segunda-feira, 13 de maio de 2024

Ã, É, silêncio

----------- Ultima foto, tirada por Otto Hees, da família imperial ainda no trono; Isabel está ao lado de D. Pedro O que foi o 13 de maio? ---------- 1/2 é um meio 21/2 é vinte e um meio 1 1/2 é um e um meio 0,5 é um meio 10,5 é vinte e um mais zero meio LOGO, 10,25 É IGUAL A QUANTO, NA FORMA RACIONAL? FUNDAMENTE E JUSTIFIQUE, USANDO RECURSOS LÓGICOS, MATEMÁTICOS, DIDÁTICOS E AMIGÁVEIS NA COMPREENSÃO: Para encontrar a representação fracionária de 10,25, primeiro vamos considerar que "10" é um número inteiro e "0,25" representa um quarto (ou 1/4) de uma unidade. Portanto, em termos fracionários, 10,25 pode ser expresso como a soma de 10 unidades e 1/4 de uma unidade. Então, temos: 10,25 = 10 + 0,25 Como 0,25 é equivalente a 1/4, podemos escrever: 10,25 = 10 + 1/4 Agora, se queremos expressar isso na forma de uma fração mista, combinamos a parte inteira (10) com a fração (1/4): 10,25 = 10 + 1/4 Portanto, a forma racional de 10,25 é 10 1/4. Essa representação nos permite entender facilmente que 10,25 consiste em 10 unidades inteiras e mais um quarto de uma unidade. Essa abordagem combina conceitos matemáticos básicos com uma explicação amigável e didática. _________________________________________________________________________________________________________ ------------
------------ Cavalo 'Caramelo' é resgatado após ficar "ilhado" em telhado no RS Caramelo estava ilhado em um telhado, após as chuvas intensas que atingiram a região ----------- Lei Áurea sendo passada em brancas nuvens… Caramelo dominou todas as cores! ---------- Essa frase parece fazer uma alusão poética à Lei Áurea, que foi a lei que aboliu a escravidão no Brasil em 1888, e ao mesmo tempo, usa uma metáfora relacionada às nuvens e às cores para transmitir uma mensagem simbólica. A expressão "passada em brancas nuvens" sugere que a Lei Áurea foi promulgada de maneira tranquila e pacífica, quase como se estivesse flutuando no ar, sem dificuldades ou resistência. Isso pode ser interpretado como uma reflexão sobre como, em retrospectiva, a abolição da escravidão pode parecer um evento natural e inevitável, embora na realidade tenha envolvido muita luta, resistência e sofrimento. Por outro lado, a frase "Caramelo dominou todas as cores!" parece introduzir uma reviravolta na narrativa. Aqui, "Caramelo" é usado como um termo figurativo para se referir a uma mudança significativa ou transformação. Ao afirmar que "Caramelo dominou todas as cores", o autor sugere que essa mudança ou transformação abrangeu todas as esferas da vida ou afetou todos os aspectos da sociedade. No contexto da abolição da escravidão, essa frase pode ser interpretada como uma indicação de que a Lei Áurea representou uma mudança profunda e abrangente na estrutura social e política do Brasil, afetando todas as camadas da sociedade e trazendo uma nova ordem de igualdade e liberdade. ----------
-------------- MANTO TUPINAMBÁ CHEGA À MOSTRA DO ITAÚ CULTURAL ---------- Depois de Tupi, Tupinambá, pode me chamar de caramelo. Não peça a tonalidade: aí sou apenas geminiano com ascendência ignorada! -----------
---------- O que não fazer com um geminiano?! ---------- Essa frase parece brincar com a ideia de identidade e origem étnica, fazendo uma conexão humorística entre nomes de povos indígenas brasileiros e a cor "caramelo". A referência inicial a "Tupi" e "Tupinambá" remete aos povos indígenas que habitavam o Brasil antes da colonização europeia. Em seguida, o autor diz "pode me chamar de caramelo", sugerindo que ele próprio se identifica com essa cor de pele. No entanto, ele acrescenta "Não peça a tonalidade", indicando que não deseja especificar exatamente qual é a sua cor de pele, talvez para evitar classificações ou estereótipos. A segunda parte da frase, "aí sou apenas geminiano com ascendência ignorada", acrescenta um toque de humor e mistério. O autor parece estar sugerindo que, ao contrário das classificações étnicas ou raciais, ele se identifica principalmente como "geminiano", uma referência ao signo do zodíaco. A menção à "ascendência ignorada" sugere que sua verdadeira origem é desconhecida ou indefinida, o que reforça a ideia de que ele prefere não ser rotulado com base em categorias étnicas ou raciais. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
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------------ segunda-feira, 13 de maio de 2024 Demétrio Magnoli - O risco de repetir Jane Fonda O Globo Black Power foi substituído por políticas identitárias oficialistas, articuladas nas reitorias e nos gabinetes parlamentares A foto, de autoria anônima, correu mundo em julho de 1972. Jane Fonda, sentada numa bateria antiaérea norte-vietnamita, tornou-se “Hanói Jane”. Mais tarde, a protagonista de “Barbarella” (1968) pediria desculpas pela imagem “que me machucará até eu morrer”. Na Rússia de Putin, empregar a palavra “guerra” para fazer referência à invasão imperial da Ucrânia pode dar cadeia. Nas democracias, não é proibido criticar o próprio governo, e até a própria nação, mesmo fazendo propaganda de um inimigo. A história da foto começou no início de 1968 com a Ofensiva do Tet, no Vietnã, que galvanizou o movimento antiguerra nos Estados Unidos, seguida pelo assassinato de Martin Luther King, em abril, fonte direta da rebelião negra no Harlem e indireta da ocupação estudantil do Hamilton