Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quarta-feira, 8 de maio de 2024
MODERAÇÃO
Pra Não Dizer Que Não Falei DOs Polos
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"Ah, não gostei de Dom Casmurro..."
LEIA DE NOVO! 😂❤️
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Recorte Lírico
@recortelirico
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Luiz Carlos Azedo - Despesas com a COP em Belém deixam Lula numa saia-justa
Correio Braziliense
Segundo o governador Helder Barbalho, a realização desses investimentos é fundamental para o sucesso da COP
Ao mesmo tempo em que negocia com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), um pacote de ajuda aos gaúchos flagelados pela chuva, que inclui a suspensão do pagamento das dívidas do Rio Grande do Sul, cujos serviços custam cerca de R$ 3,5 bilhões ao ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva liberou um investimento da Itaipu Binacional, a fundo perdido, para obras de infraestrutura de Belém da ordem de R$ 1,3 bilhão. A capital do Pará sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, a COP 30, em 2025.
Esses recursos de Itaipu sempre foram destinados ao Paraná e ao Mato Grosso do Sul, porém, desde março, vinham sendo negociados entre o diretor-geral brasileiro da empresa, Enio Verri, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), e o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), para reforçar o pacote de investimentos na infraestrutura da cidade. Belém deve receber cerca de 50 mil pessoas durante a COP-30, a primeira a se realizar em plena Amazônia.
Os projetos a serem executado já estão contratados. Um dos convênios, com o governo do estado, destina-se ao aprimoramento de infraestrutura viária e implantação do Parque Linear Doca, na Avenida Visconde de Souza Franco, no centro de Belém; à execução de 50 km de rede coletora de esgoto, 4,8 mil ligações de esgoto; à pavimentação de vias de acesso à COP 30, implantação de vias marginais do Canal Água Cristal e equipamentos de controle de tráfego, entre outras. Tal investimento passa de R$ 1 bilhão.
O segundo convênio, no valor de R$ 323,5 milhões, será assinado pela Itaipu e a Prefeitura de Belém, para implantação do Parque Urbano Igarapé São Joaquim, incluindo projetos de arquitetura, paisagismo, rede esgoto, abastecimento, iluminação pública, pavimentação e sinalização viária. O mesmo acordo prevê a reforma e revitalização do Complexo Ver-o-Peso, símbolo da capital paraense, que abriga um dos mercados mais antigos do Brasil, e a restauração do Mercado Municipal de São Brás, construção histórica localizada no centro da cidade.
O terceiro convênio, no valor de R$ 41,8 milhões, destinase ao Parque Tecnológico Itaipu (PTI), à Prefeitura de Belém e à Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), para o desenvolvimento de metodologia de gestão de resíduos sólidos, ações de educação ambiental e de inovação em biotecnologia.
Dever de casa
Segundo o governador Helder Barbalho, a realização desses investimentos é fundamental para o sucesso da COP, que receberá um total de R$ 4 bilhões em obras, a maior parte financiada pelo BNDES e a serem pagas pelo governo do estado. Entretanto, Belém sofre um ataque especulativo. É péssima avaliação do prefeito Edmilson Rodrigues, que concorre à reeleição, em razão do desgaste provocada pelo colapso do sistema de coleta de resíduos sólidos na capital.
Surgiram especulações de que a cidade não teria condições de receber a COP-30 e propostas no sentido de compartilhar o evento com o Rio de Janeiro e São Paulo, que teriam uma infraestrutura pronta, passaram a ser ventiladas. Barbalho garante que esse problema será superado com a nova concessão do serviço de limpeza pública, e que todas as metas para realização do evento serão alcançadas no prazo previsto. O arranjo institucional para execução das obras está completo. Os problemas mais críticos são a dragagem das Docas, para atracação dos navios de cruzeiro, que serão utilizados como hotéis pelas delegações estrangeiras, e o reforço da rede de hotéis da cidade e construção de novos alojamentos de arvoredo com as exigências da ONU.
“Tenho absoluta certeza de que fazer a COP na floresta será a mais importante rodada de conferência desde o Acordo de Paris, que completa 10 anos”, afirma Barbalho, que acredita na mobilização da sociedade, sobretudo indígenas e quilombolas, para restabelecer a centralidade da questão das florestas na discussão sobre o clima. Hoje, o eixo de debate, inclusive no Congresso, é a transição energética. “Precisamos preservar 75% do nosso território hoje ocupado por florestas, isso exige uma nova economia, que garanta a sobrevivência de seus ocupantes”, argumenta.
