valores definitivos da melhor literatura brasileira do
século.” Cesar Leal
- “É
preciso aprender com essa imortal humildemente. Certeira, impiedosa, ela
ensina a respeitar os latidos da alma que protesta. É preciso aprender com
ela a falar de amor e de amizade. E do destino, história e trajetória da
humanidade.” Gazeta
- “Estamos
perante uma das grandes escritoras da América latina e a maior escritora
brasileira viva.” Eduardo Lourenço, escritor
português
- “Nélida
Piñon no solo es uma de las más grandes escritoras em lengua portuguesa de
su tiempo sino uma de las más relevantes em El panorama
internacional.” Mercedes Monmany, Jornal ABC, Espanha
- “Dizer
Nélida Piñón implica dizer muito mais. Quer dizer a voz mestra da língua
portuguesa”, Javier García Parada.
- "O
Brasil é a terra de uma das mais admiráveis romancistas da América Latina:
Nélida Piñon", Octavio
Paz.
- “Es una
autora con un fulgor singular tremendo en el tratamiento del lenguage,
reuniendo en su vasta obra muchos universos que nos desafían con interrogantes
fundamentales en tiempos tan sombrios como los actuales”, Alvaro
Muits, Uma Obra llena de sentido, ABC
- “Sus
ensayos funden en un mismo crisol las ideas y los sentimientos, y lo
expresan todo en un tono de confidencialidad casi oral que seduce invaríablemente
al lector. Tengo para mí Aprendiz de Homero como una de las aportaciones
más convicentes a la reivíndicación filosófica del cosmopolitismo como la
ética de la identidade en un mundo de extraños”, Darío
Villanueva
Dedicada
e disciplinada entregou sua vida a literatura. É por ela que acorda todas as
manhãs e hesita em dormir todas as noites, alongando seus dias pela palavra.
Disponível
em: https://www.academia.org.br/academicos/nelida-pinon/biografia
Acesso em:
04/1//2020
Casa de Irene
Nico Fidenco
I giorni grigi sono le lunghe strade
silenziose
Di un paese deserto e senza cielo
A casa d'irene si canta si ride
C'e gente che viene, c'e gente che va
A casa d'irene bottiglie di vino
A casa d'irene stasera si va
Giorni senza domani e il desiderio di
te
Solo quei giorni che sembrano fatti di pietra
Niente altro che un muro
Sono montato da cocci di bottiglia
A casa d'irene si canta si ride
C'e gente che viene, c'e gente che va
A casa d'irene bottiglie di vino
A casa d'irene stasera si va
E poi, ci sei tu a casa d'irene
E quando mi vedi tu corri da me
Mi guardi negli occhi, mi prendi la mano
Ed in silenzio mi porti con te
A casa d'irene si canta si ride
C'e gente che viene, c'e gente che va
A casa d'irene bottiglie di vino
A casa d'irene stasera si va
Giorni senza domani e il desiderio di
te
Nei giorni grigi io so dove trovarti
I giorni grigi mi portano da te
A casa d'irene, a casa d'irene
A casa d'irene si canta si ride
C'e gente che viene, c'e gente che va
A casa d'irene bottiglie di vino
A casa d'irene stasera si va
Casa de Irene
Os dias cinzas são as longas estradas silenciosas
De um país deserto e sem céu.
A casa de irene se canta, se ri lol
Tem gente que vem, tem gente que vai.
A casa de irene garrafas de vinho
A casa de irene esta noite se vai.
Dias sem amanha e o desejo de ti.
São aqueles dias que parecem feitos de pedra.
Nada mais que um muro
Com cacos de garrafa em cima.
A casa de irene se canta, se ri
Tem gente que vem, tem gente que vai.
A casa de irene garrafas de vinho
A casa de irene esta noite se vai.
E depois tu estás a casa de irene
E quando me vês tu corres até mim
Me olhas nos olhos, me pegas a mão
E em silencio me levas contigo.
A casa de irene se canta, se ri
Tem gente que vem, tem gente que vai.
A casa de irene garrafas de vinho
A casa de irene esta noite se vai.
Dias sem amanha e o desejo de ti.
Nos dias cinzas eu sei onde encontrar-te
Os dias cinzas me levam a ti
A casa de irene
A casa de irene se canta, se ri
Tem gente que vem, tem gente que vai.
A casa de irene garrafas de vinho
A casa de irene esta noite se vai.
Composição: Nico Fidenco.
https://www.letras.mus.br/nico-fidenco/416761/traducao.html
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