Hall, na Universidade Columbia. Foi durante o ápice da agitação universitária, mas sem conexão com ela, que o palestino Sirhan Sirhan assassinou Robert F. Kennedy, estreitando a disputa pela indicação democrata ao vice Hubert Humphrey e ao candidato antiguerra Eugene McCarthy. Na volta seguinte do parafuso, os líderes da organização Estudantes por uma Sociedade Democrática (SDS) aliaram-se ao movimento Black Power, imaginaram que a guerra de libertação vietnamita e a luta antirracista nos Estados Unidos eram lados de uma única moeda e trocaram a ideia de “resistência” pela de “revolução”. A Convenção Democrata em Chicago, em agosto, realizou-se sob o ruído de uma batalha campal de dias entre manifestantes e policiais. O SDS uniu forças com o Youth International Party (YIP), que incutiu a política na contracultura dos hippies. Abbie Hoffman, líder do YIP, ameaçou contaminar com LSD as águas da cidade e enviar as hippies mais gatas para dentro da Convenção, a fim de seduzir os delegados. O prefeito acreditou no deboche e reagiu intensificando a repressão. No fim, McCarthy perdeu e, em novembro, exibindo-se como candidato da lei e da ordem, o republicano Richard Nixon bateu Humphrey. A volta derradeira do parafuso resultou na cisão no SDS, da qual nasceu, em 1969, o Weather Underground, nome derivado de uma célebre canção de Bob Dylan. O grupo almejava derrubar o governo dos Estados Unidos por meio de uma “guerra revolucionária”. Três de seus militantes morreram pela explosão acidental da bomba que fabricavam, em 1970. Depois, os weathermen praticaram atentados com bombas rudimentares contra o Capitólio (1971) e o Pentágono (1972), sem fazer vítimas. Mark Rudd, líder do grupo, explicou numa entrevista de 2004 seus motores ideológicos: os livros de Régis Debray sobre imperialismo e foco guerrilheiro e a figura de Che Guevara. Ele jamais revisou suas crenças básicas, mas reconheceu o efeito das ações do Weather Underground: — As pessoas abandonaram o movimento antiguerra porque não queriam envolvimento com uma revolução armada. Também revelou-se perplexo sobre o desvio de “movimentos de libertação nacional” rumo ao “fascismo clerical”, como classificou as organizações fundamentalistas islâmicas. As manifestações antiguerra nas universidades americanas de hoje não são simples reedição do movimento deflagrado em 1968. Falta-lhes a contracultura, um Abbie Hoffman, os hippies e uma Barbarella convertida em “Hanói Jane”. O Black Power foi substituído por políticas identitárias oficialistas, articuladas nas reitorias e nos gabinetes parlamentares. Mas a inspiração ideológica é semelhante: a noção de que as democracias ocidentais são muito piores que os movimentos “decoloniais”. E, como reflexo de um nítido declínio intelectual, os líderes estudantis atuais parecem não se preocupar em estabelecer cooperação tácita com o “fascismo clerical” do Hamas. Nos Dias de Fúria de outubro de 1968, o lema de um SDS já radicalizado, escrito por John Jacobs, fundador dos weathermen, era “trazer a guerra para casa”. O manifesto deles dizia: “As eleições nada significam — vote onde o poder está — nosso poder está nas ruas”. Nixon, porém, mostrou-lhes “onde o poder está” e prosseguiu a guerra indochinesa até 1973. A história se repete? Donald Trump certamente aposta nisso. ______________________________________________________________________________________________________________ ----------
---------- Como 13 de maio e princesa Isabel perderam espaço com 'redescoberta' da luta negra por abolição Edison Veiga De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil 12 maio 2021 Desenho de escravizado acorrentadoCRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto,Data representada por uma mulher branca, a princesa Isabel, o 13 de maio pouco a pouco cedeu importância para o 20 de novembro Os antigos livros escolares não poupavam adjetivos para enaltecer a princesa Isabel (1846-1921), que herdaria o trono brasileiro caso a República não houvesse sido proclamada em 1889. Enfatizando o episódio da Lei Áurea, sancionada por ela em 13 de maio de 1888, abolindo a escravidão em todo o território nacional, a monarca era definida como heroína, salvadora, redentora, libertadora. E a data do 13 de maio entendida como um marco, sobretudo para a população negra brasileira. Mas o tempo passou e a própria historiografia passou a ser atualizada. Porque não faz muito sentido que o protagonismo da luta negra seja de uma mulher branca, reforçou-se no imaginário nacional outra data: o 20 de novembro, dia em que teria sido assassinado o último líder do quilombo dos Palmares, Zumbi (1655-1695), hoje reconhecido como um símbolo da resistência negra. "Quando tratamos dessa questão de datas, o 13 de maio em contraponto ao 20 de novembro, estamos tratando intrinsecamente da questão do protagonismo", afirma o historiador Philippe Arthur dos Reis, pesquisador na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "E do entendimento do protagonismo de determinados agentes no processo de luta e de conquista da liberdade frente à escravidão, no caso do povo negro." "Esse processo de procura de uma nova data tem a ver com o próprio processo de escrita da história. Não podemos esquecer que a partir dos anos 1970 e 1980, existe toda uma narrativa que busca colocar em determinados agentes o seu protagonismo no processo de compreensão do