Questionado sobre os investimentos de Itaipu num momento em que o Rio Grande Sul vive sua maior tragédia, Barbalho argumenta que é um erro não levar em conta que o desastre ambiental no Sul também é consequência das alterações climáticas, cuja contenção depende muito da sustentabilidade da Amazônia. E que “o problema não é falta de recursos no Orçamento da União, é a forma como estão sendo pulverizados pelas ementas parlamentares”. Essas emendas somam R$ 53 bilhões.
A consumação do acordo com Itaipu é polêmica, diante da destruição das cidades, da infraestrutura e das lavouras gaúchas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está numa saia justa, apesar de todo o empenho do governo federal para ajudar o Rio Grande do Sul. Ontem, Lula anunciou que suspenderá o pagamento da dívida do estado com a União, cuja rolagem custa R$ 3,5 bilhões por ano, e convidou o governador Eduardo Leite para discutir a reestruturação da dívida total, que chega a R$ 90 bilhões. Rolagem da dívida, porém, não é investimento direto da União na reconstrução do estado."
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RESUMO:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontra em uma situação delicada devido aos investimentos destinados à realização da COP em Belém, enquanto o Rio Grande do Sul enfrenta uma grave crise após as chuvas. Embora Lula tenha anunciado a suspensão do pagamento da dívida do estado, o investimento em Belém levanta questionamentos sobre as prioridades do governo. Os recursos, provenientes da Itaipu Binacional, foram redirecionados para Belém para obras de infraestrutura visando a COP 30, em vez de serem destinados aos gaúchos afetados pelas chuvas. Apesar dos esforços do governo federal para auxiliar o Rio Grande do Sul, a decisão de investir em Belém em vez de direcionar recursos diretamente para a reconstrução do estado levanta críticas e coloca Lula em uma posição desconfortável.
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Wilson Gomes - O fim da crítica política?
Folha de S. Paulo
O comentarista político é o único a quem não se permite reivindicar sua objetividade
Na crítica, o juízo de gosto jamais deve ser entendido como um juízo de valor. E vice-versa. Isso vale para qualquer atividade dessa natureza, tenha ela como objeto filmes, romances, artes plásticas ou até mesmo política.
Como todo apreciador de uma forma artística ou toda pessoa politicamente engajada, o crítico tem suas preferências e reconhece as obras e os projetos que melhor atendem às suas exigências estéticas ou morais. No entanto, a atividade analítica deve ser completamente diferente da experiência estética.
"Eu não gostei dessa obra" não deve ser confundido com "essa obra não presta". Afinal, há coisas de que pessoalmente não gosto, mas que podem ser sublimes em seu gênero; há soluções estéticas ou políticas que não aprovo, mas cuja genialidade não posso deixar de reconhecer. E é claro que adoro, como diria Machado de Assis, certas deliciosas vulgaridades, porque me falam à alma e à sensibilidade, não por seu elevado padrão estético ou político.
O gosto e as preferências continuam sendo pessoais ou coletivos, mas as razões pelas quais gostamos, os programas executados em uma determinada obra, as soluções encontradas pelo realizador e sua originalidade ou banalidade, os padrões que orientam o que é considerado medíocre ou sublime, tudo isso é discutível. Desde que os parâmetros sejam apresentados e fundamentados, isso constitui a matéria específica da crítica e o que a torna diferente da experiência estética ou da prática política.
Na política, contudo, as coisas seguem em outra direção. Sim, existe a crítica política, assim como existe a crítica de arte ou de gastronomia, embora não usemos esse rótulo no Brasil. Chamamos de análise política quando é acadêmica e de comentário político quando é nos meios de comunicação, mas trata-se exatamente da mesma atividade. O que me impressiona é como é mais facilmente aceito que a crítica artística, por exemplo, é uma atividade intelectual independente e objetiva, enquanto o comentário político profissional é tratado como uma atividade militante.
E quanto mais partidário o leitor, maior a convicção de que quem faz crítica política é um ativista com privilégios de fala, mais firme é a crença de que o juízo de valor sobre assuntos políticos decorre diretamente da inclinação política do comentarista. O comentarista político é o único crítico a quem hoje em dia não se permite reivindicar que se orienta por parâmetros objetivos e justificáveis, ou que deve ser considerado ou contestado com base nos argumentos que sustenta e não na inclinação política pessoal ou da empresa que veicula sua opinião.