passado", prossegue Reis. "Historiografias mais tradicionais, do começo do século 20, encaravam e colocavam como data fulcral para a questão da libertação dos escravos o 13 de maio", frisa o historiador. Mas, conforme ele explica, muitas vezes história e memória caminham juntas e a "construção memorialística" tem a ver com a forma de construção da narrativa. "Justamente nesse ponto, para conferir protagonismo ao negro, se coloca a figura do quilombo dos Palmares e o processo de luta frente ao domínio colonial", contextualiza. Reprodução de documento antigo com letra cursivaCRÉDITO,ARQUIVO NACIONAL Legenda da foto,Reprodução da Lei Aurea, em imagem do Arquivo Nacional O pesquisador Paulo Rezzutti, autor de diversos livros sobre o período monarquista brasileiro, reconhece a importância dessa revisão mas, ao mesmo tempo, preocupa-se em valorizar também a questão de gênero: Isabel, uma mulher do século 19, teve um papel importante na história do Brasil. "Toda tradição é inventada, isso é um fato. Estamos vendo uma parte da sociedade brasileira criar uma nova tradição na qual os movimentos negros assumem o protagonismo por meio do discurso de uma luta ancestral dos escravizados africanos no Brasil pela sua liberdade", comenta ele. "Anteriormente, o discurso dessa luta estava bastante ligado ao 13 de maio e à figura da princesa Isabel por causa da data em que foi assinada a Lei Áurea. Tanto a luta ancestral dos escravizados quanto a luta pela abolição da escravatura são importantes", acrescenta Rezzutti. "O que eu tenho percebido é que parte dessa nova tradição tenta se estabelecer buscando anular o 13 de maio, e com isso o protagonismo de uma mulher, diminuindo a sua participação no processo, assim como também a de outros protagonistas negros envolvidos na abolição da escravatura." Ativismo e política Pule WhatsApp e continue lendo Logo: WhatsApp BBC Brasil No WhatsApp Agora você pode receber as notícias da BBC News Brasil no seu celular Entre no canal! Fim do WhatsApp Professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e autor do livro 'Sambas, Quintais e Arranha-Céus: as micro-áfricas em São Paulo', o historiador e músico Amailton Azevedo afirma que o 13 de maio perdeu importância nos últimos anos porque o 20 de novembro passou a compor uma "agenda de ativismo político". "Isso de uma maneira ou de outra acabou se tornando a referência para uma memória de luta dos negros no Brasil", comenta. "Estabeleceu-se o 20 de novembro como a memória a ser relembrada e celebrada, em função da figura do Zumbi dos Palmares, e, nesse sentido, o 13 de maio foi perdendo espaço e importância." Por outro lado, no contexto do 13 de maio a movimentação também tinha protagonistas negros. Se a lei foi assinada por Isabel, a luta e as pressões para que esse momento ocorresse contou com o ativismo de nomes como o jornalista, farmacêutico e escritor José do Patrocínio (1853-1905), o engenheiro André Rebouças (1838-1898) e o advogado autodidata, escritor e jornalista Luiz Gama (1830-1882), entre outros. Retrato de Luís Gama, o ex-escravo que se tornou advogado de escravosCRÉDITO,ACERVO BIBLIOTECA NACIONAL - BRASIL Legenda da foto,Calcula-se que Luís Gama tenha ajudado a libertar cerca de 500 escravos "A questão da suposta perda de importância da data do 13 de maio não tem a ver com Isabel ser uma personagem branca. Até porque tínhamos muitos outros personagens negros em 1888 e que lutavam pelo fim da escravidão, como José do Patrocínio e André Rebouças, e as lembranças das ações [judiciais] de Luis Gama — três homens negros", reconhece a historiadora Renata Figueiredo de Moraes, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). "A perda do protagonismo da data na luta de homens e mulheres negros se deu ao longo das décadas numa sociedade que quis apagar a escravidão do seu passado e, consequentemente, seus descendentes", defende ela. Retrato de André RebouçasCRÉDITO,MUSEU AFRO BRASIL Legenda da foto,André Rebouças era adepto de uma reforma agrária que concedesse terras para os ex-escravos E o movimento da Consciência Negra, que trouxe à tona o significado do 20 de novembro, acabou portanto sendo consequência dessa desvalorização. "A falta de direitos sociais, políticos, a falta de garantias de acesso à educação e moradia que os libertos pela lei do 13 de maio sofreram causaram uma ressignificação da data ao longo das décadas, além de uma conjuntura política que favorecia personagens de luta e enfrentamento, como Zumbi dos Palmares", explica a historiadora. "Em plena ditadura militar e no período da redemocratização, fazia mais sentido evocar o guerreiro Zumbi, o resistente, do que Isabel, que assinou a lei, uma vez que ela não esteve na linha de frente do processo abolicionista", conclui ela. "Não podemos esquecer que, na formação do Estado nacional brasileiro, todo o protagonismo, inclusive ao longo do século 20, caiu em torno de pessoas brancas", ressalta o historiador Reis. "Quando você pensa um quilombo e toda a sua luta, você coloca em xeque essa história." Retrato de Princesa Isabel em preto e branco, no qual ela olha diretamente para a camêra sem sorrirCRÉDITO,DOMÍNIO PÚBLICO Legenda da foto,Retrato de princesa Isabel (1846-1921) Valorização dos abolicionistas negros Nos mesmos velhos livros de história que celebravam o protagonismo de Isabel, os personagens negros abolicionistas ou nem sequer eram mencionados, ou apareciam de forma muito rasa — muitas vezes sem mesmo citar que eram negros. Nos últimos anos, eles vêm sendo redescobertos e valorizados. Luiz Gama é um exemplo: tema de vários livros recentes, foi até reconhecido em 2015, como advogado, com carteirinha e tudo, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) — o único caso póstumo da entidade. "Nas duas duas décadas, a historiografia brasileira e a historiografia afrobrasileira têm buscado pensar e problematizar o 13 de maio não apenas como uma vitória magnânima de Isabel, mas como uma virada de página importante porque, de fato, encerra a escravidão, acaba com a escravidão", diz Azevedo. Mas, conforme destaca o professor, hoje se reconhece que esse movimento só foi possível "porque outros atores [além da princesa] foram bastante importantes na derrocada da escravidão: os abolicionistas, evidentemente, inclusive negros, foram figuras essenciais na elaboração de uma narrativa e um postura crítica contra a escravidão". Foram eles que disseminaram a consciência de que tal regime "desumanizava a população escravizada", segundo pontua Azevedo. "E, evidentemente [devemos levar em conta] os próprios escravizados com suas resistências à escravidão, provocando revoltas e insurgências contra o regime escravocrata", diz ainda. Ao reconhecer esse contexto todo, o protagonismo de Isabel é diminuído. "A história oficialesca reservou a ela o papel de principal personagem [da abolição]", completa Azevedo. "Deve-se atribuir ao 13 de maio um outro conceito, levando o protagonismo aos escravizados e abolicionistas." "Mas ainda que se repense o 13 de maio, não devemos de maneira alguma jogar para escanteio ou reduzir a importância do 20 de novembro", acrescenta. "O 20 de novembro tem uma importância política do ponto de vista da reivindicação dos direitos e plena cidadania aos negros e negras brasileiros, da crítica ao racismo e à violência e brutalidade do Estado contra jovens negros nas periferias, favelas e outras comunidades vulneráveis no Brasil." Família imperial posa em escadaria, em frente a casaCRÉDITO,DOMÍNIO PÚBLICO Legenda da foto,Ultima foto, tirada por Otto Hees, da família imperial ainda no trono; Isabel está ao lado de D. Pedro O que foi o 13 de maio? Depois de seis dias de acalorados debates no Congresso Nacional, em 13 de maio de 1888 a lei de número 3.353 foi sancionada pela princesa Isabel, então no posto de regente imperial do Brasil — seu pai, o imperador dom Pedro II (1825-1891) estava em viagem ao exterior. "Declara extinta a escravidão no Brasil", dizia o texto da lei, com apenas dois artigos. O primeiro expressava: "é declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil". O segundo: "revogam-se as disposições em contrário". Para Rezzutti, é preciso situar o 13 de maio exatamente como ele foi, sem criar um mito de redenção, mas também sem desprestigiá-lo. "[Foi] uma lei que encerrou oficialmente a escravidão no Brasil e na qual uma mulher, como regente do império, ciente de como operar a política da época, conseguiu em tempo recorde passar a legislação, manobrando as alavancas do poder moderador entre a queda de um presidente do gabinete de ministros e a subido de um outro", contextualiza ele. "Ao contrário do que se tenta afirmar erroneamente, não havia pressão da Inglaterra, naquele período. Dona Isabel não 'se aproveitou' de que o pai estava viajando para acabar com a escravidão sem que ele soubesse. Nem diversas outras inverdades que uma guerra de versões atual tenta emplacar", ressalta ele. Para a historiadora Moraes, a data "deve ser vista como um passo essencial para o fim da escravidão". "A existência de uma lei, mesmo que curta, foi fundamental para acabar com as possibilidades da permanência da escravidão nos anos seguintes, quando revogou no seu segundo artigo as leis anteriores", ressalta. "O fim da escravidão foi a vitória de um passado de lutas de muitos homens e mulheres escravizados e seus descendentes e de parte da sociedade que não compartilhava dos valores da escravidão. A data pode ser vista como um momento para relembrar essa luta, que acabou com a assinatura da lei, e que ao mesmo tempo iniciou outra batalha, a por direitos políticos, sociais e culturais", explica ela. "Atualmente o 13 de maio é o dia nacional de denúncia contra o racismo. Mais do que nunca é uma data de suma importância, principalmente nos últimos anos com o aumento da violência racial no Brasil e no mundo." O historiador Reis afirma não ver "nenhum problema em colocar à tona o 13 de maio como data comemorativa", mas ressalta que o feito não foi apenas da princesa Isabel, "apesar de ter sido construída uma memória sobre isso". "É uma das datas da luta do movimento negro pela sua libertação. Não deve ser abolido, até porque faz parte de um processo, um conjunto de outras leis que extinguiram a escravidão no país, de forma gradual", afirma, citando as leis Eusébio de Queirós, de 1850 — que proibiu o tráfico negreiro —, do Ventre Livre, de 1871, e a do Sexagenário, de 1885. "E isso tudo não foi feito exclusivamente por líderes políticos, mas por muitos intelectuais, jornalistas, pessoas da sociedade civil, que tiveram um papel para pressionar o governo para que isso fosse levado a cabo", acrescenta. "[O 13 de maio] é uma data que tem de ser colocada nesse processo de luta, mas é preciso que se reconheça que