Não é razoável imaginar que a primeira-dama não poderia se conceder o luxo de ir ao show de Madonna enquanto um estado brasileiro vive uma tragédia? O parâmetro por trás de um julgamento desses, uma estimativa de efeito do ato sobre a percepção pública, é do mais elementar bom senso, e ainda assim a afirmação será contestada ou reforçada com igual fúria com base em duas presunções.
Uma sobre a posição ideológica do crítico, identificado obviamente como antagonista à primeira-dama; outra sobre a posição ideológica do leitor. Se o leitor considerar o comentarista alinhado à sua própria posição, merecerá elogios pela sensatez; caso contrário, obviamente quem está errado é o crítico, justo destinatário de todo o desprezo por posição tão sórdida e parcial.
De duas coisas não se abre mão nessa percepção: o leitor partidário estará sempre certo e todo comentarista é um partidário camuflado de crítico político.
O repúdio ao analista, então, será calibrado a partir de duas estimativas. Primeiro, do alcance da publicação e seus efeitos. Segundo, da distância cognitiva e moral entre o que o crítico disse e o que o partidário considera certo.
Quanto maior a distância estimada entre os dois, ou seja, quanto mais a crítica for considerada errada, e maior a previsão de efeitos sobre as pessoas, mais o partidário se sentirá compelido a intervir para tentar "medidas corretivas" que minimizem os impactos da crítica. Tudo para evitar que leitores neutros sejam levados ao erro pela parcialidade do comentarista.
A mais comum entre tais medidas é o comentário que rebate a crítica denunciando sua parcialidade e insultando o crítico.
De forma espantosamente autoindulgente, neste caso o insulto não é um ato moralmente inaceitável de violência verbal, mas uma forma enfática de arrancar a máscara do pretenso crítico e mostrá-lo como realmente é: um sórdido militante do mal.
RESUMO
O texto discute a falta de imparcialidade na crítica política, em contraste com outras formas de crítica, como a crítica artística. Enquanto os críticos de arte são vistos como objetivos e independentes, os comentaristas políticos são frequentemente rotulados como militantes devido às suas inclinações políticas percebidas. Isso resulta em uma polarização na qual os leitores partidários tendem a desconsiderar as críticas que não estão alinhadas com suas próprias opiniões. O autor argumenta que a crítica política deveria ser avaliada com base em seus argumentos e justificativas, em vez de ser desqualificada por suas inclinações políticas. Ele também aborda a reação agressiva dos leitores partidários às críticas que discordam de suas visões, desqualificando os críticos como meros militantes e lançando insultos contra eles.
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terça-feira, 7 de maio de 2024
Joel Pinheiro da Fonseca - O fim do debate público?
Folha de S. Paulo
Cada formador de opinião fala quase que unicamente para quem está do mesmo lado
Por mais que os progressistas desejem e sonhem com isso, os quase 50% dos votos válidos para Bolsonaro não desaparecerão tão cedo, e boa parte deles será transferida para algum candidato que tenha o apoio de Bolsonaro. Resta saber se será tão extremista quanto ele ou se será mais moderado.
Independente de quem seja, a própria discussão sobre se é possível alguém próximo de Bolsonaro ser menos extremista do que ele já salientou um fato inescapável: a polarização continuará dando as cartas no debate público. Ou seja, a visão do outro lado como irremediavelmente maléfico —ou, na hipótese mais caridosa, burro— veio para ficar. Qualquer reação que não seja o combate irrestrito a tudo que o outro polo representa é tida por suspeita.
O efeito dessa polarização é que há cada vez menos debate real. Cada formador de opinião —conceito que está cada vez mais fluido, dado que hoje todo mundo pode se fazer ouvir nas redes— fala quase que unicamente para quem está do mesmo lado. Seu papel é menos o de levantar discussões e mais o de jogar para a torcida. Entregar ao torcedor motivos engenhosos pelos quais o seu lado está sempre correto e —ainda mais importante— o outro lado é perverso. Na medida em que é bem-sucedido, consegue os aplausos e o engajamento.
Nas poucas ocasiões em que o conteúdo gerado para um dos lados da polarização chega ao lado contrário, é apenas para servir de espantalho. Um dos recursos favoritos do brasileiro para evitar discutir qualquer assunto importante é a confusão entre rotulagem e refutação. A insinuação de intenções perversas é o bastante para desqualificar um argumento sem ter que respondê-lo.
Ao classificar um adversário como pertencendo a uma categoria indesejável, não é mais preciso refutar diretamente nada do que ele diz. Na esquerda, os grupos malditos são burgueses, neoliberais, reacionários, fascistas. Na direita, elitistas, globalistas, woke, comunistas. Em ambos os casos, o que move o adversário são interesses inconfessáveis e não qualquer fato da realidade. Basta colar um desses que o público-alvo saberá reagir de acordo.
Por trás desse tipo de argumento está a pressuposição de que a realidade já é conhecida, basta pertencer ao lado bom para aceitá-la. E quem pertence ao lado mau seguirá empedernido no erro que lhe é conveniente. Com essa lógica, as convicções ficam cada vez mais extremas; as posições políticas cada vez menos negociáveis. E a perspectiva da vitória do adversário cada vez mais apocalíptica. No limite, as palavras perdem qualquer capacidade de persuadir, restando apenas o recurso final às armas.
E, no entanto, não conseguimos abrir mão das palavras. É necessário não apenas vencer, mas ter razão e mostrar que se tem razão. Existe uma realidade que pode ser em alguma medida conhecida pela razão humana? Se não existe, então as palavras não passam de um artifício enganador e não há por que perder tempo lendo, falando e escrevendo. Se existe, então a identidade ou mesmo os supostos interesses do interlocutor jamais serão suficientes para se avaliar um argumento, e pode bem calhar de aquela pessoa que consideramos a mais pérfida estar certa em algum ponto e, nós, errados.
No passado, o ajuste e a moderação do debate público dependiam de editores capazes de avaliar o que era ou não digno de chegar às massas. Hoje, cada um é seu próprio editor e nada mudará isso. E a única coisa que pode evitar a completa desagregação social é a dispo
sição de cada um de não ceder aos encantos da certeza moral.
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leia o trecho do
conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra o livro
Tutameia, de João Guimarães Rosa.
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada
origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as
pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom
português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo
dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou, talvez,
vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falto de
respeito para com a opinião alheia. Sob mais que,
tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá,
embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos,
começa ele por se negar nominalmente a própria
existência.
Somos todos, neste ponto, um tento ou cento
hipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde,
confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia que soneja
em cada canto do espírito, e que se refestela com os bons
hábitos estadados. Se é que um não se assuste: saia todoo-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é que se vai
dar com a língua tida e herdada? Assenta-nos bem à
modéstia achar que o novo não valerá o velho; ajusta-se
à melhor prudência relegar o progresso no passado. [...]
Já outro, contudo, respeitável, é o caso — enfim — de
“hipotrélico”, motivo e base desta fábula diversa, e que
vem do bom português. O bom português, homem-debem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou
quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas.
Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano,
terceiro, ausente:
— E ele é muito hiputrélico...
Ao que, o indesejável maçante, não se contendo,
emitiu o veto:
— Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.
Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo:
— Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?
— É. Mas não existe.
Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no
tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro,
peremptório:
— O senhor também é hiputrélico...
E ficou havendo.
(Tutameia, 1979.)
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Examine o cartum de Christopher Weyant, publicado em
sua conta no Instagram em 16.08.2018.
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O recurso expressivo que contribui de maneira decisiva
para a compreensão do cartum é
a) a ironia.
b) o eufemismo.
c) a antítese.
d) a hipérbole.
e) o paradoxo.
Resolução
TRADUÇÃO DO CARTUM
Se eu não acreditasse em uma imprensa livre, eu
estaria concedendo a você esta entrevista?
Resposta: A
https://www.curso-objetivo.br/vestibular/resolucao-comentada/unesp/2021/1fase/1dia/UNESP2021_1fase.pdf
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RÁDIO CÂMARA
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REPORTAGEM ESPECIAL
A ditadura militar. MDB: moderados X autênticos
23/03/2015 - 16h59
MDB: autênticos x moderados - bloco 1
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MDB: autênticos x moderados - bloco 2
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Um grupo de deputados de oposição, conhecidos como os autênticos do MDB, teve um papel de destaque na resistência do Parlamento contra a ditadura militar de 1964. Eram 23 deputados de diferentes tendências, eleitos em 1970, que pressionaram o líder Ulysses Guimarães a endurecer com os generais-presidentes. Eles lançaram a ideia da anticandidatura de Ulysses, contra Ernesto Geisel, nas eleições presidenciais indiretas de 1974. O primeiro desdobramento veio em novembro do mesmo ano, quando o MDB dobrou a bancada do partido, que passou a ter 161 deputados e 16 senadores. Desde então, o grupo teve forte influência nos acontecimentos que levariam, dez anos depois, à campanha das Diretas Já e ao fim da ditadura em 1985. A reportagem especial desta semana resgata um pouco desta história, em dois capítulos. O repórter é João Arnolfo.