existem uma série de fissuras", diz Reis. Terceiro reinado? Se houvesse um terceiro reinado, Isabel seria a sucessora natural de Pedro II. De sua imagem anteriormente construída, como redentora e libertadora, as análises mais recentes colocam a princesa como uma mulher que teve papel fundamental em diversos momentos do império. Houve três momentos em que ela se tornou a regente do país, sempre por conta de viagens do pai. Primeiro, de 1871 a 1872. Depois, de 1876 a 1877. Por fim, de 1887 a 1888. "Na primeira regência no trono, ela assinou a primeira lei abolicionista, a Lei do Ventre Livre, pela qual foram libertados os filhos de escravizados nascidos a partir da lei, mas também foram dadas outras providências, como a liberdade para todos os escravos pertencentes à coroa e à nação. Na segunda regência dela, há a questão da grande seca no Ceará, em que ela vai atuar tanto no governo quanto na sociedade para enviar ajuda para a região. Mas essas e outras ações dela como regente foram eclipsadas pela Lei Áurea, que acabou sendo utilizada pelos monarquistas e pelos defensores do Terceiro Reinado, com ela à frente, na propaganda feita ao redor da princesa", explica Rezzutti. Autora de um verbete que deve ser lançado neste dia 13 sobre a princesa Isabel para o projeto Salvador Escravista, Moraes enfatiza que a monarca, "como toda mulher do seu tempo", não foi criada para a política — mesmo sendo a herdeira natural do trono. "Nas três vezes em que ocupou a regência não protagonizou grandes batalhas políticas", diz a professora. "A perspectiva de um terceiro reinado sob comando de Isabel existia, apesar de alguns se posicionarem contra por temer que seu catolicismo interferisse nas suas ações, além também de acharem que uma mulher fosse incapaz para essa função. O fato é que o terceiro reinado não veio, mas a memória de redentora que fizeram sobre ela foi fundamental para que mesmo na República fosse lembrada e celebrada por aqueles que a viam como responsável pela abolição." Conde D'Eu com trajes rebuscados, sentado e posando de perfil em foto preto e brancaCRÉDITO,DOMÍNIO PÚBLICO Legenda da foto,Conde D'Eu, em foto de Alberto Henschel Reis pontua que havia uma resistência de setores da aristocracia sobre um terceiro reinado, "pelo fato de ser uma mulher assumindo o trono" e também porque seu marido, Gastão de Orléans (1842-1922), o Conde D'Eu, "não era bem visto pela elite, não era sociável". "Mas havia toda uma questão pensada para que ela assumisse o trono, se tornasse a imperatriz do Brasil oficial [quando Pedro II morresse]", pontua o historiador. "Quando ela ocupava o posto de regente, tentava segurar o apoio para que a monarquia se sustentasse, com ações pontuais em contatos com o Senado." O que veio depois foi uma construção memorialística, movida por interesses políticos. "Essa imagem de redentora, salvadora e afins, é um processo que partiu de determinados grupos", enfatiza Reis. ________________________________________________________________________________________________________________ ------------ O Silêncio (Versão Acústica) Arnaldo Antunes _________________________________________________________________________________________________________ ------------
---------- 17/03/2016 14h58 - Atualizado em 17/03/2016 15h41 Ministro do STF diz que fala de Lula sobre o tribunal é 'torpe e indigna' Em conversa gravada, ex-presidente disse que Corte está 'acovardada'. Para Celso de Mello, é reação 'típica de mentes autocráticas e arrogantes'. Renan Ramalho Do G1, em Brasília O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou nesta quinta-feira (17) como "torpe e indigna" uma fala em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que a Corte está "acovardada". Para Mello, trata-se de reação "típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder". Ministro mais antigo do tribunal, Celso de Mello se pronunciou no início da sessão sobre as conversas que vieram à tona entre o ex-presidente e várias autoridades, interceptadas pela Operação Lava Jato. "Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte desta Corte Suprema, traduz, no presente contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões da República, reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de Juízes livres e independentes", disse Mello. A frase de Lula surgiu numa conversa com a presidente Dilma Rousseff no último dia 4 de março, após a condução coercitiva que o obrigou a depor na Polícia Federal. Na ocasião, Lula fez críticas a várias outras instituições, quando criticava a própria Operação Lava Jato. saiba mais Confira as transcrições das escutas envolvendo o ex-presidente Lula Moro fez grampo ilegal de escritório de advocacia, diz defesa de Lula Gilmar diz que nomeação de Lula é fuga da Lava Jato e deixa o STF 'mal' "Nós temos um Supremo totalmente acovardado, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado, somente nos últimos tempos é que o PT e o PC do B é que acordaram e começaram a brigar. Nós temos um presidente da Câmara f...*, um presidente do Senado f...*, não sei quanto parlamentares ameaçados, e fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e que vai todo mundo se salvar", disse Lula a Dilma. Leia abaixo a íntegra do pronunciamento de Celso de Mello: Os meios de comunicação revelaram, ontem, que conhecida figura política de nosso País, em diálogo telefônico com terceira pessoa, ofendeu, gravemente, a dignidade institucional do Poder Judiciário, imputando a este Tribunal a grosseira e injusta qualificação de ser "uma Suprema Corte totalmente acovardada"! Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte desta Corte Suprema, traduz, no presente contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões da República, reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de Juízes livres e independentes, que tanto honram a Magistratura brasileira e que não hesitarão, observados os grandes princípios consagrados pelo regime democrático e respeitada a garantia constitucional do devido processo legal, em fazer recair sobre aqueles considerados culpados, em regular processo judicial, todo o peso e toda a autoridade das leis criminais de nosso País! A República, Senhor Presidente, além de não admitir privilégios, repudia a outorga de favores especiais e rejeita a concessão de tratamentos diferenciados aos detentores do poder ou a quem quer que seja. Por isso, Senhor Presidente, cumpre não desconhecer que o dogma da isonomia, que constitui uma das mais expressivas virtudes republicanas, a todos iguala, governantes e governados, sem qualquer distinção, indicando que ninguém, absolutamente ninguém, está acima da autoridade das leis e da Constituição de nosso País, a significar que condutas criminosas perpetradas à sombra do Poder jamais serão toleradas, e os agentes que as houverem praticado, posicionados, ou não, nas culminâncias da hierarquia governamental, serão punidos por seu Juiz natural na exata medida e na justa extensão de sua responsabilidade criminal! Esse, Senhor Presidente e Senhores Ministros, o registro que desejava fazer." tópicos: Celso de Mello, Luiz Inácio Lula da Silva, Polícia Federal, Superior Tribunal de Justiça, Supremo Tribunal Federal https://g1.globo.com/politica/noticia/2016/03/decano-diz-que-fala-de-lula-sobre-stf-e-torpe-e-indigna.html ___________________________________________________________________________________________________________________ ------------
----------- POLÍTICA LAVA-JATO Lula disse a Dilma que STF está ‘acovardado’ Ex-presidente afirmou à presidente que não ficaria “em casa parado” Cleide Carvalho, Silvia Amorim, Thiago Herdy 16/03/2016 - 21:08 / Atualizado em 17/03/2016 - 19:28 SÃO PAULO — O ex-presidente Lula falou com a presidente Dilma Rousseff por telefone no último dia 4, depois de ter encerrado o depoimento à Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas, onde foi levado coercitivamente. O ex-presidente comentou como foi a operação da Polícia Federal na casa dele e de seus filhos e diz que está "assustado com a República de Curitiba". Lula diz a Dilma que a tese da investigação é a do domínio do fato e que não iria "ficar em casa parado". Iria antecipar a campanha para a Presidência em 2018 e aproveitar a militância para ir para a rua. O ex-presidente comenta ainda que a operação da Polícia Federal foi um "espetáculo de pirotecnia sem precedentes". A presidente Dilma concordou: "É isso aí!" — Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos uma Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado, somente nos últimos tempos é que o PT e o PC do B é que acordaram e começaram a brigar. Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido, não sei quanto parlamentares ameaçados, e fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e que vai todo mundo se salvar. Eu, sinceramente, tô assustado com a “República de Curitiba”. Porque a partir de um juiz de 1ª Instância, tudo pode acontecer nesse país — diz Lula. Depois de falar com Lula, Dilma passou o telefone para o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, que também queria falar com o ex-presidente. Lula disse ao ministro que a condução coercitiva foi feita para antecipar uma decisão da ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber, que poderia tirar a investigação referente ao tríplex da Lava-Jato. Lula: Eu acho que eles quiseram antecipar o pedido nosso que tá na Suprema Corte, que tá na mão da Rosa Weber. JW: Entendi Lula: Sabe, eles tão tentando antecipar, como eles ficaram com medo de a ROSA fosse dá, eles tão tentando antecipar tudo isso... Porque ela poderia tirar isso da Lava Jato. O Moro fez um espetáculo pra comprometer a Suprema Corte. Jaques Wagner afirma que, quando saiu a reportagem sobre a delação de Delcídio Amaral na Revista Isto É, teria dito que aconteceria algo com Lula. O ministro recorre a palavrões: JW: (...) É uma palhaçada, porque o Delcídio, porra! Que eu não imaginei que era tão canalha! Ele fala de Pasadena, por exemplo, essa porra já foi arquivada pela PGR (Procuradoria Geral da República), fala que você mandou isso, mandou aquilo... porra, tem prova? Vai tomar no cu, eu não sabia que ele era tão escroto! Mas vamos lá... PUBLICIDADE A conversa mostra que Lula apostava numa decisão favorável da ministra Rosa Weber, do STF, que poderia manter a investigação sobre o tríplex do Guarujá no Ministério Público de São Paulo, retirando da Lava-Jato. — Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o que os homens não fizeram— diz Lula Saída era ser ministro No último dia 8 de março, Lula falou com um homem identificado como Roberto Carlos, que insistiu que a solução para os problemas dele seria "um Ministério". Para Roberto Carlos, Lula não deveria se preocupar com