Neste mês está fazendo 30 anos que acabou a ditadura militar. O primeiro civil presidente da República, José Sarney, ainda foi eleito pelo sistema indireto, em março de 1985.
Mas a luta do Parlamento pela volta das eleições diretas começou bem antes, no início dos anos 1970.
Naquela época, o moderado líder da oposição, Ulysses Guimarães, começou a ser pressionado por um grupo de deputados, conhecidos como autênticos, para endurecer com os ditadores.
Os militares que derrubaram o governo em 1964 acabaram com a eleição direta para presidente da República. Eles passaram a indicar os generais-candidatos e o Congresso tinha que confirmar os nomes.
O primeiro general-presidente, Castelo Branco, manteve a eleição de 1966. Com isso deixou no ar a esperança de breve retorno à democracia — como lembra o ex-deputado Jaison Barreto, do MDB de Santa Catarina: “Já nas eleições de 1966 fui candidato... pra não deixar na escuridão a imensa maioria da população”.
Logo na primeira crise interna, os militares substituíram o moderado Castelo por um general linha-dura, Artur da Costa e Silva. E o Congresso convalidou a troca.
Quando Costa e Silva sofre um derrame, o vice-presidente da República, o ex-deputado Pedro Aleixo, é impedido de assumir – simplesmente porque era civil e... moderado.
Uma junta militar assume o governo e manda o Congresso confirmar como presidente, o general Emílio Garrastazzu Médici, até então chefe do serviço secreto.
Nos primeiros anos da década de 70, o exército já havia praticamente derrotado a guerrilha urbana. Oposicionistas mais aguerridos estavam presos, desaparecidos, cassados ou no exílio.
Foi nessa época que um grupo de deputados começou a pressionar Ulysses Guimarães, presidente do MDB, a endurecer com os militares. Esses parlamentares ficaram conhecidos como os autênticos, como conta um dos fundadores do grupo, o ex-deputado Alencar Furtado, do MDB do Paraná.
“Fui eleito deputado federal pelo Paraná em 1970, cheguei aqui fui liderado por Pedroso Horta, acolheram-nos muito bem, fui nomeado vice-líder, o Marcos Freyre vice-líder, o Fernando Lyra, ali praticamente foi o início do grupo dos autênticos. Nós éramos minoria dentro do MDB, que tinha 78 deputados e nós tínhamos de 35 a 40 no começo ... depois o grupo menor foi de 23. A direção do MDB não admitia que a gente participasse da Executiva, não admitia.”
Os militares só permitiam o funcionamento de dois partidos – a Arena (Aliança Renovadora Nacional), de apoio ao governo, e o Movimento Democrático Brasileiro, o MDB de oposição moderada. Ulysses presidia o MDB com cuidado para evitar prisões e cassação de mandatos. Mas os autênticos queriam enfrentar os militares e forçar a volta das eleições diretas.
Confira na próxima reportagem: a divergência entre os autênticos do MDB, que queriam confrontar os militares, e o deputado Ulysses Guimarães, que conduzia a oposição com moderação durante os anos de chumbo.
Reportagem — João Arnolfo
https://www.camara.leg.br/radio/programas/453271-a-ditadura-militar-mdb-moderados-x-autenticos/
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"Os Dias Eram Assim é uma série de televisão brasileira produzida e exibida pela Rede Globo com previsão de estreia em 17 de abril de 2017 no tradicional horário das 23 horas.
Escrita por Ângela Chaves e Alessandra Poggi, é com colaboração de Guilherme Vasconcelos e Mariana Torres, e conta com a direção geral e artística de Carlos Araújo.
LETRA:
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição
De morrer pela pátria
E viver sem razão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
(Letras licenciadas e fornecidas por LyricFind)"
https://www.youtube.com/watch?v=gIkNlSnTm2E
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