as críticas e com o que "os outros vão pensar", argumentando que resolveria o “problema da governabilidade”. — Agora, você tem uma coisa na tua mão porra: você, o PT, a Dilma.... Faz isso e foda-se! Vai ter porrada? Vão criticar? E daí? Ne porra... Numa boa, você resolve outro problema, que é o problema da governabilidade. Roberto Carlos afirma que Antonio Palocci, também investigado na Lava-Jato, deveria, na "configuração perfeita" ser ministro da Fazenda. — É uma decisão individual daquele cara lá de Curitiba. Ele pega e toma a decisão, tá tomada, acabou! — diz Roberto Carlos a Lula. Lula: "uhumm" SAIBA MAIS POLÍTICA Ministro Marco Aurélio comenta a gravação entre Dilma e Lula Logo do Jornal O Globo POLÍTICA Grampo telefônico sugere que Dilma agiu para tentar evitar a prisão de Lula Logo do Jornal O Globo POLÍTICA Em edição extra do Diário Oficial, Dilma nomeia Lula ministro BRASIL - BRASÍLIA -BSB - 16/03/2016 - A Presidente Dilma Rousseff concede entrevista coletiva no Palácio do PLanalto sobre a indicação do ex presidente Lula para A Casa Civil e sobre escândalos de corrupção envolvendo membros de seu governo. FOTO ANDRE COELHO / Agencia O Globo Foto: ANDRE COELHO / Agência O Globo POLÍTICA No plenário da Câmara, deputados da oposição gritam ‘renúncia, renúncia’ O deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE) em foto de arquivo Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo Roberto Carlos: "No meu entender, ele faz um balão de ensaio na sexta-feira. Como é que seria se ele tomasse essa decisão? Tá, “ele” fez um “testezinho”, “vamo” quebrar o gelo e ver como é que seria, tá?! Eu acho, tá, tem uma coisa que tá na mão de vocês, é Ministério, acabou, porra! https://oglobo.globo.com/politica/lula-disse-dilma-que-stf-esta-acovardado-18893256 _________________________________________________________________________________________________________ ------------
---------- Edição do dia 16/03/2016 16/03/2016 21h49 - Atualizado em 18/03/2016 22h56 Justiça torna público um diálogo entre Lula e a presidente Dilma Nesta quarta-feira (16), a crise política atingiu o ponto mais alto. O juiz Sergio Moro suspendeu, no fim da tarde, o sigilo da 24ª fase da Lava Jato. FACEBOOK Nesta quarta-feira (16), a crise política atingiu o ponto mais alto. O juiz Sergio Moro suspendeu, no fim da tarde, o sigilo da 24ª fase da Operação Lava Jato. E, com isso, conversas do ex-presidente Lula se tornaram públicas. Integrantes da Operação Lava Jato afirmaram que há indícios de uma ação para atrapalhar as investigações. As interceptações telefônicas foram feitas com autorização da Justiça, começaram no dia 19 de fevereiro e continuaram até esta quarta-feira (16). Numa conversa gravada em 27 de fevereiro, dias antes da condução coercitiva de Lula em 4 de março, o ex-presidente conversa com Rui Falcão, presidente do PT. Lula: É. Eu tô esperando segunda-feira. Eu tô esperando segunda-feira a operação de busca e apreensão na minha casa, do meu filho Marcos, do meu filho Fabio, do meu filho Sandro, do meu filho Claudio. Rui Falcão: É, eu vi esse noticiário aqui. Os investigadores dizem que essa conversa e outras que foram interceptadas indicam que Lula pode ter ficado sabendo da operação contra ele e tentado atrapalhar os trabalhos da Lava Jato. Lula teria inclusive buscado influenciar ou conseguir ajuda de autoridades do Ministério Público Federal e até de ministros do Supremo Tribunal Federal. Numa conversa gravada no dia 27 de fevereiro, o ex-presidente fala com Paulo de Tarso Vanucchi, ex-ministro da secretaria de direitos humanos no governo Lula. De acordo com a Polícia Federal, há indícios de que no diálogo Lula esteja se referindo ao ministro da Justiça, Eugênio Aragão, que também é subprocurador-geral da República. Lula: O problema é o seguinte, Paulinho, nós temos que comprar essa briga, eu sei que é difícil, sabe?! Eu as vezes fico pensando até que o Aragão deveria cumprir um papel de homem, porque o Aragão parece nosso amigo, parece, parece, mas tá sempre dizendo "olha..." Logo depois de sair do depoimento à Polícia Federal no dia da Operação Aletheia, em 4 de março, Lula falou com Dilma sobre um pedido dos advogados dele, que estava no Supremo Tribunal Federal questionando quem deveria investigá-lo, se o Ministério Público de São Paulo ou a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Lula: Eu acho que eles quiseram antecipar o pedido nosso que está na Suprema Corte, que está na mão da Rosa Weber. Após o diálogo com Dilma, Lula conversa então com o ministro chefe da Casa Civil Jaques Wagner e solicita que ele converse com Dilma a respeito do "negócio da Rosa Weber". Lula: Mas viu, querido, "ela" tá falando dessa reunião. Ô Wagner, eu queria que você visse agora, falar com "ela", já que "ela" tá aí. Falar o negócio da Rosa Weber, que tá na mão dela pra decidir. Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o que os homens não fizeram. A ministra Rosa Weber negou o pedido da defesa de Lula, porque entendeu que não houve ilegalidade nas duas investigações. Em outro telefonema, um homem identificado como Roberto Carlos deixa claro que o ministério serve de foro privilegiado para Lula. Roberto Carlos: Eu acho, tá, tem uma coisa que tá na mão de vocês, é ministério, acabou. Agora, você tem uma coisa na tua mão, porra: você, o PT, a Dilma. Vai ter porrada? Vão criticar? E daí? Numa boa, você resolve outro problema, que é o problema da governabilidade. Numa conversa gravada, no dia 27 de fevereiro, o ex-presidente Lula fala com Paulo de Tarso Vanucchi, ex-ministro da secretaria de Direitos Humanos no governo Lula. De acordo com a Polícia Federal, há indícios de que no diálogo Lula esteja se referindo ao novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, que também é subprocurador-geral da República. Lula: O problema é o seguinte, Paulinho, nós temos que comprar essa briga, eu sei que é difícil, sabe? Eu as vezes fico pensando até que o Aragão deveria cumprir um papel de homem naquela (e fala um palavrão), porque o Aragão parece nosso amigo, parece, parece, mas tá sempre dizendo "olha...” Na introdução da degravação de uma conversa entre Lula e o advogado Luiz Carlos Sigmaringa Seixas ocorrida no dia 7 de março, os investigadores dizem que, neste trecho, Lula diz que o PGR recusou quatro pedidos de investigação de Aécio Neves e aceitou o único pedido de investigação da Lils. Ele fala que essa é a gratidão do PGR por ter sido nomeado procurador. Sigmaringa diz que vai fazer uma petição formal e jogar para a imprensa para constranger o PGR. Lula: Eu não sei o quê que eu pedi pra você de manhã. Mas era uma coisa simples, que não precisava de formalidade. Sigmaringa Seixas: Não, mas simples, ele vai dizer não. Ele não vai receber. Eu conversei com gente só. Lula: É porque ele recusou quatro pedidos de investigação ao Aécio e aceitou a primeira de um bandido do Acre contra mim. Sigmaringa: Pois é, mas se fizer uma petição... Lula: Essa é a gratidão. Essa é a gratidão dele por ele ser procurador. Sigmaringa: Pois é. Mas ele se tiver... Se a gente formalizar, inclusive, jogando pra imprensa, ele vai ficar constrangido. Se for lá conversar com ele, ele diz não e pronto. Ou não diz, né? Lula: Então conversa com o Cristiano. No dia 7 de março, a Polícia Federal interceptou uma conversa entre o ex-presidente Lula e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O prefeito diz que está sofrendo e Lula rebate, dizendo que ele é abençoado por Deus por causa das Olimpíadas. O prefeito afirma, então, que fazer Olimpíada com Lula e Sergio Cabral é uma coisa, mas segurar com aquele bom humor da Dilma e do Pezão... Lula: Não é fácil, querido. A conversa segue. Eduardo Paes: Agora, da próxima vez o senhor me para com essa vida de pobre, com essa tua alma de pobre, comprando "esses barco de m*****", "sitiozinho vagabundo”. O ex-presidente ri. Eduardo Paes: O senhor é uma alma de pobre. Eu, todo mundo que fala aqui no meio, eu falo o seguinte: imagina se fosse aqui no Rio esse sítio dele, não é em Petrópolis, não é em Itaipava. É como se fosse em Maricá. O prefeito fala alguns palavrões. E Lula, mais uma vez, ri. Em uma das ligações interceptadas pela Polícia Federal, Lula fala para o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, acompanhar o que a Receita Federal está fazendo junto com a Polícia Federal. Lula: Ô, Nelson, te falar uma coisa por telefone, isso daqui. O importante é que a Polícia Federal esteja gravando. É preciso acompanhar o que a Receita está fazendo junto com a Polícia Federal, bicho! Nelson Barbosa: Não, é... Eles fazem parte. Lula: É, mas você precisa se inteirar do que eles estão fazendo no instituto. Se eles fizessem isso com meia dúzia de grandes empresas, resolvia o problema de arrecadação do estado. Nelson Barbosa: Uhumm, sei. Lula: Sabe? Eu acho que eles estão sendo (e fala um palavrão). Nelson Barbosa: Tá. Lula: Tão procurando pelo em ovo. Eu acho... Eu vou pedir pro Paulo Okamotto botar tudo no papel, porque era preciso você chamar o responsável e falar (ele fala um palavrão): "vocês estão fazendo o mesmo com a Globo, com Instituto Fernando Henrique Cardoso, o mesmo com Gerdau, o mesmo com o SBT, o mesmo com a Record! Ou só com o Lula?" O ex-presidente fala um palavrão. E logo em seguida fala outro palavrão. Nelson Barbosa responde: Tá, pede pro Paulo colocar. Numa conversa gravada na tarde desta quarta-feira (16), por volta de 13h30 e depois do anúncio que Lula seria ministro da Casa Civil, a presidente Dilma Housseff liga para o celular do segurança de Lula para falar com o ex-presidente. Dilma: Lula, deixa eu te falar uma coisa. Lula: Fala, querida. Dilma: Seguinte, eu tô mandando o "Bessias" junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá? Lula: Tá bom, tá bom. Dilma: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí. Lula: Tá bom, eu tô aqui, eu fico aguardando. Dilma: Tá? Lula: Tá bom. Dilma: Tchau. Lula: Tchau, querida. O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, disse que o diálogo de Dilma, ao contrário da interpretação da oposição, não estava dando a Lula um documento para ele se livrar de possível ação policial. Segundo o ministro, a presidente estava enviando a Lula o documento chamado termo de posse, para ele assinar. Isso porque Lula, de acordo com Cardozo, estava com problemas para comparecer à cerimônia de posse marcada para quinta-feira (17). tópicos: Casa Civil, Fernando Henrique Cardoso, Jaques Wagner, José Eduardo Cardozo, Ministério Público Federal, Nelson Barbosa, Polícia Federal, Receita Federal, Rosa Weber, Supremo Tribunal Federal _________________________________________________________________________________________________________

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